O
Despertar
Descrita
por Ricardo Costa.
Baseada no jogo mestrado por Ricardo
Costa.
Personagens
principais da aventura:
Os
Humanos: Arthos Fogo Negro;Magnus de Helm; Sigel O'Blound
(Limiekki); Danicus Gaundeford; Klerf Maunader. Os
Elfos: Mikhail Velian; Kariel Elkandor. O Grimlock:
Loft Moft Toft Iskapoft. O Halfling: Bingo
Playamundo.
O Despertar
Prelúdio
Império de
Netheril -339 CV
Ano das Teias Partidas
Nas
profundezas da Caverna de Alanthat (nas atuais Montanhas
do Alvorecer, a leste de Thay), três figuras ocupam uma
sala, escavada em uma galeria profunda, muitos metros
abaixo da superfície. No lugar, decorado com tapeçarias
e pinturas, três esquifes de cristal estão abertos e colocados
na vertical.
"Então é isto, meu irmão?",
perguntou a bela mulher de trajes e capa brancos, contrastando
com seus cabelos negros e lisos. Tinha olhos azuis brilhantes.
"É nisto que passaremos nossos próximos anos?".
"Levei três anos planejando
e construindo este lugar e gastei muitas horas e recursos
na magia destes esquifes, Aurel. Eles nos manterão intactos
e vivos, além de nosso tempo", falou soturno um homem
de trajes de mago, vermelho e dourado. Seus cabelos eram
compridos e precocemente brancos. "Veja o mundo ao nosso
redor como desmorona. Nem Karsus, o mais poderoso dos
arquimagos, conseguiu deter a ameaça dos phaerimns. Muitos
vão cair antes que estes monstros sejam debelados, se
é que serão algum dia".
"Ora, Annon! Meu machado
ainda poderia cortar alguns destes bichos!", disse um
outro, este um homem de músculos poderosos, barbas negras
e olhos esbugalhados, com armas e trajes de guerreiro.
"Marzuk, meu irmão! Sei
que sua força bruta é bem maior que a sua sabedoria, por
isto aconselho-lhe: guarda seu machado. Ele não será solução!",
respondeu Annon."
"E nos escondermos aqui,
será uma solução?", perguntou Aurel.
"Se não há esperança hoje,
não significa que não haja amanhã. Somos magos de algum
poder, mas nada comparado aos arquimagos. Se os magos
mais poderosos confrontarem os phaerimns e vencerem, ainda
assim terão ainda muitas baixas. Poderemos nos erguer
no novo mundo após estes acontecimentos e, quem sabe,
poder dominar seus sobreviventes!".
"Confiamos em você, Annon
, e o seguiremos! Mas... quando seremos despertados?",
perguntou a mulher. "E se ficarmos aqui para sempre?".
"Há sempre aqueles que exploram
os caminhos em busca de riqueza. Tornei esta sala um santuário
dedicado a três heróis, que seremos nós. Veja todas estas
tapeçarias contando "nossos" feitos. São mentiras agora,
mas daqui a um século, ninguém conseguirá diferenciá-las
da verdade. Muitos buscam riquezas ou salvação. Uma ilusão
especial encobrirá a entrada pelos próximos cem anos e,
depois, disto, alguém encontrará as escadas e virá aqui
algum dia. Irão nos libertar. Este martelo feito de ouro
será uma ajuda adicional. Aquele que o portar sentir-se-á
impelido a arremessá-lo contra o esquife. E então retornaremos!"
"Então está feito, irmão!
Que Mystryl nos acompanhe!", disse a moça, entrando na
capsula transparente. Em um instante, seu corpo ficou
completamente imóvel, como uma estátua.
"Sou eu? Não gosto muito
destas engenhocas mágicas!", disse o corpulento homem,
olhando com estranheza o esquife.
"Não confia em mim, Marzuk?",
perguntou o homem, suavemente.
"Hummm... você sempre foi
o cérebro. Deve ter razão! É melhor entrar!", disse o
guerreiro, fechando-se e tornando-se imóvel.
O mago então olhou ao redor
por um momento e, em seguida entrou e fechou o vidro,
selando seu destino, por mais tempo do que esperava. Uma
dezena de minutos depois, o brilhante arquimago Karsus,
em sua arrogância, desafiou as forças cósmicas e tentou
tornar-se um deus. Sua atitude causou o colapso de Netheril
e por instantes terríveis, Toril tremeu. Um destes tremores
causou um desabamento, selando a caverna de Alanthat,
porém, não para sempre.
Novos Integrantes
Uma
semana se passou entre o início e a conclusão dos reparos
da nau voadora da Comitiva da Fé em Imaskar das Profundezas.
Foi um período agradável para os aventureiros, cansados
de tantos esforços e perigos. Experimentaram salões confortáveis,
pessoas amistosas, comida boa e farta e se maravilharam
com muitas das realizações mágicas daquele povo das profundezas,
em especial o professor Danicus.
Arthos, Limiekki e Bingo
gastaram seus dias nas comemorações em homenagem ao novo
rumo da cidade. Dançaram, comeram e beberam. Arthos até
mesmo flertou com a irmã de Valin, Hoxxa. Storm e Magnus,
amantes que eram, ficaram juntos, trocando impressões
e intimidades. Mikhail conseguiu uma pequena turma de
interessados em teologia e desatou a explicar os mistérios
e as doutrinas da religião de Mystra. Kariel encarregou-se
de partilhar o conhecimento arcano que possuía e de aprender
alguns outros novos, além de municiar os Lordes e a equipe
de exploração que se formava com informações diversas
sobre os reinos e a cultura da Superfície. Arnilan, o
piloto élfico, também agiu, mesmo com a nau no estaleiro.
Ensinou ao jovem Harpista Klerf os fundamentos de pilotagem
da nau voadora, o que seria bastante útil em uma emergência.
O dia da partida então
chegou. O mestre do conhecimento, Jhubal Tetisjenja, enrolou
a ponta de seus longos bigodes brancos e anunciou que
tudo estava perfeito. Arnilan testou e confirmou a perícia
do imaskari e seus auxiliares. Os Lordes da cidade vieram
até a área externa à câmara cavernosa que abrigava Imaskar
das Profundezas, onde se encontrava a nau. Ofertaram mais
alguns presentes (uma corda mágica e um colar que permitia
a tradução e a leitura de qualquer língua) e uma equipe
encheu a embarcação com água fresca e alimentos secos
para viagem. Despediram-se, deixando para trás aqueles
novos amigos. Valin e Hoxxa levariam para sempre a imagem
do barco voador, desaparecendo em meio à escuridão eterna
do Subterrâneo.
Passaram-se quatro horas
de quietude na nau da Comitiva, até que algo foi avistado
por Mikhail, que estava na proa. Ele comentou com Kariel,
Arthos e Limiekki, que estavam próximos:
"Vocês estão vendo dois
pontos luminosos ao longe?", perguntou o clérigo.
"Não!" , respondeu Limiekki.
"Não vejo nada!".
"Sim, Mikhail! Vejo ao
fundo... duas luzes esverdeadas! E ouço gritos... ainda
que não consiga entender o que falam!", disse Kariel.
"Não conseguia!", disse
Arthos, entregando a Kariel o colar ofertado pelo povo
imaskar. Kariel colocou o colar. À medida que o barco
se aproximava os gritos começaram a serem ouvidos pelos
demais.
"Estão pedindo por socorro!",
revelou o elfo mago.
"Então... às armas!", disse
Limiekki.
"Vou avisar a Storm e subo
em seguida!", falou Arthos.
O espadachim então desceu
as escadas até a sala de comando, onde a Barda do Vale
das Sombras estava sentada, junto ao piloto Arnilan e
o paladino Magnus. A mulher de cabelos prateados e o jovem
e musculoso guerreiro chamaram os outros colegas e acompanharam
Arthos para o convés.
Estavam próximos agora
o suficiente para verem uma teia enorme e grossa, erguida
em um dos cantos do imenso túnel. Nela andavam três estranhas
e grandes criaturas: possuíam da cintura para cima o aspecto
de um drow e dela para baixo o corpo de uma aranha gigantesca.
Uma delas estava terminando de envolver duas presas em
casulos de teia, que brilhavam um verde fluorescente pulsante.
"Ei! Larguem estas pessoas!",
gritou Bingo!. "Não tem outra coisa para comerem não!?".
Um dos monstros, conhecido
entre os drows por drider, virou-se para nau e disse,
no dialeto drow do élfico.
"Deviam ter nos deixado
em paz!", disse, antes de retirar da cintura um chifre
e soprá-lo, porém sem que nenhum ruído fosse ouvido.
Os heróis não aguardaram
as conseqüências e atacaram. Kariel conjurou uma parede
de chamas, que incendiou e partiu a teia, derrubando um
dos driders que nela caminhava para o abismo abaixo dele.
Mikhail lançou de seu martelo Destruidor de Tempestades
um poderoso raio luminoso, forte como a luz do sol alto,
em direção ao drider que havia sido o porta-voz, cegando-o.
A criatura somente não caiu por conta de uma magia que
agia sobre si, fazendo- levitar. O terceiro drow-aranha
decidiu recolher os dois casulos nos braços e começou
a caminhar para um buraco na parede da caverna, em busca
de abrigo. Bingo e Limiekki atiraram-lhe flechas, mas
não acertaram o alvo.
Magnus estava de prontidão
no convés. Estava longe dos alvos e, como sua espada não
podia alcançar seus inimigos, esperava uma maior aproximação
da nau voadora. Ouviu um ruído vindo do alto e, por puro
reflexo, desviou de algo que atingiu o piso de madeira:
um grande jato de teia pegajosa. Mikhail e Limiekki também
foram alvejados de forma semelhante e conseguiram também
escapar. Agora olhavam para cima, com armas nas mãos,
procurando o inimigo oculto nas trevas.
Arthos, que estava na proa,
manejava a balista. Atirou a grande seta e conseguiu atingir
o drider cego, cujo último vestígio de vida foi retirado
por um relâmpago que partiu, em seguida, das mãos de Storm.
O monstro então caiu sem vida, para a escuridão abaixo
dele.
Pularam do alto da caverna
para o convés duas aranhas gigantes. Lutavam contra elas
agora Magnus, Limiekki, Bingo e Mikhail. Os dois aracnídeos,
do tamanho de cavalos, atiraram, mais uma vez, grossos
jatos de teias, que envolveram e imobilizaram o mateiro
da Comitiva. Limiekki agora estava em um casulo e tentava
inutilmente se libertar.
Danicus lançou mão de uma
magia que paralisou o drider, que carregava os casulos
fluorescentes embaixo dos braços. Após isto, Kariel resolveu
agir, usando um plano. O mago teleportou-se à frente da
aberração, tocou nos dois casulos e em seguida novamente
teleportou-se com eles, surgindo na sala de comando da
nau. Deixou os dois no chão da cabine, sob o olhar curioso
do piloto Arnilan, e subiu as escadas para retornar ao
combate. No convés, Magnus, aliado a Arthos, derrotou
uma das aranhas. Concentravam-se na restante, quando seus
outros companheiros, livres dos driders, voltaram-se para
ajudá-los. Outro jato de teia foi disparado da escuridão
acima da nau. Desta vez, Mikhail foi atingido. Storm então
virou-se para o alto, na provável direção do atacante
oculto nas trevas e liberou uma poderosa energia: o Fogo
Prateado de Mystra. O raio de energia mística iluminou
a caverna e explodiu em uma aranha gigante acima da nau.
Ferido, o monstro perdeu o equilíbrio e caiu no convés.
Agora, todos os membros da Comitiva lutavam contra as
duas criaturas (a exceção do grimlock Iskapoft. Ele dormiu
tão pesadamente que ninguém conseguiu despertá-lo para
o combate). Magnus castigou duramente a aranha contra
qual lutava, enviando e retirando várias vezes a lâmina
de Hadryllis do abdômen do inimigo. Porém a Bingo coube
o golpe final. O pequeno atirou uma flecha na cabeça do
aracnídeo, que caiu, pondo as pernas para o ar. A outra
aranha, já bastante castigada pela dádiva de Storm, foi
abatida por Klerf. O combate havia cessado.
Os heróis trataram então
de livrar Limiekki e Mikhail das teias que os envolviam.
Cuidadosamente usaram as lâminas e após alguns minutos,
os dois estavam novamente de pé.
"Pela Dama da Floresta!
Ficar preso assim é horrível! Agora sei como os insetos
se sentem", exclamou Limiekki, retirando parte da teia
de seus cabelos.
"Os casulos! Vamos libertar
aquele dois seres!", lembrou, urgente, Bingo.
Os heróis desceram até
a cabine de comando e circularam os dois casulos, que
tinham o tamanho de um corpo de um hobbit. Kariel usou
sua lâmina élfica para abrir o primeiro deles. Viu uma
figura humanóide feminina, com um rosto redondo e simpático.
Tinha orelhas pontudas e pequeninas antenas despontavam
dos cabelos cheios e negros, mas a pele... A pele emitia
uma luz esverdeada que iluminou a sala. O ser vestia um
traje em couro e havia uma bolsa e uma espada curta com
ele. À medida que a teia era retirada, podia se verificar
que possuía asas, como as de uma mariposa. O outro casulo
foi aberto em seguida e nele outro ser similiar ao primeiro,
porém seu fenótipo era masculino. Estavam desacordados,
porém a pequena mulher abriu os olhos e olhou em volta.
Imediatamente bateu as asas e rápido, começou a voar abraçar
todos os presentes!
"Heróis! Heróis! Muito
obrigado!"
O outro também acordou
e começou a fazer a voar pela sala e fazer a mesma coisa
que a sua companheira.
"Êeee! Nos salvaram dos
driders! Obrigado!".
"Calma! Calma!", pediu
sem jeito Mikhail! "Quem são vocês?".
"Eu sou Lino e esta é Lina!",
apresentou o pequeno, usando língua comum.
"Vocês falam o idioma comum?
São irmãos!?", perguntou Limiekki.
"Falamos um monte de línguas.
Gostamos de viajar!", respondeu Lina. "E nós somos amigos,
não somos parentes!"
"Que tipo de ser é você?
E o que eram aqueles drows metade aranha?", quis saber
Magnus.
"Nós somos chamados de
muitos nomes, mas preferimos luminosos! E aqueles monstros
lá eram driders... são drows amaldiçoados!".
"Lina!", exclamou o luminoso
para a amiga. "Achamos os heróis que estávamos procurando!".
"Êba!!! Tem razão! Heróis...
ajudem a gente!", disse a moça com asas de mariposa.
"Hummm... não sei porque
acho que não vou gostar disto!", resmungou Limiekki.
"Ora... Se somos heróis,
ajudaremos sim!", disse Arthos, pomposo.
"Não sejamos precipitados,
Arthos!", interrompeu Storm. "Temos uma missão e infelizmente
não podemos interrompê-la para ajudá-los. Temos que chegar
ao nosso destino o mais rápido possível", disse a líder
Harpista.
"Se nos ajudarem, podemos
guiá-los. Conhecemos muito destas cavernas e podemos levá-los
mais rápido aonde querem chegar!", disse Lino.
"Qual é o problema de vocês?",
perguntou Mikhail.
"Em uma caverna, perto
de um dos nossos acampamentos, se instalou um ser que
nos faz estranhas exigências!", disse Lino
"É... estamos cheios dele!
Queremos que vocês, heróis, vão lá e expulsem ele!", completou
Lina.
"E que ser é este?", perguntou
Mikhail.
"É um gigante! Um fortão!
Maior do que vocês!".
"Não podemos ir a uma batalha
agora! Perderíamos muito tempo! Temos que ir a T´lindeth
e ela fica a mais de mil quilômetros daqui! Lamento!",
falou Storm.
T´lindeth? A cidade drow?",
perguntou Lino.
"Sim! Vocês a conhecem?",
quis saber Danicus. "Nunca entramos nela, mas sabemos
como chegar até lá. Se forem por onde estão indo agora,
antes dela vocês encontrarão Fraaszummdin, uma cidade
dos duergares! Se nos ajudarem, nos podemos mostrar um
portal que existe a alguns quilômetros daqui e vocês sairiam
bem perto de T´lindeth!"
"Isso nos ajudaria duplamente.
Evitaríamos os duergares e chegaríamos rapidamente!",
ponderou a Barda do Vale das Sombras. "Está bem! Conte-nos
mais sobre este gigante!"
"Ele veio até a caverna
e começou pedindo comida. Disse que se não déssemos ele
iria destruir o posto da Guilda dos Aventureiros. Depois
pediu ouro e depois gemas! Como ele não para de pedir,
a Guilda nos mandou procurar ajuda. Se conseguirmos expulsar
o gigante seremos oficialmente aceitos como aventureiros
da Guilda!", disse Lino.
"Ele é feio e forte! É
tão alto quanto quatro de vocês, um em cima do outro.
Segura uma clava! É assustador!", falou Lina, fazendo
uma careta de medo.
"E então, Comitiva? O que
acham?", perguntou Storm.
"Eles parecem sinceros,
Storm!", disse Kariel. "Pelo menos, isto é o que aparenta
os pensamentos deles!"
"Vamos lá! Vamos ajudar
estes pequenos!", disse Arthos para os colegas, que concordaram,
ainda que receosos.
O Despertar
A nau viajou por mais uma hora, aproximadamente. Os luminosos,
voando a frente da embarcação, guiavam Arnilan. Em um
dado momento, os dois pediram para que descessem.
"Chegamos. A caverna do gigante
fica logo ali!", apontou Lina.
"Ficarei aqui com Arnilan, Iskapoft,
Klerf e Danicus", disse Storm. "Não corram riscos desnecessários.
Lembrem-se de nossa missão maior!"
"Não se preocupe! Daremos um
jeito!", comentou Arthos.
Kariel, Limiekki, Arthos, Magnus
e Bingo desceram a rampa de madeira que ligava a nau ao
solo pedregoso. Iam à frente os dois luminosos. Dois de
andarem um pouco mais do que dez minutos, avistaram a
boca de uma caverna. Perto dela havia um gongo feito de
cobre.
"Para quê é aquele gongo?", perguntou
Bingo.
"É para chamar o gigante para
entregar as coisas! Agora que vocês estão aqui ele vai
ver! ", respondeu Lino voando na direção do prato.
"Ei!!! Não!! Não façam isto",
pediu inutilmente Mikhail, quando s dois bateram com força
o gongo, fazendo ecoar um grande barulho.
A Comitiva se ocultou atrás de
uma grande rocha e observou. Um enorme humanóide surgiu.
Parecia ter cerca de sete metros. Ao avistar os dois luminosos,
disse:
"Onde está meu ouro? Onde está
minha comida?"
"Você não irá mais nos ameaçar!
Nós trouxemos os heróis!", bradou Lino.
"È sim! Eles vão derrubar você!',
completou Lina.
"E onde estão estes heróis?",
perguntou o gigante .
"Estão ali, atrás daquelas pedras!",
apontou Lina. "Venham, heróis! Venham acabar com este
gigante!"
Os aventureiros se entreolharam
diante da inconveniente atitude dos dois novos companheiros.
Arthos deu de ombros e saiu do esconderijo, seguido dos
demais, com suas armas de prontidão. Kariel, porém, desconfiou.
O mago concentrou-se no gigante e descobriu uma aura mágica
da Escola da Ilusão.
"Este gigante é uma mera ilusão,
meus amigos!", falou para os outros. "Mas vou a frente
investigar quem está por trás dela!", disse o elfo, que
tocou no seu elmo mágico e desapareceu, rumando caverna
adentro.
Quando os aventureiros se aproximaram
de Lino e Lina e do gigante, estavam tranqüilos. Suas
armas estavam abaixadas.
"Ei?! Não vão lutar?", perguntou
Lino. "Não acredito que estão com medo!", reclamou Lina.
"Este gigante não existe. È só
uma imagem! Veja!".
Limiekki retirou o arco das costas
e disparou duas setas. Os projéteis passaram através do
corpo do gigante. Momentos depois, a imagem desapareceu.
"Uai! Quem nos pregou esta peça!?",
perguntou Lino.
"Vamos saber logo. Aposto que
quem fez isto está nesta caverna!", disse Bingo.
Alguns momentos depois retornou
Kariel. O mago estava visível novamente.
"Ouvi passos leves em direção
ao fundo da caverna. Quando desativei minha invisibilidade,
notei que a lâmina de minha espada brilhava.", disse o
elfo.
"Goblinóides!", concluiu Arthos,
que já conhecia as propriedades da lâmina élfica do amigo.
"Ótimo! Nunca mais tinha enfrentado
orcs! Estava sentindo falta", comentou Limiekki.
"Então vamos até a caverna!",
proclamou Magnus, paladino de Helm.
A Comitiva foi caverna adentro,
auxiliada pela luz da espada de Kariel, uma tocha levada
por Limiekki, e pela própria luminosidade esverdeada que
emanava dos irrequietos Lino e Lina. A caverna se estreitava
até se transformar em um corredor, que terminava em uma
parede, estranhamente regular. Nela havia um buraco feito
por um desabamento. Kariel jogou um pouco de luz. Parecia
haver um salão.
" Bem... vamos lá", disse Bingo,
que entrou primeiro, seguido dos colegas.
Estavam em uma grande e empoeirada
sala. Não era um espaço natural, mas um local regular,
trabalhado por mãos hábeis. O espaço era decorado com
tapeçarias emboloradas e quadros estragados, cujas imagens
podiam ainda ser vistas com alguma dificuldade. No chão,
algumas arcas e rochas de algum desabamento antigo. Uma
delas estava despedaçada. Porém algo chamou mais a atenção
dos heróis: existiam três sarcófagos transparentes feitos
de cristal e neles três pessoas em pé, que pareciam vivas,
porém imóveis. Era um homem, de cabelos longos e brancos,
em um robe vermelho de mago, uma mulher de cabelos negros
e capa e vestidos brancos e um robusto e barbudo guerreiro
em armadura. A frente deles, em uma pequena mesa, repousava
um martelo dourado.
"Por Helm! O que é isto?", espantou-se
Magnus.
"Não sei, mas não é por isto
que estamos aqui. A espada de Kariel ainda brilha!", disse
Mikhail.
"Tem razão! Vamos procurar nosso
inimigo!", completou Limiekki.
Andaram vagarosamente até um canto escuro da sala. Viram
então a figura de um outro gigante, menor do que o que
viram anteriormente, acompanhado de um pequeno goblin,
que, além de suas rústicas roupas de couro, usava uma
luva branca, cravejadas com algumas jóias, maior do que
o tamanho de sua mão.
" Alto! Se chegarem mais perto,
mando o gigante atacar vocês!", disse o monstrinho amarelado,
usando a língua comum.
"Isso é uma ilusão!", disse Arthos,
aproximando-se.
" Olha lá! Vou mandar ele te
bater!", ameaçou o goblin.
Limiekki disparou mais uma vez
uma flecha, que passou através do gigante ilusório.
"Não me matem! Não me matem!",
disse o goblin, ficando de joelhos, aos pés de Arthos,
enquanto a ilusão desaparecia. "Desculpem o transtorno...
estou indo embora. Podem ficar a vontade...".
"Epa... pode ficar aí bem quietinho!",
chegou-se Limiekki, retirando a luva branca e entregando
a Kariel, e depois amarrando o goblin.
"Onde achou isto?", perguntou
Kariel, examinando a luva e percebendo magia agindo sobre
ela.
"Naquela arca quebrada! Achei
este lugar depois de um desabamento".
"Vai ficar aí até que decidamos
o que fazer com você!", falou Magnus.
A atenção de Comitiva agora voltou-se para os esquifes
de cristal, que eram olhados com curiosidade por Lino
e Lina. Os aventureiros largaram o goblin imobilizado
e aproximaram-se dos três em estase. Próximo a eles, quadros
revelavam batalhas contra dragões vermelhos, phaerimns
e drows. Em todas as figuras, apareciam os três misteriosos,
lutando bravamente.
"Parecem que são heróis do passado!",
comentou Limiekki.
"Não devemos nos apressar!",
disse Mikhail. "Existem algumas inscrições abaixo deles,
mas não conheço a língua".
"Usarei o colar dos imaskaris!",
disse Kariel.
O mago então leu as inscrições e anunciou.
" Devem ser os nomes deles. O mago chama-se Anonn, a mulher
Aurel e o guerreiro Marzuk"
"Não sinto o mal em nenhum lugar
desta sala!", anunciou o paladino.
"Não devemos libertá-los?", perguntou
Bingo para Kariel.
"Acho que esta decisão deve ser
compartilhada com os outros!", colocou o mago, prudente.
"Vou buscar Storm!', disse Limiekki,
retirando-se.
Pouco depois, os luminosos se aproximavam do martelo dourado
com curiosidade. Antes que Lino pusesse as mãos nele,
Mikhail o fez.
"Vou guardar este martelo para evitar que..."
De repente, a voz do clérigo de Mystra sumiu e seus olhos
ficaram imóveis e vidrados. O elfo de cabelos longos e
dourados simplesmente tomou o martelo e arremessou contra
o esquife a sua frente, onde jazia o mago de robe vermelho
e dourado. O cristal espatifou-se e o som preencheu a
caverna. O coração dos aventureiros bateu forte.
"Mikhail!! O que você fez?", bradou Kariel.
"N-não sei...o martelo...ele
me dominou..."
O homem, liberto de seu sono, deslocou-se lentamente.
Olhou rapidamente para os aventureiros a sua frente, mas
concentrou-se nos irmãos ainda presos. Retirou da cintura
uma espada e em dois golpes rápidos, quebrou os outros
esquifes. Os três agora se moviam, depois de milênios.
Annon deu um passo à frente e olhou para os heróis.
"Quanto tempo... quanto tempo se passou? Quem são vocês?",
perguntou, em uma língua estranha, somente compreendida
por Kariel, que ainda usava o colar.
"Acho que a nossa pergunta é
a mesma! E pelo estado desta sala, parece que estão aqui
há séculos!", disse o elfo. "Se disserem quem são e de
onde vêm, talvez possamos ajudá-los!".
"Meu nome é Annon e estes são
meus irmãos Aurel e Marzuk. Viemos de uma nação chamada
Netheril. Agradeço por nos libertarem. Talvez possam nos
servir como guias neste novo mundo. Podemos recompensá-los
com ouro ou com poder. Falarei na sua língua. Qual é o
seu nome, elfo?"
"Chamo-me Kariel Elkandor. Acredito
que, no momento, não seja possível guiá-los... mas de
que época de Netheril vieram? Porque estavam nestes sarcófagos
de cristal?".
"Minha nação enfrentava uma ameaça
de seres chamados phaerimns, que devoravam a magia e estavam
levando nossa civilização ao caos. Nos colocamos neste
estado para sobreviver a esta crise e recolher os seus
espólios."
"Então devem ter ouvido falar
de Karsus!"
"Sim! Karsus é um grande prodígio.
Talvez o maior mago já gerado por este mundo."
"Saiba que Karsus, conjurando
uma magia poderosa, destruiu Netheril. Foi um genocídio.
Isto há mais de três mil anos!"
Os três se olharam em silêncio. Depois, Annon continuou.
"Os arquimagos eram arrogantes e competitivos. Um dia
algo assim iria acontecer, mais cedo ou mais tarde. Mas
todos que me importam estão aqui! Se os arquimagos se
foram, então não existem mais tantos seres poderosos para
nos preocupar".
"Não diria isto. Ainda hoje existem
personalidades de grande poder nos Reinos!", completou
Arthos.
"Então seus Reinos acabam de
ganhar mais três delas!", disse, sorrindo. "Elfo, esta
luva que segura é minha. São saqueadores?"
"Não!", disse Kariel, devolvendo-a
a Annon. "Aquele goblin a encontrou e estava usando as
propriedades mágicas para obter algumas vantagens".
"Obrigado. Se não desejam ser
nossos guias, devemos deixá-los agora! Temos um novo mundo
para explorar."
Annon então executou gestos e pronunciou palavras arcanas.
Um cavalo negro, de olhos vermelhos e que expirava fumaça,
surgiu no salão. A mulher de trajes brancos executou o
mesmo encanto.
"Peguem os nossos pertences. Vamos partir!".
Os três localizaram empoeirados alforjes e colocaram nas
montarias. Em seguida, abriram arcas e colocaram seus
conteúdos nas bolsas. A Comitiva olhava.
"Para onde vão? Como sairão daqui?", perguntou Mikhail.
"Encontraremos uma maneira!",
disse, lacônica, a mulher, enquanto terminava de arrumar
seus pertences.
Os nethereses recém despertos montaram nos cavalos de
aparência fantasmagórica e cavalgaram em direção a saída,
bem no momento em que chegavam Limiekki e Storm, que tiveram
que rapidamente se abaixar, para evitar serem atropelados
pelas montarias, que conseguiam cavalgar o ar.
"Por Minha Mãe!", exclamou a Barda do Vale das Sombras,
quando entrou na antiga sala. "Podem me explicar o que
ocorreu?".
"Libertamos por acidente três
figuras que dizem ser de Netheril, Storm! Dois parecem
magos,um homem chamado Annon e uma mulher de nome Aurel,
e um outro era um guerreiro chamado Marzuk!", sintetizou
Arthos.
"A culpa foi minha...eu quebrei
o cristal que prendia um deles!", disse Mikhail, em uma
voz carregada de pesar.
"Não, Mikhail! O martelo deve
estar imbuído de alguma magia que o impeliu a fazer isto!",
comentou Kariel. "E agora Storm? O que faremos?".
"Tentarei descobrir um pouco
sobre eles!", disse a Barda.
Junto a Limiekki, que segurava a tocha, começou a procurar
vestígios deixados pelo trio. Após minutos de busca, coletou
um fio de cabelo branco e comprido, um pente e uma taça
de metal enferrujada. A bela mulher colocou os objetos
sobre uma das arcas vazias e conjurou um demorado encanto.
Quarenta minutos depois, imagens invadiram sua mente.
Viu os três nethereses em uma batalha. A mulher em trajes
brancos conjurou um encanto desconhecido, que transformou
um de seus adversários em uma estátua de gelo. O mago
lançou de suas mãos um raio esverdeado, semelhante ao
insidioso efeito de desintegração mágica, que foi, porém,
neutralizado por um de seus inimigos. Já do guerreiro,
observou que aos seus pés jaziam alguns cadáveres. Assistiu
a batalha por alguns minutos e viram os três fugirem,
por fim, derrotados por outros de maior poder. As imagens
então foram desaparecendo, até que sua mente estivesse
limpa mais uma vez.
"Estes seres são poderosos, porém, em sua época, foram
subjugados. Espero que não sejam novos vilões a nos enfrentar",
desejou.
"Pelo que ouvi do mago, acho
que serão problemas. Ele é arrogante e frio. Parece que
tem sede de poder e geralmente sede de poder leva ao derramamento
de sangue! Mystra permita que eu esteja errado!".
"Infelizmente nada podemos fazer
agora. Temos nossa missão. Tentarei fazer contato com
Khelben para avisá-lo, mas devemos retornar a nau e prosseguir!",
disse a líder.
"E a gente!?", perguntou Lina.
"É... temos que lhes mostrar o portal. Ei! Podemos ir
com vocês como guias!", sugeriu Lino, aprovado com entusiasmo
por Lina.
"Depois do que fizeram, chamando
a atenção do "gigante"? Por sorte era uma ilusão! Imagine
se tivermos que passar por isto contra um inimigo real?
Acho bom vocês voltarem para sua Guilda de Aventureiros
e nós seguirmos o nosso caminho!", colocou Mikhail.
"M...mas nós podemos detectar
outros portais! Passarão de um lugar para outro rapidinho
e evitarão muita encrenca com monstros!", disse Lina.
"Humm... aí a coisa muda de figura!
Não quero passar anos nestas cavernas!", disse Arthos.
"Vocês realmente podem fazer
isto? E nossa missão pode ser perigosa, pequenos. É bom
que saibam!", disse Storm.
"Podemos sim. Todo nosso povo
pode sentir os portais que existem por aqui. Conhecemos
muitos deles! Já viajamos muito pelo Subterrâneo!", disse
Lina.
"E somos aventureiros! Não tememos
o perigo!", disse Lino.
"Eles são o perigo!", sussurrou
Limiekki para o amigo Magnus."Não estou gostando nada
disso!"
"Está bem!", concordou Storm.
"Se puderem tornar nossa viagem mais breve, podem vir
conosco. Mas devem evitar qualquer risco!"
"Que chato!", protestou Lina.
"Mas está bem!"
"È... também concordo! Vai ser
divertido!", sorriu Lino.
"E quanto a ele!?", Limiekki
apontou o goblin imobilizado.
"Quando a Guilda vier procurar
o gigante vai encontrá-lo e expulsá-lo das redondezas!",
disse Lino. "
"Pode deixar ele aí!", confirmou
Lina.
"Então vamos retornar a nau!
Nos mostrem o portal que nos leva para T´lindeth!", disse
Storm, voltando-se para a saída, sendo seguida dos outros.
Minutos depois, embarcaram novamente na nau voadora. Arnilan
fez o barco mágico de linhas parecidas com a de um peixe,
decolar e rumar novamente pela imensa garganta rochosa.
Lino e Lina, no convés, indicaram um local, no meio do
ar, em uma parte do túnel. Storm ordenou e o piloto élfico
cumpriu o comando. A nau passou pelo portal invisível,
desaparecendo completamente, indo rumo a um novo capítulo
da missão.
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