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Um Sacrifício Necessário

Descrita por Ivan Lira.
Baseada no jogo mestrado por Ivan Lira.


Personagens principais da aventura:

Os Humanos: Magnus de Helm; Sirius Lusbel; Sigel O'Blound (Limiekli), Sir Galtan de Águas Profundas. Os Elfos: Mikhail Velian; Kariel Elkandor. O Halfling: Bingo Playamundo. O Anão: Windolfin Braço de Clangeddin Barba de Prata. Participação Especial: O Coronal Eltargrim Irythil, Khelben 'Bastão Negro' Arunsun, Laeral Mão Argêntea, Ájax Felonte, Storm Mão Argêntea, Dove Garra de Falcão, Florin Garra de Falcão, Sir Brian Mestre das Espadas, Aubric Nihmedu, Galaeron Nihmedu e a Regente Alusair Obarskyr.


Um Sacrifício Necessário

      Laeral Mão Argêntea e a Comitiva da Fé chegaram à Cormyr visando a colaboração da Regente Alusair Obarskyr na guerra contra os tenebrosos phaerimns. Porém algo foi imposto, a Princesa de Aço só aceitaria tal acordo se os defensores de Evereska convencessem o general Gilfein a tomar parte do conflito junto à eles, pois assim Cormyr não ficaria à mercê do inimigo. A Comitiva, após ludibriar uma pequena tropa de goblinóides na fronteira inimiga localizado na Floresta do Rei, adentrou uma estranha mata mal-assombrada onde tiveram alguns problemas com mortos-vivos e seres luminosos. Apesar dos perigos, o grupo obteve sucesso ao chegar no forte do general entregando-se para iniciar as conversações. Um phaerimm, na forma de Ervag, um sacerdote de Talos, tentou sabotar o acordo, mas ele não foi páreo para os heróis e, ironicamente, recebeu o golpe final de Gilfein, que diante daquela situação resolveu aceitar o convite para a guerra. Portanto uma trégua temporária fora estabelecida entre Nova Gondyr e Cormyr.

Últimas Palavras

      Em um quarto bastante aconchegante, sentado a uma mesa e sentindo o calor acolhedor da lareira, estava Khelben Arunsun em seu refúgio criado magicamente. Naquele momento, para os leigos, ele se encontrava em um mundo distante. Para os mais eruditos, o arquimago se encontrava em outro Plano de existência. Em cima da mesa repousava o Dodecaedro Definitivo, um poderosíssimo artefato criado pelo Rei Lich Larloch, que o entregou a Khelben quando este adentrou seu covil. Segundo ele, o artefato, ao ser acionado, pode atrair e aprisionar todos os phaerimns no mundo de Abeir-Toril para dentro de um imenso campo de força por horas. Lá eles ficarão lacrados e não poderão usar seus dotes de absorver magia e sugar vida. Deste modo o interior deste campo seria um local perfeito para a batalha definitiva contra as aberrações. Contudo, existe um preço, aquele que souber usar o artefato realizando um ritual de enclausuramento morrerá instantaneamente e nenhum mortal conseguirá lhe devolver a vida.

      Khelben, apesar de tudo ficou com o artefato. O dileto de Mystra não entregaria este fardo a ninguém, sua índole não o permitiria. O arquimago julgou certo se ocultar para que nenhum outro ser tentasse lhe tomar o Dodecaedro Definitivo. Seguro em seu refúgio, ele começou a escrever uma carta. Nos intervalos entre os parágrafos ele vislumbrava as labaredas do fogo da lareira e se recordava de seu passado. A mensagem tinha apenas um objetivo, explicar o porquê de seu sacrifício à sua amada Laeral e pedir perdão por sair da vida dela daquela forma. Talvez Laeral não aceitasse ou compreendesse a decisão do marido, mas era o mínimo que ele podia fazer para alguém que nunca o abandonou, nem mesmo quando se desligou dos Harpistas. O arquimago terminou de escrever a mensagem e aguardou o momento final onde sua vida será consumida.

Discutindo os Acordos

      Situado a alguns quilômetros de Forte Seguro, localizava-se o acampamento do exército cormyriano. Aquele era um posto estratégico para as principais batalhas que ocorriam na tentativa de Cormyr recuperar sua Floresta do Rei, um território rico em fauna e por isto muito cobiçado pela nação rival. A Floresta do Rei abrigava ainda muitas árvores com uma madeira de qualidade impecável, necessária para a construção de armas e de moradias. Portanto, aquele ambiente tornou-se uma grande fonte de matéria-prima para Nova Gondyr. Um pouco afastado do acampamento, foi levantada uma pequena tenda para a realização de uma reunião em que seria estabelecidas as condições de Cormyr e Nova Gondyr para a batalha contra os phaerimns. A mediadora da questão não é outra senão Laeral Arunsun Mão Argêntea, representante do governo de Águas Profundas e naquele momento, de Evereska também. De um lado estava a Regente Alusair Obarskyr, acompanhada por seu protetor, Ájax Felonte, este que nutre um grande sentimento por ela. Do outro se encontrava o General Gilfein, antigo colega de seu atual superior, Vorik Aris. Com ele estava apenas um guarda-costas de sua tropa.

      “Alusair, espero que não seja algum truque para diminuir as fileiras de meu exército.”, disse Gilfein temendo um engodo por parte de Cormyr.
      “Não seja estúpido. A Comitiva da Fé provou a existência de tais monstros. Você ainda não ficou convencido?”
      “Fiquei convencido da existência deles, mas não de sua quantidade. Este poderia ser um excelente plano para minar minhas defesas.”
      “General Gilfein, eu atesto aqui a veracidade do perigo que todos nós corremos com a presença dos phaerimns em Faerûn. No momento estou representando os governos de Águas Profundas e Evereska para formarmos uma aliança no intuito de varrermos este problema o quanto antes.” Afirmou com veemência Laeral.
      “De qualquer forma, se fosse um engodo, meu exército estaria aqui também no campo de batalha. Se não houvesse phaerimns para batalharmos, teria um grande prazer em colocar sua cabeça em cima de uma lança.” Falou Alusair fitando os olhos de Gilfein.
      “Você pode tentar se quiser. Com certeza mandaria seu guarda-costas fazer isso. Eu sinto uma enorme tristeza ao ver o filho de Palas Felonte estar submisso a uma mulher que não tem idéia de sua posição. Acho que Felonte ficaria decepcionado com algo assim.”
      “Não ouse falar nada sobre o meu pai, seu traidor desgraçado! Ou vou esquecer estes termos e atravessar seu coração com meu gládio!”, respondeu Ájax exaltado, prosseguindo “Como uma pessoa imunda como você pode querer me dar lição de moral depois da traição que cometeu? Você era amigo de meu pai e agora se esconde debaixo da asas de Vorik! Acho que ele é que ficaria envergonhado de ter conhecido alguém tão covarde como você!”
      “Eu escolhi o meu lado. Sou general das forças de Nova Gondyr. Estava farto dos desmandos de Myrmeen Lhal, que agora chora pelos cantos pela cidade que perdeu. Você fez o mesmo.”
      “Senhores! Por favor, depois que isso tudo acabar, podem se matar o quanto quiserem, mas agora não é o momento para troca de desaforos. Nós temos uma batalha a ser travada. Se continuarem com esta discussão idiota, não haverão nem Cormyr nem Nova Gondyr para continuar uma guerra!” Exasperou-se Laeral controlando a situação. Com o silêncio dos demais ela continuou “A Regente Alusair afirma que pode conceder cerca de quinze mil homens para a batalha contra os monstros. Você pode contribuir com um número igual?” Perguntou a arquimaga ao General Gilfein.
      “Sim, mas eu preciso de tempo para deslocar tantos soldados assim.”
      “Não sei quanto tempo nós temos, pois os phaerimns irão retomar um ataque a qualquer momento. Acho que um dia é suficiente.”
      “Verei o que posso fazer.”
      “General, eu soube que apesar de estar no lado oposto, você é um homem que cumpre suas promessas. Eu gostaria de uma garantia da sua cooperação.” Pediu Laeral.
      “Eu prometo que farei o possível para mover meu exército o quanto antes, mas espero o mesmo de Cormyr.”
      “Isto está sendo providenciado, em pouco tempo meu exército estará completo.” Afirmou Alusair.


      A discussão seguiu com alguns detalhes sobre as táticas que serão aplicadas no objetivo de evitar um derramamento de sangue desnecessário. Laeral falou a respeito de tudo o que sabia sobre os phaerimns e sobre as condições em eles estariam ao ficarem presos dentro do campo de força gerado pelo Dodecaedro Definitivo. Assim eles puderam debater os métodos mais eficazes para sobrepujar as capacidades fantásticas dos monstros. Ao final da reunião, o General Gilfein retirou-se e retornou ao seu acampamento para cumprir sua parte no acordo.

Um Momento de Reflexões

      Ali mesmo no acampamento a Comitiva da Fé aguardava o término da reunião, esperançosos de que o general aceitasse os termos para a batalha. Caso contrário eles teriam grandes problemas no combate contra os phaerimns, pois o número do exército de Cormyr ainda era insuficiente para representar uma ameaça aos terríveis monstros. O mago Kariel mantinha seu tempo ocupado estudando seu tomo de magias para estar preparado para qualquer surpresa indesejável, sua prudência salvou o grupo inúmeras vezes. Mikhail, depois de novamente prestar auxílio aos feridos na última batalha contra o exército de Gilfein, já estava pronto para o momento final. Sua fé na deusa era enorme e sua boa vontade lembrava a de seu mestre Terrapin Treeworm. Sirius estava inquieto, a ansiedade o incomodava, brincava com seus companheiros para que o tempo passasse mais rápido. Limiekli fazia o mesmo, o ranger já era veterano dos campos de batalha na época em que ocupava um posto nos exército do Forte Zhentil. Magnus permanecia apenas concentrado, mantinha uma preocupação muito grande com respeito á questão atual e temia que seus companheiros perecessem, principalmente Bingo, que se tornou um aventureiro talvez por influência do paladino. O halfling estava cabisbaixo, seu comportamento brincalhão e alegre estava ausente naquele momento. Limiekli, percebendo o semblante carregado do pequeno, o argüiu:
      “Bingo! O que lhe aflige rapaz?”
      “Ah, sei lá. Tenho um pressentimento ruim do que vai acontecer. Vocês não tem medo de morrer nesta guerra?”
      “Eu já estou acostumado Bingo, lutar é algo que sempre faremos se quisermos ter uma vida decente.”
      “Ah, mas mesmo assim. As guerras têm muitas mortes. Além disso a gente pode morrer.”
      “Pequeno, eu também tenho medo. Não devemos nos envergonhar disso. Só não se deixe dominar por ele, senão não poderá ultrapassar os obstáculos da vida.” Aconselhou o amigo paladino.
      “Bingo, todos nós temos o direito de lutar também, para garantir a nossa sobrevivência e a de muitos que dependem de nós.” Acrescentou Sirius.
      “Tenha fé nos deuses, pequenino. Isso tudo depois vai ser apenas um pesadelo.” Disse Mikhail.
      “Lá em Luiren, nós não temos a tradição de ficar fazendo guerras. Espero então que a mãe Yondalla nos proteja.” Completou o halfling.

      Ájax se aproximou do grupo vindo da tenda onde fora realizada a reunião e transmitiu as boas notícias.
      “Gilfein aceitou os termos, embora relutante.”
      “Ótimo, um equilíbrio vai ser estabelecido então.” Comentou Magnus.
      “Quando virão os soldados de Nova Gondyr, Ájax?” Perguntou Kariel.
      “Esse é o problema, Gilfein disse apenas que precisa de bastante tempo para deslocar uma grande quantidade de soldados. Espero que aquela víbora cumpra sua promessa ou vai acontecer um massacre e essa terra será banhada em sangue.” Ao dizer isso, Ájax, inconscientemente criou mais temores a Bingo, este que tentava acumular coragem para o momento final. O pequeno, que estava sentado em um barril, esfregou um pé no outro, desceu e afastou-se cabisbaixo dos demais. O herói de Arabel, achando estranho o afastamento repentino do halfling, perguntou “Eu disse alguma coisa errada?”
      “Bingo está com medo de morrer, é sua primeira guerra.” Respondeu Limiekli.
      “Perdoem-me. Eu não sabia das condições do pequeno. Não seria prudente deixá-lo isento da batalha?”
      “De forma alguma, ele tem que aprender a sobreviver.” Opinou Sirius.
      “Eu conversarei com Bingo sobre isso.” Afirmou Magnus.
      “Vim aqui também para perguntar a você Mikhail... os elfos de Evereska virão para a batalha?”
      “Acredito que sim, Ájax, porém eles vão combater os monstros primeiro além das muralhas da Fortaleza Élfica. Depois disso acredito que encontrarão algum modo de chegar aqui.”
      “O fato dos nossos inimigos serem monstros horrorosos como vocês disseram me preocupam. Talvez os soldados fiquem atemorizados...eles estão acostumados a lutarem contra homens ou goblinóides e não estas bestas.” Comentou o anão Windolfin.
      “Tenha fé em minha mãe e nos dragões púrpuras. Se os dragões não os assustam, não será um verme gigante de quatro braços que o fará.” Disse Ájax veementemente referindo a deusa Tymora.


      Bem próximo dos heróis alguém invisível e escondido nos arbustos espreitava o grupo. Era uma pessoa muito amargurada. Ele escutou cada palavra do diálogo e então pensou em um plano para executar seu intento, que até aquele momento era um mistério. Se tiver sucesso, talvez assim poderia redimir seus erros. Vendo o halfling se afastar de seus companheiros, ele o seguiu.

Os Dragões Guerreiam

      Evereska, um lar dos elfos erguido há muitos milênios atrás. Nas últimas semanas esta fortaleza teve sua existência ameaçada pelos phaerimns. Os monstros desejam a força do mythal élfico presente em abundância na cidade como se fosse o último alimento que vão devorar. Os habitantes elfos estão mobilizados para um ataque relâmpago por parte dos monstros e seus novos aliados, os dragões. O lendário Coronal de Arcorar, Eltargrim Irythil, acompanhado pela Comitiva da Fé, foi às Montanhas da Espada para falar com um antigo dragão dourado. Eles obtiveram êxito na missão e conseguiram um acordo com Palandarusk, que prometeu cuidar dos dragões hostis caso estes quisessem atacar Evereska.

      Há quase três dias atrás, Eltargrim, com a autorização dos Anciões da Colina, enviou as tropas de Águas Profundas e uma parte do exército de Evereska para Cormyr. O Coronal e o arquimago Khelben Arunsun tinham um plano em mente: reunir o maior exército possível de aliados a um determinado local que seria o campo de batalha e acionar o Dodecaedro Definitvo. O artefato poderia criar um campo imenso de força e transportar todos os phaerimns do mundo para aquele local e assim a ameaça poderia ser sanada para sempre. Por isso, Aubric Nihmedu e Brian Mestre das Espadas, ambos liderando seus exércitos, teriam de chegar o mais rápido possível a Cormyr para se juntarem aos aliados no embate final. Houvera muita relutância por parte de Aubric e de alguns nobres das casas élficas em enviar prematuramente uma quantidade tão grande de soldados para fora da cidade, pois não mantinham a mesma fé que o Coronal na promessa de Palandarusk em cooperar no conflito. No entanto, Eltargrim não era lendário à toa, ele sabia que se não derrotassem os monstros o quanto antes, um processo de extinção dos humanóides em Faerûn se iniciaria.

      O Coronal e alguns generais de Evereska estavam no Parlamento Élfico elaborando estratégias para adquirir vantagem sobre o inimigo quando um soldado entrou na sala informando.
      “Coronal Eltargrim! O arquimago Elros descobriu alguma coisa!”

      Imediatamente todos eles se dirigiram a uma sala onde Elros, um arcano dotado de conhecimentos profundos na vidência, mantinha-se concentrado em uma pequena piscina. Os elfos puderam vislumbrar uma quantidade terrível de dragões e phaerimns se deslocando rumo à Evereska. “Reúnam todas as tropas! Preparem-se para um ataque imediato!” Ordenou Eltargrim aos generais que saíram em disparada. Após isso, ele usou um feitiço para teletransportar-se ao quartel general dos Espadas de Evereska. “Vocês todos! Preparem-se para um ataque imediato! Mobilizem todos os soldados!” disse ele para a elite dos soldados da Fortaleza Élfica, que naquele momento estavam sob os cuidados de Nagon, o braço direito de Aubric Nihmedu, o líder da tropa.

      Em questão de segundos todos os setores do exército élfico foram avisados do perigo iminente que corriam. Tudo isso graça ao nível invejável da organização daquele povo, somado aos seus poderosos sortilégios, recurso este que poucas nações possuíam. Os heróis Storm Mão Argêntea, Dove Garra de Falcão e Florin Garra de Falcão também se mobilizaram, já estavam alertas quanto ao ataque phaerimm. Quando todos já estavam a postos e esperando um ataque vindo dos céus, um portal se abriu há alguns metros à frente dos portões de Evereska revelando vários phaerimns que saíram já conjurando seus feitiços fatais, ceifando assim a vidas de alguns soldados que foram pegos de surpresa. Entretanto, os capitães recompuseram as frentes de batalhas e iniciaram a retaliação orquestrada pelos líderes. Uma nuvem de flechas mágicas veio de encontro aos monstros que pouco puderam fazer contra os projéteis. A maioria da primeira leva de phaerimns foi dizimada em instantes. Aproveitando o pequeno momento de vantagem, os magos conjuraram uma série de feitiços que trouxeram várias criaturas celestiais para combater os monstros. Os sacerdotes fizeram orações ao seu panteão que os concedeu bênçãos aos guerreiros e invocou tempestades para afugentarem os inimigos. Na vanguarda da batalha, Storm, Dove e Florin destroçavam os phaerimns que tentavam se aproximar dos arcanos elfos tentando sabotar a estratégia.

      Outros portais foram sendo abertos, e a medida em que chegavam, os phaerimns iam protegendo os outros de sua espécie formando um bloco que invocava mais feitiços de proteção impedindo assim novas baixas. Eltargrim surgiu no meio de um grupo dos monstros, que estáticos por não imaginarem que alguém teria tal audácia, não puderam se defender de Ar’Kor’Kerym, a lâmina encantada do Coronal. Ele se movimentou com tanta velocidade, força e graça que foram suficientes apenas alguns segundos para que o elfo esquartejasse alguns phaerimns ao seu redor. Depois da série de golpes mortíferos, ele invocou feitiços destruidores contra aqueles monstros, que não conseguiram se virar a tempo para absorver a energia mágica dos mesmos. Apenas cinzas ficaram no local.

      A batalha estava equilibrada, porém era apenas uma questão de tempo até que os seres devoradores de magia suplantassem o poderio do exército élfico. Poucos segundos depois surgiram sombras no chão revelando que algo se aproximava pelo céu. Aqueles que olharam para cima tremeram com a visão de répteis alados gigantes que vinham em rasante com suas enormes presas à mostra. Não havia dúvidas de que os dragões hostis, novos aliados dos phaerimns, chegaram para auxiliar os monstros e tomar Evereska. Eram em quantidade considerável, e entre eles estava um dragão vermelho de proporções fantásticas, ele parecia comandar os demais. Ele representava um dos terrores de Faerûn. Segundo algumas lendas, seu nome era Klauth o dragão do norte, mas também era conhecido por Mo'Ha'Dur, e ele estava faminto. Ordenou a todos os dragões que atacassem os elfos.

      Um dos répteis já estava prestes a jorrar seu fogo fatal em uma fileira de soldados. Mas quando tudo parecia perdido, um outro, mas de escamas prateadas surgiu de repente e rasgou-lhe as duas asas fazendo o dragão vermelho chocar-se contra a muralha. Os soldados deram o golpe de misericórdia estocando lanças em seu dorso. Ao verem uma revoada de dragões dourados e prateados, os elfos ficaram contentes e gritaram brados de guerra. Entre os recém chegados destacava-se o gigantesco Palandarusk, o ancião dourado.

      De um lado, Klauth liderando os dragões hostis. Do outro Palandarusk e seus dragões dourados e prateados. Ambos os lados, com exceção de seus líderes, foram de encontro um do outro em alta velocidade, chocando-se e desferindo golpes mortíferos com suas garras afiadas. Alguns deles pereceram de imediato àquela colisão sangrenta, caindo nos arredores da Fortaleza Élfica. Um jovem dragão prateado, que estava sendo perseguido por um dragão negro maior, fez uma série de manobras entre os edifícios de Evereska e driblou o adversário e logo depois disparou um jato de ar frio que deixou o réptil negro atordoado. Em outra parte, dois dragões azuis seguravam as asas de um dourado, eles puxaram-na até partir. Mesmo sentindo uma dor lancinante, o dragão conjurou um feitiço que o permitiu voar sem o auxílio de suas asas que foram destroçadas. Um dragão prateado de idade avançada duelava com outro de cor vermelha invocando feitiços e ao mesmo tempo se esquivava de outros menores que tentavam sabotar seus sortilégios.

      Os líderes, depois de instantes analisando o sucesso de seus inferiores, aproximaram-se para se comunicar. Eram duas criaturas de incrível estatura, da cauda até a cabeça ultrapassavam sessenta metros.
      “Me surpreende o fato de você sair de sua toca Palandarusk! Esqueceu do acordo que existe entre nossa raça?” Disse Klauth em tom irônico com sua voz gutural.
      “Não esqueci, mas um compromisso maior e imediato me trouxe aqui, Klauth. Parta com seus asseclas e não haverá derramamento de sangue.”
      “Hah, hah, hah! Você me diverte Palandarusk! Não vim aqui para voltar de patas vazias. Esse território é nosso! Junte-se a mim! Expulsaremos os humanóides de nossas florestas e então podemos iniciar uma nova era para os dragões!”
      “Nós já temos as nossas próprias terras, Klauth. E eu tenho um antigo pacto a cumprir. Você está no meu caminho. Se não recuar, perceberá a extensão de minhas capacidades!”
      “Buahahahaha!” Gargalhou Kaluth, “Eu sou o mais poderoso dragão de Abeir-Toril, e você é apenas um velho, Palandarusk! Se quiser pôr um fim aos milênios de sua existência então guerreie comigo!”

      Normalmente em uma situação como essa, os dragões disparariam seus jatos de fogo para dizimar o oponente, contudo ambos eram dotados da mesma habilidade, assim o fogo seria inútil para machucá-los. Klauth, como sempre fez, foi o primeiro a atacar. Ele invocou um poderoso feitiço que gerou um grito ensurdecedor, esse feitiço poderia aniquilar os mais poderosos heróis, mas Palandarusk era um ancião e desvencilhou-se facilmente do encantamento. Como contra golpe, o ancião dourado invocou um redemoinho, feitiço desenvolvido por ele, que foi projetado para se chocar contra Klauth. Entretanto o dragão vermelho recebeu apenas parte do impacto preservando sua postura de combate. Decidido a terminar a luta de uma só vez, Klauth conjurou outro feitiço visando eliminar Palandarusk. Apontou o dedo para o ser dourado e disparou um raio, mas ele novamente escapou do sortilégio e surpreendentemente ficou imaterial e quase invisível aos olhos de Klauth. “Que técnica interessante, velho! Embora seja inútil contra mim!”, Klauth então desferiu um potente golpe com sua garra no corpo do ancião dourado, porém pouco feriu a carne do adversário, que naquele estado estava mais protegido. Este, por sua vez também atacou e empregou outra surpresa a Klauth. Ele desferiu um golpe com as garras, estas em estado espectral, que fez o dragão vermelho ficar hesitante. Palandarusk aproveitou e investiu contra o adversário dando-lhe uma seqüência de golpes severos e o deixou bastante ferido. “Muito bem, Palandarusk! Eu não recebo golpes assim há muito tempo. Mas isso não é suficiente pra me derrotar.”, disse Klauth, prendendo a atenção do ancião dourado enquanto sinalizava para dois outros dragões, um negro e outro azul, para que ambos segurassem Palandarusk. O intento deu certo, quando o dragão dourado percebeu a armadilha já era tarde demais. Klauth gargalhou e avançou em grande velocidade, desejava ele estraçalhar o corpo de seu rival. Porém algo aconteceu, o dragão negro, que segurava a pata direita de Palandarusk, a largou repentinamente e caiu, com um enorme ferimento nas costas. De trás dele surgiu Eltargrim voando. Em sua Ar’Kor’Kerym escorria o sangue da fera negra.

      “Quem se intromete em uma batalha de dragões?” Perguntou Klauth indignado.
      “Sou o Coronal Eltargrim e percebi que você não estava sendo honrado na disputa, então resolvi intervir.”
      “Klauth, como pode perceber, seu exército está em desvantagem. Recue e não arrancarei suas escamas!” Deu o ultimato o ancião dourado.
      “Não pense que as coisas vão terminar tão fácil assim Palandarusk! O Pacto entre os dragões agora ficou bem mais frágil, pode ter certeza disso!” Disse Klauth se afastando. O grande dragão vermelho fez um sinal de retirada para os seus asseclas que um a um foram abandonando a luta. Os phaerimns ficaram surpresos com aquele fato, mas já estavam engajados no combate e continuaram lutando.


      “Palandarusk, agradeço em nome do povo élfico a sua contribuição.”
      “Não me agradeça, um problema temporário pode ter sido sanado, porém o futuro reserva um outro talvez bem pior que esse. Uma nova era de guerras pode ter se iniciado hoje. Adeus Coronal, que os deuses os acompanhem neste embate.” O ancião bateu suas enormes asas e ordenou que seus semelhantes o acompanhassem de volta às Montanhas da Espada, após recolherem seus irmãos que tombaram em batalha. Assim seus corpos não seriam profanados e terão um funeral digno.


      Eltargrim, analisando a situação em forma bem ampla, voou até os arquimagos elfos dizendo.
      “Preparem os portais imediatamente! Encaminhem os regimentos através deles!”
      “Mas senhor, o nosso exército vai enfraquecer bastante, os monstros podem atravessar os portões a qualquer momento!”
      “Não! Isso não vai adiantar nada se não os destruirmos por completo. Khelben e os outros exércitos estão esperando nossa parte ser concluída. Executem as minhas ordens! Agora!”

      Os arquimagos, percebendo a veemência nas palavras de Eltargrim, proferiram palavras em dracônico e conjuraram alguns portais mágicos. Os capitães, já instruídos pelo Coronal, organizaram seus soldados em fileiras. Rapidamente eles o adentraram.

      “Storm! Dove! Florin! Acompanhem os arquimagos! Vão para Cormyr, vocês serão necessários lá!”
      “Coronal, não sei se as tropas agüentarão por muito tempo!” Alertou Storm se referindo aos soldados em meio aos quais combatia.
      “Vão! Eu ficarei aqui resistindo. A batalha principal não é aqui.” Os heróis então demoraram alguns segundos até chegarem nos arquimagos que também providenciaram um portal ao qual eles passaram.


      Eltargrim assumiu a posição original dos heróis defendendo a entrada da Fortaleza Élfica com todas as suas forças junto com suas tropas que esperavam pelo sucesso dos aliados em Cormyr, principalmente pelo êxito de Khelben Arunsun.

A Busca Pela Redenção

      No acampamento do exército de Cormyr já era outro dia e a tensão era muito grande. Eles aguardavam notícias de Evereska e de Khelben Arunsun, que até aquele momento não estava presente. Laeral, vez ou outra, tranqüilizava a Regente Alusair, que, preocupada com a situação, pensava em abortar o plano. Esse pensamento era reforçado pela ausência das tropas de Gilfein, que também não se encontravam no local combinado. A filha do lendário Rei Azoun IV, por estar em uma posição delicada no reinado de Cormyr, enfrentava ameaças de conspiração por parte de aliados. Por isso era normal que desenvolvesse uma paranóia durante estes conflitos de guerra.

      Em outra parte do acampamento, a Comitiva da Fé também se encontrava tensa e ansiosa pelo momento final. Magnus olhava de um lado pro outro procurando seu amigo inseparável, Bingo Playamundo. O halfling estava muito inquieto naquela manhã, pois ele temia que coisas muito ruins pudessem acontecer.
      “Alguém viu Bingo?” Perguntou o paladino para os seus companheiros que juntos, esperavam pela batalha.
      “Depois que ele se afastou eu não o vi mais.” Respondeu Limiekli.
      “Eu estou aqui, saí para pensar um pouco.” Respondeu o pequeno chegando com um semblante carregado.
      “Você está bem Bingo? Parece abatido.”
      “Eu estou bem Magnus.”
      “Vai participar da batalha?” Argüiu Limiekli.
      “Sim, os procedimentos serão executados.”
      Por um momento Magnus pensou “Os procedimentos serão executados? Bingo está muito estranho...ficarei de olho nele durante o combate.”

      A conversa iria reiniciar, não fosse um fato que chamou a atenção do grupo. Vários soldados cormyrianos que começaram a correr em uma direção armados. A Comitiva já pensara que os phaerimns já estavam à vista, mas o motivo para tanto alvoroço era a chegada dos dois exércitos enviados por Khelben e Eltargrim. Aubric, com um grande número de soldados elfos de Evereska, e Brian Mestre das Espadas, com a maior parte das tropas de Águas Profundas. Juntos, os dois exércitos eram compostos por pouco mais de nove mil homens.

      “Quem representa a autoridade aqui?” Perguntou Aubric aos soldados de Cormyr.
      “Pode falar comigo, sou Ájax Felonte.”
      “Atestamos aqui a nossa vinda com homens para a batalha. Esperamos mais instruções de nosso posicionamento no combate.” Disse Brian Mestre das Espadas que estava acompanhando Aubric Nihmedu.
      “Me acompanhem, a Regente deseja lhes falar.” Assim Ájax se dirigiu à tenda real e levou consigo os dois líderes recém chegados. Mas no caminho, Aubric encontrou Mikhail. O conterrâneo veio até ele perguntando:
      “Aubric, como estão as coisas em Evereska?”
      “Até onde eu sei, estavam esperando pelo ataque phaerimm e dos dragões. Faz três dias que eu e Brian saímos de lá. Mikhail, você viu meu irmão Galaeron? Há dias não o vejo...ele desapareceu.”
      “Não, eu não o vi. A última vez que falei com ele foi antes de chegarmos à Cormyr.”
      “Espero que ele esteja bem. Ele ainda se culpa por tudo o que aconteceu.” Aubric então entrou na tenda junto com Brian e Ájax para falar com a Regente.


      Na audiência com Alusair, os dois líderes transmitiram todos os agradecimentos vindos do governo de Evereska e dos líderes Eltargrim e Khelben, que estabeleceram algumas instruções do posicionamento dos exércitos no campo de batalha. As tropas não poderiam ficar muito juntas, pois os monstros poderiam conjurar feitiços de destruição em massa. Terminada a audiência, os três comandantes, Ájax, Aubric e Brian, saíram para transmitir as últimas instruções aos seus soldados.

      Quase uma hora se passou, e então uma nova movimentação brusca dos soldados locais aconteceu. Desta vez, portais mágicos surgiram de repente dentro do acampamento. Deles saíram centenas de soldados élficos de Evereska, um deles gritou ao sair “Preparem-se! Preparem-se! Os phaerimns já começaram o ataque!”. Rapidamente a informação foi passada a todos, principalmente para Laeral que de imediato, contactou seu marido. Este que estava escondido em outro plano de existência.

      Na Comitiva, Limiekli e Sirius vestiram armaduras mais resistentes que as que eles costumavam usar. “Durante a batalha, vamos ficar todos juntos.” Aconselhou Sirius. Porém, naquele mesmo instante o pequeno Bingo saiu em disparada até o local do combate.
      “Bingo! Espere pequeno!” Gritou Magnus inutilmente. O halfling não o deu ouvidos.

      No meio de um imenso campo estava Laeral Arunsun Mão Argêntea. Ao redor, mas bem afastados, se encontravam centenas de fileiras de soldados dos exércitos cormyrianos, evereskanos e de Águas Profundas. Todos eles estavam organizados e guiados por vários capitães esperando o início da batalha. De repente, por meios místicos, surgiu o arquimago Khelben Arunsun ao lado de sua esposa.
      “Querido, o momento chegou. Você está pronto?”
      “Sim... sim querida.” Respondeu com muito desânimo Khelben segurando o Dodecaedro Definitivo embrulhado em um pano.
      “Khelben querido, o que há com você? Parece muito abatido.”
      “Não... não é nada, só estou preocupado, só isso.” Apesar da resposta, Laeral não ficou muito convencida, pois sabia que, mesmo em momentos críticos, seu marido sempre se mantinha frio e firme. Diferente do comportamento atual.

      A Comitiva da Fé estava pronta. Rapidamente se aproximaram do campo onde haveria a batalha. Local que serviu também de palco para o último combate a poucos dias, do exército de Cormyr contra as forças de Gilfein. Junto ao grupo estava Galtan o cavaleiro de Águas Profundas com sua bonita armadura e montando um cavalo de guerra. Magnus avistou a bela Storm Mão Argêntea junto a Dove e Florin Garra de Falcão. Aproximou-se para ter com a barda do Vale das Sombras.
      “Storm, não sabia que tinha chegado. Como foram as coisas em Evereska?”
      “Os phaerimns estão atacando a cidade. Eles vieram com seus aliados dragões mas, como havia prometido, Palandarusk e os outros dragões os combateram. Nós estávamos protegendo o portão principal mas Eltargrim nos mandou aqui.”
      “Não preciso dizer que meu maior desejo era de lutar ao seu lado, mas estou muito preocupado com meus companheiros. Sobretudo Bingo, que nestes últimos dias parece estar abalado com a situação.” Afirmou o paladino.
      “Proteja-os, eu ficarei bem. Lutarei com Dove e Florin.”
      “Você viu Bingo por aí?”
      “Desde que cheguei não... Espere! Olha ele ali!” Falou a barda apontando para frente. Além deles, a Comitiva também avistou o pequeno correndo entre os soldados freneticamente. Gritaram o nome do pequeno em vão, pois ele os ignorou. Bingo estava correndo em direção a Khelben. Ao chegar, disse:
      “Senhor Khelben! Senhor Khelben!”
      “Bingo? O que está fazendo aqui?” Perguntou o arquimago que, assim como sua esposa, estavam bastante surpresos em ver o halfling surgir daquela maneira.
      “Eu preciso avisar o senhor...” Quando já estava a uns três metros de Khelben, Bingo, inusitadamente começou a proferir palavras arcanas e realizar gesticulações. Khelben, Laeral e alguns heróis que estavam por perto arregalaram os olhos em espanto. Porém já era tarde demais, o halfling invocou um feitiço no Dodecaedro que fez Khelben e Laeral serem repelidos pelo mesmo. Eles foram arremessados a poucos metros de distância. Simultaneamente, um outro feitiço que estava latente em Bingo também fora acionado e um campo de força invisível ergueu-se ao redor dele protegendo-o. O pequeno se aproximou do Dodecaedro e o pegou. Naquele instante a imagem de Bingo modificou-se, e de um gentil halfling surgiu a figura de um elfo, Galaeron Nihmedu. A farsa desfez-se.

      “Galaeron! O que você está fazendo?” Perguntou o irmão Aubric correndo em sua direção.
      “Galaeron, o que pretende? Este artefato é perigoso, você não vai saber usá-lo!” Alertou Khelben levantando-se do tombo que tomara.
      Galaeron olhou para todos que estavam ali e para seu irmão. Ele estava com uma aparência horrível, em sua face estava a expressão da dor que sentia em seu peito. “Não Khelben! Você não merece perecer! Eu tenho que fazer isso! Eu executarei o rito de enclausuramento!”
      “Khelben, o que ele está querendo dizer?” Perguntou Laeral intrigada.


      Há poucas semanas atrás, Galaeron Nihmedu, um arquimago de Evereska fora designado por seu governo a investigar flutuações mágicas que estavam ocorrendo nas Montanhas da Boca do Deserto, um local que ficava na periferia do deserto de Anauroch. Ao chegar lá, ele se deparou com um grupo de aventureiros que buscava o paradeiro de uma bruxa chamada Gothyl. Apesar de algumas diferenças, Galaeron acompanhou o grupo na exploração de uma caverna que poderia ser o possível covil de algo que procurava. Descobriram eles que Gothyl estava usando um item mágico chamado O Globo das Almas Perdidas para furar uma estranha barreira feita de energia negra nas profundezas daquela caverna. Galaeron, ignorando a tudo e a todos, entrou em combate com a bruxa. A ondulação de sua magia chocou-se com a ondulação negra produzida por Gothyl, que há algum tempo havia se transformado em uma arqui-vulta com a ajuda de Melegaunt Tanthul, de modo que foi gerada uma explosão no véu da magia. Uma onda de choque produzida pela explosão destruiu o campo de força negro e dele saíram milhares de phaerimns. Após sair de um coma, Galaeron levou a Comitiva da Fé e Melegaunt Tanthul para Evereska a fim de que pudessem ajudar contra a nova ameaça que surgiu para os reinos. Contudo, Melegaunt os traiu e com a ajuda de Gothyl, Obscura, a cidade flutuante dos vultos, retornou do Plano das Sombras. De lá para cá os phaerimns tentaram invadir Evereska diversas vezes para sugar o poderoso mythal élfico. Os monstros conseguiram parcialmente fazê-lo, porém o mythal fora restaurado e continuou resistindo contra a invasão. Até agora, Evereska pagou um grande preço por isso, pois milhares entre seu povo morreram, sacrificando-se para que os phaerimns não tomassem a cidade. Num certo dia, o arquimago Khelben Arunsun, um dos líderes da resistência, retornou de uma viagem muito perigosa em algum lugar da Costa da Espada. Ele fora transportado magicamente até sua tenda no acampamento nos arredores de Evereska. Ele tinha chegado muito ferido e Laeral e Galaeron o acudiram, mas Khelben pediu que ficasse a sós com sua esposa. Galaeron percebeu que Khelben portava um objeto embrulhado em um pano. Ele saiu da tenda mas, curioso, invocou alguns feitiços para tentar descobrir o que era aquilo. Após uma rápida sondagem, ele percebeu que se tratava de um mythalar, uma poderosa fonte de pura magia. Ouvindo a conversa de Khelben e Laeral, Galaeron deduziu que um rito de enclausuramento, um processo mágico para aprisionar vários seres poderosos, feito com um mythalar poderia destruir o usuário, pois consumiria sua vida também. Khelben conseguiu convencer sua esposa de que nada sofreria, mas Galaeron fez uma pesquisa e constatou que certamente Khelben seria destruído no processo de uso do artefato. O elfo desde então tem acompanhado os passos do arquimago de Águas Profundas para tomar para si o artefato e assim impedir que Khelben morresse. E este dia finalmente chegou.

      “Meu irmão! Por favor, devolva o artefato a Khelben! Ele saberá o que fazer!” Implorou Aubric.
      “Não... Não Aubric! Você não sabe o que diz.Se Khelben usar isso ele morrerá. Quem merece morrer sou eu! Ninguém pode me tirar esse direito!”
      “Khelben, o que ele está dizendo é verdade?” Perguntou Laeral, fazendo um olhar severo para o marido. Ele apenas virou o rosto. Estava envergonhado. Não queria encará-la naquele momento.
      “Galaeron, devolva o artefato! Tudo vai acabar bem, acredite!” Suplicou mais uma vez Aubric.
      “Aubric, eu não consigo parar de escutar os gritos de nossos semelhantes. Eu não consigo parar de pensar em quantas pessoas morreram por minha causa. Se eu não fosse tão arrogante, os phaerimns não seriam libertados e tudo estaria bem. Essa é minha única chance de consertar a tolice que fiz.” Confessou Galaeron chorando.
      Perto dali, a Comitiva da Fé escutava cada palavra do elfo. Mikhail, seu semelhante, entristeceu-se com tamanho sofrimento. Mas Kariel, tentando impedir uma tragédia, disse “Eu posso passar por aquele campo de força. Com um pouco de sorte posso tomar o artefato das mãos de Galaeron.”
      “Você vai destruir a única oportunidade que ele tem para redimir seus erros e assim poder se encontrar com os deuses elfos?” Perguntou Sirius para Kariel. O elfo calou-se. Sabia que seu companheiro tinha razão. Galaeron podia redimir-se e então ser aceito em Arvandor.


      Galaeron começou a proferir palavras em língua arcana e fez alguns movimentos se concentrando na energia do artefato. “Não Galaeron!” gritou novamente o irmão em vão. Brian aproximou-se de Aubric e o segurou para que ele não tentasse ir de encontro ao campo de energia do irmão. Após poucos segundos, Galaeron terminou o ritual. “O quê? Nada aconteceu! Não pode ser!” desesperou-se o elfo. “Maldição! Será tudo isso não passou de um embuste? Maldito Larloch!” pensou Khelben ao perceber que nada acontecera com o artefato. Entretanto, Galaeron começou a sentir uma dor que o fez contorcer-se. Era algo que o queimava por dentro. Sua pele começou a ser derretida em todas as partes de modo que alguns perceberam seus músculos por debaixo dela. Depois de consumida toda a pele, os músculos foram os próximos, revelando tendões, veias e nervos. O elfo proferiu gritos tenebrosos ao sentir todo seu corpo ser consumido daquele jeito. Sua voz calou-se quando seus órgãos foram consumidos como se tivessem sido banhados em ácido. E por último, seus ossos viraram pó. Seus restos se transformaram em uma energia que foi atraída para dentro do Dodecaedro que estava ao chão. Depois de absorver toda a energia, o artefato fez um brilho ofuscante e dele saiu um espesso raio que foi até os céus. Lá, o limiar do raio criou um sifão de energia que criou um gigantesco campo de força em forma de uma cúpula do tamanho de uma cidade. Deste mesmo limiar, um redemoinho de energia, virado para baixo começou a ‘cuspir’ um véu negro formado por pontos. Ao longe parecia ser um enxame de insetos, mas quando as partículas se aproximaram dos exércitos, um calafrio percorreu o corpo de todos presentes. Eram phaerimns, milhares deles. Foram atraídos magicamente de várias partes de Faerûn e ali agora estavam todos eles, sem exceção. Após isso tudo, o Dodecaedro Definitivo foi reduzido a cinzas.

O Início do Clímax

      Milhares de monstros horrendos de quatros braços e uma grande boca vieram como se fossem abelhas. Espalharam-se como insetos entre os exércitos aliados e os atacaram com encantamentos mortíferos. Esferas em chamas explodiram levando ao chão vários soldados de Cormyr. Em outra parte uma guarnição de elfos era afligida por feitiços que geraram um frio congelante. Esferas de energia e setas causticantes eram disparadas em grande quantidade em direção aos humanos de Águas Profundas e de Cormyr, que tentavam se aproximar para cravar suas lâminas nos monstros. Um mago de guerra cormyriano também disparou seus feitiços como um teste para saber como os inimigos iriam reagir e teve êxito, pois o phaerimm tentou absorver a energia mágica e fracassou. O campo de força gerado pelo Dodecaedro impedia que os phaerimns saíssem da prisão e mantivessem seu recurso de absorver magias.

      Entre os heróis, o combate era mais equilibrado, pois os aventureiros já tinham os enfrentado antes e não seriam alvos fáceis desta vez. Ájax, o herói da tomada Arabel e filho de Tymora, nunca havia enfrentado um phaerimm antes, porém isso não foi empecilho para que o grande guerreiro se aproximasse com extrema velocidade e perfurasse por várias vezes o corpo do monstro procurando por um coração a ser rasgado. Ele, em seus movimentos graciosos e quase felinos, esquartejava-os com seu afiadíssimo gládio, o qual foi dado de presente por sua mãe. A alguns metros dali, o paladino William Magnus e o elfo Mikhail Velian, crédulo na deusa Mystra, combatiam os phaerimns combinando suas forças. Magnus triturava os monstros com poderosos golpes de sua Vigilante Sagrada, uma linda espada, presente de seu deus Helm, que fundiu a lendária Hadryllis e a Chama do Norte criando assim uma poderosíssima arma para o seu devoto paladino. Mikhail aplicava golpes devastadores com seu Destruidor de Tempestades, um martelo mágico presenteado por um sacerdote de Moradin. O elfo também auxiliava seu companheiro e os soldados cormyrianos com as preces concedidas por Mystra que os protegiam do perigo. Kariel lançou vários de seus feitiços destrutivos e depois invocou um em si mesmo aumentando sua estatura. Dessa forma, empunhando sua espada Goliath, uma arma sagrada de seu reino natal, Kand, desferiu potentes golpes na carne dos monstros que via pela frente. Sirius e Limiekli, junto com mais alguns soldados, combinavam seus ataques de modo a deixar o monstro bastante ocupado e ao mesmo tempo rasgavam a carne da criatura em vários lugares. Storm, Dove e Florin eram implacáveis no campo de batalha. Suas ações faziam jus às lendas vivas que eram. Os phaerimns não se mostravam páreos frente a esses heróis. Khelben e Laeral invocaram seus feitiços mais poderosos visando dizimar uma quantidade de phaerimns em pouco tempo. Brian, o “Mestre das Espadas”, e o Cavaleiro Galtan lideravam alguns soldados empregando táticas eficientes de retaliação contra as criaturas. Embora os heróis representassem um grande peso na batalha, não seria suficiente sobrepor a quantidade enorme de monstros que chegava a cerca de seis mil phaerimns.

      Tinham se passado apenas poucos minutos desde o início do combate quando, de trás de um pequena colina, surgiu finalmente o exército do General Gilfein com seus goblinóides e alguns humanos. Nova Gondyr, a partir daquele momento, tomou parte da batalha e com a presença do próprio Gilfein que veio em rápido galope com seu cavalo de batalha e, empunhando uma lança, trespassou um phaerimm antes que ele reagisse. Os goblinóides se espalharam pela guerra rapidamente, assustando os outros combates humanos e elfos, que quase os atacaram pensando ser um sortilégio dos phaerimns. Porém, em momento tão desesperador, as diferenças foram esquecidas e a sobrevivência se transformou no principal motivo para uma grande aliança. Orcs e goblins avançavam contra os seres flutuantes atingindo-os brutalmente e o poderosos orogs, empunhando espadas enormes, banhavam sua armas do sangue amarelado das criaturas.

      Os phaerimns reagiam sempre da forma mais letal, rasgavam a carne dos adversários humanos, elfos ou goblinóides com suas quatro mortíferas garras, decepavam as cabeças com mordidas de sua grande bocarra, eliminavam os atacantes menores empalando-os com o ferrão enorme de sua cauda e, em meio a isso ainda podiam disparar seus feitiços fatais que destruíam completamente um ser instantaneamente. Vários dos heróis presentes escaparam desses feitiços com maestria e, às vezes, sorte, porém um deles foi infeliz na escapatória. O Cavaleiro Galtan lutava contra um phaerimm quando o monstro olhou para ele e disparou de sua boca um raio esverdeado que se dirigiu até o herói. Galtan, com pouca mobilidade devido a sua armadura que cobria todo seu corpo, não conseguiu se desvencilhar do sortilégio como seus companheiros o fizeram e foi atingido. Ao ver isso, Brian, seu amigo, gritou por ele. No entanto, apenas o viu ser reduzido a cinzas num único instante. Galtan tombara em combate e sua alma foi para os deuses naquele momento.

      Flutuando no ar, Khelben Arunsun obteve uma visão ampla da batalha e o que viu não lhe agradou. Os phaerimns, mesmo em menor número estavam, aos poucos invertendo a balança, pois seus feitiços destrutivos eliminavam vários soldados facilmente. O arquimago não desesperou-se, disparou vários encantamentos fatais aniquilando uma grande quantidade de phaerimns e depois desceu invocando um feitiço sobre si que melhorou sua capacidade de luta dezenas de vezes. Invocou uma espada espectral em sua mão direita e iniciou um esquartejamento em série nos monstros que via pela frente. Laeral prosseguiu com sua excelente tática de invocar seres de outros planos para ajudá-los. Contudo, mesmo com o grande potencial e coragem dos heróis, só um milagre poderia fazer com que esta guerra não fosse em vão e este campo de batalha não se transformasse em um vasto túmulo para os seres humanóides que lutavam por sua existência em Toril.

Esta história é uma descrição em teor literário dos resumos de aventuras jogadas pelo grupo Comitiva da Fé em Salvador sob o sistema de RPG Advanced Dungeons & Dragons.

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