
O
Início de uma Grande Odisséia
Descrita por Ivan Lira,
baseada no jogo mestrado por Marcelo Piropo
Personagens
da aventura:
Os
humanos: O aprendiz Kelta Westingale; O pirata Nord Laife; os
dragões púrpuras Espada Dracônica e Lança
Dracônica; a druida Saja; o imediato Elmerith; Brandon, o
Mestre das Batalhas; as donzelas Daphne e Amber. Os elfos: O
selvagem Feargal Rahl; Jhuntor Mackrol; Sofia Mackrol.
O Início de uma
Grande Odisséia
Faerûn
sempre foi um mundo repleto de mistérios e mitos. Transformava-se
velozmente no decorrer do tempo. Os fatores que o geravam se encontravam
num conflito eterno. Isso acontecia com tal complexidade que poderia
transformar deuses, da posição de controladores à
vítimas do próprio destino. Aquele seria um ano do
prelúdio de uma catástrofe de proporções
épicas. Era o início do ano de 1355 CV, chamado de
o Ano da Harpa.
A
visão do aparecimento de uma nova flor não poderia
ser transformada em palavras ou em pensamentos simples e calculados
para a druida Saja. Ela a acariciou uma de suas pétalas para
sentir a maciez da natureza, depois cheirou sua fragrância
e por final afastou-se para vê-la como se harmonizava com
as outras flores. Era comum nos reinos a tradição
de que a mulher já estaria pronta a se casar com um pretendente
após os quatorze anos de vida. Saja já possuía
vinte e um, mas viveu sob uma cultura que não estipulava
datas. Passou sua vida inteira em prol da filosofia druídica,
o amor e o respeito à natureza em todos os aspectos. Sentiu-se
preparada agora para seu objetivo primordial, se tornar a senhora
do Círculo Druídico do Bosque dos Druidas, localizado
nas imediações do Vale das Sombras. Seus profundos
pensamentos foram interrompidos por outro druida.
"Sacerdotisa Saja, a grande senhora Amauria te chama."
Saja
seguiu para a Vila dos Druidas e dirigiu-se a uma das moradas dali
que, assim como todas, eram casas feitas a partir de árvores.
Adentrou e percebeu a presença de cinco pessoas, todas elas
sentadas ao chão formando um círculo. Uma delas, uma
mulher tão jovem quanto Saja pronunciou-se:
"Saja,
senta-te e ouças nosso parecer final." Disse Eimair.
A sacerdotisa então se sentou no meio do círculo esperando
uma resposta para o seu objetivo.
Uma
mulher aparentando seus sessenta anos de idade, olhou para sua aluna
e serva e disse:
"Saja,
tu me servistes durante muitas estações, seguistes
nossas tradições assim como o Sol nasce e se põe,
e completastes todos os ritos necessários até o dia
de hoje. Nós do Círculo Druídico meditamos
e decidimos que falta apenas uma tarefa para que te tornes a nova
Senhora do Bosque dos Druidas. Tu terás que viajar pelo mundo
até encontrares outro círculo de druidas e compartilhares
com eles nossos conhecimentos básicos e aprenderes o que
tiverem para ensinar. Depois de sentires os rigores do mundo então,
aí sim, estarás pronta para esta posição.
Como todos sabem, sou a Senhora desde cinqüenta anos atrás.
Já enganei demais o tempo para manter meu vigor. Minha mente
precisa de descanso e o Bosque precisa de uma nova Senhora. Partirás
amanhã e seguirás para o oeste até encontrares
teu destino."
"Aceito
humildemente tal provação minha senhora, e honrarei
o compromisso mais que minha própria vida e então
retornarei."
"Saja,
deves seguir para o reino de Cormyr e pegar um navio para o oeste."
Instruiu o misterioso Orben.
Dentre
todos, estavam Amauria, a Senhora do Círculo Druídico;
Mourtarn, o 'Mestre' que representava o segundo na hierarquia; Eimair,
cônjuge e auxiliar de Mourtarn; Orben, aquele que sempre busca
informações do mundo exterior para a proteção
do Bosque; e Veshar, responsável pela prática da alquimia
no Círculo. Saja apenas levantou-se e foi preparar-se para
a viagem.
A Encomenda
Marsember
é uma grande cidade portuária de Cormyr, localizada
às margens do Lago do Dragão. Conhecida como a Cidade
das Especiarias, geralmente é visitada por viajantes de todos
os cantos de Faerûn com muitos objetivos, sendo o mais comum
deles o lucro
Aventurar-se pelo mar era uma coisa que podia render um bom dinheiro,
assim pensava o pirata Nord Laife, que apesar de jovem já
tinha uma grande experiência singrando os oceanos. Após
anos de esforço conseguiu finalmente sua própria nau,
a Sereia Dourada. Estava bastante contente, feliz como nunca, ele
que vivera nas ruas de Urmlaspyr, na Sembia. Nunca soubera quem
eram seus pais, mas o desejo pelo mar já viera desde a época
de criança e ali estava ele junto a seu grande amigo e imediato
Elmerith, um homem forte e viril. Nord, um dia depois de aportar
em Marsember, recebeu uma mensagem de um estranho homem que sumiu
em seguida.
A
mensagem marcava um encontro em um local da cidade com um mercador
que se interessou pelos trabalhos do jovem pirata. Duvidoso com
a oferta, Nord comentou com seu imediato:
"Elmerith
meu caro, o que acha disso?"
"Tratando-se
de Cormyr, pode ser uma armadilha contra a pirataria."
"Mas
nós não somos piratas. Que diabos querem com gente?"
"Para
os olhos daqueles políticos nojentos nós somos a escória
da humanidade, a não ser que concordemos em adquirirmos uma
espécie de 'autorização' para continuarmos
com nossas atividades."
"Bom,
então eu e alguns homens iremos a este encontro nos fundos
de uma taverna. Tomara que tenha muito ouro na jogada, porque depois
que consegui comprar o Sereia Dourada fiquei com pouco dinheiro
para as despesas do navio."
Nord,
após algum tempo, reuniu quatro de seus melhores homens no
combate e deixou Elmerith tomando conta do Sereia Dourada. Deu um
breve passeio pela cidade, cheia de soldados cormirianos alertas
a qualquer eventual atividade criminosa. Parou em frente à
Taverna do Grande Carvalho, mas lembrou-se das instruções
da mensagem que recebeu e dirigiu-se para os fundos do estabelecimento
e viu uma porta. Bateu, esperou um pouco até que alguém
pediu identificação, depois entrou. O mesmo homem
estranho que o havia recebido perguntou:
"A
mensagem dizia para que você viesse só, senhor Nord."
"Você
acha que eu sou o quê? Não fiquei vivo durante todo
este tempo dando sopa para qualquer perigo."
Outro
homem saiu das sombras do pequeno quarto onde se encontravam e pronunciou:
"Deixe,
Nalarth. Nosso amigo pirata tem razão. Fico feliz que tenha
aceitado conversar. Sou Venlar, e tenho um bom negócio a
propor."
"Que
negócio seria este?" Perguntou Nord franzindo o sobrolho.
"Hã,
acho melhor conversarmos num local mais seguro. Acompanhe-me."
E então Venlar abriu um alçapão onde desceram
ele, Nord e seus homens.
Apresentou-se
um quarto semelhante. Venlar e Nord sentaram numa mesa onde estava
depositado um pequeno baú.
"Isso
aqui por acaso já é o pagamento?"
"Não
seja tão apressado meu amigo mercenário. Isto é
o motivo de nosso acordo. Quero que leve este baú para um
lugar um tanto distante e perigoso."
"Só
isso? Qual é o lugar?"
"Não
é tão simples como imagina, mas pagarei pela dificuldade.
Trata-se de uma cidade subterrânea localizada sob uma cadeia
de montanhas ao norte distante."
"Peraí
amigo, acho que chamou a pessoa errada pra missão. Esqueceu
que eu comando um navio? Navios servem para navegarem no mar e não
pelo céu ou por debaixo da terra."
"Eu
não sou estúpido, ser da superfíc.. hã
quer dizer, dos mares. Eu conheço uma rota que lhe permitirá
navegar por entre um mar submerso numa grande rede de cavernas."
"Ah,
você vai comigo então?"
"Não,
mas soube que além de ser um bom e corajoso navegador também
conhece a arte de ler e se orientar pelos mapas." Venlar então
desenrolou um grande mapa acompanhado de outros papéis contendo
instruções de viagem.
"Puxa!
Achei que este lugar fosse uma lenda!" Disse Nord apontando
o dedo para uma determinada localização no mapa.
"Não
é uma lenda, é um lugar onde você deve chegar
e seguir estas instruções."
"Hi,
essa parte acho que vai ser complicado pra mim." Admitiu Nord
ao ler uma das instruções.
"Ora,
então contrate aventureiros para ir com você. Vai ser
bem mais fácil."
"É,
acho que vou fazer isso, mas finalmente, quanto vai me dar para
fazer este difícil serviço?"
"Três
mil peças de ouro agora e três mil quando entregar
a encomenda, onde outra pessoa lhe pagará metade do combinado."
Nord
pensou "Por Tymora! Nunca ganhei tanto dinheiro com um só
serviço." E depois disse disfarçando sua alegria
"Tudo bem. Normalmente eu cobro mais, mas achei a aventura
interessante."
"Um
conselho, não contrate aventureiros em tavernas locais. Só
arranjará pessoas medíocres. Pegue este convite e
vá amanhã à noite ao palácio, o governador
Ildool irá dar uma festa. Compre uma roupa decente e compareça,
com certeza encontrará alguém adequado para a missão."
"É
verdade que o governador teria aberto a cidade aos Zhentarim?"
"Não
diga bobagens, isso é um boato ridículo. Estamos de
acordo então?"
"Claro
que sim, o que tem na caixa?"
"É
segredo, e jamais tente abri-la, entendeu? Apenas a entregue."
Nord
então foi embora com seus homens deixando Venlar e Nalarth
sozinhos.
"Tsabrak,
será que ele vai conseguir?" Perguntou Nalarth.
"Idiota,
não me chame aqui assim. Neste lugar sou apenas Venlar. Teremos
que contar com a experiência do pirata e se tudo der certo
poderemos dar início a segunda etapa ao grande plano. Isso
é claro se a aliança entre nossas famílias
der certo. Vamos embora daqui, precisamos informar Kurastan."
Vamos Para as Terras Centrais
Passaram-se
poucas semanas desde que Feargal e Kelta deixaram Rashemen. Cruzaram
o reino de Aglarond e chegaram no seu destino, Altumbel. Os dois
aventureiros pretendiam conhecer as Terras Centrais e ganhar a vida
por lá. Após uma breve estadia numa taverna local,
ambos decidiram partir no próximo navio. Contudo, quando
já estavam prontos para zarpar, Feargal reconheceu duas figuras.
"Jhuntor?!
Sofia?! Que myrkuls estão fazendo aqui?" Perguntou o
selvagem a dois outros elfos.
"Feargal!
Não esperava vê-lo tão cedo. Você pareceu
decidido a abandonar nosso clã." Comentou um elfo de
cabelos negros trajando uma bonita armadura de couro.
"E
quem é este rapazinho com você? Até que ele
é bonitinho." Disse uma elfa esguia de belos cabelos
loiros.
"Ei!
Sei que não terei uma vida longa como a dos elfos, mas já
sou um homem." Retrucou o jovem Kelta por ter sido tratado
como um menino.
"Kelta,
não se esqueça do trato, ainda faltam nove homens
para você matar até que eu reconheça que você
virou um adulto." Lembrou seu amigo Feargal.
"Feargal,
estamos indo para o oeste. Lembra daquela profecia dos sacerdotes
de que o 'Devorador
de Elfos' iria surgir no oeste? Pois é, resolvemos respeitá-la
e impedir a extinção de nossa raça." Explicou
Jhuntor.
"Mas
quanta besteira! Você acha mesmo que apenas uma criatura poderia
derrotar vários elfos? Parece que nem pensa."
"Feargal,
não é tão simples como imagina. Se os sacerdotes
disseram que o 'Devorador de Elfos' é uma ameaça em
potencial nós acreditamos. Então ele deve ser muito
poderoso, portanto temos de arranjar um jeito de derrotá-lo.
Por que você e o rapaz aqui não ajudam a gente?"
Propôs Sofia com um sorriso.
"Se
realmente ele existisse eu aceitaria sua oferta, mas este monstro
é apenas uma lenda."
"Ora,
você não vai perder nada indo com a gente. E você
Kelta, nos acompanha?" Perguntou Jhuntor.
"É,
acho que sim. Afinal, quando eu matar nove inimigos para ser reconhecido
como homem, Feargal terá que estar por perto pra comprovar."
Debochou o aprendiz de mago.
"Quer
dizer então que o rapaz vai e você ficará Feargal?
Acho que isso vai ficar feio pra você." Cutucou Sofia.
"Ah
é? Deixa eu pegar este Devorador de um figa, e depois vou
rir da sua cara Sofia, vou provar para você que seu lugar
é na cozinha."
"Este
truque nunca falha." Cochichou Sofia no ouvido de Kelta.
"Muito
bem, então vamos todos para o mesmo navio. Ele vai seguir
para Marsember, de lá tomaremos um novo rumo." Finalizou
Jhuntor.
A Escolha de Um Rumo
De
volta a Marsember, nos estaleiros da cidade, os bucaneiros do Sereia
Dourada expressaram sua insatisfação ao capitão
Nord e então este, com o adiantamento do acordo que tinha
feito, pagou a sua tripulação o que devia deixando-os
novamente contentes. Em meio a tanta balbúrdia criada pela
felicidade de seus homens, Nord foi interrompido por um linda mulher
que o chamou do cais.
"Quem
é o capitão desta nau?"
"Eu
mesmo. O que traz uma donzela aqui?"
"Preciso
de um navio que vá para o oeste. Tu estás indo para
lá?"
"Hum,
não propriamente ..."
"Então
passar bem."
"Espere!
Acho que posso dar um jeito nisso, onde exatamente no oeste você
quer ir?" Perguntou Nord olhando as pernas da mulher.
"O
mais oeste que puderes, podes me levar lá?"
"Olha,
eu posso te levar a qualquer lugar, mas pode demorar um pouco."
"Não
há problema, eu posso esperar. Quando partimos?"
"Um
dia ou dois, preciso fazer algo antes. Mas porque não aproveitamos
este tempo para fazermos algo?"
"Não,
eu voltarei amanhã pela manhã."
"Nord
ao seu dispor. Estarei a aguardando, milady."
O
capitão se aproximou de seu amigo Elmerith, e ainda olhando
para o corpo de Saja enquanto ela se afastava, comentou:
"Meu
amigo, acho que esta viagem vai ser melhor do que eu esperava."
Numa
outra parte do estaleiro, uma nau um pouco mais modesta aportou
no cais após uma viagem de alguns dias. Vinha de Altumbel.
Os cansados viajantes desceram do navio e vislumbraram o local,
que era bastante movimentado. Um pouco mais à frente se encontravam
duas belas mulheres que também apreciavam o mar, mas mudaram
a direção de seus olhares para Feargal e Jhuntor,
dois elfos que tinham acabado de chegar. As duas beldades não
perceberam, mas a tábua onde estavam apoiadas estava um pouco
solta, uma delas se virou e cochichou algo no ouvido da outra, mas
forçou a tábua de modo que ela se desprendeu e ambas
caíram ao mar. Por sorte de Tymora, não havia nenhum
barco abaixo de onde estavam senão as duas teriam se esborrachado.
Encontraram apenas água, mas se debatiam por não saberem
nadar. Quando a água começava a adentrar seus pulmões,
duas figuras aproximaram-se e as pegaram como crianças. Uma
delas, chamada de Amber, foi abraçada por um musculoso braço
que a salvou, e com a outra de nome Daphne ocorreu o mesmo. Quando
deram por si, Amber estava nos braços do selvagem Feargal
e Daphne do elfo Jhuntor. Os outros jogaram cordas para subi-los
ao cais e desta forma o susto tinha passado.
Instantes
depois dois outros homens surgiram em armaduras de aço, ambos
ostentando um dragão púrpura em seus peitorais.
"Daphne?
Amber? Vocês estão bem?" Perguntou um deles, loiro
e de olhos castanhos.
"Sim..
sim, estamos bem. Graças a eles." Respondeu Amber dando
um sorriso para Feargal.
"Eu
sou Sir Gabriel Lanor mais conhecido por 'Espada Dracônica',
e este é Sir Maciel Perrotee chamado de 'Lança Dracônica',
nós somos cavaleiros e dragões púrpuras. Agradecemos
pela ajuda que prestaram a estas donzelas e gostaríamos de
saber quem são." Disse um dos cavaleiros, este com cabelos
castanhos e cortado em forma de cuia.
"Sou
Jhuntor, este é Feargal e aquela é Sofia. Pertencíamos
ao clã Mackrol em Aglarond. Esse aí é Kelta."
"Muito
bem, o que acham de participar de uma festa hoje à noite
no palácio. É o mínimo que podemos fazer para
agradecer. O que me dizem?"
"Bom,
não sei se temos roupas adequadas para tal evento.."
Admitiu Jhuntor.
"Não
há problema, passem antes em minha residência e fornecerei
vestes a altura." Ofereceu Lança.
"Neste
caso, se ninguém se opuser, estaremos lá mais tarde
então. Muito obrigado." Ao se despedirem Amber acenou
para Feargal pedindo que ele não se atrasasse.
Os
dragões púrpuras gentilmente entregaram as donzelas
em suas respectivas casas e já seguiam para seus próprios
lares quando se bateram com conhecidos. Eram dois homens numa carroça
que parecia levar uma grande carga. Um deles, o que estava com as
rédeas, tinha cabelos escuros e seu cavanhaque emendava-se
com suas costeletas. O outro era loiro e parecia entediado, estava
com os braços cruzados e sentava-se ao lado de seu amigo.
"Kelemvor!
Como vai, meu amigo? O que faz aqui em Marsember?" Perguntou
Espada Dracônica.
"Gabriel
'Espada Dracônica'! Não sabia que estava na cidade.
Viemos pegar esta carga para Arabel, Myrmeem Lhal nos mandou aqui.
Ah, este é um amigo meu, Cyric." Apresentou.
"E
aí?" Cumprimentou Cyric com pouco entusiasmo.
"Bom,
caso não conheça este é Sir Maciel Perrotee,
conhecido também por 'Lança Dracônica'. Nós
vamos na festa de hoje a noite no palácio, vocês não
estariam interessados em ir?"
"Infelizmente
não podemos, pois temos que entregar isso o mais rápido
possível. Myrmeem é muito exigente."
"Neste
caso, uma boa viagem para vocês." Despediu-se Espada
Dracônica.
Alguns
metros depois, após se distanciarem dos dois dragões
púrpuras, Cyric comentou:
"Aquele
seu amigo só pode ser palhaço, né? Espada Dracônica?
Lança Dracônica? Que porra de nomes são esses?
Hahahahaha!"
"Cyric,
deixa disso, isso são apenas títulos que eles conquistaram.
O que deu em você? Está com esta cara amarrada desde
ontem. O que o incomoda?"
"E
precisa dizer? Você acha que eu gosto de estar fazendo esse
servicinho ridículo? Acha que eu tenho cara de carregador?"
"Ora,
isso é bobagem. Se Myrmeem nos mandou aqui é porque
deve ser importante. Ela confia em nós."
"Oh,
quanta confiança!. Estamos levando apenas armas, o que tem
demais isso?"
"O
que você gostaria de fazer então?"
"Por
que não fizemos parte daquele grupo que procura o tal 'Rei
Perdido'?"
"Procurar
Gondegal? Seria inútil, já se passou três anos,
com certeza o maldito deve estar em algum lugar no norte, ou nas
Terras Centrais do Oeste."
"É,
mas pelo menos poderíamos encontrar algum monstro pela frente
ou alguma mina abandonada cheia de ouro nos esperando."
"Bom,
quando chegarmos em Arabel, vamos ver o que poderemos fazer."
Duas Opções
de Escolha
A
pouco o Sol já tinha se posto, como combinado, os aventureiros
foram a casa de Lança Dracônica e conseguiram as vestes
necessárias para poderem participar da festa no castelo.
Souberam eles que o motivo das comemorações era o
aniversário do anfitrião e lorde de Marsember, Ildool.
Jhuntor
e Kelta não tiveram problemas em escolher seus trajes, no
entanto Feargal e Sofia demoraram um pouco até decidirem
algo de que queriam. Apesar de tudo, Feargal resmungava pelo fato
das roupas ficarem um pouco apertadas no seu largo corpo. Sofia
não encontrou nenhum traje com decote suficiente para exibir
sua beleza élfica, achou que havia muito pano para um corpo
tão pequeno. Independente de qualquer coisa eles já
estavam prontos para ir.
Lança
Dracônica também teve a gentileza de conseguir uma
carroça para levá-los. Foram conduzidos até
o palácio e subiram as escadas até um portão
onde o dragão púrpura autorizou suas entradas. Ali
mesmo, duas figuras tiveram um pouco de dificuldade para entrar.
Estavam com trajes um pouco modestos, foram apenas as que suas moedas
puderam comprar. Elmerith tinha dito a Nord que deveriam ter gasto
mais, porém o marinheiro não achou vantagem em desperdiçar
dinheiro em algo tão fútil e temporário. Contudo
seus convites foram necessários para sua passagem.
Depois
de percorrerem alguns corredores, apresentou-se um grande salão.
Este repleto de convidados, nobres em sua maioria. Um bardo tocava
algo tranqüilo enquanto os convidados apenas conversavam animados.
Um deles, Espada Dracônica, aproximou-se dos aventureiros
junto com duas lindas damas.
"Amigos,
vocês ficaram muito bem com estas roupas. Aproveitem a festa."
"Feargal,
Jhuntor, nós gostaríamos de agradecer pelo que fizeram
hoje." Disse Daphne.
"Bom,
a menina aí pode me agradecer dançando comigo."
Convidou maliciosamente Feargal.
"Menina?
Que cantada mais fajuta." Pensou Sofia.
Contudo,
Amber não pestanejou e aceitou a proposta do elfo. Daphne,
já acompanhada do dragão púrpura, também
o puxou para dançar deixando Jhuntor, Sofia e Kelta. A elfa
olhou para o jovem vendo que era a única opção.
Ele, percebendo, disse:
"Sei
não viu Sofia, e se você pisar no meu pé?"
"Anda
logo." Disse ela dando um puxão no braço dele.
Em
outro lugar do salão estava um homem rude no jeito e na aparência,
com seus cabelos longos e sua grande barba. Ele era um bárbaro
naquela festa. Ele deu uma boa olhada em volta, e como estava desacompanhado,
foi em direção de uma mesa repleta de comida. Lá
tratou de pegar o que havia de melhor, foi quando deparou-se com
algo incomum.
"Um
elfo!" Disse ele.
"Sim,
sou um elfo. Me chamo Jhuntor, venho de Aglarond."
"Eu
sou Brandon, o 'Mestre das Batalhas'. É difícil ver
um elfo por estas bandas."
"É,
eu percebi isso, todos olham para mim e minha irmã como se
fôssemos novidade. Mas, porque 'Mestre das Batalhas'?"
"Meu
caro elfo, é uma longa história .." Então
Brandon começou a contar uma série de histórias
em que ele realizou façanhas extraordinárias. Muitas
destas histórias ele 'enfeitava'. Na maioria das vezes sobreviveu
por pura sorte.
Num
canto da sala, dois homens observavam os convidados cuidadosamente.
Estavam meio deslocados, um deles viu uma bela elfa dançando
no salão e comentou ao outro.
"Elmerith,
olha só que gracinha. É raro ver elfas por aqui."
"Nord,
não viemos aqui a trabalho? Temos que procurar aventureiros
pra nossa viagem."
"Ora
eu estou procurando, mas, qual é? Tem cada mulher bonita
por aqui. Eu vou ver o que aquela elfa pode fazer por nós."
Disse o pirata se dirigindo para o centro do salão.
"Hã,
a dama me concede uma dança? Se o jovem permitir .."
Convidou Nord.
"Bom,
se ela não se importar. Tudo bem Sofia?" Perguntou Kelta.
"Eu
vou ficar bem, não se preocupe."
Após
a saída do jovem, Nord se aproximou, colocou sua mão
na pequena cintura da elfa e com a outra, conduziu a dança.
"Sabe,
eu estava te observando por algum tempo. Eu ia passar a noite toda
me culpando se não falasse com você."
"E
qual seria o motivo? Há tantas mulheres bonitas por aqui."
"Mas
não como você."
"Sim,
sei disso, afinal sou uma elfa."
"Não
sei se é por isso. As outras mulheres tem um olhar amedrontado,
o que não é o seu caso. Eu sou Nord Laife ao seu dispor,
eu gostaria de ter o privilégio de saber seu nome."
"Sou
Sofia, vim de Aglarond."
"Aglarond?
Um pouco longe de casa não?"
"E
você? O que faz aqui?"
"Eu
comando um navio, vou partir por estes dias."
"Por
acaso seu navio vai para o oeste?"
"Oeste?
Não, pelo menos na ida não."
"É
uma pena então, eu e meu grupo estamos indo para a Costa
da Espada."
"Bom,
eu posso dar uma desviada no curso, afinal estamos no Mar Interno.
Mas eu conheço alguns atalhos, o que acha?"
"Falarei
com meus companheiros sobre isso. Se nos interessar então
o procuraremos." Disse ela despedindo-se.
Nord
recuou voltando para seu amigo, "Elmerith, aquela mulher é
adorável. Vamos ter que mudar um pouco rota."
"Mudar
a rota? Como assim?"
"É
que ela precisa ir para a Costa da Espada."
"Costa
da Espada? Você ficou louco? Esqueceu que estamos no Mar Interno?"
"É,
mas, sei lá, droga! O que faremos?"
"Nord,
nós precisamos encontrar esta tal ilha perto de Portão
Ocidental. Você disse aquela outra moça que a iria
deixar mais a oeste, e agora falou para a elfa que vai para a Costa
da Espada?
O que você pretende?"
"Eu
queria mesmo é levar as duas, mas estou vendo que não
vai dar."
Quando
Sofia voltou para seus companheiros, eles já estavam entretidos
pelos épicos narrados por Brandon, que contava como derrotou
a lich Tharuighagh. Sem saber do que se tratava a elfa comentou
com os amigos:
"Pessoal,
acho que arranjei nosso transporte."
"Que
transporte? Vamos pra onde?" Argüiu Feargal.
"Ora,
não vamos para a Costa da Espada? Eu conheci um marinheiro
que pode nos levar lá."
"Só
se ele for um mago, pequenina. Como é que ele vai conseguir
chegar lá se estamos no Mar Interno?" Perguntou Brandon.
"Ele,
ele disse que conhece um atalho."
"É,
eu conheço." Acrescentou o próprio Nord invadindo
a conversa junto com Elmerith, "Senhores,
sou Nord Laife, melhor navegante desses mares, acho que podemos
nos ajudar. Posso levá-los aonde quiserem, e de quebra quero
contratá-los para um pequeno serviço, ou seja, vocês
só vão sair ganhando."
"Que
espécie de serviço é esse?" Disse Jhuntor.
"Bom,
esse é o problema. Eu estou com algumas instruções
aqui e espero que algum de vocês entenda isso, pois caso contrário
terei que achar alguém que compreenda." Nord então
desembrulhou um grande papel na frente dos aventureiros.
"Não
entendi chongas." Admitiu Feargal.
"Acho
que também não entendemos." Disse Jhuntor olhando
para Sofia.
"Hum,
acho que isto é uma espécie de manual para acionar
um determinado dispositivo, embora eu nunca tenha visto antes. Foi
algum gnomo que escreveu isso?" Perguntou Kelta.
"Não
que eu saiba." Respondeu Nord.
"Kelta
é mago, ele entende dessas coisas." Revelou Feargal.
"Mago?
Então é melhor do que eu esperava, acho que seremos
grandes amigos hein meu jovem?" Disse Nord apertando os ombros
do jovem Kelta.
"Então
além de nos levar para a Costa da Espada, o senhor vai nos
pagar para fazer este serviço?"
"Exatamente,
e então? Vocês topam?"
Todos
olharam para Jhuntor de forma positiva e o elfo falou por todos
"Sim, iremos com você então."
"Ótimo,
partiremos pela manhã. E você grande guerreiro? Vai
conosco?"
"Não
marinheiro, pretendo encontrar um lugar chamado 'O Salão
do Martelo'. Porque não me conta seus feitos no mar enquanto
tomamos uma grande caneca de vinho." Convidou Brandon.
"Ora,
porque não? É sempre bom encontrar alguém que
sabe se divertir."
Enquanto
Nord e Brandon secaram alguns barris, o resto do grupo despediu-se
cordialmente dos dragões púrpuras agradecendo-lhes
pelas gentilezas. Amber ficou muito triste em vê-los partir,
principalmente Feargal, aquele que poderia ser seu cavaleiro de
armadura. Daphne saiu de lá segura de uma decisão,
faria de tudo para ser uma grande guerreira e entrar para as fileiras
dos dragões púrpuras.
A Partida
Pela
manhã, o grupo, que dormira numa taverna local, já
estava preparado para a viagem. Nord, com uma tremenda ressaca,
recebeu os aventureiros da melhor forma possível, afinal
eles eram garantia de sucesso para a missão. Elmerith, sempre
prudente, os instalou de forma adequada na nau. Tudo estava pronto,
mas o pirata esperava algo.
"Senhor
Nord, estamos prontos. Porque não zarpamos." Perguntou
Jhuntor.
"Estou
esperando alguém, espere um pouco."
Passou-se
mais um tempo e Nord, ansioso para navegar, ordenou que seus bucaneiros
zarpassem, porém, quando já puxavam a âncora,
o pirata ouviu uma voz.
"Espere!
Espere por mim!" Gritou uma mulher de cabelos negros.
"Ah,
ela chegou." Disse o aliviado Nord.
Quando
ela subiu ao convés, Nord a recebeu "Milady, seja bem
vinda a minha embarcação."
"Muito
obrigada. Sou Saja do Vale das Sombras."
.
Esta
história é uma descrição em teor literário
dos resumos de aventuras jogadas pelo grupo Comitiva da Fé
em Salvador sob o sistema de RPG Advanced Dungeons & Dragons.
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