Portal
Manchado
Essa
cidade independente e grande localiza-se na
fronteira norte de Bedorn,
e está lentamente caindo sobre a influência
daquele reino pacífico. Os moradores da fronteira
conhecem Portal Manchado como um lugar bom,
de estradas pavimentadas e construções sólidas,
de três andares, onde os mercadores mandam (em
um conselho de quarenta que nunca entram em
acordo para qualquer coisa) e enchem a cidade
de uma alegre confusão a toda hora.
Os
nativos Portalenses
podem dormir em qualquer situação graças aos
artesãos martelando pela noite e vagões barulhentos
e carros de mão gemendo e ressoando sem fim
pelas ruas – essa cidade nunca dorme. Os artesões
moradores de Portal Manchado fazem lanternas
de tempestade soberbas (de ferro forjado ou
bronze com painéis de vidro e correntes penduradas),
correntes adequadas, e grosseiros,
mas robustos cestos e baús para o transporte
de vários bens. A maioria do comércio fica aberto
de noite e de dia, com funcionários em
três turnos, ocupados, vendendo tudo o que Calimshan e terras mais distantes tem a oferecer aos moradores
das fronteiras e comprar deles bens para exportar.
Bens são levados para o norte, para os cais
ao longo da margem esquerda do Rio Scelptar para transporte por barcas. As margens do rio naquela
área são tão pantanosas e infestadas de insetos
que não há outros estabelecimentos fronteiriços
ali. Os homens-lagarto e os
boca de lama batalham pela supremacia,
e nada menos que seis companhias mercenárias
baseadas em
Portal Manchado se mantêm ocupadas, oferecendo
escoltas de proteção para as cargas das barcas.
Tudo
isso faz de Portal Manchado uma boa parada para
compradores procurando variedades de mercadorias
(frequentemente de qualidade ilusória nos Reinos
da Fronteira), mas dificilmente é considerado
um lugar para românticos e aventureiros.
Essa
necessidade é preenchida por Danchilaer, o Mago Louco, um feiticeiro recluso que veio de
longe para morar em
Portal Manchado quarto séculos atrás (alguns
sábios dizem que a cidade cresceu em volta de
sua torre, depois que os moradores que ficavam
perto da Hospedaria Portal Manchado travaram
barganhas com o feiticeiro, para que ele os
protegesse com magias em troca de dinheiro,
comida preparada e serviços de carregamento
pela torre).
O Mago Louco
Danchilaer, o Mago Louco (humano halruaano
LN Mago 21/Feiticeiro 6/ Arquimago
5) é um renegado recluso de Halruaa
que vive em
Portal Manchado há mais de quatrocentos
anos e pode ser agora um morto-vivo ou está muito velho e teve a vida prolongada.
Sua torre simples e frágil se mantém escura
e vazia (exceto por ocasionais bandos
invasores e aventureiros procurando tesouros
em suas câmaras e porões cheias de armadilhas, que mais parecem um labirinto),
mas Danchilaer
permanece como uma presença invisível
e vigilante na cidade. Uma vez por ano,
mais ou menos, ele seqüestra magicamente
um morador solitário ou um visitante e
os manda em uma missão em algum lugar
nos Reinos da Fronteira.
Se a pessoa escolhida obtém sucesso na missão, Danchilaer aumenta suas habilidades pessoais permanentemente
e a manda de volta de onde veio, encarregando-a
de missões a longo prazo. Se eles executam a missão ou não, o Mago Louco
assombra suas vidas, aparecendo em sonhos
para dar conselhos bizarros ou responder
quando pedem
por ajuda com uma magia, mensagem falada
ou conselho suspirado em suas mentes.
Danchilaer parece ser um homem alto, com voz profunda, vestido
em robes lisos,
cuja face está sempre escondida por um
capuz puxado para baixo. Ele é amoral,
mas não insano nem malicioso. Suas verdadeiras
intenções são desconhecidas, mas as missões
que ele impõe parecem dedicadas à sobrevivência
de Portal Manchado, dos Reinos da Fronteira
(como região de reinos livres e mutáveis,
não sujeita à
regras de fora), e atividade rural auto-suficiente
para todas as pessoas. Ele trabalha contra
grandes exércitos, reis orgulhosos e vastos
impérios. Aqueles que o seguem são livres
para seguir suas próprias vidas e não
sabem necessariamente sobre os outros
que o Mago Louco “potencializa”. (Danchilaer
não está montando um grupo organizado
de agentes).
Ainda que muitos aventureiros e magos bem-sucedidos
agora usufruindo
da aposentadoria dos Reinos da Fronteira
tenham começado a se reunir para beber
e conversar em várias tavernas sobre as
terras da Fronteira num tipo de clube
sem nome e não-oficial – e mais de uma
vez, certos membros desse grupo agiram
juntos para impedir regentes mesquinhos
ou parar mercenários e mercadores inescrupulosos.
Só os anos que virão irão contar se o
Mago Louco tem algum plano maior ou pretende
juntar aqueles que ajudou
de uma maneira a ter uma força coesa.
Se ele o fizer, os Reinos da Fronteira
podem muito bem ser mudados para sempre.
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Os
visitantes de Portal Manchado são guiados até
a Praça das Flechas (o mercado central e local
de uma antiga batalha entre companhias de arqueiros
rivais). Ali, tendas de mercadores viajantes
se apertam dentro de um anel de oito lagoas
circulares, cercados de muros na altura da cintura
(para retirar água para os animais de carga).
Com
uma vista panorâmica para a Praça das Flechas
está a Torre de Danchilaer,
a noroeste do Mercado, em seu próprio jardim
murado (que ele divide com velhos e resistentes
carvalhos, um memorial celebrando os Valentes
Caídos de Portal Manchado nas muitas guerras
que assolaram a região, e – na maioria da
vezes – muitas crianças da cidade, brincando).
Do
lado da Torre fica o redondo e torreado Salão
do Conselho, um rude pilar de uma construção
que estende-se em todas
as direções através dos anos enquanto cozinhas,
salas de estar e câmaras de estoque para visitantes
são aderidas casualmente
De
frente para o salão, do outro lado da Estrada
Ferrolho do Wyvern
fica O Unicórnio Caçado (não, como alguns
viajantes pensam, O Unicórnio Casto), uma hospedaria
(Excelente/Cara) que oferece comida superior
e móveis luxuosos, incluindo salão de jogos,
banhos particulares e câmara de serviços. Estas
acomodações são raras nos Reinos da Fronteira
– e os preços as acompanham.
A
maioria dos visitantes fica em uma das três
hospedarias mais baratas
(e mais espartanas) dentro dos portões da cidade.
Perto do Portal Bedorn
fica O Velho Caneco de Estanho (apesar
do nome, não é um taverna; Boa/Moderada). Logo
após o Portão Leste fica O Guerreiro Vigilante
(grande, novo, barulhento e brilhante; Justa/Moderada),
e do lado do Portão do Rio fica a Casa das
Névoas da Primavera (que muitas das pessoas
da cidade acham que tem algo a ver com harpistas;
harpistas conhecidos ficam ali quando estão
na cidade; Excelente/Moderada). A melhor taverna
na cidade é a Negro de Blasko
na rua Sharaghil
(Boa/Moderada). A mais sombria e desconfiável
é a Bebedeira de Tarnalar
na Viela Sangue de Serpente (Pobre/Moderada).
Um
rumor perturbador foi recentemente espalhado
pelos Reinos da Fronteira – em algum lugar de
Portal Manchado está escondida a
tumba de Quarlin,
um mago halruaano
que era especializado na criação de cajados
– muitos cajados, que dispararam magias de combate.
Cinco séculos após sua morte (em outras palavras,
a qualquer momento agora), a tumba e os ossos
de Quarlin irão se
decompor em pó assim que uma magia adormecida
há muito tempo se ativar, mas os cajados enterrados
com ele (vinte ou mais, segundo as lendas) resistirão,
livres para serem pegos por qualquer um que
os encontrar.
De
onde esse rumor veio e quanta verdade há por
trás dele continua em mistério, mas aventureiros
estão convergindo até Portal Manchado vindos
de todos os Reinos da Fronteira (encontrar acomodações
em Portal Manchado ficará mais difícil
por algum tempo). Já houve confrontos violentos
entre pessoas persistentes na busca de cajados
e mercadores suspeitos tentando proteger seus
bens e propriedades. Os guarda-costas dos mercadores
e os guardas dos armazéns vigiam vagamente os
aventureiros que cavam (ou quebram e entram)
em qualquer lugar na cidade.
A
tensão e violência crescentes entre aventureiros
espreitando e os recém contratados guarda-costas
e forças de segurança dos armazéns fizeram o
Mestre Mercante Nurath
Cheldin, do Conselho (humano Calimshita
CM Ladino 2/Especialista
6; sombriamente belo com feições penetrantes
e barba e cabelos negros e untados; ativo em
transporte de bens, empréstimos, escambos e
venda de boas fechaduras e correntes), baixar
um decreto público que não há, nem nunca houve,
uma tumba de um mago halruaano
em
Portal Manchado, e que aventureiros fariam melhor
caçando monstros e tesouros conhecidos do que
procurando por toda lenda de taverna que lhes
passa pelos ouvidos.
O
proeminente dono de taverna e membro do conselho,
Tilbar Tanalar
(humano IIlluskan
NM Especialista 4; louro, com rosto redondo
e jeito de inocente; dono da taverna Bebedeira
de Tarnalar e outros armazéns que a maioria dos Portalenses não sabe que ele é dono) respondeu emitindo uma
declaração que ele conhece não menos que sete
tumbas halruaanas
escondidas na cidade e suspeita que os calabouços
de Portal Manchado mantêm várias – provavelmente
muitas – mais. Ele aconselhou aos cidadãos a
não hesitarem em chamar o Conselho para ajudar
se encontrarem alguma magia estranha ou testemunharem
o uso de qualquer cajado mágico.

Sobre o Autor
Ed Greenwood é o homem
que lançou os Reinos Esquecidos
em um mundo que não os esperava. Ele
trabalha em bibliotecas, escreve fantasia, ficção
científica, terror, mistério e
até histórias de romance (às
vezes coloca tudo isto em um mesmo livro), mas
está ainda mais feliz escrevendo Conhecimento
dos Reinos, Conhecimento dos Reinos e mais Conhecimento
dos Reinos. Ainda existem alguns quartos em
sua casa com espaço para empilhar seus
escritos.
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