
Por Ivan Lira
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Os
Últimos Dias de Glória - Contos
O Magiteco e a Fadinha
Antes
O garoto,
adorava brincar e pregar peças nos outros, ia a cidade apenas para
pegar papéis de avisos sobre criminosos sendo procurados, pois usava
o lado posterior do papel que se encontrava em branco para desenhar,
algo que gostava muito. Entretanto, sua inocência teve que
dar lugar a seriedade para enfrentar a vida, já que seus pais pereceram
cedo, doentes, tendo ficado apenas seus dois irmãos.
Uma certa menina, quando criança
sonhava em conhecer as criaturas do bosque, pulava entre os arbustos,
cheirava as flores, andava toda esfarrapada sem se importar com
nada, só com as brincadeiras. Desde pequena já conhecia seu
amor e aguardou pacientemente.
Kelta Westingale desconhecia,
mas a Bruxa Coral sabia o quão um era importante para o outro antes
mesmo de se conhecerem, graça dos deuses, que traçaram este destino
nas linhas da vastidão do Cosmo.
Hoje
Passaram-se alguns meses desde
a última corrida dos deuses, a busca pela Orbe de Ogor. Com
algum dinheiro que tinham, Kelta e Coral construíram um pequeno
templo em referência à Mystra, Deusa da Magia, e outrora amiga de
Kelta no Tempo das Perturbações. Coral e seu esposo decidiram
continuar a missão de um mentor em comum, Terrapin Treeworm, pois
sua filosofia consistia na paz, na ajuda para aqueles que precisam,
sem que um golpe de espada seja desferido. Treeworm era um grande
mago e um competente sacerdote de Mystra - usava seu conhecimento
invejável na arte da cura, tanto do corpo como da alma.
O templo possui um salão principal
dedicado a orações à deusa e no seu centro se localiza uma estátua
muito bem esculpida da senhora da magia. A imagem é muito detalhada,
podendo-se até perceber sentimento em sua face, fato que surpreendeu
muitos crentes na religião que foram acompanhar a inauguração da
capela. Alguns disseram que a deusa não se parecia com a escultura,
surgiram comentários "Mystra não tem essas coxas enormes! Isso é
um absurdo!". Ao ouvir isso, Coral de ondas douradas nos cabelos
teve que se segurar colocando a mão na boca para não soltar gargalhadas.
Kelta a acompanhou com um sorriso cínico. O ex-mago não poderia
explicar o motivo da aparência da imagem, pois revelar-se-ia que
realmente conheceu Mystra em pessoa, seria motivo de riso e o templo
seria desmoralizado. Mencionou apenas o nome de Adon, o Sumo
Sacerdote da deusa e os sacerdotes calaram-se, agradecendo o casal
pela construção da única casa de Mystra na cidade do Vale das Sombras,
embora existisse um santuário.
Os outros cômodos consistiam
em aposentos aos sacerdotes: Wondyr Landau, grande padre da deusa
mandado por Adon de Arabel; e três seguidores que residiam no Vale:
Melyan Flor do Amanhecer, Narthaniscan Rocha de Fogo e Berynda Hakersher.
Os três últimos são jovens, enquanto Wondyr, mais velho, representa
a autoridade máxima do templo. No segundo andar, fica uma
grande sala de estudos para a Arte, onde todo o equipamento foi
fornecido por Kelta. Wondyr faz uso dela para ensinar adequadamente
os jovens nos conhecimentos da Ondulação. E por fim, algumas
salas que se encontram no lado posterior do templo onde Kelta e
Coral usam para a cura dos necessitados, fechando feridas, sanando
doenças entre outras coisas.
Faltava pouco tempo para o pôr
do Sol. Um homem acompanhava o movimento nas ruas do Vale das Sombras
pela janela, pensativo, sentindo uma leve brisa que aumentava sua
serenidade. Mãos mais suaves que o próprio vento que ali soprava
percorreram por trás o corpo daquele homem. Começaram pelas costas
e terminaram no peito com um abraço acompanhado por um beijo nos
seus longos cabelos negros:
"O que se passa nesta cabecinha,
amor meu?", pronunciou Coral Cabelos de Ondas Douradas.
"Nada, eu só ... estava pensando
onde estão eles? Faz meses que sumiram.", respondeu Kelta.
Ele fica de frente para a doce
mulher e abraça-lhe a cintura, enquanto ela coloca suas mãos no
rosto do amado: "Não precisa se preocupar. Esqueceu que eles
são a Comitiva da Fé? Villayette conseguirá rever sua esposa
e será feliz com ela.". Animado ele pergunta "É mesmo? Você sonhou
com isso Fadinha?", ao que ela responde "Não, mas acredito nisso.
Vamos pra casa Magiteco, antes que anoiteça.".
"Magiteco?!", sorriu Kelta,
"Que história é essa?"
"Em Aglarond aquela Regine Cereja
me contou algumas coisas sobre você, que era meio parado pra vida."
diz Coral com um sorriso brincalhão.
"Ah é? Vou te mostrar o quanto
eu sou parado sua baixinha." E correu Kelta tentado alcançar
Coral como duas crianças que sempre foram.
O casal habita uma área do Vale
das Sombras conhecida por Bosque dos Druidas, uma floresta encantada
e protegida por Silvanus e Chauntea. A casa deles fica a uma
certa distância dos menires, estruturas antigas em forma de pilares
que existiam há muito tempo, antes até do que a ocupação drow e
a fundação do Vale das Sombras. É desconhecida sua origem
e seu propósito, no entanto os druidas, sob a liderança da arquidruida
Saja, realizam rituais freqüentes aos deuses da natureza no meio
dos menires, formando um círculo.
Numa torre pequena embora bem
larga vivem Coral e Kelta com sua família: os filhos Sofia e Solar;
os pais de Coral, Sol e Lua; e os criados Jansen, Leslie e Shaelie.
Sofia e Solar ainda são crianças, gostam muito de brincar
e se interessam bastante pela leitura e pela música, mas ambos adoram
implorar ao pai para contar suas aventuras por Faerûn e depois compartilhá-las
com os amigos que também residem no Bosque. Sol e Lua, pais
da Bruxa Coral, se mudaram para a casa deles devido aos conflitos
que ocorreram em Suzail, onde moravam. Sua antiga casa foi destruída
pelos goblinóides que invadiram Cormyr. Sol é um senhor bastante
humilde e gordinho, sempre gentil e atencioso com os netos. A
senhora Lua, apesar de ser realmente uma bruxa, é uma pessoa bastante
extrovertida e sábia com todos. Jansen é um senhor modesto
que cuida dos cavalos, Leslie é a cozinheira da casa e Shaelie se
encarrega de outros afazeres.
No lugar onde a pequena torre
se encontra assemelha-se a uma espécie de paraíso, como se estivesse
indefinidamente no Outono, já que folhas não param de cair das árvores
e acompanhar o movimento das brisas, árvores estas que nunca secam
ou deixam de apresentar abundância de cores e vida. Acham
alguns que isso se deve ao fato da floresta ser encantada ou pela
influência silvestre originada das fadas que permeiam todo o ambiente
com um perfume suave e sereno.
A noite já chegara há algum
tempo, Kelta e Coral estavam no seu quarto preparados para dormir,
porém antes de se aquecerem um no outro, ela menciona "Querido,
acho que teremos de adiantar a renovação dos votos de nosso casamento,
pois Iorek e Glenna pretendem em breve partir para o reino dos anões.",
lembrou Coral se referindo a viagem dos amigos à Grande Fenda. "Sim
meu amor, provavelmente teremos de fazer isso, mas me entristece
o fato de não ver os outros na cerimônia. Kariel é quase como
um irmão pra mim e Villayette é um grande amigo.", diz Kelta tristonho.
"Nós não sabemos quando irão voltar, quando assim o fizerem comemoraremos
o retorno.", termina a Fadinha deitando a cabeça no peito do amado.
Assim ambos entram em sono profundo.
*****
Pela
manhã, Kelta Westingale resolve visitar seu amigo Iorek, que vive
numa bela casa de madeira nos arredores do Vale das Sombras, ao
se aproximar avista Glenna pendurando roupas para secar.
"Olá Glenna! Como vai? Iorek
está por aí?"
"Olá Kelta, nós vamos muito
bem. Iorek está lá atrás cortando lenha. Onde está Coral?
Não veio com você?" , responde e pergunta Glenna limpando
o suor da testa com as costas da mão.
"Ela foi falar com Saja. Eu
vim convidar você e Iorek para a renovação de votos de meu casamento
com Coral, vocês desejam ir?", explica Westingale.
"Ora, mas é claro! Faz tempo
que eu e Iorek não participamos de eventos com muitas pessoas."
Kelta mais uma vez cumprimenta
Glenna e procura Iorek.
Iorek, grande como um urso,
parte furiosamente um pedaço de madeira enquanto Kelta o surpreende
dizendo:
"Homem, já vi você arrebentar
o crânio de um orc desta mesma maneira!"
"Kelta, mago de araque! Por
onde andou?", pergunta Iorek zombando.
"Sempre por aqui pelo Vale,
espero que visite o templo de Mystra." Iorek crava o machado no
chão e se desculpa "Droga! Eu sabia que tinha esquecido alguma coisa
quando passo na cidade para comprar mantimentos", porém Kelta insinua
"Para comprar mantimentos ou para visitar a taverna do Velho Crânio?
Ouvi dizer que você anda secando alguns barris por lá."
"Hã.. Err.. É, de vez em quando
eu tomo uma caneca ou duas, mas nada mais que isso!" Responde Iorek
envergonhado.
"Eu estava falando com Glenna...
vocês desejam comparecer na renovação de votos do meu casamento
com Coral?", mais uma vez explica Kelta.
"Casamento!? Mas você
já não é casado com ela? Pra quê isso?", questiona o ranger
ingenuamente.
"Não, rapaz! Eu vou renovar
o casamento, é só uma comemoração para celebrar o tempo que ficamos
juntos.", conclui Kelta.
"Eu vou é claro, mas ainda não
entendi.", continuou Iorek.
"Bom, apenas vá. Além do mais
vai ter muita comida de todos os tipos. Você não vai perder essa,
vai?", disse Kelta, chantageando o amigo.
"Comida! Vai ter todos os tipos
de carne com todos os tipos de molhos suculentos? Vai ter bolos
de chocolate, de amora e framboesa? Vai ter uma farofinha com peixe
frito da Sembia com dezenas de variedades de temperos bem apimentados?",
Iorek literalmente começou a babar.
"Isso é só o começo meu caro,
você vai experimentar o bolo de abóbora misturado com várias raízes
saborosas que eu mesmo irei fazer", respondeu Kelta.
"Hi! Esse bolo eu vou ter que
jogar junto com o peixe e outras carnes para não sentir o sabor.",
pensou Iorek.
"Mas mudando de assunto, você
realmente pretende partir para a Fenda? Pense bem... faz pouco tempo
que Glenna retornou dos mortos para sua vida. Não acha que será
melhor para ela viver entre os humanos? Pois, apesar dos anões serem
a melhor raça dos reinos, a cultura deles é diferente e talvez ela
não se sinta confortável.", prosseguiu Kelta.
"Sim Kelta, eu já tinha pensado
sobre isso, mas a dívida e a adoração que eu tenho por Moradin é
eterna. Porém digo de antemão que irei para a Fenda apenas
para aprender sobre Moradin, pretendo ser um sacerdote do deus dos
anões. Portanto é bem possível que eu volte, talvez para o
Vale das Sombras.", explicou Iorek.
"Então farei orações a Moradin
para que você retorne e presenteie esta cidade de aventureiros com
os desígnios do deus dos anões e assim possa forjar o caráter de
muitas pessoas." Disse Kelta se despedindo do amigo.
*****
Coral
se dirigia a um local muito especial, que ao se aproximar provoca
uma onda de recordações de alguns anos atrás quando chegou ao Vale
das Sombras com seu amado. Junto com sua amiga Ênia, Coral
fez parte do "Círculo", a organização druida responsável pelo Bosque.
Ela se tornou uma grande protetora da natureza e os elementos
que a regem.
Ela andava a cavalo calmamente
vislumbrando a magnífica morada dos druidas. Era uma pequena aldeia
composta por tocas que se mesclavam às arvores numa harmonia indescritível,
não era possível distinguir o que era rocha ou planta, fazendo com
que se pensasse que estavam vivas. As tocas se apresentavam como
extensões horizontaisdas grandes árvores que tem um cheiro tênue
de hortelã, eram constituídas de colunas as quais sustentavam os
telhados que pareciam mais folhas bastante espessas, mas na verdade
eram a própria casca da árvore. As paredes eram feitas
por uma madeira que aparentava o interior de uma colméia de abelhas
denotando uma bonita cor alaranjada. Ao invés de portas, o vão das
tocas era preenchido por linhas de tecido que juntas formavam uma
penugem colorida. Entre as estruturas haviam caminhos como ruas
de cascalhos, todos com cores variadas e redondinhos, por fora brotava
uma grama tão fofa quanto um travesseiro de um rei, e não é preciso
dizer que em todo o ambiente cresciam espetaculares flores de todas
as aparências e fragrâncias tornando o aroma do local tão agradável
que poderia anestesiar a mente de qualquer um.
Ao passar lentamente com o cavalo
Coral ia cumprimentando os druidas, que outrora foram seus colegas.
Não sabia ela mas alguns sussurravam "Foi essa mulher que negou
o título de arquidruida, por causa da família", outros comentavam
"Eu jamais abriria mão de uma dádiva dessas, a natureza deve ser
adorada em primeiro lugar e não os conceitos carnais", poucos concordavam
"Não me surpreende, ela não aprendeu o druidismo corretamente, ela
e Ênia não realizavam todos os ritos por causa de seus maridos",
e muitos discordavam "Isso tudo é bobagem, ela escolheu o caminho
que quis para sua felicidade, e fez isso com liberdade, que faz
parte da nossa filosofia". A Fadinha então chegou ao seu destino,
desceu do cavalo e adentrou uma toca de entrada púrpura. No
interior, o piso era uma esteira formada por folhas secas. Ela
andou um pouco e encontrou uma bonita mulher que orava a Silvanus,
seu olhar poderia encantar muitos homens, seu corpo era o de uma
deusa assim como seus longos cabelos negros. Ao terminar a
mulher pergunta "Coral! Como estás tu pequena? Pensei que tinhas
esquecido de mim?".
"De forma alguma Grande Sacerdotisa,
eu vim para vê-la e saber como está o Círculo." Responde a Fadinha.
"Grande Sacerdotisa não! Como
amiga tu deves me chamar por Saja, assim como antes e sempre. As
coisas continuam tranqüilas por aqui. Como vai tua vida?"
"Eu e Kelta estamos muito bem,
na verdade esse é o motivo de minha vinda. Vim pedir que a
senhora conduza uma cerimônia para renovar meus votos de casamento,
pois seria uma honra para mim e meu marido que o fizesse.", explica
Coral.
"Ora, como não? É claro que
aceito. Tenho uma grande estima por ti, Kelta e Ênia. Tenho
certeza que estão trilhando um caminho de paz e felicidade abençoados
por Silvanus e Tymora.", diz Saja andando na direção dela.
"Saja, qual a reação dos arquidruidas
por eu não ter aceitado a proposta?"
"Bom, o Mestre Mourntarn não
me pareceu decepcionado, Eimair aprovou tua decisão, acho que só
Veshar achou estranho. Mas não ligues para ele, só quer saber
de poções mágicas e está muito velho e ranzinza.", responde a arquidruida.
"E você Saja, o que pensa?",
continuou Coral.
"Eu me orgulho de tua decisão,
pequena. Há anos passados, quando chegou aqui com Ênia eu sabia
que tu não permanecerias aqui por muito tempo.", disse Saja.
"Mas a Grande Sacerdotisa não
acha errado o que fiz?"
"Pequenina, preste bastante
atenção. Desde há muito tempo existem os druidas em Faerûn,
e sempre a nossa filosofia foi alcançar a harmonia entre nosso ser
e a natureza. A natureza não é necessariamente as plantas
e os animais silvestres. Compreende-se como o curso da vida perante
a 'Balança', uma espécie de equilíbrio entre todas as coisas. Tu
pequenina, amas as criaturas do bosque, amas as plantas e amas o
seu homem. É natural que sigas seu caminho, pois estais alcançando
à tua maneira a harmonia com a natureza. Portanto de forma
alguma isto se apresentaria como algo errado", revela sabiamente
Saja.
"Não sabe como é importante
pra mim ouvir isso Saja, obrigado. Você sempre foi minha amiga."
E com um confortável abraço Coral agradece o apoio de Saja, logo
depois toma seu caminho de volta para casa.
*****
Kelta
adentrou os portões da Torre de Ashaba, o castelo real do Vale das
Sombras. E como amigo pessoal do Lorde, não teve muitos problemas
para ter uma audiência com o mesmo. Mourngrym Amcathra o recebeu
gentilmente, já o conhecia há tempos pelos seus feitos para com
a cidade. E ao ouvir o convite de Kelta para a renovação de
votos de casamento, consulta alguns papéis e confirma sua presença,
contudo muda o assunto da conversa:
"Westingale, eu, como Harpista
estou a par de muitas informações. Estou curioso em saber porque
não aceitou o cargo de Mestre Harpista, pensei que era isso que
queria.", argüiu o Lorde.
"Como amigo Mourngrym, direi
meus motivos, apesar de serem bastante claros. Eu jamais conseguiria
ficar em paz sendo um líder de uma organização que se opõe diretamente
aos Zhentarim, pensando no que poderia acontecer a minha família.
Além disso, existem muitas outras pessoas que possuem as qualidades
adequadas para o ofício. Bom, sempre em minha vida meu desejo
principal não era ser um mago, nem um aventureiro famoso. O
que quero eu já tenho: Coral, Sofia e Solar. Nada me faria
mais feliz.", termina Kelta.
"Bem, com uma resposta dessa
quem sou eu para contestar? Concordo que para ser um Mestre Harpista
o candidato deve querer de coração, embora eu ache que não há muitas
pessoas capazes nos reinos. Vi poucos homens como você Westingale",
acrescenta Mourngrym.
Kelta então se despede do Lorde,
e cumprimenta Shaerl Manto de Romã, a esposa de Mourngrym, o Príncipe
Scotti, Junthor, filho adotivo do Lorde, e é claro seu grande amigo
Thurbal, capitão da guarda e guardião do Vale das Sombras.
Ao caminhar pelas ruas da cidade,
Kelta é surpreendido por uma figura há alguns metros em sua frente.
Era um jovem rapaz bem vestido, cabelos curtos e negros e
um olhar cínico que expressava menosprezo.
"Ora, ora, eu tinha que ver
com meus próprios olhos a decadência que você se tornou." Pronunciou
estas palavras ninguém, senão outro, Erwin, filho de Kelta com a
bruxa de Rashemen Lady Yhelbruna. Voltando no passado no ano
de 1354 CV, quatro anos antes de conhecer sua amada Coral, o mago
Kelta junto com o elfo Feargal Rahl e a halfling Regine Cereja recuperaram
a espada encantada Hadrylis para Lady Yhelbruna. Foi nessa
época que o jovem e mancebo Kelta foi seduzido pela bruxa de Rashemen.
Deste caso, sem que o mago soubesse, nascera Erwin que anos
depois se tornou pupilo de Kariel, o elfo amigo de Kelta. O
rapaz odeia Kelta por ele ser um filho bastardo e havia prometido
vingança na última vez que se encontraram no Vale das Brumas.
"Erwin! Você voltou! Eu gostaria
muito de conversar com você.", diz Kelta.
"Conversar? Com você? Ha Ha,
não seja ridículo! Não valeria a pena.", retruca Erwin.
"Mas.. como assim? Eu não entendo
Erwin, porque me odeia tanto? Você não queria o conhecimento de
que é meu filho.", pergunta Kelta.
"Esqueça isso, eu fiz um monte
de besteiras na época. Eu não posso ser filho de alguém tão
estúpido o bastante para renegar a possibilidade de ser um grande
arquimago e um Escolhido da deusa Mystra. Eu queria tanto
pisar na sua cara, mas você ficou mais baixo que o próprio chão."
Erwin já não olhava mais nos olhos do pai.
"Como sabe disso? Eu fiz o que
tinha de fazer, não sou ambicioso como você queria que eu fosse.",
responde Kelta.
"Mourngrym mencionou algo sobre
o que Kantras relatou em relação a missão da
tal Orbe. Ele me devia por eu ter defendido o castelo durante a
guerra contra os goblinóides. O mais estranho de tudo é que
gostei disso ter acontecido, me fez perceber o quão idiota você
é. Você é apenas um reprodutor, portanto não sou seu filho
e sim da Hathran Lady Yhelbruna de Rashemen, alguém muito importante
e de estirpe, não um plebeuzinho como você. Ora! Nunca mais
perderei meu tempo contigo, não me procure mais, seu rato." Erwin
virou de forma bastante esnobe e foi embora.
"Er.. " Kelta deu um passo,
mas desistiu, sabia que tinha perdido um filho para sempre, que
este foi consumido pelo ódio. Pensava Kelta que talvez se
tivesse feito algo no passado poderia evitar este fato, mas logo
percebera que é inútil lamentar por algo perdido. Imaginou
que este é mais um preço que o destino cobrou para assegurar sua
felicidade. Então, apesar de desapontado, prosseguiu em frente
rumo a sua casa.
*****
Poucos
dias se passaram, então chegara o momento da cerimônia. O
dia estava lindo, o Sol estava tão bom quanto o melhor dia de Primavera,
as nuvens mais fofas que o normal e o verde das plantas dava o toque
final para um dia perfeito. Coral, Kelta e sua família tinham
preparado uma grande festa na frente de sua morada. Algumas
mesas esperavam ser preenchidas com as mais variadas formas de comidas,
e os convidados iam chegando aos poucos.
Já se encontravam no evento
Wondyr e seus discípulos, alguns moradores do Bosque, Saja acompanhada
com poucos druidas, alguns deles centauros, e por fim Glenna com
seu marido Iorek, que começava a ficar impaciente. Mas o que
chamou a atenção de todos foi um pequeno grupo de pessoas que se
aproximava.
Ao chegarem mais perto, todos
perceberam a figura do Lorde Mourngrym, seguido de sua esposa Shaerl
Manto de Romã, Scotti, Junthor, Thurbal com sua família e uma pessoa
com um manto claro que ficava um pouco escondido dentre os recém-chegados.
Ao se aproximarem, Saja diz: "Bem vindo, Lorde do Vale das
Sombras ao Bosque dos Druidas. É uma honra tua visita aqui neste
recanto."
"Muito obrigado, mas também
sinto honra em estar num lugar tão belo. Ainda não tive a
chance de agradecer aos druidas pela cooperação na guerra recente
contra os goblinóides. Não fosse a bravura dos habitantes
desta floresta encantada poderíamos estar por debaixo da terra.",
agradece Mourngrym.
"A cooperação foi mútua, devemos
estar sempre unidos já que vivemos no mesmo vale. É uma pena
que Kantras e Adsartha não estejam aqui conosco", completou Saja.
Mourngrym acena positivamente
com a cabeça e logo se inicia um diálogo trivial entre o Lorde,
Shaerl e Saja focando-se nos interesses da cidade. Junthor
e Scotti são rapazes bastante jovens, por enquanto ainda não despertaram
interesse pelos princípios políticos ao qual estavam submetidos,
entretanto Junthor, que possui a mesma idade de Kantras, já tinha
a permissão de carregar uma pequena espada na cintura, o mesmo não
acontecia com Scotti. A figura de manto apenas observava os
outros de longe com os braços cruzados e a mão direita coçando uma
suposta barba escondida pelo capuz do manto.
Quando todos já conversavam
entre si, Kelta surge com seus dois filhos para receber os convidados.
Estava muito bem trajado, como se fosse um príncipe. Foi
cumprimentando um a um, e ao chegar em Mourngrym, Scotti se surpreende
com uma visão. Uma estranha sensação que nunca sentira antes
percorreu seu corpo mancebo como fogo queimando. Isso deveu-se a
presença de uma pequena figura postada do lado de Kelta, uma menina
linda com cabelos castanhos claros. Se tratava de Sofia, a
filha de Kelta. Seu coração disparava enquanto vislumbrava
a beleza da jovem. O tempo pareceu congelar e só foi quebrado quando
a própria percebeu e o encarou. A vergonha tomou totalmente
a face do príncipe, por alguns instantes seus olhos cruzaram com
os dela até que a coragem acabou e mudou de direção. Sofia
observou curiosa o rapaz, pois acabara de sentir um lampejo que
a deixou atônita e ao mesmo tempo vexada, e por fim ambos sentiram
um estranho medo, pois eles acabaram de descobrir algo novo do qual
não conheciam, a partir daquele dia não seriam mais os mesmos.
A pessoa de manto se aproximou
de Kelta e retirou o tecido que cobria sua face, revelando alguém
muito conhecido e especial para o ex-mago que o chama a atenção.
"Olá meu jovem! Me alegro ter
chegado na hora.", diz a figura.
"Vangerdahast?! Meu amigo, por
onde andou?" , diz Kelta dando um forte abraço no ex-mago real de
Cormyr.
"Viajei um pouco pelas Terras
Centrais procurando um pouco de paz, mas não poderia perder um momento
tão agradável. Se pudesse estaria presente na época do casamento,
no entanto estava a trabalho para o Rei.", responde Vangerdahast.
"É muito bom que o senhor esteja
aqui, você e Treeworm me ensinaram muito."
"Kelta, é verdade que não é
mais um mago?"
"Sim, já faz tempo. Felizmente
a hora de parar tinha chegado."
"Você deixou os encantamentos
por si próprio em busca de sua felicidade. Fez algo que eu poderia
ter feito. Eu o invejo Westingale. Vejo que Treeworm não só o instruiu
no estudo da Arte, mas sim no discernimento da vida.", terminou
o velho Vangerdahast.
Após a conversa com o ex-mago
real de Cormyr, Kelta caminha por perto de Saja e sussurra:
"Você conseguiu o que eu pedi
Saja?"
"Espere e verás", responde a
arquidruida.
Saja instruiu a todos que a
seguissem. Portanto eles foram caminhando atrás da druida
pelo bosque até chegarem a um pequeno riacho que ali corre. Saja
e Kelta se posicionaram na beira da água e esperaram. Foi
quando alguns instantes depois surgiram Sol e Lua, e atrás deles
vinha Coral de Ondas Douradas nos cabelos. Ela tinha um belíssimo
vestido branco e amarelo e vinha andando suavemente como se estivesse
flutuando. Seus lábios pareciam ser feitos de mel e um sorriso
se abriu quando seus olhos cintilantes avistaram seu amor, revelando
dentes mais brancos que as nuvens. O nervosismo já tomava
conta de Kelta que pensava: "Que a deusa Sune da beleza me perdoe
mas Coral é a mais bela das fêmeas, beleza essa que só é superada
por sua alma doce". A Fadinha por sua vez dizia para si mesma
"Meu amor é tão lindo e só meu ele é. Tymora, deusa, agradeço
por tão maravilhoso companheiro" e chegou perto do amado segurando
suas mãos.
Ambos ficaram à beira do riacho.
Assim como há alguns anos atrás, a cerimônia se repetiu, Saja
entoou orações aos deuses da natureza, pegou um pouco de água com
as mãos e espalhou pelo corpo dos dois, Coral seguida de Kelta fizeram
juras de amor entregando-se um ao outro, terminando num terno beijo.
Ficaram abraçados por algum tempo e diziam:
"Meu amor, és o mais belo entre
os homens, você é o ar que preciso para respirar", começou Coral.
"E você Fadinha é minha vontade
de viver, é a água que mata minha sede, por isso tenho uma surpresa
para você..", correspondeu Kelta dando um sinal para Saja.
E por detrás de algumas árvores
que estavam ao redor surgiram pontos luminosos com asas que começaram
a dar voltas por entre os convidados assustando-os no início, alguns
pensaram ser beija-flores, outros vaga-lumes, no entanto o pontos
reduziram a velocidade e pararam no ar. Permitindo que os
presentes os identificassem, eram fadas, ou pixies como são conhecidos
por alguns. Dois deles se colocaram frente a Coral e Kelta.
"Oozzlllá! Euz souzz Spinkel!
Viimzz emz nomez de meuz povoz paraz ofeszrecer grazças a vocêsz."
Disse uma fada macho.
"E euz me chamozz Tinnina!"
Falou uma linda fada.
Spinkel era do tamanho de um
passarinho, sua voz, assim como a dos outros fazia zumbidos, contudo
era um som bastante agradável. Ele vestia uma roupinha verde
em que se encontrava até bolsos, por entre seus pequeníssimos fios
de cabelo se erguiam duas antenas amareladas que se mexiam constantemente
e nos seus pés podiam se ver minúsculos sapatos. E bem como
os outros de sua espécie, Spinkel não parava de dar risadas. Já
Tinnina chamava atenção por seus grandes olhos brilhantes acentuados
com enormes cílios que brilhavam como ouro, e no caminho que percorriam
deixavam um rastro de pó brilhante que logo desaparecia.
"Lhesz dou umz presentez como
demonsztrazçãoz de reszpeito ez admirazção." Surgiu uma coroa
feita de flores douradas bastantes resistentes, pois eram mágicas.
As flores jamais morreriam. Spinkel se aproximou de Coral
e depositou a coroa na cabeça dela, em seguida deu um beijo na ponta
de seu nariz. Tinnina fez o mesmo com Kelta, depois de colocar
a coroa deu um beijo no nariz e ficou de mãos dadas com Spinkel.
Eles acenaram desejando felicidades e todos as fadas saíram
voando dando voltas e sumindo logo em seguida.
Coral não conteve as lágrimas
e falou para o amado lhe colocando as mãos na face "Kelta, que lindo
você fez, o único presente melhor que este são nossos filhos e você,
por ter entrado na minha vida." E então deu-lhe um beijo forte
e tenaz que durou bastante tempo, emocionando alguns que assistiam.
Terminada a cerimônia, todos voltaram para as mesas.
A comida estava em fartura,
muitos tipos de alimentos podiam-se ver nas mesas: doces, carnes,
raízes, frutas e sementes. Para aqueles de cultura reservada,
como a família real, optaram pela suculenta carne de cervo com legumes
acompanhado de um saboroso vinho da Sembia. Já Kelta, Coral,
Saja e os druidas tinham preferência para os cereais, como raízes,
legumes e uma novidade para muitos dali, que o ex-mago tinha mandado
trazer - batata. Todos adoraram a batata, até aqueles mais
carnívoros. O motivo era o bom sabor somado a quantidade de massa
que ela possui. A opção de Iorek era bastante clara, ele queria
tudo. O ranger foi devorando carne por carne, depois passou
pela batata e finalmente tinha chegado aos bolos, foi neste momento
que o futuro padre de Moradin misturou alguns pedaços de bolos de
framboesa com os de abóbora que seu amigo Kelta tinha preparado.
Outros pedaços é claro, ele jogou debaixo da mesa para os
cachorros que por sua vez também não queriam.
Por alguns momentos Coral colocava
comida na boca do marido, ao fazê-lo, provocava sua libido dando
pistas do que iria acontecer à noite quando estivessem sozinhos.
A respiração de ambos ficou um pouco mais rápida, sentiram
um calor repentino que subia dos pés até a raiz do cabelo. Neste
instante um olhava para o outro, nem piscavam, focalizaram a menina
dos olhos e ali permaneceram como se estivessem completamente sozinhos
num mar sem horizonte, já não ouviam som algum, esqueceram o mundo,
só tinham conhecimento um do outro, até que depois de poucos segundos
Kelta mudou a direção de seus olhos para a Lua desenhada na testa
de Coral, lembrando claramente do dia em que se uniram como marido
e mulher, ele deu um suspiro e lembrando-se da menina Coral ao qual
ele se entregou completamente. Enquanto isso ela percorria
seus olhos pelo queixo quadrado do amado, subia para a boca que
já beijou inúmeras vezes, vislumbrava sua pele rígida que atestava
anos de batalhas, então colocou a mão na face, pois tinha que sentir
aquele rosto masculino que estava com a barba feita. Ela fixou-se
novamente na boca e quando esta abriu vagarosamente, ela não pestanejou,
avançou dando-lhe um beijo profundo até alcançar sua língua saboreando-a,
o mesmo fez Kelta colocando sua mão esquerda atrás da cabeça da
amada para ter um melhor apoio. Entorpecidos pelo sabor carnal
que compartilhavam, não percebiam as coisas da realidade, os pássaros
que voavam, as crianças que brincavam, as pessoas que conversavam
e até mesmo o lugar onde estavam. Apenas quando o fogo diminuiu
é que se deram por si recolhendo-se envergonhados com um abraço
caloroso.
Sol, abraçado com Lua observava
o casal com admiração e agradeciam aos deuses pela felicidade da
filha. Se orgulhavam do jeito que a criaram, com amor e liberdade,
fatores que eram refletidos nos netos através de sorrisos e pulos
de alegria. Estavam convictos da obra que fizeram em suas
vidas, com certeza morreriam felizes e tranqüilos.
Apesar de um pouco ortodoxo,
Mourngrym também tinha sua paixão, de mãos dadas com sua Shaerl
se recorda da época em que Doust Sulwood, antigo lorde do Vale das
Sombras, lhe entregou o pendente de Ashaba, nome do primeiro lorde.
E então se lembra de que se não fosse Vangerdahast, não conheceria
seu amor, pois o ex-mago real de Cormyr tinha enviado secretamente
Shaerl para investigar o recém lorde.
"Espero já ter lhe agradecido
Vangerdahast. Se não fosse sua perspicácia eu não teria conhecido
Shaerl."
"Não precisa me agradecer, afinal
foi o grande rei Azoun que me instruiu a descobrir o valor do lorde
do Vale das Sombras.", explicou Vangerdahast.
"Mas foi o senhor que me escolheu
para missão, portanto brindemos a tua competência.", completou Shaerl
erguendo o copo seguida pelo marido.
Num belíssimo gramado alguns
agacharam-se, outros usavam troncos como assento e formaram assim
um círculo. Kelta e Coral se dirigiram para o centro com uma
harpa cada um e começaram a tocar. O som era bastante tranqüilo,
a Fadinha tocava notas mais agudas enquanto o Magiteco fazia sons
mais graves criando uma bela harmonia entre os dois, embora fosse
perceptível a maior experiência por parte de Coral na arte da música,
afinal foi ela que o ensinou a tocar. Já na arte de desenhar
o ex-mago sabia muito, ensinou a sua amada como projetar uma imagem
num papel, e ela aprendeu bastante tanto que adora desenhar os pássaros.
Quando a música do casal começou
a ficar mais agitada, os druidas se levantaram e começaram a dançar,
só que faziam isso pulando e de um jeito bastante selvagem o que
surpreendeu um pouco os da corte real. O ritmo ficou melhor
ainda quando um dos centauros resolveu tocar flauta acompanhando
a música. Era difícil ficar parado, dos mais agitados aos mais quietos
um a um foram se juntando aos demais numa grande dança folclórica,
que fizeram até não agüentarem mais. A medida que ficaram
exaustos, a música foi parando.
Coral pediu para o esposo parar
de tocar e disse "Agora o meu presente..", e chamou sua filha Sofia.
Coral então tocou uma música bem calma e doce, e sua filha
começou a cantar. Sua voz era lindíssima, suave e bela como
um passarinho, até mesmo o pai ficou surpreso e nem suspeitou das
vezes que Coral ensaiou com a filha. A canção dizia algo sobre
o destino unir duas pessoas: era uma declaração de amor. Mas
com certeza quem ficou encantado foi Scotti, nunca imaginaria que
naquele bosque poderia ver alguém tão linda como Sofia. O príncipe
estava se sentindo um homem.
Por fim era chegado a hora das
despedidas, Iorek já se preparava para ir pra casa e disse "Parto
em poucos dias, mas não se preocupem, eu falarei com os dois antes".
Kelta e Coral então cumprimentam o ranger e sua esposa. Os
druidas também logo se foram com apenas um acenar de mãos indicando
que logo se veriam novamente. O lorde Mourngrym, junto com
a família real, foi em seguida mas antes reforçou a união entre
o povo da vila e do bosque, e quem ficou triste foi mesmo o menino
Scotti, pois não teve a coragem de falar com a pessoa que admirava.
Só lhe restou a esperança de vê-la novamente. Vangerdahast
se despedia calorosamente com Sol e Lua, que já conhecia há muito
tempo, e foi parado por Coral: "Por que não passa uns dias aqui?
Seria muito bom.", insistiu ela. "Infelizmente eu não posso,
estou em viagem. Acho que vou conhecer a Faerûn que nunca vi.",
então deu um grande abraço no casal e se foi.
*****
Era
noite, a festa já tinha acabado e todos estavam em repouso para
no próximo dia seguir suas vidas, mas um certo casal ainda estava
acordado. Deitados na cama, acariciando-se, comentavam como
tinha sido boa a comemoração, trocavam alguns gracejos, estes foram
se transformando em investidas amorosas. Sentado, Kelta envolvia
quase que completamente o corpo da esposa, lambia a nuca dela provocando
gemidos, ela então o deitou e ficou por cima passando suas mãos
no peitoral dele, abaixou-se para beijá-lo, ao fazer, roçou os seios
no peito dele, o que deixou Kelta louco. Eles se amaram como
nunca, num clímax de prazer e de amor. Ao término do ato,
conversaram.
"Já lhe disse como é maravilhosa?"
Elogiou Kelta.
"Já sim, assim como você também
é. Kelta, me perdoe se não falo muito do jeito que gostaria.."
"Bobagem Fadinha, falar é uma
coisa que todos podem fazer, mas nem todos podem realizar. O
seu jeito de se expressar é o mais sincero que alguém pode ter,
eu te amo do jeito que você é, e sempre será assim." Explicou Kelta.
"Eu adoro ouvir essas coisas
lindas que diz, te amo também, completamente. Mas eu quero
que saiba, espero que Tymora tenha nos reservado um cantinho em
seu jardim no além-vida, porque eu sempre estarei com você.", disse
Coral com lágrimas nos olhos e o coração disparado.
"Sim meu amor, estaremos sempre
juntos, seremos um só ser", completou emocionado Kelta. Então
deram um grande abraço confortando um ao outro.
Faltava pouco tempo para o Sol
aparecer, então Coral fala "Amor meu, vamos lá fora ver o
Sol nascer." E ambos foram, sentindo a grama nos pés e pararam
perto de uma árvore, ficaram abraçados esperando e então... ele
surgiu, como todas as manhãs, iluminando tudo e a todos. Kelta
e Coral descobriram que o Sol que ambos fizeram nascer em suas vidas
jamais iria se pôr.
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