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  Pelo Auxílio de Cormyr Descrita por Ricardo Costa.Baseada no jogo mestrado por Ivan Lira.
 
 Personagens principais da aventura:
 Os 
              Humanos: Magnus de Helm; Sirius Lusbel; Sigel O'Blound (Limiekli), 
              Sir Galtan de Águas Profundas. Os Elfos: Mikhail Velian; 
              Kariel Elkandor. O Halfling: Bingo Playamundo. Participação 
              Especial:  Coronal Eltagrim Irithyl, Laeral Mão Argêntea, 
              Ájax Felonte, Windolfin Braço de Clangeddin Barba 
              de Prata e a Regente Alusair Obarskyr.
 
  Pelo Auxílio de Cormyr 
 Conversas à Mesa
 
      Os 
              heróis acordaram na cidade de gigantes de Celestia. Dormiram em 
              uma daquelas grandes casas, em quartos e camas igualmente enormes. 
              Ainda cedo, foram chamados por um serviçal do rei. Era-lhes oferecido 
              um desjejum. Arrumaram-se e foram até a sala de jantar. Infelizmente, 
              devido ao tamanho dos móveis, não puderam sentar-se com os gigantes. 
              Porém, com as desculpas dos anfitriões, comeram no chão, sentados 
              em bancos feitos com toras de madeira, em volta de uma mesa improvisada. 
              A ceia matinal era farta de carne, legumes cozidos e frutas, algumas 
              conhecidas e outras enormes e estranhas. Conversaram e o assunto 
              era o mesmo que os afligiam nas últimas semanas: a ameaça dos phaerimns.
 "Fui contactado magicamente 
              por Khelben.", disse o Coronal Eltargrim. "Ele nos pediu 
              que tentássemos novas alianças, já que os dragões 
              concordaram em somente combaterem os seus pares hostis."
 "Iremos então para 
              outros reinos?", perguntou o cavaleiro Galtan de Águas 
              Profundas.
 "Sim. É o que Khelben 
              e Laeral estão planejando. Haverá uma missão 
              para pedir o auxílio de Cormyr."
 "Cormyr?", interferiu 
              Kariel, "Mas o reino está abalado. Estão combatendo 
              Vorik Aris em seu próprio território. Duvido que tenham 
              condições de nos mandar algum contingente."
 "Temos poucas alternativas, 
              Kariel.", respondeu o Coronal. "Temos que tentar."
 "Pode parecer tolice, mas 
              alguém cogitou uma aliança com os Magos Vermelhos 
              de Thay? Prefiro que estejam do nosso lado, do que contra nós."
 "Mikhail... dificilmente 
              os Magos Vermelhos se aliariam a seres que querem destruir a magia. 
              Ela também faz parte de seu modo de vida. E uma aliança 
              entre nós e os thayanos seria espúria. Acredito que 
              os Harpistas não aprovariam tal coisa.", disse Kariel.
 "Não esteja tão 
              certo. Os Magos Vermelhos estão sendo cogitados, porém 
              somente em último caso. Devo-lhes informar também 
              que temos um artefato poderoso que pode atrair todos os phaerimns 
              para um local, um campo de batalha ainda não escolhido, mas 
              que deverá estar nas Terras Centrais, o que facilitará 
              o deslocamento dos nossos exércitos. Uma outra coisa: não 
              comentem o que viram nas cavernas. Aquelas informações 
              sobre magia podem atrair seres poderosos e isto poderia destruir 
              este lugar."
 "Mas, Coronal Eltargrim... 
              acredito que Khelben deveria saber disto. Ele é nosso aliado, 
              um arquimago e Escolhido da Deusa da Magia. Gostaria de contar-lhe 
              o que aprendemos."
 "Peço-lhe para que 
              deixe para outro momento, Kariel, pois isto pode desconcentrá-lo 
              de nossas prioridades. Vamos terminar nossa refeição 
              e voltar para Evereska."
 
 Os aventureiros terminaram de 
              comer. Mesmo Bingo, cujo repasto poderia rivalizar ao de um dos 
              moradores locais, estava satisfeito. Eltargrim, em seguida, foi 
              até o palácio e em nome da Comitiva agradeceu ao rei 
              Brion. Os aventureiros, antes de partirem, também encontraram 
              Kratus e deixaram seus agradecimentos por sua ajuda e coragem. Despedidas 
              feitas, Eltargrim conjurou um portal mágico, por onde passaram, 
              e assim deixaram Celestia.
 Preparativos 
              para uma Nova Missão       O 
              portal os levou até bem próximo da tenda de guerra 
              do Coronal Eltargrim, armada no grande acampamento dos humanos de 
              Águas Profundas. Era lá que aconteciam freqüentes 
              reuniões entre os líderes da campanha. Não 
              demoraram a entrar. Queriam procurar logo por notícias. Ao 
              penetrar na tenda, encontraram Khelben e sua esposa Laeral. Foi 
              esta que ao vê-los, pôs-se a falar.
 "Que bom que chegaram! 
              A Comitiva estaria disposta a me acompanhar á Cormyr? Soube 
              que possuem ótimas relações com a Regente Alusair. 
              Isto facilitaria as negociações."
 Olharam-se e Kariel respondeu pelo grupo.
 "Sim. Iremos."
 "Quanto a mim, desejo ir, 
              mas deverei consultar meu superior, o Comandante Brian, antes de 
              tomar uma decisão.", colocou Galtan.
 "Acredito que ele não 
              irá se opor. No momento não há nada para um 
              cavaleiro fazer aqui.", afirmou Laeral. "Partiremos em 
              uma hora. Façam os preparativos que julgarem necessários 
              neste tempo."
 
 Eltargrim ficou com Khelben 
              e Laeral e a Comitiva deixou a tenda e se dividiu. Compraram mantimentos, 
              corda e alguns objetos de viagem. Já Kariel foi até 
              o Parlamento Élfico, onde visitou seu amigo Arthos Fogo Negro, 
              que se encontrava preso e lhe informou sobre os acontecimentos da 
              campanha sobre os phaerimns. Intencionalmente deixou de fora da 
              conversa, a missão dada à Comitiva pela deusa Mystra, 
              de escolher uma divindade para receber o poder encerrado na Orbe 
              de Orgor e sobre as descobertas nas cavernas das Montanhas da Espada. 
              Mikhail visitou mais uma vez seus parentes e seu cavalo Burgos e 
              foi até Galaeron. Encontrou o nobre evereskano cabisbaixo, 
              como sintoma da culpa que sentia pela situação em 
              que sua terra se encontrava. O clérigo de Mystra disse-lhe 
              algumas palavras de esperança e, como Kariel, narrou assuntos 
              sobre a batalha contra o inimigo.
 
 Terminado os preparativos, a 
              Comitiva se encontrou próximo à tenda de guerra, com 
              bagagem e montarias prontas. Alguns estavam curiosos com a viagem 
              a Cormyr, reino outrora famoso por sua organização 
              e ordem.
 
 "Brian me autorizou a partir. 
              Sempre quis conhecer Cormyr.", disse o Cavaleiro Galtan.
 "Eu também. Dizem 
              que é uma terra muito bonita.", completou Limiekli.
 "Sim... era. Vivi lá 
              durante a minha infância.", revelou Sirius. "Mas 
              isto foi bem antes dela ser invadida."
 "Sua família ainda 
              vive por lá?", perguntou Limiekli.
 "Meus pais estão 
              mortos. Soube que tenho alguns parentes ainda vivos, mas não 
              sei onde eles estão."
 "Espero que os deuses os 
              tenham protegido, Sirius, pois a situação em que este 
              reino se encontra é das mais graves.", colocou Kariel.
 "Amigos... por falar em 
              deuses, não sei o que fazer para esconder de Storm a demanda 
              que nos foi confiada por Mystra. Ela já me perguntou umas 
              três vezes sobre a espada que o deus Helm me presenteou e 
              não sou de mentir...", disse Magnus, um tanto incomodado.
 "Vamos contar logo! Porque 
              ficarmos com esta preocupação só para nós!"
 "Não é bem 
              assim Limiekli... isto é um assunto da Comitiva."
 "Isto envolve não 
              só a Comitiva, Mikhail.", colocou Kariel. "Está 
              em jogo um equilíbrio de poder que pode afetar Faerûn. 
              Acho que devemos contar o que está acontecendo. Quanto a 
              Storm, ela é minha superior na organização 
              dos Harpistas. Não me sinto bem em esconder dela informações 
              importantes com esta. Acho que não haveria prejuízo 
              se contarmos."
 "Não sei não... 
              acho que devemos deixar as coisas como estão!", opinou 
              Sirius.
 "Como não temos 
              consenso sobre isto, acho justo deixarmos ao seu encargo, Magnus, 
              decidir o que achar melhor.", concluiu Mikhail.
 "Certo. Encerremos assim 
              este assunto.", disse Kariel, vendo que se aproximava do grupo 
              Galtan, que não sabia nada sobre esta história. "Se 
              bem que Storm pode até mesmo ter nos ouvido. Havia esquecido, 
              mas ela, como eu, possui o dom de ouvir as próximas palavras 
              da pessoa que pronuncia o seu nome. Se estava com este poder ativado, 
              com certeza já sabe..."
 "Por Helm! Também 
              havia esquecido disto!", espantou-se o paladino. "Mesmo 
              assim, já sei o que fazer."
 "Fazer o quê?", 
              perguntou Galtan, chegando e ouvindo as últimas palavras 
              de Magnus.
 "Nada... somente estávamos 
              aconselhando Magnus a não carregar muita bagagem", despistou 
              Limiekli. "E você, cavaleiro? Irá conosco?"
 "Sim. O Comandante Brian 
              me liberou para esta missão."
 
 Neste momento, Laeral deixou 
              a tenda. Perguntou se os aventureiros estavam prontos para partida 
              e com a resposta afirmativa, começou a conjurar um portal. 
              Magia executada, um a um começaram a entrar na fenda ovalada 
              aberta no espaço e a desaparecer das terras de Evereska.
 O 
              Acampamento à Margem da Guerra       Deixaram 
              o portal em uma floresta, próxima a um acampamento. A flâmula 
              cormyriana tremulava no alto das tendas e uma grande agitação 
              tomava conta do lugar. Dragões Púrpuras, como eram 
              conhecidos os soldados de elite de Cormyr, com rapidez recebiam 
              suas espadas de escudeiros e montavam em seus corcéis. Outros 
              testavam a tensão da corda de seus arcos. Um ou dois magos 
              de guerra podiam ser vistos ao longe.
 "Onde estamos?", quis 
              saber Sirius.
 "Na Floresta do Rei. Abri 
              um portal que nos levasse para perto de Alusair.", respondeu 
              Laeral.
 
 A Floresta do Rei, outrora bela 
              e imaculada, tinha agora grandes clareiras e regiões incineradas. 
              A Comitiva entristeceu-se com tal constatação e lamentou 
              pelo que poderia ter acontecido com o restante da nação 
              de Cormyr. Andaram em direção ao acampamento e foram 
              observados com curiosidade pelos soldados. Kariel foi até 
              um deles.
 
 "Perdoe-me, mas procuramos 
              a Regente. Poderia nos mostrar onde ela se encontra?"
 "Naquela barraca maior.", 
              disse apontando. "E quem são vocês?"
 "Esta é a Comitiva 
              da Fé e Lady Laeral Mão Argêntea. Eu sou Sir 
              Galtan de Águas Profundas.", apresentou o cavaleiro.
 O soldado olhou para Galtan 
              e reconheceu o brasão da Cidade dos Esplendores gravado no 
              peito de sua armadura. Perguntou-lhe então, ansioso.
 "Por Tyr. Águas 
              Profundas nos enviará ajuda?"
 "Bem... lamento, mas o 
              exército de Águas Profundas não poderá 
              ajudar.", respondeu o cavaleiro embaraçado.
 "Que seja, então. 
              Advirto que será difícil conseguir permissão 
              para falar com a Regente por agora."
 "O que há?", 
              quis saber Limiekli.
 "Iremos iniciar um combate 
              com as forças de Vorik e ela deve estar reunida com os comandantes."
 "Por favor, solicite a 
              alguém que nos anuncie. Ela lembrará da Comitiva e 
              nos receberá.", pediu Mikhail ao guerreiro cormyriano.
 "Está bem. Pedirei 
              a Ájax que fale a regente sobre a presença de vocês."
 "Ájax!", exclamaram 
              em uma só voz Magnus e Kariel, que conheciam o herói.
 "Por favor, nos leve a 
              ele. Nós o conhecemos e já lutamos ao seu lado.", 
              insistiu Magnus.
 "Certo. Mas somente um 
              de vocês entrará na tenda, por medida de segurança."
 
 O homem então guiou a 
              Comitiva e seus aliados até a grande tenda, cuja entrada 
              era guardada por dois Dragões Púrpuras. O grupo ficou 
              a espera, enquanto Kariel ofereceu-se para ter com o herói 
              de Cormyr. Então, o soldado conversou com os sentinelas, 
              e lhe deu passagem. Dentro da tenda havia uma ante-sala e nela um 
              homem vigoroso vestia sua armadura.
 
 "Ájax?"
 "Kariel?", virou-se 
              o guerreiro na direção do recém-chegado. "É 
              bom vê-lo, apesar das circunstâncias. Então a 
              Comitiva resolveu unir-se a Cormyr na guerra contra Aris?"
 "Infelizmente estamos aqui 
              por outro motivo, Ájax.", disse o mago elfo de cabelos 
              azuis.       "Existe uma grande 
              ameaça ao leste e precisamos falar sobre ela com a Regente 
              Alusair."
 "O que seria tão 
              importante a ponto de merecer a atenção da Regente 
              em uma hora tão imprópria?"
 "Um grande perigo, adormecido 
              há muito tempo, foi lançado sobre Faerûn e temos 
              que impedi-lo antes que possa destruir nosso mundo."
 "Kariel... espero que não 
              seja nada relacionado com a Orbe, nem com o deus Bane!", disse 
              o guerreiro, lembrando dos momentos terríveis que enfrentara 
              com a Comitiva em uma de suas aventuras mais difíceis.
 "Não. É contra 
              outro perigo que lutamos."
 "Ainda bem. Levarei você 
              à Regente, mas advirto que ela anda muito preocupada por 
              conta dos acontecimentos recentes. Não sei se ela ajudará."
 "Peço que leve meus 
              companheiros e que permita que a Senhora Laeral de Águas 
              Profundas conduza a conversação. Ela lidera esta missão."
 "Certo.", Ájax 
              virou em direção da porta e gritou: "Sentinelas, 
              deixem a Comitiva da Fé entrar!"
 
 Os aventureiros então 
              penetraram na tenda. Ájax conhecia, além de Kariel, 
              somente Magnus e Mikhail, o último por avistá-lo vez 
              ou outra em Cormyr em épocas passadas, na companhia do falecido 
              mago Terrapin Treeworm. Os outros rostos lhes eram desconhecidos. 
              Feitas as devidas apresentações, o herói apresentou 
              uma proposição.
 
 "Meus caros da Comitiva, 
              prometo levá-los à regente, pois conheço a 
              índole e a coragem que os move, porém faço 
              uma proposta... estaremos dentro de poucos instantes no campo de 
              batalha, lutando contra um grande estrategista de Aris chamado Gilfein 
              Windgard. Gostaria de pedir que nos ajudassem nesta batalha. Depois, 
              sei que terão toda a atenção que a Regente 
              puder oferecer."
 
 Os aventureiros entreolharam-se. 
              Deram um sorriso contido e sacaram e ergueram suas espadas em resposta 
              a Ájax. Há muito gostariam de combater as forças 
              do cruel Aris e esta era uma boa oportunidade de auxiliar, mesmo 
              que durante uma única batalha, aquele reino que já 
              foi sinônimo de justiça e do qual alguns deles tinham 
              boas lembranças.
 
 "Ótimo, amigos. 
              Sabia que poderia contar com vocês! Acompanhem-me e escolham 
              suas posições. Vamos à vitória!"
 A 
              Batalha       Estavam 
              as forças cormyrianas reunidas em uma colina. Alinhados, 
              podiam observar o inimigo, poucas centenas de metros à frente, 
              também se organizando em fileiras para o ataque. Naqueles 
              tempos, combates honrados aconteciam com os exércitos frente-a-frente, 
              preparados, sem escaramuças ou emboscadas. Aquela batalha 
              obedecia às regras da guerra. No meio do caminho entre os 
              dois exércitos, estavam conversando em seus cavalos, os generais 
              de cada um dos lados. Tentavam dissuadir um ao outro da batalha, 
              mas como a convicção de ambos era forte, deram as 
              costas um para o outro e retornaram para seus comandados. O combate 
              estava prestes a se iniciar.
 A Comitiva da Fé e seus 
              aliados estavam separados, cada um na divisão que julgava 
              mais afeita a sua habilidade em combate. Ájax e Magnus foram 
              participar da infantaria, Galtan estava na cavalaria, Sirius, Limiekli 
              e Bingo com os arqueiros, e Kariel junto aos magos de guerra.
 
 Trombetas foram tocadas. Logo 
              uma chuva de setas foi disparada pelos arqueiros do general Gilfein, 
              que naquela batalha estava ausente, porém liderando seu exército 
              estava seu braço direito, Ervag Amron, um discípulo 
              de Talos, deus das tormentas infernais. Os soldados cormyrianos 
              levantaram seus escudos, mas alguns deles já experimentaram 
              os primeiros ferimentos. Depois, Cormyr revidou. Mais duas saraivadas 
              de flechas foram trocadas, até que a infantaria dos dois 
              lados avançou, para chocarem-se metal contra metal. Junto 
              com o inimigo, havia dois exemplares de um curioso engenho de guerra: 
              uma espécie de parede de madeira, apoiada em rodas e empurrada 
              por soldados. Nestas 'paredes' existiam seteiras, de onde disparavam 
              arqueiros protegidos.
 
 A violência do combate 
              se fez total quando os soldados se misturaram. De um lado, os homens 
              de Cormyr, e de outro orcs, orogs e humanos rivais. Os golpes rápidos 
              tingiam o chão de vermelho e no ambiente da floresta do rei, 
              batidas metálicas se mesclavam aos gritos de dor dos combatentes. 
              Valoroso mais uma vez mostrou-se o herói Ájax de Cormyr, 
              desviando dos golpes inimigos e decapitando adversários com 
              precisão. Magnus, pelo lado da Comitiva, combatia corpo-a-corpo. 
              Galtan, montado e com uma lança, empalava os soldados invasores, 
              tentando seguir adiante. Bingo, Limiekli e Sirius, prosseguiam disparando 
              flechas. Este último teve a idéia de, com tiras do 
              manto embebidas no óleo de sua lanterna, criar projéteis 
              incendiários, os quais disparava em direção 
              dos engenhos de guerra. Mikhail, clérigo que era, não 
              ficou impassível vendo tantos feridos, e pôs-se, junto 
              a outros clérigos de Cormyr, a curar aqueles que caiam, com 
              suas orações. Kariel, que estava mais recuado, invocou 
              uma esfera em chamas que surgiu e partiu de suas mãos, vindo 
              a explodir nas fileiras inimigas, próximo à cavalaria, 
              que, neste momento, iniciava seu avanço em auxílio 
              à infantaria.
 
 Das janelas seteiras da parede 
              móvel empurrada pelos soldados de Vorik Aris, partiam a toda 
              hora cargas de flechas, que causavam grandes estragos no exército 
              cormyriano. A ameaça chamou a atenção de Mikhail 
              que, como Sirius, pensou em investir contra aquelas armas. Enquanto 
              as flechas incendiárias do amigo começavam a fazer 
              efeito na madeira de um daqueles carros, o clérigo lançou 
              um encantamento divino e com seu poder trouxe de outro plano de 
              existência ao campo de batalha um elemental do fogo, um ser 
              feito de chamas, que podia controlar. Ordenou a criatura que abraçasse 
              o outro engenho de madeira e assim ela fez. Rapidamente o carro 
              pegou fogo e os soldados que o empurravam, bem como os arqueiros 
              em seu interior, o abandonaram. Após cumprir esta missão, 
              o elemental desapareceu, voltando para o mundo do qual fora invocado.
 
 Kariel, que estava nas últimas 
              fileiras do exército de Cormyr, pôde enxergar com sua 
              privilegiada visão élfica, alguns homens também 
              ao fundo do exército inimigo. Não usavam armaduras, 
              o que fez o elfo concluir que deveria tratar-se de magos ou clérigos. 
              Antes que estes começassem a fazer estragos com seus feitiços 
              e encantos, decidiu criar uma surpresa. Conjurou uma magia e teleportou-se 
              para trás das fileiras inimigas. Assim que surgiu, lançou 
              outra bola de fogo mágica sobre o grupo de homens que havia 
              visto. A surpresa o favoreceu e os feiticeiros caíram mortos 
              e alguns feridos. Porém o mago havia sido avistado e partiam 
              contra ele agora cinco cavaleiros de espadas em punho. Apesar de 
              Kariel ter derrotado o grupo de magos, havia outro em um ponto mais 
              distante e eles lançaram seu ataque mágico e uma explosão 
              de fogo abriu-se entre os soldados de Cormyr.
 
 Depois de alguns minutos de 
              batalha, a situação se configurou com os dois exércitos 
              com pesadas baixas. O campo estava cheio de corpos e os dois engenhos 
              de guerra dos inimigos ardiam em chamas. Entre os aventureiros, 
              Galtan fora o que mais sofrera. O cavaleiro matou vários 
              orcs e alguns orogs que se abateram sobre ele, mas levara tantos 
              golpes que, se não fosse o auxílio de um clérigo 
              de Tyr que estava próximo a ele, estaria conhecendo o além 
              vida. Magnus, o paladino, levou muitos inimigos ao encontro de seus 
              deuses e também foi ferido, mas nada que fosse realmente 
              sério. Limiekli também havia se saído bem. 
              Sirius e Bingo, pouco sofreram, já que escolheram combater 
              a distância, com seus arcos, mas ainda assim, tinham que livrar-se, 
              vez em quando, de alguns soldados usando a lâmina de suas 
              espadas. Mikhail preferiu usar o restante de suas forças 
              para pedir encantos de cura à Deusa da Magia e assim fechar 
              as feridas dos soldados caídos. Kariel conjurou um cavalo 
              negro e com aspecto fantasmagórico e com ele cavalgou pelos 
              céus, livrando-se de seus perseguidores e disparando flechas 
              do alto. Então a bandeira negra de Nova Gondyr, nome pelo 
              qual o conquistador Vorik Aris batizou as terras usurpadas da Coroa 
              Cormyriana, fora retirada do campo de guerra, marcando o fim da 
              batalha e a derrota dos invasores na luta de hoje. Era hora dos 
              dois lados recolherem seus corpos e neste momento, não houve 
              hostilidades por nenhum dos exércitos.
 A 
              Condição de Alusair       A 
              Comitiva da Fé e Galtan reuniram-se. Receberam bênçãos 
              de cura de Mikhail e de alguns clérigos cormyrianos e em 
              seguida alguns foram descansar em uma tenda oferecida a eles. Não 
              encontraram Laeral que, no papel de negociadora de alianças, 
              parecia ter resolvido não se envolver no embate. Mikhail 
              e Kariel permaneceram cuidando dos feridos, quando viram Ájax 
              passar por eles. O imponente guerreiro havia mais uma vez se destacado. 
              Kariel então comentou com o companheiro."Mikhail... já viu 
              um mortal filho de um deus?"
 "Não, Kariel. Porque 
              esta pergunta?"
 "Hoje você irá 
              ampliar seu repertório de histórias. Saiba que Ájax 
              é filho da deusa Tymora!"
 "Você deve estar 
              brincando!"
 "Não sou tão 
              brincalhão. Isto é característica de Arthos, 
              não minha.", disse em um leve sorriso.
 "Impressionante!", 
              exclamou Mikhail, prestando mais atenção ao herói 
              cormyriano que se afastava. "Estando com esta Comitiva cada 
              dia vejo coisas mais incríveis."
 "E perigosas também!", 
              disse Kariel , pontuando a afirmação do amigo.
 
 O dia escureceu, a noite caiu 
              sobre Cormyr e os heróis descansaram. Na manhã seguinte, 
              chegam à porta de sua tenda duas figuras: um era Ájax 
              e o outro era um anão familiar para alguns.
 
 "Wildolfin Braço 
              de Clangeddin Barba de Prata!", disse Magnus o nome pomposo 
              do antigo companheiro de viagem da Comitiva, na aventura da Orbe.
 "Kariel! Magnus! Onde estão 
              os outros da Comitiva? Estão cheios de caras novas... Quem 
              é este baixote aqui?", disse apontando para Bingo.
 "Ei... baixote não! 
              Sou Bingo Playamundo seu anão barbudo e fedorento!", 
              disse esbravejando.
 "Hahaha! Gostei dele.", 
              disse o anão. "Tem fibra!"
 "Amigos... a Regente pode 
              vê-los agora. Peço-lhes que me acompanhem!", falou 
              Ájax.
 
 E então, depois de arrumarem-se, 
              foram os aventureiros seguindo o herói. Chegaram a tenda 
              da Regente, a maior do acampamento. Passaram por uma ante-sala e 
              por fim por uma porta de tecido que levava a um salão. Nele, 
              sentada em um trono, estava Alusair Obarskyr. Em tempos passados, 
              principalmente durante a Guerra contra a Horda, ela expressava em 
              sua face o gosto pelas batalhas. Porém, como agora lhe caia 
              a responsabilidade da sobrevivência de um reino seu abatimento 
              era percebido por alguns. Ao seu lado, Laeral Mão Argêntea. 
              A Regente não parecia a mesma mulher forte e impetuosa de 
              quando cruzou com a Comitiva, tempos atrás. O peso da guerra 
              e as perdas para seu povo tornaram seu semblante sério e 
              um tanto triste. A Comitiva fez uma reverência. Quando chegaram, 
              Lady Laeral pediu permissão para iniciar o assunto que viera 
              tratar em nome de Evereska.
 
 "Agora que meus companheiros 
              de viagem chegaram, Alteza, inicio a explicação do 
              problema com o qual nos deparamos. Começou há muitos 
              séculos, quando a magia permitiu que os arcanos visitassem 
              outros mundos. Nesta época, inadvertidamente, criaturas de 
              um outro plano escaparam para Faerûn. Eram os phaerimns, seres 
              terríveis, capazes de consumir vidas e magia. Os magos de 
              Netheril não conseguiram destruí-los, mas os aprisionaram, 
              graças ao sacrifício de outros seres, conhecidos como 
              Sharns que, com sua energia, criaram uma barreira mística. 
              Entretanto, nos dias de hoje, a Barreira Sharn foi rompida e os 
              phaerimns libertados de sua prisão milenar. Estamos aqui, 
              em nome de Evereska, para pedir o auxílio de Cormyr contra 
              estes monstros."
 "Como Cormyr poderá 
              ajudar a combater estes phaerimns, se nem os arcanos de Netheril 
              conseguiram eliminá-los?", perguntou Alusair.
 "Khelben Arusun, arquimago 
              de Águas Profundas, conseguiu um artefato, que reunirá 
              os phaerimns em um único campo de batalha, que será 
              magicamente lacrado. Eles não poderão fugir e nem 
              usar a habilidade de devorar magias. Este momento será a 
              nossa única chance de destruir estas criaturas definitivamente. 
              Porém tememos que o exército de Evereska não 
              seja suficiente para sustentar este combate."
 
 Alusair respirou fundo e falou 
              com pesar.
 
 "Senhora Laeral... nós 
              passamos nestes últimos dois anos por um grande problema 
              chamado Vorik Aris. Não posso retirar meu exército 
              daqui e deixar minha terra desguarnecida. Deverei recusar o seu 
              pedido, infelizmente."
 "Regente...", retrucou 
              Laeral. "Sabemos de sua situação e já 
              prevíamos isto, mas e se conseguirmos uma aliança 
              também com este Vorik? O assunto diz respeito a qualquer 
              um que vive sobre Faerûn, até mesmo de fosse de Thay 
              ou do Mar da Lua. Se não detivermos os phaerimns agora, temo 
              que nosso mundo se extinga em pouco tempo."
 
 A Princesa de Aço parou 
              por alguns segundos com uma das mãos sobre o queixo. Em seguida 
              declarou.
 
 "Não a conheço, 
              Senhora Laeral. Pedirei a opinião, se não se importar, 
              da Comitiva da Fé."
 "Sua Alteza, nós 
              atestamos as palavras da Senhora Laeral. O que ela diz é 
              a verdade. Estas criaturas puseram abaixo parte das muralhas de 
              Evereska.", disse Mikhail.
 "E quais serão as 
              chances dos meus soldados? Não os enviarei para a morte certa."
 "As criaturas são 
              difíceis de matar, mas as lâminas podem feri-los.", 
              disse Kariel.
 "Temos também, além 
              do exército de Evereska, tropas vindas de Águas Profundas.", 
              disse Galtan.
 "Bem... lamento por todas 
              estas questões, mas minha situação é 
              difícil e não posso contar com a minha conselheira 
              Caladnei, que está em Suzail neste momento. Concordo em enviar 
              um exército para auxiliá-los, mas somente se conseguirem 
              a cooperação de meu rival. Não sei qual é 
              o paradeiro de Vorik neste momento, mas sugiro que tentem confabular 
              com Gilfein, um de seus generais mais próximos. Ele está 
              na Floresta do Rei e almeja dominar este local."
 "Como podemos encontrá-lo?", 
              argüiu Magnus.
 "Posso enviar um mensageiro. 
              Gilfein segue as regras do combate. Mandarei o aviso de que vocês 
              o irão procurá-lo. Até lá, poderão 
              aguardar aqui no acampamento e serão tratados da melhor forma 
              que pudermos."
 "Agradecemos a ajuda.", 
              disse Laeral, em uma reverência de despedida, repetida pela 
              Comitiva.
 
 Os aventureiros então 
              deixaram os aposentos da Regente e voltaram a sua tenda. Estavam 
              ansiosos pela resposta do enviado de Alusair e impressionados com 
              a ironia: teriam que pedir ajuda ao general cujas forças 
              haviam acabado de combater. Aquele seria um longo dia.
 
  Esta 
              história é uma descrição em teor literário 
              dos resumos de aventuras jogadas pelo grupo Comitiva da Fé 
              em Salvador sob o sistema de RPG Advanced Dungeons & Dragons.
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