Muitos já devem ter lido as aventuras
da Comitiva da Fé em nossa seção
Histórias. Aqueles capítulos são
nossos estimados diários de campanha,
escritos com base em nossos jogos (quase) quinzenais.
Neles, buscamos impor um teor o mais literário
possível ao texto.
Acho tão importantes estes diários
que, por conta deles, tive a idéia de
criar a primeira versão do sítio
dos Últimos Dias de Glória (uma
página muito simples, bastante diferente
da que existe hoje). A intenção
era justamente abrigar as histórias do
esquecimento das nossas memórias e valorizar
os personagens, pois acreditava que os bons momentos
e diálogos que surgiam na mesa de jogo
deveriam ser, de alguma forma, preservados e
compartilhados. Eram, na época, simples
resumos, que evoluíram para tornarem-se
narrações.
Assim como o que acontece com os jogos da Comitiva
da Fé, certamente boas histórias
devem ocorrer em volta das tantas mesas de jogo
pelo Brasil e pelo mundo afora e seria excelente
se tivéssemos acesso às aventuras
de outros grupos, com as quais poderíamos
nos entreter e buscar referências para
nossos próprios jogos e personagens. Mas
escrever um diário de campanha não é tarefa
tão fácil e rápida. Exige
alguma determinação, paciência
e um pouco de habilidade com as palavras. Portanto,
gostaria de, neste pequeno artigo, colocar algumas
etapas do processo, freqüentemente realizado
por mim, de redação dos capítulos
das histórias da Comitiva da Fé que
são publicadas nas nossas atualizações.
Quem sabe não algo não possa servir
de referência para algum outro grupo, que
deseje compartilhar suas aventuras e desventuras?
1º: O Registro
O primeiro passo de um diário de campanha é o
registro dos acontecimentos do jogo. No início
(bem na época do surgimento da primeira
versão dos Últimos Dias de Glória),
adotava um caderno, aonde escrevia em frases
curtas e descritivas os principais momentos e
falas do jogo. Tal procedimento não era
muito eficiente, pois o ato de tomar notas tomava-me
parte do tempo do jogo, o que podia acarretar
em desatenção em alguns momentos
na partida, além de ocorrências
de relatos pouco precisos dos acontecimentos,
devido à pressa de escrever e às
descrições muito abreviadas. Para
resolver isto, recorri a um mini gravador, que
costumava usar nas entrevistas realizadas durante
a faculdade de Comunicação. O aparelho
reinou até a compra de um mp3 player,
que trouxe consigo algumas vantagens decisivas:
não era mais necessário trocar
o lado das fitas cassetes e a gravação
agora tinha o formato de arquivo de computador,
o que facilitou muito no momento de escrever
(conforme você poderá observar na
etapa 2). Gravado o jogo (não esqueça
de levar baterias extras), o nosso diário
passa para a etapa 2.
2º: A Pedra Bruta
Agora é transformar a gravação
em texto. Para produzir o texto das aventuras
da Comitiva, transfiro o arquivo de voz gravado
para meu computador e ouço o jogo novamente, à medida
que vou escrevendo. Como uma partida leva ao
menos 4 horas e meia, e acrescentando o tempo
de escrever e adaptar, verifica-se que certamente
esta é a parte mais demorada e cansativa
do processo. No meu caso, que reservo cerca de
uma hora por dia para a tarefa, demoro em torno
de uma semana para concluir esta etapa. Nesta
fase, deve-se exprimir o teor da aventura em
texto, porém com adaptações,
expandido as descrições presentes
no cenário narrado pelo Mestre, corrigindo
ou resumindo, no que for necessário, alguns
diálogos e colocando informações
ou conteúdos que sejam importantes para
caracterizar os personagens e fazer com que o
leitor acompanhe e compreenda a história.
O resultado é um texto, no nosso caso,
com cerca de 10 páginas, que apresenta
coesão, encadeamento lógico e entendimento.
Tendo este material, parte-se para a etapa 3.
3º: A Lapidação
Com o texto pré-pronto, vem a fase onde
se busca melhorar o que foi escrito. É a
parte que mais gosto. Através de uma (ou
duas) releitura(s), buscamos identificar erros
ortográficos, eliminação
de palavras com muitas repetições,
espaços excedentes, frases que pareçam
deslocadas de contexto ou que precisem ser alteradas,
descrições que necessitem de melhores
detalhes, palavras que podem ser substituídas
por outras com sentido mais próprio ou
menos comuns. Enfim, trata-se de aperfeiçoar
o estilo do texto, tornando-o mais rico e belo
possível. Quando se termina isto, pode-se
dizer que está quase pronto o capítulo.
Faltando apenas um detalhe: outra pessoa deve
ler o que está escrito, para perceber
o que, talvez, os olhos de quem escreveu tenham
deixado passar. No caso da Comitiva da Fé,
o amigo (e Mestre) Ivan faz este papel de revisor,
verificando o aspecto geral do texto e acrescentando
algo que julgue pertinente (afinal, ele mestra
o jogo!), retornando o texto para minha última
verificação. Leio mais uma vez
e, em seguida, envio-lhe a versão final,
que é transformada em página HTML
e colocada nas atualizações.
Pois este é o processo! Algo realmente
muito trabalhoso, mas que é recompensado
em saber que todos aqueles momentos de jogo foram
registrados e podem ser relembrados pelos membros
do grupo a qualquer momento, e pela satisfação
de recebermos o retorno de internautas lêem
e gostam das histórias da Comitiva que,
conforme alguns nos escrevem, lhes servem de
inspiração ou de leitura de entretenimento.

Sobre o Autor

Ricardo Costa
|
Ricardo Costa concebeu a primeira
versão dos Últimos Dias de Glória e, junto com o amigo Ivan Lira, construiu a versão
atual do site, durante um ano inteiro de trabalho.
Gosta de fantasia e RPG, assim como de História,
Cinema, de ler e escrever. Costuma escrever as
histórias da Comitiva da Fé baseadas
nos jogos e traduzir os artigos da seção
Conhecimento dos Reinos, além de outras
colaborações para o site. É formado
em Comunicação e possui algumas
habilidades como webdesigner. Atua como um dos
gerentes de uma agência bancária
em uma cidade de uma galáxia muito, muito
distante. . . . |