Essa
grande cidade cresceu ao redor de um dos melhores
e mais ocupados ancoradouros nos Reinos da Fronteira
e debaixo do abrigo da Cordilheira Fumaça de
Dragão, que acompanha Derlusk a oeste e norte.
Muitas das sólidas construções de pedra dessa
cidade de crescimento rápido sobem pela cordilheira
ou são cavadas profundamente nela. Derlusk enche
um vale côncavo, e à noite é uma bela paisagem
de telhados de ardósia e lanternas brilhantes.
Quase todos os produtos exportados do
Baronato da Sela Negra e da Orla de Shandolphyn
são transportados em embarcações para o resto
de Faerûn passando por Derlusk. O porto possui
vários estaleiros rivais, conhecidos por construírem
rápidos barcos costeiros, ligeiros “cortadores
de ondas” (preferidos por contra-bandistas e
piratas por sua velocidade, leme ágil e silhueta
discreta).
Derlusk também é conhecida por uma salgada
“pasta de dlurn” de uma suspeita cor verde (feita
com o pequeno peixe verde dlurn, encontrado
abundantemente no encouradouro e nas enseadas
próximas). A pasta se conserva bem, cheira maravilhosamente
e constitui ótima refeição quando espalhada
sobre biscoitos, mas por ser salgada, traz uma
sede feroz.
Derlusk é uma cidade musical. Bardos são
altamente respeitados, e cada hospedaria, taverna,
casa de bebida e clube quebra-lâminas (onde
clientes esgrimam para se exercitar e melhorar
suas habilidades com a espada) tem seu próprio
entretenimento musical.
O Mundo Vívido da Literatura
Derlusk também é uma cidade de escrivões,
encadernadores e colecionadores de livros, que
fizeram da loja de livros O Falcão Viajante
e seu rival, Bons Fólios de Fendelmer, sucessos
prósperos. Lendas ficcionais, quanto mais fantasiosas,
melhor, – particularmente narrativas que tratam
de noções antigas e românticas de uma Faerûn
que nunca realmente existiu e lendas selvagens
sobre outros mundos, bolas de cristal e outros
planos – são avidamente colecionadas, emprestadas
(por taxas e somas por deposito de livro) e
discutias pelos Derluskanos. Grupos ficam apreensivos
para celebrar novos lançamentos ou uma aquisição
de um tomo procurado há muito por um colecionador.
Autores são tratados como nobreza, e são feitas
festas anuais para comemorar suas mortes.
Muitos eruditos, sábios e pintores se
estabeleceram em Derlusk, criando um mundo localizado
de compartilhamento de interesses que a maioria
dos habitantes das Fronteiras dispensa, como
se isso fosse loucura – ou pelo menos algo singular,
excêntrico e frívolo. Esse é o lugar para vir
se você procura um velho e raro livro. Se um
volume particularmente caro ou raro não possa
ser comprado, a pessoa que o procura pode negociar
um preço para que o dono possa deixar um escriba
ligado a ele fazer uma cópia na segurança de
suas salas particulares. Espere pagar pelo menos
10 PO por página copiada, e milhares mais para
tomos especialmente raros, caros e procurados.
Mapas copiados começam a 1.000 PO cada e ficam
mais caros a partir daí, e a maioria custa cerca
de 4.000 PO. Mapas e livros únicos ou pesadamente
ilustrados custam proporcionalmente mais.
Há também as lojas de esquina onde um
livro novo pode ser adquirido por apenas 6 PP.
Passagens podem ser copiadas de velhos livros
na maioria dos estoques das lojas em um livro
de contos novo para um cliente a partir de 12
a 25 PO, ou o dobro para qualquer coisa maior
que uma dúzia de páginas terminadas.
Apesar de muitos trabalhadores das docas
de Derlusk acharem o mundo dos livros algo estranho,
eles estimam os amantes de livros como sendo
verdadeiros concidadões excêntricos e inofensivos,
– contanto que eles compartilhem a apreciação
de música, e, especialmente, se gostarem da
música que é cantada vigorosamente fora de tom,
como barris sendo carregados nos ancouradouros,
ou gritadas bebadamente para fora das janelas
quando a lua vai alta.
Todo esse interesse literário dá ao porto
um toque de sofisticação que lembra distantes
grandes portos como Águas Profundas, Athkatla
e Calimporto.
As Torres no Crepúsculo
Derlusk ostenta uma hospedaria que se
iguala às acomodações de qualquer cidade grande
– As Torres no Crepúsculo. Esse soberbo estabelecimento
é um velho castelo do mar, levantado a partir
de ruínas desmoronadas por vigorosos (e prósperos)
aventureiros e transformado em um palácio que
possui várias alas, oferecendo quartos alugáveis
a longo-prazo, simples câmaras de viajantes,
suítes totalmente mobiliadas, apartamentos palacianos,
piscinas de banho aquecidas e um salão de bailes
central com galerias e sacadas. Três salões
de jantar e serviço de quarto trazem refeições
a cada hóspede e vinho pode ser apreciado por
aqueles que se retiram na Sala de Estar de Loasker
para comer queijo forte (não há cerveja, e só
clientes que alugaram quartos podem entrar,
para evitar uma atmosfera de taverna).
As Torres é famosa por acolher uma Feira
de Magos – e sobreviver. Inumeráveis brincadeiras
mágicas espalharam dano por todo lado e fizeram
quartos, características ou até mesmo hóspedes
caírem em encantamentos recorrentes e detestáveis.
A senescal d’As Torres, a aventureira aposentada
Amaryth Delbara (uma gentil e cheia de cicatrizes
humana Illuskan CB Feiticeira 14/Incantatriz
6 [Magia de Faerûn], é uma atriz e mímica perfeita,
cujo caráter muda constantemente entre a extravagância
e a animosa eficiência com presciente dignidade),
pediu alguns favores e teve o próprio Khelben
“Cajado Negro” Arunsun, o Lorde Mago de Águas
Profundas, vindo e limpando todas as magias
indesejadas.
Diz-se que, entre as usuais rudes ilusões,
teleportatação de objetos como poltergeist
e maldições criativas, Khelben removeu um metamorfoseado
(e furioso) ogro mago da propriedade, fechou
vários portais escondidos que magos maquinadores
estabeleceram nas adegas de vinho e nos melhores
quartos, e purgou uma embaraçosa cauda “que
se movia como se tivesse mente própria” que
alguém fez crescer atrás de Amaryth.
Para aqueles não familiarizados com uma
Feira de Magos, elas são (agora anuais, mas
anteriormente trienais ou uma vez a cada década)
reuniões de magos onde negócios (acordos territoriais,
pactos de pesquisa e vendas de magias, itens,
poções e informação) são discutidos, magos mostram
suas perícias, mestres encontram aprendizes
e vice versa, duelos ocorrem e maldades abundam.
Pela natureza mágica das coisas, essas feiras
podem se descontrolar e, por isso, normalmente
são realizadas em ravinas, ruínas, castelos
abandonados ou em outros lugares remotos onde
não há gente comum para ser aterrorizada – ou
para atacar os bruxos participantes.
A Feira que aconteceu n’As Torres provou
que isto é uma sábia política. Explosões e magias
selvagens conjuradas foram abundantes, e pelo
menos um navio afundou no ancoradouro, e muitas
propriedades foram transformadas (contudo, brevemente)
em coisas bizarras. Segundo rumores, muitos
itens mágicos ainda estão escondidos na cidade,
esperando por serem ativados de longe por aqueles
que os puseram lá, e no mínimo dezesseis mortes
(entre magos e Derluskanos) podem ser atribuídas
à Feira.
Por outro lado, sabe-se que doze damas
locais que desapareceram durante a feira se
casaram e foram levadas por magos enamorados.
Pelo menos uma, a cavalariça Jonsra Burunmere,
teve toda a década desde que a feira acabou,
partinfo da total ignorância mágica até sobrepujar
seu marido na Arte (ela é agora, na verdade,
a Suprema Arqui-Feiticeira do reino da ilha
de Shamandra, a ilha mais ao sul das três grandes
ilhas próximo a Altumbel. Shamandra é um pequeno
reino agrário a oeste da cidade de Delthuntle.
O reino acabou de firmar uma aliança com Aglarond,
um passo a frente de um vicioso ataque de Magos
Vermelhos que só foi rechaçado com a ajuda pessoal
da Simbul. Jonsra é uma humana Chondathan CB
Feiticeira 16).
Derlusk ainda fala sobre a Feira de Magos
com uma orgulhosa nostalgia, mas parece que
não há muito interesse local para receber uma
outra feira em breve. Isso vem como boa notícia
para os mercadores das Fronteiras, que gostariam
desse alvoroçado porto seguro, cheio de livros
e de música longe daquilo – e mais ou menos
inteiro.
Abrindo Seu Caminho em Derlusk
A prosperidade está em todo lugar em Derlusk.
É uma cidade muito limpa, mantida desse jeito
por gatos que pegam ratos e garis, pagos pela
administração da cidade, então ninguém hesita
em levar o lixo para uma das muitas carroças
que passam freqüentemente. Estes levam lixo
e sujeira para fora da cidade, para os “poços”
cavados quando um cemitério-colina foi erijido
(e cercado de templos onde sacerdotes locais
vigiam, e trabalham contra, o levantamento de
mortos-vivos entre os muitos enterrados).
As lojas de Derlusk oferecem uma soberba
gama de escolhas em bens, desde velhos, usados,
consertados e simples até os últimos estilos
e inovações. Muitos Derluskanos vivem sobre
as suas lojas, tendo um estoque no porão abaixo.
A loja é no nível da rua e o piso imediatamente
acima é ocupado para estoque de bens e salas
de trabalho (lojas muito bem-sucedidas podem
expandir para esse andar, com escadas internas
abrindo-se em pequenos patamares eqüidistantes
para guardar mais produtos), e em todos os pisos
acima ficam os alojamentos com jardineiras e
varais de lavanderia na cobertura. Se o dono
da loja mora em outro lugar, esses andares são
alugados, freqüentemente para empregados ou
amigos confiáveis. Mercadorias suspeitas ou
estranhas (como lojas especializadas em equipamentos
de aventureiros, drogas, venenos e “relíquias
monstruosas”) podem ser difíceis de se encontrar
em Derlusk, mas ela pode coletivamente oferecer
mais escolhas de mercadorias mundanas do que
importantes portos comerciais como Portão de
Baldur or Alaghôn.
As ruas de Derlusk não são projetadas
em um padrão grade, mas aquelas rotas que geralmente
estão em piores condições da extremidade do
vale até os cais são chamadas de “ruas”, enquanto
que aquelas que se dobram em arcos concêntricos
em volta do vale, paralelas à costa, são normalmente
chamadas de “caminhos”. Ruas tendem a ser dominadas
pelo tráfego de carroças vindo de e indo para
os depósitos das docas, e os caminhos tendem
a ser dominados pelo tráfego de pedestres vindo
de ou indo para as lojas, alojamentos e tavernas.
As mansões dos Derluskanos mais ricos tendem
a ficar nos caminhos mais altos, nas laterais
dos vales.
As ruas mais movimentadas incluem a rua
Shalath, a rua Ondacaundel e a rua Arbelloe,
e os caminhos mais populares para o comércio
são o Caminho dos Andarilhos da Runas (onde
estão o Falcão Viajante e o Bons Folios de Fendelmer),
o Caminho de Furlar e o Caminho Oscalyaun.
As Torres no Crepúsculo fica na esquina
nordeste entre a rua Shalath e o Caminho dos
Andarilhos das Runas. O complexo estende-se
por todo um quarteirão e se fecha no seu próprio
pátio interno, com um túnel para cavalos e carroças
até seus estábulos de pedra semelhantes a fortalezas
que preenchem o próximo quarteirão até o leste.
Os estábulos são lotados de andares de quartos
para servos dos hóspedes e empregados da hospedaria.
O endereços mais exclusivos em Derlusk
ficam ao longo do curvo Caminho Dançarino da
Aurora, cercado por jardins, e do Caminho de
Athal, onde portões de ferro, paredes de lanças
de ferro e guardas espreitam em meio às plantas.
Governo
Derlusk não possui portões nem muralhas,
apesar de ter algumas torres de vigia de pedra
a partir de onde os membros da Vigia, vestidos
de uniformes cinza-tempestade, observam as chegadas
e saídas da cidade. A sua principal tarefa é
reprimir brigas, pegar assassinos, incendiários,
vândalos e ladrões, e geralmente eles mantêm
a cidade segura para o comércio. Eles tendem
a ser desinteressados em negociações obscuras,
a menos quando elas envolvem seqüestro, escravidão
e roubos de Derluskanos.
Derlusk não possui guildas, e os mercadores
independentes dessa cidade independente fazem
caretas ao se referirem a essas organizações.
Contudo, mercadores elegem nove entre si anualmente
para ocuparem os Assentos-Moeda – as cadeiras
do Conselho governante que discutem leis (normalmente
para resolver disputas entre vizinhos ou mercadores
rivais), julgam disputas trazidas a eles, e
orientam e pagam (com tarifas das docas) a Vigia
(sessenta homens fortes e mais vinte aprendizes)
e a limpeza das ruas. Apesar do desgosto por
guildas, mercadores em um dado campo tendem
a nomear e votar em “um deles mesmos” para sentar-se
no Conselho. Ser conselheiro é um trabalho ingrato
que consome tempo e tende a ferir a prosperidade
mercadora dos que sentam nos Assentos-Moeda,
e poucos concordam em sê-lo consecutivamente
ou muitas vezes.
No geral, Derlusk tem um governo leve
e prefere mantê-lo desse jeito. A competição
do comércio local não é tão cruel como em outros
centros comerciais nos Reinos. Quando o crepúsculo
chega, toda loja que não se preocupa com entretenimento
noturno (comida, bebida e clubes) fecha suas
portas e os cidadãos relaxam ou jogam. É raro
um Derluskano que fica trabalhando a noite toda
fazendo trabalhos extras, embora conduzir negócios
de troca sobre uma caneca ou taça não seja considerado
trabalho.

Sobre o Autor
Ed Greenwood é o homem
que lançou os Reinos Esquecidos
em um mundo que não os esperava. Ele
trabalha em bibliotecas, escreve fantasia, ficção
científica, terror, mistério e
até histórias de romance (às
vezes coloca tudo isto em um mesmo livro), mas
está ainda mais feliz escrevendo Conhecimento
dos Reinos, Conhecimento dos Reinos e mais Conhecimento
dos Reinos. Ainda existem alguns quartos em
sua casa com espaço para empilhar seus
escritos.
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