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Um Sacrifício Necessário
Descrita por Ivan Lira.
Baseada no jogo mestrado por Ivan Lira.
Personagens principais da aventura:
Os
Humanos: Magnus de Helm; Sirius Lusbel; Sigel O'Blound (Limiekli),
Sir Galtan de Águas Profundas. Os Elfos: Mikhail Velian;
Kariel Elkandor. O Halfling: Bingo Playamundo. O Anão:
Windolfin Braço de Clangeddin Barba de Prata. Participação
Especial: O Coronal Eltargrim Irythil, Khelben 'Bastão
Negro' Arunsun, Laeral Mão Argêntea, Ájax Felonte,
Storm Mão Argêntea, Dove Garra de Falcão, Florin
Garra de Falcão, Sir Brian Mestre das Espadas, Aubric Nihmedu,
Galaeron Nihmedu e a Regente Alusair Obarskyr.
Um Sacrifício Necessário
Laeral
Mão Argêntea e a Comitiva da Fé chegaram à
Cormyr visando a colaboração da Regente Alusair Obarskyr
na guerra contra os tenebrosos phaerimns. Porém algo foi
imposto, a Princesa de Aço só aceitaria tal acordo
se os defensores de Evereska convencessem o general Gilfein a tomar
parte do conflito junto à eles, pois assim Cormyr não
ficaria à mercê do inimigo. A Comitiva, após
ludibriar uma pequena tropa de goblinóides na fronteira inimiga
localizado na Floresta do Rei, adentrou uma estranha mata mal-assombrada
onde tiveram alguns problemas com mortos-vivos e seres luminosos.
Apesar dos perigos, o grupo obteve sucesso ao chegar no forte do
general entregando-se para iniciar as conversações.
Um phaerimm, na forma de Ervag, um sacerdote de Talos, tentou sabotar
o acordo, mas ele não foi páreo para os heróis
e, ironicamente, recebeu o golpe final de Gilfein, que diante daquela
situação resolveu aceitar o convite para a guerra.
Portanto uma trégua temporária fora estabelecida entre
Nova Gondyr e Cormyr.
Últimas Palavras
Em
um quarto bastante aconchegante, sentado a uma mesa e sentindo o
calor acolhedor da lareira, estava Khelben Arunsun em seu refúgio
criado magicamente. Naquele momento, para os leigos, ele se encontrava
em um mundo distante. Para os mais eruditos, o arquimago se encontrava
em outro Plano de existência. Em cima da mesa repousava o
Dodecaedro Definitivo, um poderosíssimo artefato criado pelo
Rei Lich Larloch, que o entregou a Khelben quando este adentrou
seu covil. Segundo ele, o artefato, ao ser acionado, pode atrair
e aprisionar todos os phaerimns no mundo de Abeir-Toril para dentro
de um imenso campo de força por horas. Lá eles ficarão
lacrados e não poderão usar seus dotes de absorver
magia e sugar vida. Deste modo o interior deste campo seria um local
perfeito para a batalha definitiva contra as aberrações.
Contudo, existe um preço, aquele que souber usar o artefato
realizando um ritual de enclausuramento morrerá instantaneamente
e nenhum mortal conseguirá lhe devolver a vida.
Khelben, apesar de tudo ficou
com o artefato. O dileto de Mystra não entregaria este fardo
a ninguém, sua índole não o permitiria. O arquimago
julgou certo se ocultar para que nenhum outro ser tentasse lhe tomar
o Dodecaedro Definitivo. Seguro em seu refúgio, ele começou
a escrever uma carta. Nos intervalos entre os parágrafos
ele vislumbrava as labaredas do fogo da lareira e se recordava de
seu passado. A mensagem tinha apenas um objetivo, explicar o porquê
de seu sacrifício à sua amada Laeral e pedir perdão
por sair da vida dela daquela forma. Talvez Laeral não aceitasse
ou compreendesse a decisão do marido, mas era o mínimo
que ele podia fazer para alguém que nunca o abandonou, nem
mesmo quando se desligou dos Harpistas. O arquimago terminou de
escrever a mensagem e aguardou o momento final onde sua vida será
consumida.
Discutindo os Acordos
Situado
a alguns quilômetros de Forte Seguro, localizava-se o acampamento
do exército cormyriano. Aquele era um posto estratégico
para as principais batalhas que ocorriam na tentativa de Cormyr
recuperar sua Floresta do Rei, um território rico em fauna
e por isto muito cobiçado pela nação rival.
A Floresta do Rei abrigava ainda muitas árvores com uma madeira
de qualidade impecável, necessária para a construção
de armas e de moradias. Portanto, aquele ambiente tornou-se uma
grande fonte de matéria-prima para Nova Gondyr. Um pouco
afastado do acampamento, foi levantada uma pequena tenda para a
realização de uma reunião em que seria estabelecidas
as condições de Cormyr e Nova Gondyr para a batalha
contra os phaerimns. A mediadora da questão não é
outra senão Laeral Arunsun Mão Argêntea, representante
do governo de Águas Profundas e naquele momento, de Evereska
também. De um lado estava a Regente Alusair Obarskyr, acompanhada
por seu protetor, Ájax Felonte, este que nutre um grande
sentimento por ela. Do outro se encontrava o General Gilfein, antigo
colega de seu atual superior, Vorik Aris. Com ele estava apenas
um guarda-costas de sua tropa.
“Alusair,
espero que não seja algum truque para diminuir as fileiras
de meu exército.”, disse Gilfein temendo um engodo
por parte de Cormyr.
“Não seja estúpido.
A Comitiva da Fé provou a existência de tais monstros.
Você ainda não ficou convencido?”
“Fiquei convencido da
existência deles, mas não de sua quantidade. Este poderia
ser um excelente plano para minar minhas defesas.”
“General Gilfein, eu atesto
aqui a veracidade do perigo que todos nós corremos com a
presença dos phaerimns em Faerûn. No momento estou
representando os governos de Águas Profundas e Evereska para
formarmos uma aliança no intuito de varrermos este problema
o quanto antes.” Afirmou com veemência Laeral.
“De qualquer forma, se
fosse um engodo, meu exército estaria aqui também
no campo de batalha. Se não houvesse phaerimns para batalharmos,
teria um grande prazer em colocar sua cabeça em cima de uma
lança.” Falou Alusair fitando os olhos de Gilfein.
“Você pode tentar
se quiser. Com certeza mandaria seu guarda-costas fazer isso. Eu
sinto uma enorme tristeza ao ver o filho de Palas Felonte estar
submisso a uma mulher que não tem idéia de sua posição.
Acho que Felonte ficaria decepcionado com algo assim.”
“Não ouse falar
nada sobre o meu pai, seu traidor desgraçado! Ou vou esquecer
estes termos e atravessar seu coração com meu gládio!”,
respondeu Ájax exaltado, prosseguindo “Como uma pessoa
imunda como você pode querer me dar lição de
moral depois da traição que cometeu? Você era
amigo de meu pai e agora se esconde debaixo da asas de Vorik! Acho
que ele é que ficaria envergonhado de ter conhecido alguém
tão covarde como você!”
“Eu escolhi o meu lado.
Sou general das forças de Nova Gondyr. Estava farto dos desmandos
de Myrmeen Lhal, que agora chora pelos cantos pela cidade que perdeu.
Você fez o mesmo.”
“Senhores! Por favor,
depois que isso tudo acabar, podem se matar o quanto quiserem, mas
agora não é o momento para troca de desaforos. Nós
temos uma batalha a ser travada. Se continuarem com esta discussão
idiota, não haverão nem Cormyr nem Nova Gondyr para
continuar uma guerra!” Exasperou-se Laeral controlando a situação.
Com o silêncio dos demais ela continuou “A Regente Alusair
afirma que pode conceder cerca de quinze mil homens para a batalha
contra os monstros. Você pode contribuir com um número
igual?” Perguntou a arquimaga ao General Gilfein.
“Sim, mas eu preciso de
tempo para deslocar tantos soldados assim.”
“Não sei quanto
tempo nós temos, pois os phaerimns irão retomar um
ataque a qualquer momento. Acho que um dia é suficiente.”
“Verei o que posso fazer.”
“General, eu soube que
apesar de estar no lado oposto, você é um homem que
cumpre suas promessas. Eu gostaria de uma garantia da sua cooperação.”
Pediu Laeral.
“Eu prometo que farei
o possível para mover meu exército o quanto antes,
mas espero o mesmo de Cormyr.”
“Isto está sendo
providenciado, em pouco tempo meu exército estará
completo.” Afirmou Alusair.
A discussão seguiu com
alguns detalhes sobre as táticas que serão aplicadas
no objetivo de evitar um derramamento de sangue desnecessário.
Laeral falou a respeito de tudo o que sabia sobre os phaerimns e
sobre as condições em eles estariam ao ficarem presos
dentro do campo de força gerado pelo Dodecaedro Definitivo.
Assim eles puderam debater os métodos mais eficazes para
sobrepujar as capacidades fantásticas dos monstros. Ao final
da reunião, o General Gilfein retirou-se e retornou ao seu
acampamento para cumprir sua parte no acordo.
Um Momento de Reflexões
Ali
mesmo no acampamento a Comitiva da Fé aguardava o término
da reunião, esperançosos de que o general aceitasse
os termos para a batalha. Caso contrário eles teriam grandes
problemas no combate contra os phaerimns, pois o número do
exército de Cormyr ainda era insuficiente para representar
uma ameaça aos terríveis monstros. O mago Kariel mantinha
seu tempo ocupado estudando seu tomo de magias para estar preparado
para qualquer surpresa indesejável, sua prudência salvou
o grupo inúmeras vezes. Mikhail, depois de novamente prestar
auxílio aos feridos na última batalha contra o exército
de Gilfein, já estava pronto para o momento final. Sua fé
na deusa era enorme e sua boa vontade lembrava a de seu mestre Terrapin
Treeworm. Sirius estava inquieto, a ansiedade o incomodava, brincava
com seus companheiros para que o tempo passasse mais rápido.
Limiekli fazia o mesmo, o ranger já era veterano dos campos
de batalha na época em que ocupava um posto nos exército
do Forte Zhentil. Magnus permanecia apenas concentrado, mantinha
uma preocupação muito grande com respeito á
questão atual e temia que seus companheiros perecessem, principalmente
Bingo, que se tornou um aventureiro talvez por influência
do paladino. O halfling estava cabisbaixo, seu comportamento brincalhão
e alegre estava ausente naquele momento. Limiekli, percebendo o
semblante carregado do pequeno, o argüiu:
“Bingo! O que lhe aflige
rapaz?”
“Ah, sei lá. Tenho
um pressentimento ruim do que vai acontecer. Vocês não
tem medo de morrer nesta guerra?”
“Eu já estou acostumado
Bingo, lutar é algo que sempre faremos se quisermos ter uma
vida decente.”
“Ah, mas mesmo assim.
As guerras têm muitas mortes. Além disso a gente pode
morrer.”
“Pequeno, eu também
tenho medo. Não devemos nos envergonhar disso. Só
não se deixe dominar por ele, senão não poderá
ultrapassar os obstáculos da vida.” Aconselhou o amigo
paladino.
“Bingo, todos nós
temos o direito de lutar também, para garantir a nossa sobrevivência
e a de muitos que dependem de nós.” Acrescentou Sirius.
“Tenha fé nos deuses,
pequenino. Isso tudo depois vai ser apenas um pesadelo.” Disse
Mikhail.
“Lá em Luiren,
nós não temos a tradição de ficar fazendo
guerras. Espero então que a mãe Yondalla nos proteja.”
Completou o halfling.
Ájax
se aproximou do grupo vindo da tenda onde fora realizada a reunião
e transmitiu as boas notícias.
“Gilfein aceitou os termos,
embora relutante.”
“Ótimo, um equilíbrio
vai ser estabelecido então.” Comentou Magnus.
“Quando virão os
soldados de Nova Gondyr, Ájax?” Perguntou Kariel.
“Esse é o problema,
Gilfein disse apenas que precisa de bastante tempo para deslocar
uma grande quantidade de soldados. Espero que aquela víbora
cumpra sua promessa ou vai acontecer um massacre e essa terra será
banhada em sangue.” Ao dizer isso, Ájax, inconscientemente
criou mais temores a Bingo, este que tentava acumular coragem para
o momento final. O pequeno, que estava sentado em um barril, esfregou
um pé no outro, desceu e afastou-se cabisbaixo dos demais.
O herói de Arabel, achando estranho o afastamento repentino
do halfling, perguntou “Eu disse alguma coisa errada?”
“Bingo está com
medo de morrer, é sua primeira guerra.” Respondeu Limiekli.
“Perdoem-me. Eu não
sabia das condições do pequeno. Não seria prudente
deixá-lo isento da batalha?”
“De forma alguma, ele
tem que aprender a sobreviver.” Opinou Sirius.
“Eu conversarei com Bingo
sobre isso.” Afirmou Magnus.
“Vim aqui também
para perguntar a você Mikhail... os elfos de Evereska virão
para a batalha?”
“Acredito que sim, Ájax,
porém eles vão combater os monstros primeiro além
das muralhas da Fortaleza Élfica. Depois disso acredito que
encontrarão algum modo de chegar aqui.”
“O fato dos nossos inimigos
serem monstros horrorosos como vocês disseram me preocupam.
Talvez os soldados fiquem atemorizados...eles estão acostumados
a lutarem contra homens ou goblinóides e não estas
bestas.” Comentou o anão Windolfin.
“Tenha fé em minha
mãe e nos dragões púrpuras. Se os dragões
não os assustam, não será um verme gigante
de quatro braços que o fará.” Disse Ájax
veementemente referindo a deusa Tymora.
Bem próximo dos heróis
alguém invisível e escondido nos arbustos espreitava
o grupo. Era uma pessoa muito amargurada. Ele escutou cada palavra
do diálogo e então pensou em um plano para executar
seu intento, que até aquele momento era um mistério.
Se tiver sucesso, talvez assim poderia redimir seus erros. Vendo
o halfling se afastar de seus companheiros, ele o seguiu.
Os Dragões Guerreiam
Evereska,
um lar dos elfos erguido há muitos milênios atrás.
Nas últimas semanas esta fortaleza teve sua existência
ameaçada pelos phaerimns. Os monstros desejam a força
do mythal élfico presente em abundância na cidade como
se fosse o último alimento que vão devorar. Os habitantes
elfos estão mobilizados para um ataque relâmpago por
parte dos monstros e seus novos aliados, os dragões. O lendário
Coronal de Arcorar, Eltargrim Irythil, acompanhado pela Comitiva
da Fé, foi às Montanhas da Espada para falar com um
antigo dragão dourado. Eles obtiveram êxito na missão
e conseguiram um acordo com Palandarusk, que prometeu cuidar dos
dragões hostis caso estes quisessem atacar Evereska.
Há quase três dias
atrás, Eltargrim, com a autorização dos Anciões
da Colina, enviou as tropas de Águas Profundas e uma parte
do exército de Evereska para Cormyr. O Coronal e o arquimago
Khelben Arunsun tinham um plano em mente: reunir o maior exército
possível de aliados a um determinado local que seria o campo
de batalha e acionar o Dodecaedro Definitvo. O artefato poderia
criar um campo imenso de força e transportar todos os phaerimns
do mundo para aquele local e assim a ameaça poderia ser sanada
para sempre. Por isso, Aubric Nihmedu e Brian Mestre das Espadas,
ambos liderando seus exércitos, teriam de chegar o mais rápido
possível a Cormyr para se juntarem aos aliados no embate
final. Houvera muita relutância por parte de Aubric e de alguns
nobres das casas élficas em enviar prematuramente uma quantidade
tão grande de soldados para fora da cidade, pois não
mantinham a mesma fé que o Coronal na promessa de Palandarusk
em cooperar no conflito. No entanto, Eltargrim não era lendário
à toa, ele sabia que se não derrotassem os monstros
o quanto antes, um processo de extinção dos humanóides
em Faerûn se iniciaria.
O Coronal e alguns generais
de Evereska estavam no Parlamento Élfico elaborando estratégias
para adquirir vantagem sobre o inimigo quando um soldado entrou
na sala informando.
“Coronal Eltargrim! O
arquimago Elros descobriu alguma coisa!”
Imediatamente todos eles se
dirigiram a uma sala onde Elros, um arcano dotado de conhecimentos
profundos na vidência, mantinha-se concentrado em uma pequena
piscina. Os elfos puderam vislumbrar uma quantidade terrível
de dragões e phaerimns se deslocando rumo à Evereska.
“Reúnam todas as tropas! Preparem-se para um ataque
imediato!” Ordenou Eltargrim aos generais que saíram
em disparada. Após isso, ele usou um feitiço para
teletransportar-se ao quartel general dos Espadas de Evereska. “Vocês
todos! Preparem-se para um ataque imediato! Mobilizem todos os soldados!”
disse ele para a elite dos soldados da Fortaleza Élfica,
que naquele momento estavam sob os cuidados de Nagon, o braço
direito de Aubric Nihmedu, o líder da tropa.
Em questão de segundos
todos os setores do exército élfico foram avisados
do perigo iminente que corriam. Tudo isso graça ao nível
invejável da organização daquele povo, somado
aos seus poderosos sortilégios, recurso este que poucas nações
possuíam. Os heróis Storm Mão Argêntea,
Dove Garra de Falcão e Florin Garra de Falcão também
se mobilizaram, já estavam alertas quanto ao ataque phaerimm.
Quando todos já estavam a postos e esperando um ataque vindo
dos céus, um portal se abriu há alguns metros à
frente dos portões de Evereska revelando vários phaerimns
que saíram já conjurando seus feitiços fatais,
ceifando assim a vidas de alguns soldados que foram pegos de surpresa.
Entretanto, os capitães recompuseram as frentes de batalhas
e iniciaram a retaliação orquestrada pelos líderes.
Uma nuvem de flechas mágicas veio de encontro aos monstros
que pouco puderam fazer contra os projéteis. A maioria da
primeira leva de phaerimns foi dizimada em instantes. Aproveitando
o pequeno momento de vantagem, os magos conjuraram uma série
de feitiços que trouxeram várias criaturas celestiais
para combater os monstros. Os sacerdotes fizeram orações
ao seu panteão que os concedeu bênçãos
aos guerreiros e invocou tempestades para afugentarem os inimigos.
Na vanguarda da batalha, Storm, Dove e Florin destroçavam
os phaerimns que tentavam se aproximar dos arcanos elfos tentando
sabotar a estratégia.
Outros portais foram sendo abertos,
e a medida em que chegavam, os phaerimns iam protegendo os outros
de sua espécie formando um bloco que invocava mais feitiços
de proteção impedindo assim novas baixas. Eltargrim
surgiu no meio de um grupo dos monstros, que estáticos por
não imaginarem que alguém teria tal audácia,
não puderam se defender de Ar’Kor’Kerym, a lâmina
encantada do Coronal. Ele se movimentou com tanta velocidade, força
e graça que foram suficientes apenas alguns segundos para
que o elfo esquartejasse alguns phaerimns ao seu redor. Depois da
série de golpes mortíferos, ele invocou feitiços
destruidores contra aqueles monstros, que não conseguiram
se virar a tempo para absorver a energia mágica dos mesmos.
Apenas cinzas ficaram no local.
A batalha estava equilibrada,
porém era apenas uma questão de tempo até que
os seres devoradores de magia suplantassem o poderio do exército
élfico. Poucos segundos depois surgiram sombras no chão
revelando que algo se aproximava pelo céu. Aqueles que olharam
para cima tremeram com a visão de répteis alados gigantes
que vinham em rasante com suas enormes presas à mostra. Não
havia dúvidas de que os dragões hostis, novos aliados
dos phaerimns, chegaram para auxiliar os monstros e tomar Evereska.
Eram em quantidade considerável, e entre eles estava um dragão
vermelho de proporções fantásticas, ele parecia
comandar os demais. Ele representava um dos terrores de Faerûn.
Segundo algumas lendas, seu nome era Klauth o dragão do norte,
mas também era conhecido por Mo'Ha'Dur, e ele estava faminto.
Ordenou a todos os dragões que atacassem os elfos.
Um dos répteis já
estava prestes a jorrar seu fogo fatal em uma fileira de soldados.
Mas quando tudo parecia perdido, um outro, mas de escamas prateadas
surgiu de repente e rasgou-lhe as duas asas fazendo o dragão
vermelho chocar-se contra a muralha. Os soldados deram o golpe de
misericórdia estocando lanças em seu dorso. Ao verem
uma revoada de dragões dourados e prateados, os elfos ficaram
contentes e gritaram brados de guerra. Entre os recém chegados
destacava-se o gigantesco Palandarusk, o ancião dourado.
De um lado, Klauth liderando
os dragões hostis. Do outro Palandarusk e seus dragões
dourados e prateados. Ambos os lados, com exceção
de seus líderes, foram de encontro um do outro em alta velocidade,
chocando-se e desferindo golpes mortíferos com suas garras
afiadas. Alguns deles pereceram de imediato àquela colisão
sangrenta, caindo nos arredores da Fortaleza Élfica. Um jovem
dragão prateado, que estava sendo perseguido por um dragão
negro maior, fez uma série de manobras entre os edifícios
de Evereska e driblou o adversário e logo depois disparou
um jato de ar frio que deixou o réptil negro atordoado. Em
outra parte, dois dragões azuis seguravam as asas de um dourado,
eles puxaram-na até partir. Mesmo sentindo uma dor lancinante,
o dragão conjurou um feitiço que o permitiu voar sem
o auxílio de suas asas que foram destroçadas. Um dragão
prateado de idade avançada duelava com outro de cor vermelha
invocando feitiços e ao mesmo tempo se esquivava de outros
menores que tentavam sabotar seus sortilégios.
Os líderes, depois de
instantes analisando o sucesso de seus inferiores, aproximaram-se
para se comunicar. Eram duas criaturas de incrível estatura,
da cauda até a cabeça ultrapassavam sessenta metros.
“Me surpreende o fato
de você sair de sua toca Palandarusk! Esqueceu do acordo que
existe entre nossa raça?” Disse Klauth em tom irônico
com sua voz gutural.
“Não esqueci, mas
um compromisso maior e imediato me trouxe aqui, Klauth. Parta com
seus asseclas e não haverá derramamento de sangue.”
“Hah, hah, hah! Você
me diverte Palandarusk! Não vim aqui para voltar de patas
vazias. Esse território é nosso! Junte-se a mim! Expulsaremos
os humanóides de nossas florestas e então podemos
iniciar uma nova era para os dragões!”
“Nós já
temos as nossas próprias terras, Klauth. E eu tenho um antigo
pacto a cumprir. Você está no meu caminho. Se não
recuar, perceberá a extensão de minhas capacidades!”
“Buahahahaha!” Gargalhou
Kaluth, “Eu sou o mais poderoso dragão de Abeir-Toril,
e você é apenas um velho, Palandarusk! Se quiser pôr
um fim aos milênios de sua existência então guerreie
comigo!”
Normalmente em uma situação
como essa, os dragões disparariam seus jatos de fogo para
dizimar o oponente, contudo ambos eram dotados da mesma habilidade,
assim o fogo seria inútil para machucá-los. Klauth,
como sempre fez, foi o primeiro a atacar. Ele invocou um poderoso
feitiço que gerou um grito ensurdecedor, esse feitiço
poderia aniquilar os mais poderosos heróis, mas Palandarusk
era um ancião e desvencilhou-se facilmente do encantamento.
Como contra golpe, o ancião dourado invocou um redemoinho,
feitiço desenvolvido por ele, que foi projetado para se chocar
contra Klauth. Entretanto o dragão vermelho recebeu apenas
parte do impacto preservando sua postura de combate. Decidido a
terminar a luta de uma só vez, Klauth conjurou outro feitiço
visando eliminar Palandarusk. Apontou o dedo para o ser dourado
e disparou um raio, mas ele novamente escapou do sortilégio
e surpreendentemente ficou imaterial e quase invisível aos
olhos de Klauth. “Que técnica interessante, velho!
Embora seja inútil contra mim!”, Klauth então
desferiu um potente golpe com sua garra no corpo do ancião
dourado, porém pouco feriu a carne do adversário,
que naquele estado estava mais protegido. Este, por sua vez também
atacou e empregou outra surpresa a Klauth. Ele desferiu um golpe
com as garras, estas em estado espectral, que fez o dragão
vermelho ficar hesitante. Palandarusk aproveitou e investiu contra
o adversário dando-lhe uma seqüência de golpes
severos e o deixou bastante ferido. “Muito bem, Palandarusk!
Eu não recebo golpes assim há muito tempo. Mas isso
não é suficiente pra me derrotar.”, disse Klauth,
prendendo a atenção do ancião dourado enquanto
sinalizava para dois outros dragões, um negro e outro azul,
para que ambos segurassem Palandarusk. O intento deu certo, quando
o dragão dourado percebeu a armadilha já era tarde
demais. Klauth gargalhou e avançou em grande velocidade,
desejava ele estraçalhar o corpo de seu rival. Porém
algo aconteceu, o dragão negro, que segurava a pata direita
de Palandarusk, a largou repentinamente e caiu, com um enorme ferimento
nas costas. De trás dele surgiu Eltargrim voando. Em sua
Ar’Kor’Kerym escorria o sangue da fera negra.
“Quem
se intromete em uma batalha de dragões?” Perguntou
Klauth indignado.
“Sou o Coronal Eltargrim
e percebi que você não estava sendo honrado na disputa,
então resolvi intervir.”
“Klauth, como pode perceber,
seu exército está em desvantagem. Recue e não
arrancarei suas escamas!” Deu o ultimato o ancião dourado.
“Não pense que
as coisas vão terminar tão fácil assim Palandarusk!
O Pacto entre os dragões agora ficou bem mais frágil,
pode ter certeza disso!” Disse Klauth se afastando. O grande
dragão vermelho fez um sinal de retirada para os seus asseclas
que um a um foram abandonando a luta. Os phaerimns ficaram surpresos
com aquele fato, mas já estavam engajados no combate e continuaram
lutando.
“Palandarusk,
agradeço em nome do povo élfico a sua contribuição.”
“Não me agradeça,
um problema temporário pode ter sido sanado, porém
o futuro reserva um outro talvez bem pior que esse. Uma nova era
de guerras pode ter se iniciado hoje. Adeus Coronal, que os deuses
os acompanhem neste embate.” O ancião bateu suas enormes
asas e ordenou que seus semelhantes o acompanhassem de volta às
Montanhas da Espada, após recolherem seus irmãos que
tombaram em batalha. Assim seus corpos não seriam profanados
e terão um funeral digno.
Eltargrim, analisando a situação
em forma bem ampla, voou até os arquimagos elfos dizendo.
“Preparem os portais imediatamente!
Encaminhem os regimentos através deles!”
“Mas senhor, o nosso exército
vai enfraquecer bastante, os monstros podem atravessar os portões
a qualquer momento!”
“Não! Isso não
vai adiantar nada se não os destruirmos por completo. Khelben
e os outros exércitos estão esperando nossa parte
ser concluída. Executem as minhas ordens! Agora!”
Os arquimagos, percebendo a
veemência nas palavras de Eltargrim, proferiram palavras em
dracônico e conjuraram alguns portais mágicos. Os capitães,
já instruídos pelo Coronal, organizaram seus soldados
em fileiras. Rapidamente eles o adentraram.
“Storm!
Dove! Florin! Acompanhem os arquimagos! Vão para Cormyr,
vocês serão necessários lá!”
“Coronal, não sei
se as tropas agüentarão por muito tempo!” Alertou
Storm se referindo aos soldados em meio aos quais combatia.
“Vão! Eu ficarei
aqui resistindo. A batalha principal não é aqui.”
Os heróis então demoraram alguns segundos até
chegarem nos arquimagos que também providenciaram um portal
ao qual eles passaram.
Eltargrim assumiu a posição
original dos heróis defendendo a entrada da Fortaleza Élfica
com todas as suas forças junto com suas tropas que esperavam
pelo sucesso dos aliados em Cormyr, principalmente pelo êxito
de Khelben Arunsun.
A Busca Pela Redenção
No
acampamento do exército de Cormyr já era outro dia
e a tensão era muito grande. Eles aguardavam notícias
de Evereska e de Khelben Arunsun, que até aquele momento
não estava presente. Laeral, vez ou outra, tranqüilizava
a Regente Alusair, que, preocupada com a situação,
pensava em abortar o plano. Esse pensamento era reforçado
pela ausência das tropas de Gilfein, que também não
se encontravam no local combinado. A filha do lendário Rei
Azoun IV, por estar em uma posição delicada no reinado
de Cormyr, enfrentava ameaças de conspiração
por parte de aliados. Por isso era normal que desenvolvesse uma
paranóia durante estes conflitos de guerra.
Em outra parte do acampamento,
a Comitiva da Fé também se encontrava tensa e ansiosa
pelo momento final. Magnus olhava de um lado pro outro procurando
seu amigo inseparável, Bingo Playamundo. O halfling estava
muito inquieto naquela manhã, pois ele temia que coisas muito
ruins pudessem acontecer.
“Alguém viu Bingo?”
Perguntou o paladino para os seus companheiros que juntos, esperavam
pela batalha.
“Depois que ele se afastou
eu não o vi mais.” Respondeu Limiekli.
“Eu estou aqui, saí
para pensar um pouco.” Respondeu o pequeno chegando com um
semblante carregado.
“Você está
bem Bingo? Parece abatido.”
“Eu estou bem Magnus.”
“Vai participar da batalha?”
Argüiu Limiekli.
“Sim, os procedimentos
serão executados.”
Por um momento Magnus pensou
“Os procedimentos serão executados? Bingo está
muito estranho...ficarei de olho nele durante o combate.”
A conversa iria reiniciar, não
fosse um fato que chamou a atenção do grupo. Vários
soldados cormyrianos que começaram a correr em uma direção
armados. A Comitiva já pensara que os phaerimns já
estavam à vista, mas o motivo para tanto alvoroço
era a chegada dos dois exércitos enviados por Khelben e Eltargrim.
Aubric, com um grande número de soldados elfos de Evereska,
e Brian Mestre das Espadas, com a maior parte das tropas de Águas
Profundas. Juntos, os dois exércitos eram compostos por pouco
mais de nove mil homens.
“Quem
representa a autoridade aqui?” Perguntou Aubric aos soldados
de Cormyr.
“Pode falar comigo, sou
Ájax Felonte.”
“Atestamos aqui a nossa
vinda com homens para a batalha. Esperamos mais instruções
de nosso posicionamento no combate.” Disse Brian Mestre das
Espadas que estava acompanhando Aubric Nihmedu.
“Me acompanhem, a Regente
deseja lhes falar.” Assim Ájax se dirigiu à
tenda real e levou consigo os dois líderes recém chegados.
Mas no caminho, Aubric encontrou Mikhail. O conterrâneo veio
até ele perguntando:
“Aubric, como estão
as coisas em Evereska?”
“Até onde eu sei,
estavam esperando pelo ataque phaerimm e dos dragões. Faz
três dias que eu e Brian saímos de lá. Mikhail,
você viu meu irmão Galaeron? Há dias não
o vejo...ele desapareceu.”
“Não, eu não
o vi. A última vez que falei com ele foi antes de chegarmos
à Cormyr.”
“Espero que ele esteja
bem. Ele ainda se culpa por tudo o que aconteceu.” Aubric
então entrou na tenda junto com Brian e Ájax para
falar com a Regente.
Na audiência com Alusair,
os dois líderes transmitiram todos os agradecimentos vindos
do governo de Evereska e dos líderes Eltargrim e Khelben,
que estabeleceram algumas instruções do posicionamento
dos exércitos no campo de batalha. As tropas não poderiam
ficar muito juntas, pois os monstros poderiam conjurar feitiços
de destruição em massa. Terminada a audiência,
os três comandantes, Ájax, Aubric e Brian, saíram
para transmitir as últimas instruções aos seus
soldados.
Quase uma hora se passou, e
então uma nova movimentação brusca dos soldados
locais aconteceu. Desta vez, portais mágicos surgiram de
repente dentro do acampamento. Deles saíram centenas de soldados
élficos de Evereska, um deles gritou ao sair “Preparem-se!
Preparem-se! Os phaerimns já começaram o ataque!”.
Rapidamente a informação foi passada a todos, principalmente
para Laeral que de imediato, contactou seu marido. Este que estava
escondido em outro plano de existência.
Na Comitiva, Limiekli e Sirius
vestiram armaduras mais resistentes que as que eles costumavam usar.
“Durante a batalha, vamos ficar todos juntos.” Aconselhou
Sirius. Porém, naquele mesmo instante o pequeno Bingo saiu
em disparada até o local do combate.
“Bingo! Espere pequeno!”
Gritou Magnus inutilmente. O halfling não o deu ouvidos.
No meio de um imenso campo estava
Laeral Arunsun Mão Argêntea. Ao redor, mas bem afastados,
se encontravam centenas de fileiras de soldados dos exércitos
cormyrianos, evereskanos e de Águas Profundas. Todos eles
estavam organizados e guiados por vários capitães
esperando o início da batalha. De repente, por meios místicos,
surgiu o arquimago Khelben Arunsun ao lado de sua esposa.
“Querido, o momento chegou.
Você está pronto?”
“Sim... sim querida.”
Respondeu com muito desânimo Khelben segurando o Dodecaedro
Definitivo embrulhado em um pano.
“Khelben querido, o que
há com você? Parece muito abatido.”
“Não... não
é nada, só estou preocupado, só isso.”
Apesar da resposta, Laeral não ficou muito convencida, pois
sabia que, mesmo em momentos críticos, seu marido sempre
se mantinha frio e firme. Diferente do comportamento atual.
A Comitiva da Fé estava
pronta. Rapidamente se aproximaram do campo onde haveria a batalha.
Local que serviu também de palco para o último combate
a poucos dias, do exército de Cormyr contra as forças
de Gilfein. Junto ao grupo estava Galtan o cavaleiro de Águas
Profundas com sua bonita armadura e montando um cavalo de guerra.
Magnus avistou a bela Storm Mão Argêntea junto a Dove
e Florin Garra de Falcão. Aproximou-se para ter com a barda
do Vale das Sombras.
“Storm, não sabia
que tinha chegado. Como foram as coisas em Evereska?”
“Os phaerimns estão
atacando a cidade. Eles vieram com seus aliados dragões mas,
como havia prometido, Palandarusk e os outros dragões os
combateram. Nós estávamos protegendo o portão
principal mas Eltargrim nos mandou aqui.”
“Não preciso dizer
que meu maior desejo era de lutar ao seu lado, mas estou muito preocupado
com meus companheiros. Sobretudo Bingo, que nestes últimos
dias parece estar abalado com a situação.” Afirmou
o paladino.
“Proteja-os, eu ficarei
bem. Lutarei com Dove e Florin.”
“Você viu Bingo
por aí?”
“Desde que cheguei não...
Espere! Olha ele ali!” Falou a barda apontando para frente.
Além deles, a Comitiva também avistou o pequeno correndo
entre os soldados freneticamente. Gritaram o nome do pequeno em
vão, pois ele os ignorou. Bingo estava correndo em direção
a Khelben. Ao chegar, disse:
“Senhor Khelben! Senhor
Khelben!”
“Bingo? O que está
fazendo aqui?” Perguntou o arquimago que, assim como sua esposa,
estavam bastante surpresos em ver o halfling surgir daquela maneira.
“Eu preciso avisar o senhor...”
Quando já estava a uns três metros de Khelben, Bingo,
inusitadamente começou a proferir palavras arcanas e realizar
gesticulações. Khelben, Laeral e alguns heróis
que estavam por perto arregalaram os olhos em espanto. Porém
já era tarde demais, o halfling invocou um feitiço
no Dodecaedro que fez Khelben e Laeral serem repelidos pelo mesmo.
Eles foram arremessados a poucos metros de distância. Simultaneamente,
um outro feitiço que estava latente em Bingo também
fora acionado e um campo de força invisível ergueu-se
ao redor dele protegendo-o. O pequeno se aproximou do Dodecaedro
e o pegou. Naquele instante a imagem de Bingo modificou-se, e de
um gentil halfling surgiu a figura de um elfo, Galaeron Nihmedu.
A farsa desfez-se.
“Galaeron!
O que você está fazendo?” Perguntou o irmão
Aubric correndo em sua direção.
“Galaeron, o que pretende?
Este artefato é perigoso, você não vai saber
usá-lo!” Alertou Khelben levantando-se do tombo que
tomara.
Galaeron olhou para todos que
estavam ali e para seu irmão. Ele estava com uma aparência
horrível, em sua face estava a expressão da dor que
sentia em seu peito. “Não Khelben! Você não
merece perecer! Eu tenho que fazer isso! Eu executarei o rito de
enclausuramento!”
“Khelben, o que ele está
querendo dizer?” Perguntou Laeral intrigada.
Há poucas semanas atrás,
Galaeron Nihmedu, um arquimago de Evereska fora designado por seu
governo a investigar flutuações mágicas que
estavam ocorrendo nas Montanhas da Boca do Deserto, um local que
ficava na periferia do deserto de Anauroch. Ao chegar lá,
ele se deparou com um grupo de aventureiros que buscava o paradeiro
de uma bruxa chamada Gothyl. Apesar de algumas diferenças,
Galaeron acompanhou o grupo na exploração de uma caverna
que poderia ser o possível covil de algo que procurava. Descobriram
eles que Gothyl estava usando um item mágico chamado O Globo
das Almas Perdidas para furar uma estranha barreira feita de energia
negra nas profundezas daquela caverna. Galaeron, ignorando a tudo
e a todos, entrou em combate com a bruxa. A ondulação
de sua magia chocou-se com a ondulação negra produzida
por Gothyl, que há algum tempo havia se transformado em uma
arqui-vulta com a ajuda de Melegaunt Tanthul, de modo que foi gerada
uma explosão no véu da magia. Uma onda de choque produzida
pela explosão destruiu o campo de força negro e dele
saíram milhares de phaerimns. Após sair de um coma,
Galaeron levou a Comitiva da Fé e Melegaunt Tanthul para
Evereska a fim de que pudessem ajudar contra a nova ameaça
que surgiu para os reinos. Contudo, Melegaunt os traiu e com a ajuda
de Gothyl, Obscura, a cidade flutuante dos vultos, retornou do Plano
das Sombras. De lá para cá os phaerimns tentaram invadir
Evereska diversas vezes para sugar o poderoso mythal élfico.
Os monstros conseguiram parcialmente fazê-lo, porém
o mythal fora restaurado e continuou resistindo contra a invasão.
Até agora, Evereska pagou um grande preço por isso,
pois milhares entre seu povo morreram, sacrificando-se para que
os phaerimns não tomassem a cidade. Num certo dia, o arquimago
Khelben Arunsun, um dos líderes da resistência, retornou
de uma viagem muito perigosa em algum lugar da Costa da Espada.
Ele fora transportado magicamente até sua tenda no acampamento
nos arredores de Evereska. Ele tinha chegado muito ferido e Laeral
e Galaeron o acudiram, mas Khelben pediu que ficasse a sós
com sua esposa. Galaeron percebeu que Khelben portava um objeto
embrulhado em um pano. Ele saiu da tenda mas, curioso, invocou alguns
feitiços para tentar descobrir o que era aquilo. Após
uma rápida sondagem, ele percebeu que se tratava de um mythalar,
uma poderosa fonte de pura magia. Ouvindo a conversa de Khelben
e Laeral, Galaeron deduziu que um rito de enclausuramento, um processo
mágico para aprisionar vários seres poderosos, feito
com um mythalar poderia destruir o usuário, pois consumiria
sua vida também. Khelben conseguiu convencer sua esposa de
que nada sofreria, mas Galaeron fez uma pesquisa e constatou que
certamente Khelben seria destruído no processo de uso do
artefato. O elfo desde então tem acompanhado os passos do
arquimago de Águas Profundas para tomar para si o artefato
e assim impedir que Khelben morresse. E este dia finalmente chegou.
“Meu
irmão! Por favor, devolva o artefato a Khelben! Ele saberá
o que fazer!” Implorou Aubric.
“Não... Não
Aubric! Você não sabe o que diz.Se Khelben usar isso
ele morrerá. Quem merece morrer sou eu! Ninguém pode
me tirar esse direito!”
“Khelben, o que ele está
dizendo é verdade?” Perguntou Laeral, fazendo um olhar
severo para o marido. Ele apenas virou o rosto. Estava envergonhado.
Não queria encará-la naquele momento.
“Galaeron, devolva o artefato!
Tudo vai acabar bem, acredite!” Suplicou mais uma vez Aubric.
“Aubric, eu não
consigo parar de escutar os gritos de nossos semelhantes. Eu não
consigo parar de pensar em quantas pessoas morreram por minha causa.
Se eu não fosse tão arrogante, os phaerimns não
seriam libertados e tudo estaria bem. Essa é minha única
chance de consertar a tolice que fiz.” Confessou Galaeron
chorando.
Perto dali, a Comitiva da Fé
escutava cada palavra do elfo. Mikhail, seu semelhante, entristeceu-se
com tamanho sofrimento. Mas Kariel, tentando impedir uma tragédia,
disse “Eu posso passar por aquele campo de força. Com
um pouco de sorte posso tomar o artefato das mãos de Galaeron.”
“Você vai destruir
a única oportunidade que ele tem para redimir seus erros
e assim poder se encontrar com os deuses elfos?” Perguntou
Sirius para Kariel. O elfo calou-se. Sabia que seu companheiro tinha
razão. Galaeron podia redimir-se e então ser aceito
em Arvandor.
Galaeron começou a proferir
palavras em língua arcana e fez alguns movimentos se concentrando
na energia do artefato. “Não Galaeron!” gritou
novamente o irmão em vão. Brian aproximou-se de Aubric
e o segurou para que ele não tentasse ir de encontro ao campo
de energia do irmão. Após poucos segundos, Galaeron
terminou o ritual. “O quê? Nada aconteceu! Não
pode ser!” desesperou-se o elfo. “Maldição!
Será tudo isso não passou de um embuste? Maldito Larloch!”
pensou Khelben ao perceber que nada acontecera com o artefato. Entretanto,
Galaeron começou a sentir uma dor que o fez contorcer-se.
Era algo que o queimava por dentro. Sua pele começou a ser
derretida em todas as partes de modo que alguns perceberam seus
músculos por debaixo dela. Depois de consumida toda a pele,
os músculos foram os próximos, revelando tendões,
veias e nervos. O elfo proferiu gritos tenebrosos ao sentir todo
seu corpo ser consumido daquele jeito. Sua voz calou-se quando seus
órgãos foram consumidos como se tivessem sido banhados
em ácido. E por último, seus ossos viraram pó.
Seus restos se transformaram em uma energia que foi atraída
para dentro do Dodecaedro que estava ao chão. Depois de absorver
toda a energia, o artefato fez um brilho ofuscante e dele saiu um
espesso raio que foi até os céus. Lá, o limiar
do raio criou um sifão de energia que criou um gigantesco
campo de força em forma de uma cúpula do tamanho de
uma cidade. Deste mesmo limiar, um redemoinho de energia, virado
para baixo começou a ‘cuspir’ um véu negro
formado por pontos. Ao longe parecia ser um enxame de insetos, mas
quando as partículas se aproximaram dos exércitos,
um calafrio percorreu o corpo de todos presentes. Eram phaerimns,
milhares deles. Foram atraídos magicamente de várias
partes de Faerûn e ali agora estavam todos eles, sem exceção.
Após isso tudo, o Dodecaedro Definitivo foi reduzido a cinzas.
O Início do Clímax
Milhares
de monstros horrendos de quatros braços e uma grande boca
vieram como se fossem abelhas. Espalharam-se como insetos entre
os exércitos aliados e os atacaram com encantamentos mortíferos.
Esferas em chamas explodiram levando ao chão vários
soldados de Cormyr. Em outra parte uma guarnição de
elfos era afligida por feitiços que geraram um frio congelante.
Esferas de energia e setas causticantes eram disparadas em grande
quantidade em direção aos humanos de Águas
Profundas e de Cormyr, que tentavam se aproximar para cravar suas
lâminas nos monstros. Um mago de guerra cormyriano também
disparou seus feitiços como um teste para saber como os inimigos
iriam reagir e teve êxito, pois o phaerimm tentou absorver
a energia mágica e fracassou. O campo de força gerado
pelo Dodecaedro impedia que os phaerimns saíssem da prisão
e mantivessem seu recurso de absorver magias.
Entre os heróis, o combate
era mais equilibrado, pois os aventureiros já tinham os enfrentado
antes e não seriam alvos fáceis desta vez. Ájax,
o herói da tomada Arabel e filho de Tymora, nunca havia enfrentado
um phaerimm antes, porém isso não foi empecilho para
que o grande guerreiro se aproximasse com extrema velocidade e perfurasse
por várias vezes o corpo do monstro procurando por um coração
a ser rasgado. Ele, em seus movimentos graciosos e quase felinos,
esquartejava-os com seu afiadíssimo gládio, o qual
foi dado de presente por sua mãe. A alguns metros dali, o
paladino William Magnus e o elfo Mikhail Velian, crédulo
na deusa Mystra, combatiam os phaerimns combinando suas forças.
Magnus triturava os monstros com poderosos golpes de sua Vigilante
Sagrada, uma linda espada, presente de seu deus Helm, que fundiu
a lendária Hadryllis e a Chama do Norte criando assim uma
poderosíssima arma para o seu devoto paladino. Mikhail aplicava
golpes devastadores com seu Destruidor de Tempestades, um martelo
mágico presenteado por um sacerdote de Moradin. O elfo também
auxiliava seu companheiro e os soldados cormyrianos com as preces
concedidas por Mystra que os protegiam do perigo. Kariel lançou
vários de seus feitiços destrutivos e depois invocou
um em si mesmo aumentando sua estatura. Dessa forma, empunhando
sua espada Goliath, uma arma sagrada de seu reino natal, Kand, desferiu
potentes golpes na carne dos monstros que via pela frente. Sirius
e Limiekli, junto com mais alguns soldados, combinavam seus ataques
de modo a deixar o monstro bastante ocupado e ao mesmo tempo rasgavam
a carne da criatura em vários lugares. Storm, Dove e Florin
eram implacáveis no campo de batalha. Suas ações
faziam jus às lendas vivas que eram. Os phaerimns não
se mostravam páreos frente a esses heróis. Khelben
e Laeral invocaram seus feitiços mais poderosos visando dizimar
uma quantidade de phaerimns em pouco tempo. Brian, o “Mestre
das Espadas”, e o Cavaleiro Galtan lideravam alguns soldados
empregando táticas eficientes de retaliação
contra as criaturas. Embora os heróis representassem um grande
peso na batalha, não seria suficiente sobrepor a quantidade
enorme de monstros que chegava a cerca de seis mil phaerimns.
Tinham se passado apenas poucos
minutos desde o início do combate quando, de trás
de um pequena colina, surgiu finalmente o exército do General
Gilfein com seus goblinóides e alguns humanos. Nova Gondyr,
a partir daquele momento, tomou parte da batalha e com a presença
do próprio Gilfein que veio em rápido galope com seu
cavalo de batalha e, empunhando uma lança, trespassou um
phaerimm antes que ele reagisse. Os goblinóides se espalharam
pela guerra rapidamente, assustando os outros combates humanos e
elfos, que quase os atacaram pensando ser um sortilégio dos
phaerimns. Porém, em momento tão desesperador, as
diferenças foram esquecidas e a sobrevivência se transformou
no principal motivo para uma grande aliança. Orcs e goblins
avançavam contra os seres flutuantes atingindo-os brutalmente
e o poderosos orogs, empunhando espadas enormes, banhavam sua armas
do sangue amarelado das criaturas.
Os phaerimns reagiam sempre
da forma mais letal, rasgavam a carne dos adversários humanos,
elfos ou goblinóides com suas quatro mortíferas garras,
decepavam as cabeças com mordidas de sua grande bocarra,
eliminavam os atacantes menores empalando-os com o ferrão
enorme de sua cauda e, em meio a isso ainda podiam disparar seus
feitiços fatais que destruíam completamente um ser
instantaneamente. Vários dos heróis presentes escaparam
desses feitiços com maestria e, às vezes, sorte, porém
um deles foi infeliz na escapatória. O Cavaleiro Galtan lutava
contra um phaerimm quando o monstro olhou para ele e disparou de
sua boca um raio esverdeado que se dirigiu até o herói.
Galtan, com pouca mobilidade devido a sua armadura que cobria todo
seu corpo, não conseguiu se desvencilhar do sortilégio
como seus companheiros o fizeram e foi atingido. Ao ver isso, Brian,
seu amigo, gritou por ele. No entanto, apenas o viu ser reduzido
a cinzas num único instante. Galtan tombara em combate e
sua alma foi para os deuses naquele momento.
Flutuando no ar, Khelben Arunsun
obteve uma visão ampla da batalha e o que viu não
lhe agradou. Os phaerimns, mesmo em menor número estavam,
aos poucos invertendo a balança, pois seus feitiços
destrutivos eliminavam vários soldados facilmente. O arquimago
não desesperou-se, disparou vários encantamentos fatais
aniquilando uma grande quantidade de phaerimns e depois desceu invocando
um feitiço sobre si que melhorou sua capacidade de luta dezenas
de vezes. Invocou uma espada espectral em sua mão direita
e iniciou um esquartejamento em série nos monstros que via
pela frente. Laeral prosseguiu com sua excelente tática de
invocar seres de outros planos para ajudá-los. Contudo, mesmo
com o grande potencial e coragem dos heróis, só um
milagre poderia fazer com que esta guerra não fosse em vão
e este campo de batalha não se transformasse em um vasto
túmulo para os seres humanóides que lutavam por sua
existência em Toril.
Esta
história é uma descrição em teor literário
dos resumos de aventuras jogadas pelo grupo Comitiva da Fé
em Salvador sob o sistema de RPG Advanced Dungeons & Dragons.
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