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Por Ricardo Costa

Os Últimos Dias de Glória - Contos

 

 

O bravo e audaz Sir Robin e as Pedras de Anaxander

22 de Hammer, 1371
Cidade de Águas Profundas
Taverna Portal Bocejante


     O inverno no Norte está sendo rigoroso. A noite da Cidade dos Esplendores está coberta de neve e seus habitantes se aquecem no fogo de suas lareiras, deixando as ruas da grande metrópole quase vazias. Até mesmo a taverna mais famosa da cidade encontra-se com poucos clientes. Durnan, dono da Portal Bocejante, hoje somente atende dois fregueses, viajantes do leste, sentados em uma mesa. A monotonia da noite fria é quebrada pela entrada de outros visitantes, um cavaleiro de longos bigodes negros, e uma barriga proeminente que denuncia seu gosto por cerveja e um pequeno goblinóide, que o acompanha. O homem entra falando.

     - Velho Durnan! O que tem para um nobre e corajoso cavaleiro beber numa noite gélida como esta?
      - Sir Robin! Basta mostrar-me este cavaleiro que o servirei um conhaque de minha adega com o maior prazer.
     - Muito engraçado, muito engraçado. - o cavaleiro se senta próximo ao balcão, olha a volta e vê os dois forasteiros bebendo em uma mesa próxima. - Quem são eles?
     - Não sei. Pelas roupas e sotaque, acho que vieram da Sembia. Devem ser mercadores. Aliás, o que não é novidade. Quase todos os sembianos são mercadores.
     - Sembia...Sim...lembro-me bem de um sembiano, o mago Kelta. Já contei-lhe que este mago e seus companheiros deram-me uma pequena ajuda para matar alguns dragões em um outro mundo, que visitei anos atrás?
     - Sim, Sir Robin...Você já contou isto pelo menos umas trezentas vezes. - Diz Durnan, fazendo uma cara aborrecida.
     - Mas é uma história empolgante. Merece ser contata novamente! - anima-se Sir Robin
     - Por Tyr! - resmunga Durnan.
     - Em uma batalha contra a bruxa Avereena, a maldita me pegou de surpresa e lançou um encanto. em mim e em Legri, meu escudeiro goblin, e fomos parar em um outro mundo, um deserto eterno que alguns chamavam de terra do "Sol Escuro". Passei uns cinco anos por lá, onde tornei-me um campeão dos combates em uma arena, lutando contra homens insetos e outras criaturas bizarras. Mas queria retornar para meu mundo e um dia encontrei estes aventureiros. Eles tinham um barco voador. Protegi aquele grupo contra as criaturas e perigos daquele lugar e os liderei. Em troca me trouxeram de volta até Águas Profundas. Foi inesquecível.
     - Eu também jamais esquecerei esta aventura. No dia em que eu esquecer, você me contará novamente. Conheci o mago Kelta e seus companheiros e não pareciam precisar de proteção...
     - Mas aqui em Faerum eles não precisam mesmo. Mas nos mundos além deste, até aqueles aventureiros precisaram de um guerreiro poderoso para combater e lidera-los e tive que fazer este papel. Não foi assim, Legri?

     O goblin, pequeno até mesmo para os padrões de suas espécie, concordou com a cabeça, enquanto saltava do chão para um banco no balcão. Um dos homens que estava sentado na mesa, levanta-se e aproxima-se de Durnan e de Sir Robin.

     - Peço desculpas por interromper a conversa de vocês, mas não pude deixar de ouvi-la. Sou Akabut e aquele sentado à mesa é meu irmão, Ikbar. Somos negociantes e realmente viemos da Sembia. Procuramos um guerreiro para nos auxiliar em uma missão. Foi chamado de Sir Robin. Pelas histórias que conta deve ser um guerreiro, um cavaleiro não!?
     - Sim, meu senhor! - Sir Robin curva-se em uma reverência exagerada - Sou Sir Robin de Wilhelm, filho de Sir Wilhelm, cavaleiro do Rei Athar, o paladino, e pai do Rei Piergeron. Já lutei muito em minha vida e muitos perigos enfrentei. Qual é a sua missão? Quer uma escolta? Quer saber o melhor lugar para se comprar armas?
     - Não, Sir Robin - explica o homem - Eu e meu irmão descobrimos a localização de um tesouro, em uma câmara subterrânea não muito longe daqui. Precisamos de alguém com experiência para entrar neste local e trazer para nós o que precisamos. Pagaremos, no caso de encontrar o tesouro, quinhentas peças de ouro.
     - E esta câmara? Não existe monstros, armadilhas ou coisas parecidas por lá, não é? É que com esta neve e este frio todo peguei uma gripe que pode deixar meus reflexos mais lentos e isso poderia me fazer vulnerável...teria que pensar melhor sobre o assunto.
     - Achamos que não há perigo. O local está abandonado há décadas. No entanto eu e meu irmão somos simples mercadores e temos receio em entrar em masmorras e coisas do gênero. Nunca fomos aventureiros. Certamente será algo rápido para você.
     - Sem monstros?! Que pena. Acho que mesmo não estando em minha força plena poderia destruir alguns vilões, mas se é assim... - Sir Robin desembainha sua espada longa e ergue ao alto - O dever mais uma vez me chama! Vamos Legri, seu goblin indolente, vamos pegar nossas provisões e mochilas! Temos trabalho! Nos encontramos aqui pela manhã?
     - Pela manhã está perfeito, Sir Robin! Dormiremos aqui esta noite. - diz Akabut.

     Sir Robin deixa a Portal Bocejante, junto com o goblin Legri. Logo após sua saída, Durnan chama Akabut.

     - O senhor tem certeza que Sir Robin é o homem certo para o serviço? Ele é uma pessoa boa e honesta, mas como guerreiro tenho cá minhas dúvidas. - fala o estalajadeiro.
     - Não se preocupe. Não há perigo para ele. Como disse, só não entramos nós mesmos na câmara pois somos comerciantes e não gostamos de nos meter em ruínas. Tenho certeza que será uma missão fácil. Será mais um resgate arqueológico do que uma aventura. Agora gostaríamos de um quarto para descansarmos.

     Durnan entrega uma chave ao sembiano, que sobe com seu irmão as escadas para os aposentos da Portal Bocejante. A noite fria passa, e o dia chega. Os irmãos sembianos já deixaram o seu quarto, comeram uma refeição e estão na frente da taverna, esperando por Sir Robin. Eles o vêem chegando com um cavalo, que parece muito cansado, carregado de objetos. Alguns caem de sacos lotados enquanto andam e Sir Robin os recolhe atrapalhadamente.

     - Akbut... - fala o mais jovem dos sembianos, um homem de cabelos negros e cavanhaque, que devia contar 30 anos - Tem certeza que fez a coisa correta? O homem é um tolo. Será que conseguirá obter as Pedras de Anaxander? Devia contratar um mercenário ou um verdadeiro guerreiro.
     - Ikbar... - responde o mais velho - Você é que está sendo um tolo. Conhece o poder das Pedras de Anaxander. Quem possuir as pedras poderá realizar um desejo por cada uma delas. Acha que um mercenário ou guerreiro com tamanho tesouro nas mãos sairia da câmara para nos entregar? No mínimo reivindicaria uma das pedras para si. E ainda que não conhecesse nada sobre elas, a magia está concentrada sobre belíssimas gemas, que aguçaria o desejo de qualquer um. O homem da estalagem disse que este cavaleiro é honesto e parece um parvo. Certamente se encontrar nos trará o tesouro intacto e seremos, meu irmão, os homens mais poderosos da Sembia, talvez até de Faerun.
     - Mas você não acha que o mago Anaxander deixou algo guardando as Pedras? Este "Sir Robin" pode perecer antes de trazê-las para nós.
     - Não sabemos se existem guardiões, provavelmente sim. Espero que ele consiga por as mãos nas pedras e nos entregar antes de qualquer problema acontecer, mas caso pereça, pelo menos vamos saber que tipo de desafio iremos enfrentar para obtê-las.

     Sir Robin aproxima-se dos dois irmãos.

     - Olá meus amigos. Trouxe meu cavalo, algumas armas e equipamentos de sobrevivência. Somente o básico para nos aventurarmos. - Após dizer isto, Sir Robin novamente abaixa para recolher uma colorida touca de dormir, que caiu da bagagem sobre o cavalo. Ikbar olha a quantidade de coisas sobre o pobre animal e volta-se para o cavaleiro.
     - Touca de dormir? Um barril de cerveja? Chama isto de equipamento básico?
     - Bem...a toca é para o frio que sinto nas orelhas quando durmo e a cerveja...er...bom...é para o caso de precisarmos fazer algum tipo de troca ou barganha. Será muito útil. Mas para onde vamos?
     - Apenas há umas cinco horas de viagem. - responde Akabut - Iremos pela estrada aos pés do monte Helimbar e chegaremos ao monte Sar. A câmara subterrânea do mago Anaxander fica próxima a uma parede rochosa.
     - Mago? - Sir Robin pergunta com a fisionomia preocupada.
     - Sim - responde Ikbar - Anaxander foi um poderoso mago, mas era um eremita recluso.
     - Mas já está morto há um século e não poderá nos incomodar - complementa o outro sembiano.
     - Ótimo! Então vamos pegar a estrada! Sir Robin monta seu cavalo com o seu escudeiro, o globin Legri. Os sembianos fazem o mesmo. Durante o início do percurso, Sir Robin se mantém alguns metros atrás dos cavalos dos mercadores, o que chama a atenção de Ikbar.
     - Sir Robin! - diz em voz alta - Não deveria ir na nossa frente na estrada, para verificar os perigos?
     - Esta tática está ultrapassada! - responde o barrigudo cavaleiro - O mais sensato é ficar aqui atrás para evitar que sejam pegos de surpresa!
Ikbar fala sussurrando para o irmão, enquanto cavalga.:- Além de idiota, é um medroso este homem!
     - Acalme-se, irmão! Em breve seremos as figuras mais poderosas dos reinos. Não devemos nos irritar a troco de nada.
     - Akabut - interfere Ikbar - Você tem certeza que as Pedras de Anaxander estão lá? E que funcionam?
     - O diário de Anaxander que encontramos com aquele ladrão em Baldur não deixa dúvidas. Os mapas e descrições são precisos. Pena para ele que não sabia ler e nos vendeu o segredo por 2 peças de cobre. O livro diz que Anaxander conseguiu fazer gemas de desejo muito especiais e perfeitas em seus efeitos. Cada uma realiza um desejo e depois converte-se em rocha. Pediremos para ser os homens mais ricos dos reinos, poderes arcanos e para liderarmos o maior exército de Faerum. Com isto conquistaremos os Reinos e nossos nomes serão lembrados para sempre, meu caro.
     - Que a deusa Waukeen o ouça, meu irmão - Ikbar dá um leve sorriso em sua face ambiciosa. O trio caminha já por horas. Passam pelo imponente monte Helimbar e chegam ao Sar, seguindo a estrada. O caminho foi tranqüilo, sem ladrões, ou perigos. Até mesmo o clima fora generoso neste dia, afastando a neve da noite anterior. Em um determinado trecho, Akabut folheia as páginas do diário e aponta um caminho entre as montanhas. Depois de uma hora entre as paredes rochosas do Sar, chegam a um pequeno pátio, onde uma árvore morta ergue ao alto seus galhos desnudos pelo frio, como se suplicasse aos céus por algo.

     - É aqui! - diz Akabut.
     - Mas não vejo nada - responde seu irmão.
     - Não há nada para ver agora, irmão. Mas observe! - Akabut aproxima-se da árvore e puxa um de seus galhos. No chão próximo abre-se um buraco.
     - Uma passagem secreta! - exclama Sir Robin!
     - Sim. Este era uma passagem de luz, no teto de uma sala subterrânea do mago. - explica Akabut, enquanto ajoelha-se na entrada e joga uma corda. - É por aqui que você ira descer!
     - Des-descer! Ma-mas não consigo ver nada aí embaixo! - exclama Sir Robin
     - Por isto trouxemos uma tocha !- Ikbar entrega a tocha para o cavaleiro, e a acende.
     - Procuramos três gemas vermelhas como rubis. - explica Akabut - São grandes, do tamanho de um punho. Assim que as encontrar volte e suba pela corda.Sir Robin olha para o buraco escuro, titubeando.
      - O que foi, Sir Robin! - comenta Ikbar - Está com medo?
     O cavaleiro estufa o peito e responde simulando firmeza.- Medo?! Ora vejo que realmente não conhecem à Sir Robin de Wilhelm, que matou dragões de outros mundos além dos deste.

     O cavaleiro dá a tocha para o goblin, que vai na frente, e os dois começam a descer a corda. A iluminação vai aos poucos revelando a sala. Estantes semi destruídas, livros, um caldeirão, muita poeira e teias de aranha. Quando desce completamente, Sir Robin vai percebendo os detalhes. Percebe atrás si uma antiga estátua de um grande demônio alado.

     - Ahhhh!!!! - grita o cavaleiro!
     - O que foi, Sir Robin ?- a voz de Akabut do alto pergunta.
     - Nada...não foi nada!. Gritei para testar o eco do local e assim saber suas dimensões. Não se preocupem. - responde, desconcertado

     A sala tem uma única porta e Sir Robin avança por ela, que está aberta.

     - Por Tyr, Legri! Esse lugar antigo e escuro me dá calafrios...
     - A mim também, messstre - responde o goblin com sua voz sibilante.

     O outro cômodo é um corredor, mais sombrio que a sala anterior. No outro lado há uma nova porta de madeira. As teias de aranhas são muitas e grossas e tem que ser rasgadas pela espada do cavaleiro

.     - Quantas teias! - exclama Sir Robin
     - Sssir Robin! Tem alguma coisa se mexendo aí no chão! O cavaleiro de Águas Profundas olha para o chão e vê dezenas de pequenas aranhas!
     - Malditas! Então foram vocês que fizeram estas teias! Morram! Sir Robin irá matá-las sem piedade!- As aranhas morrem ao ser pisoteadas pelas botas do cavaleiro, emitindo um nojento som. Repentinamente um outro ruído é ouvido, um chiado horripilante.
     - Pare com isto Legri! Não vê que aqui já é assustador o bastante!
     - Messtre...Olhe pra cima!Presa o teto, uma gigantesca aranha com quatro pares de olhos brilhantes e presas que gotejam um veneno esverdeado observa o intruso de seus domínios, prestes a atacar.
     - Ahhhh! Por Tyr! Socorro! Socorro! - Sir Robin e Legri saem correndo, tremendo e gritando em direção de um corredor a frente. A aranha salta do teto e lentamente os perseguer. Os dois fugitivos agora estão encurralados: no final do corredor, uma porta trancada impede a saída e o aracnídeo monstruoso aproxima-se para seu ataque mortal..
     - Abre droga! Abre logo! - O cavaleiro dá um pontapé e consegue arrombar a entrada, segundos antes da aranha alcançá-los.

     A nova sala é ampla. Houve um pequeno desabamento que encobriu a parede à direita. O cômodo é decorado com tapeçarias, armaduras e alguns baús. A frente, em um altar estão três grandes gemas vermelhas, que apesar da pouca luz do ambiente, brilham fulgurantemente, iluminando o local com uma irradiação avermelhada. Atrás do altar um imenso trono de pedra, provavelmente o local onde Anaxander sentava para admirar sua criação. Na parede esquerda um esqueleto sentado em uma cadeira, com uma espada no colo, parecia ser o sentinela do local.

     Apesar da descrição impressionar, a única coisa que Sir Robin queria notar mesmo era uma porta para fugir, mas não havia nenhuma. A aranha vinha em sua direção. Ficou parado por dois segundos em frente das gemas, pensando em levá-las. Tempo suficiente para ver que o esqueleto na cadeira levantara e que também vinha em sua direção. Desistiu de pegar as jóias e correu para se esconder atrás do trono.

     - Vou morrer! Vou morrer! Não tenho chance! Uma aranha gigante e um esqueleto armado!

     A aranha olha para o humano em fuga e cospe seu veneno ácido. Por sorte, o esqueleto que também perseguia Sir Robin inadvertidamente se coloca na frente dele e é atingido, começando imediatamente a derreter. O cavaleiro já escondeu-se atrás do trono de Anaxander e ora para todos os deuses que conhece, enquanto a aranha aproxima-se cada vez mais. O aracnídeo se encontra agora a poucos metros do trono e em seu caminho derruba o altar e as gemas. De súbito, ouvem-se vários zunidos e um chiado amedrontador. Sir Robin pensa que sua hora chegou, mas com o silêncio repentino que se faz, lentamente põe a cabeça além da proteção do trono para ver o que aconteceu. Vê a aranha, cravejada de flechas e lanças, morta, com as patas para cima. O monstro ativara um armadinha mortal.

     - Tyr, Tymora e Mistra! Obrigado! Sir Robin sai de seu abrigo e vê as magnificas jóias, espalhadas pelo chão. Com cuidado as apanha e as põe em um saco de pano.
- Vamos dar o fora deste lugar, Legri!

     O cavaleiro retorna para a sala onde entrara e dá um leve puxão na corda, para avisar aos irmãos sembianos que concluíra sua missão.

     - Sir Robin! - Exclama Ikbar! - Conseguiu as pedras?
     - Mas é claro que sim! Foi fácil! Só tive que matar uma aranha gigante e destruir um esqueleto. Agora deixem-me subir! Os mercadores espantam-se, mas sorriem felizes. Estão prestes a realizar o mais dourados dos seus sonhos de poder. Sir Robin sobe a corda a frente, seguido depois de Legri. O goblin, começa a dar puxões em sua calça.

     - Messtre! Messtre!
     - O que foi seu idiota! Não vê que estamos saindo deste lugar horrível. Não me atrapalhe! O goblin continua a puxar a calça do cavaleiro.- Messtre...sssai logo! - diz Legri, como se suplicasse. Sir Robin olha para baixo.
     - Seu imprestável! O que você... - O cavaleiro vê agora o motivo da pressa do seu companheiro. A estátua que vira quando entrou na câmara começa a se mover.

     Lá fora, os irmão sembianos vêm o seu contratado subir a corda, mais rápido que um raio. Sir Robin e Legri saem do buraco em um pulo e correm desesperadamente, deixando para trás os dois ambiciosos mercadores!
     - Volte aqui! Devolva as Pedras, seu maldito ladrão! - Grita Ikbar
     - Fujam! A estátua está viva! - grita Sir Robin, sem parar de correr. Depois do aviso, a entrada da câmara de Anaxander é alargada com violência pela figura de um gárgula de pedra, que ganha os céus, segurando uma enorme espada.
     - Por Waukeen! - exclama Akabut. Os irmãos sembianos param por um segundo, paralisados pela repentina visão. Logo após, sacam suas cimitarras e correm procurando um abrigo, mas não há mais tempo.. A criatura alada ganha altura e investe agora em um vôo rasante contra Ikbar. O mercador joga-se no chão e consegue se esquivar. Sir Robin, já devidamente abrigado no meio de algumas pedras observa ao longe a fuga dos irmãos.
     - Por Tyr. Gostaria que esta criatura desaparecesse. Logo agora que completei a missão. Seria meu grande sucesso. Até os bardos cantariam esta vitória!
De súbito o gárgula some. Os dois irmãos olham-se:
     - O que aconteceu, Akabut? - pergunta o mais jovem.
     - Não sei. O monstro desapareceu! Um zunido, uma rajada de vento e um rangido de pedras passam próximos dos irmãos. Ikbar grita e em um segundo sua cabeça é separada do corpo.
     - Maldição. A estátua ficou invisível! - Grita Akabut, enquanto olha para o que restou do irmão. O mercador corre e grita por Sir Robin!
     - As Pedras! São a única esperança! Sir Robin, apareça! Dê-me as Pedras de Anaxander! - brada o sembiano em fuga. Logo depois recebe um soco da criatura invisível e é arremessado contra uma parede do monte Sar.
Enquanto vê o desespero de Akabut, Sir Robin comenta com companheiro goblin:
     - Veja, Legri! A ambição cegou aquele homem. Está sendo perseguido por um demônio e tudo em que pensa são em algumas jóias. Gostaria ser um corajoso cavaleiro, como meu pai para ajudá-lo. Não um medroso que se esconde do perigo. - O cavaleiro, triste abaixa a cabeça e olha para sua espada. - e quem dera que ela fosse uma arma encantada, talvez assim teria uma chance de destruir este monstro. Após terminar sua frase, Sir Robin sente uma força emanando de seu corpo. Sua espada longa brilha uma luminosidade dourada e ele enche seu peito de ar e seus olhos de uma determinação inesperada. O seu sangue ferve e ele diz:
     - Não serei mais um covarde, Legri. Destruirei este monstro! - Sir Robin então salta de seu esconderijo, espada em punho, gritando - Criatura! Sir Robin está aqui. Venha morrer!

     O cavaleiro de Águas Profundas posiciona-se. Sente o vento deslocado pelo gárgula e , instintivamente desvia-se, aproveitando para golpear a criatura. O som da pedra sendo quebrada, anuncia o acerto da investida. A terra marcada e o barulho mostram que a criatura caiu. Logo em seguida, o ar deslocado pela asas do gárgula indicam que mais uma vez ele alçou vôo. Sir Robin agora movimenta-se e fica de costas para uma parede rochosa.

     - Venha demônio! Venha pegar-me! - grita

     Novamente o gárgula investe dos céu, em altíssima velocidade. O ruído de rochas rangendo, provocado pelo bater de suas asas de pedra vai aumentando. Sir Robin aguarda até que aquele barulho e a rajada de vento se aproxime ao máximo. Então com um movimento de suas pernas, dá um salto para o lado. Na parede de pedra, explode o gárgula em mil pedaços. O cavaleiro olha seu oponente destruído, mas nada vê. Volta-se agora para Akabut, que sofre uma estranha transformação. Seu corpo da cintura para baixo já está convertido em pedra e o restante começa a sofrer o mesmo destino. O toque do gárgula mostrou seu terrível efeito. Sir Robin aproxima-se do sembiano, que balbucia algo:
     - As Pedras. Dê-me as Pedras, seu inútil. ..
     - Sempre ouvi falar que os sembianos eram amantes do ouro e das jóias, mas você me      surpreende. Até neste estado preocupa-se com estas gemas! - comenta Sir Robin.
     - Cale-se e me dê as Pedras! Sir Robin entrega o saco de pano. Com os braços já experimentando a rigidez da petrificação, Akabut abre o saco com desespero e seu rosto se contrai com o que vê: no lugar das três gemas, estão apenas três pedras sem valor.
     -Você...maldito...u-usou o poder das...- antes que terminasse a frase, a petrificação se completa. Sir Robin não entendera o que aconteceu, nem o que o sembiano iria dizer. As jóias, brilhantes e verdadeiras, se converteram em rochas. Após um instante de silêncio, ele e seu goblin Legri enterram o corpo de Ikbar, enquanto seu irmão de pedra ficaria para sempre como testemunha daquela aventura. Depois subiram nos cavalos dos sembianos e puxaram a sua antiga montaria em direção à Águas Profundas.
     - Legri. Esta foi minha mais estranha aventura! - comenta o cavaleiro - E hoje sinto-me diferente. Com coragem e disposição para enfrentar perigos e as injustiças e honrar o título de cavaleiro, herdado de meu pai! Vamos, meu amarelado companheiro, existem muitas batalhas em Faerun para nós. Mas antes...é bom me exercitar e me livrar desta ridícula barriga e talvez deste bigode. O goblin sorri, escancarando os dentes pontiagudos. Os dois cavalgam, enquanto o sol lança seus raios, derretendo o resto de neve acumulada nas árvores do caminho...



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