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Por Sabrina Lattanzi





Sojourn
(Dark Elf Trilogy Book III)

de R. A. Salvatore

Primeiro, devo pedir desculpas aos leitores das resenhas, pela infindável demora. Mas eu passei os últimos meses no Subterrâneo pesquisando mais a fundo o mundo dos drows e foi um pouco difícil voltar para a superfície... de qualquer maneira, aqui estou para continuar a terceira e última parte dessa maravilhosa trilogia.

Sojourn é o livro que tem como objetivo principal narrar o primeiro contato de Drizzt com a superfície até o momento no qual ele encontra seus grandes amigos: Bruenor e Catti-brie. Digo objetivo principal pois Salvatore certamente tinha como objetivo secundário fazer você, leitor, apaixonar-se por Drizzt definitivamente (isso se acaso você não estivesse convencido até então, já que essa trilogia foi lançada após a Trilogia do Vale do Vento Gélido, que explorou muito mais o Drizzt “herói”).

É comovente acompanhar o sofrimento de Drizzt para ser aceito, o modo como porta atrás de porta é batida em sua cara, o modo como acusações são injustamente atiradas sobre suas costas por ele ser um drow, a forma como as pessoas o tratam e o perseguem. A cada página virada torcemos para que Drizzt encontre Bruenor e Catti-brie de uma vez, para que ele não desista de seus objetivos, para que o sentimento de “não conseguir se encaixar” acabe. Mas embora esses momentos revoltantes sejam amenizados nos anos seguintes, mesmo em trilogias que narram momentos mais atuais de Drizzt, o drow será sempre vítima de um julgamento precipitado.

Talvez a genialidade de Salvatore esteja tão evidente nessa trilogia (e mais particularmente em Homeland e Sojourn) pois aqui o autor nos mostra um Drizzt real e palpável, bastante diferente do Drizzt “super-herói” dos livros que antecedem/sucedem a trilogia. Embora Drizzt jamais deixe de lado suas questões sentimentais, infelizmente nos outros livros ele deixa de ser humano (no sentido filosófico da palavra, claro!) e real para se concentrar nos feitos heróicos (e algumas vezes um pouco absurdos) para justificar o Drizzt Do’Urden-grande-herói-de-Forgotten-que-não-é-o-Elminster-e-não-faz-magias. É óbvio que Salvatore não poderia lançar 16 livros falando unicamente do conflito interno de Drizzt e de seus problemas de aceitação, mas toda vez que termino uma trilogia dele é inevitável pensar na Dark Elf Trilogy com saudades do tempo no qual Drizzt era apenas um drow tentando sobreviver na superfície...


“Para sobreviver, ele precisava se adaptar.”

Imaginem a seguinte situação: você passou décadas de sua vida vivendo no Subterrâneo, sob a proteção da escuridão e do clima imutável, sob as leis de uma sociedade caótica. De repente, você se encontra na superfície, onde as estações trazem calor e frio, onde você encontra raças com costumes desconhecidos, que falam uma língua completamente diferente da sua e que o odeiam simplesmente por você ser o que você é. Essa é a principal linha de pensamento da primeira parte do livro. A adaptação de um drow à superfície (pelo menos na segunda edição, quando ainda não se tinha o talento “adaptação à luz do sol – daylight adaptation” :P), torna-se uma tarefa árdua, por muitas vezes aparentemente impossível. Drizzt enfrentará o desafio de:

- Sobreviver ao sol;

“Ele queimava meus olhos e feria cada parte do meu corpo. Ele destruía meu Piwafwi* e botas, roubava a mágica da minha armadura e enfraquecia as cimitarras nas quais confiava.”

* Vestimenta especial dos drows.

- Sobreviver ao inverno;

“Mesmo com Guenhwyvar ao lado dele, aconchegada sob uma saliência baixa, Drizzt sentia a dor forte crescendo em suas extremidades. O amanhecer ainda estava a horas longe e Drizzt considerava seriamente se ele sobreviveria para ver o sol nascer (...). Ele flexionou os músculos e se moveu vigorosamente, tentando recuperar a circulação perdida (...)”;

- Ser aceito pelos humanos:

“Ele sorriu para Eleni e cruzou seus braços sobre o peito. “Drizzt”, ele corrigiu, apontando para o peito (...)
“Corra, Eleni!”, Connor Thistledowm gritou, balançando sua arma e a apontando para o drow. “É um elfo negro! Um drow! Corra para se salvar!”
De tudo o que Connor gritara, Drizzt apenas entendeu a palavra “drow”.
“Sou Drizzt Do’Urden (...) de Mirabar e além, agora vindo até os Dez Burgos.”
“Por quê?”, Cassius perguntou friamente, tentando pegá-lo com a guarda baixa.
Drizzt encolheu os ombros. “É preciso um motivo?”
“Para um elfo negro talvez (...)”
“Vá para a Floresta Solitária (...) ou para a Boa Campina (...)”
“E quando eles se recusarem a me deixar entrar? (...) Morrerei ao vento em uma planície deserta?”
“Eu não sei-“
“Mas eu sei”, Drizzt interrompeu. “Já joguei esse jogo muitas vezes. Quem receberá um drow, mesmo um que renegou seu povo e seus caminhos e que deseja nada mais além de paz?”;


- Comunicar-se:

“O que é você?”, o menino perguntou na língua comum humana.
Drizzt ergueu seus braços para os lados para indicar que ele não havia entendido. Por impulso, ele apontou para seu peito e disse, “Drizzt Do’Urden”. Ele percebeu que o menino se movera, dando um passo atrás do outro em segredo e então escorregando para o outro lado. Drizzt não estava surpreso (...) quando o garoto girou nos calcanhares e fugiu, gritando “Ajudem, é um drizzt!”;

- E enfrentar seus novos inimigos, a criatura Ulgulu, que precisa provar seu valor enfrentando inimigos para poder voltar ao seu plano; e o (detestável, cretino, ordinário – ok, desculpem as ofensas, mas quem tiver lido o livro concordará comigo em número, gênero e grau :) humano, Roddy McGristle, que se torna obcecado em derrotar Drizzt (até o final do livro) após ser “humilhado” pelo drow em batalha.

Enquanto esses problemas se acumulam, Drizzt, que nada mais queria além de se aproximar dos humanos, acaba erroneamente sendo acusado de assassinar a família de fazendeiros que observava, para entender um pouco os modos humanos. Esse feito, na verdade, fora realizado pela criatura Ulgulu, que deixou uma das cimitarras no lugar para que Drizzt fosse acusado. Felizmente, a querida Dove Garra de Falcão é chamada para averiguar a situação e não demora muito para descobrir que Drizzt não era o culpado por tudo: pelo contrário, ele acaba matando Ulgulu em nome dos humanos assassinados, conquistando uma admiradora e aliada. Mas, infelizmente, após o primeiro conflito do livro terminar, o humano Roddy McGristle não se dá por vencido...

Montolio e a fé de Drizzt em Mielikki

Sem dúvidas, a parte que segue o conflito inicial é a minha favorita. Drizzt encontra Montolio, um ranger cego e experiente que logo toma o drow como uma espécie de “aprendiz” (no melhor estilo dos filmes de lutas marciais :). É ele quem ajudará Drizzt a aprender a língua comum, é ele quem ensinará Drizzt a ser um ranger e a compreender o mundo à sua volta, e, mais importante, é ele quem apresentará Drizzt a Mielikki.

“Para Drizzt, esse foi um período divertido, um tempo de tranqüilidade e prazeres divididos (...) Drizzt aprendeu muitas outras coisas de Montolio durante aquelas primeiras semanas, lições práticas que o ajudariam por toda a sua vida. Montolio (...) até mesmo ensinou Drizzt a prever o tempo dia após dia ao observar os animais, o céu e o vento.”

“Quem é seu deus, drow?” (...)
“Não tenho deus (...) e não quero um (...) meu deus é meu coração”, Drizzt declarou, voltando as costas para ele.
“Assim como o meu.”
“Mas você chama seu deus de Mielikki”, protestou Drizzt (...)
“Você também conhece os caminhos de Mielikki tanto quanto eu. Você os têm seguido por toda a vida. Eu apenas ofereço um nome para isso, e um ideal de comportamento personificado, um exemplo que você deve seguir em tempos nos quais você se desvia do que é verdadeiro (...)”
Drizzt considerou as palavras por um longo tempo (...)
“Eu quero saber mais sobre... nossa... deusa”, Drizzt admitiu na noite seguinte.”


E com essa questão importante resolvida, Drizzt se torna uma pessoa mais forte e definitivamente mais segura. Mesmo quando Montolio falece adiante na história, Drizzt decide seguir os conselhos do ranger e partir em busca de seu lugar no mundo. Mas muitas portas seriam fechadas para ele... e ainda havia Roddy McGristle.

Novos amigos e a conclusão da história

Drizzt passa os anos seguintes caminhando pela região em busca de um lugar onde possa encontrar paz. De cidade em cidade, Drizzt vê suas chances de ser aceito esvaindo por seus dedos, e talvez tivesse suas esperanças perdidas se não fosse por uma jovem humana que parece não se importar com nada além de seu coração:

“Cê’ é um drow?”, Catti-brie perguntou (...)
“Sou”, Drizzt respondeu. “O que isso significa para você?”
“(...) Ouvi dizer que os drows são maus, mas ‘cê’ não parece (...) Eu sou Catti-brie, meu pai é Bruenor, do clã Martelo de Batalha (...)”
“Eu sou Drizzt Do’Urden (...) Prazer, Catti-brie, filha de Bruenor. É bom ter alguém com quem conversar (...)”
Drizzt e a garota passaram um dia maravilhoso juntos. Drizzt contou a Catti-brie sobre Mezoberranzan e Catti-brie respondeu às suas histórias com as do Vale do Vento Gélido, de sua vida com os anões.”


Exatamente no momento no qual Drizzt vê suas esperanças voltarem, aparece Roddy para tentar recuperar sua honra há muito perdida (desculpem por não postar nenhuma cena sobre o humano, mas ele realmente me revolta)... porém, felizmente, Bruenor Martelo de Batalha decide acreditar nas palavras da filha e também no próprio coração, dando uma chance para aquele drow misterioso e desconhecido. E assim, começa uma amizade que se estenderia por muitos e muitos livros:

“Você tirou o MsGristle do meu pé.”
Bruenor mal o ouviu, e certamente não teria admitido a boa ação, em caso algum. “Nunca confiei nos humanos”, ele disse. “Jamais sei o que estão aprontando, e quando descobrimos, é tarde para dar um jeito neles! Mas eu sempre tive minhas idéias sobre as pessoas. Um elfo é um elfo, e também assim é um gnomo. Os orcs são estúpidos e feios (...) Essas eram minhas idéias sobre os drows. Nunca encontrei um e jamais quis encontrar. Quem gostaria, eu pergunto? Drows são ruins, de coração perverso, assim me foi dito pelo meu pai e pelo pai do meu pai, e por todo mundo (...) agora eu tô mantendo um vagando pelo meu vale, e o que um rei pode fazer? (...) Mantenha seus olhos na minha garota”, Drizzt ouviu Bruenor resmungar (...) O resto desapareceu conforme Bruenor sumiu virando em uma curva.”


Assim aconteceram as primeiras aventuras de Drizzt Do’Urden na superfície. Para aqueles que desejam saber mais, a trilogia do Elfo Negro é seguida pela trilogia do Vale do Vento Gélido (traduzida pela Devir). Para conferir os “próximos capítulos”, é só acessar os romances. Boa leitura e até a próxima!


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