Cada capítulo desta série fornece
mais detalhes sobre uma rede de portais ligando
várias partes de Faerûn e além,
no Cenário de Campanha dos Reinos Esquecidos.
Esses portais pode levar seu grupo a uma nova
aventura por uma noite ou como parte de uma
campanha em andamento através de Faerûn.

Parte I –
Em Illefarn e seus Portais
Tradução por Cassiano
Fëanor; revisado por Daniel Bartolomei
Vieira.
Milhares de anos se passaram desde a queda
do grande reino élfico de Illefarn que
se localizava na parte norte da Costa de Espada
entre as Terras Centrais e o Norte. Pouco é
sabido hoje em dia desse reino outrora poderoso,
freqüentemente chamado de o Reino Caído*.
Sábios geralmente acreditam que Illefarn
em seu ápice igualou o melhor que Myth
Drannor mais tarde alcançaria. Atualmente,
fazendas e campos pontuam o interior onde uma
vez a floresta de Illfarn permanecia. A Floresta
das Brumas, a Floresta Casca de Troll, a Floresta
Ardeep e seus semelhantes são remanescentes
da antiga floresta costeira que outrora se estendia
da Floresta Jardim da Cripta para o sul, até
a Floresta Casca de Troll. A população
dessa nação élfica era
uma mistura de elfos do sol, elfos da lua e
elfos da floresta, além de vários
anões do escudo. O centro da nação
estava aproximadamente entre as fozes dos rios
Dessarin e Delimbir, mais do primeiro do que
do segundo. Illefarn sustentou um abrangente
comércio, por terra e por mar, com outras
nações élficas, anãs
e humanas de seu tempo.
Illefarn possuía inúmeros portais,
mas não tantos quanto a Myth Drannor
posteriormente conhecida. Isso prova que Illefarn
era abençoada, não tendo sido
invadida (como foi Myth Drannor) por monstruosidades
extradimensionais que voltaram os diversos portais
interplanares para seu próprio benefício.
Em adição, os portais
de Illefarn eram em sua maioria dispositivos
de teletransporte para outras localidades de
Toril, e não verdadeiramente magias portal
levando para outros mundos ou planos. O mundo
natural e seus ciclos infinitos eram o foco
de Illefarn, e os elfos acreditavam que o mundo
vivo continuaria para sempre. Ainda, os elfos
de Illefarn compreendiam que seu reino, grande
como era, iria eventualmente cair e ser esquecido.
Sua forte consideração de história,
tempo e magia divina não poderia revelar
outro resultado. Essas notícias causaram
uma melancolia que influenciou muito a arte
e literatura de Illefarn, até mesmo afetando
a arquitetura dos anões, que esculpiram
faces sombrias em suas estátuas. O militarismo
nunca foi forte, na filosófica Illefarn.
Apesar de seus exércitos serem excelentes,
Illefarn confiava na diplomacia e em astutas
manobras políticas (auxiliadas por magias
divinas) para manter a paz com seus vizinhos.
Um dos usos mais esotéricos dos portais
em Illefarn foi para fins artísticos,
particularmente para aquilo que os elfos chamaram
de caminhos musicais. Grandes obras
de poesia foram escritas, podendo ser cantadas
por horas, e redes de portais foram criadas
para serem ativadas sempre que um cantor caminhasse
sobre certas pedras encantadas, largas e achatadas
colocadas no chão. O cantor seria transportado
de local a local em ritmo com a canção,
o cenário em harmonia com sua mensagem
e tom. Sistemas menores de portais, independentes
entre si, foram criados ligando diversas localidades
na vasta floresta de Illefarn e nas terras ao
seu redor. Poucos caminhos musicais iam para
além disso, e muitos eram intencionalmente
desativados após poucas décadas
de uso. Aqueles poucos sistemas de portais que
alcançavam muito além de Illefarn
eram a ocupação de ocasionais
magos, sábios, ou sacerdotes que investigavam
o amplo mundo ao redor.
Illefarn caiu em um costume incomum para qualquer
reino em Faerûn: lentidão.
Seu povo deixou o reino constantemente e secretamente,
sob pressão de tribos de bárbaros
humanos, vastas hordas de orcs e goblins saqueadores,
e dos agressivos e insanamente poderosos magos
de Netheril. Mais destruidor para seu povo,
recursos e espírito foram as cinco Guerras
da Coroa entre outros reinos élficos
do período. A neutra Illefarn permaneceu
fora dos combates, até a última
guerra, quando sua colônia mais ao norte,
Llewyr, foi destruída, e o reino em si
sofreu graves danos. Muitos territórios
que eram de Illefarn foram ocupados por outros
reinos élficos por um tempo. Curvando-se
ao inevitável, porém, Illefarn
já estava em processo de ser sistematicamente
abandonada, província por província,
cidade por cidade, e foi se encolhendo por muitos
séculos. Seus governadores fatalistas
continuamente moveram seus povos remanescentes
para nações menores nas fronteiras
para melhorar a situação defensiva
da nação e aproveitar o máximo
de seus recursos próximos do fim.
A situação de Illefarn era horrível.
Os elfos sabiam que não podiam se reproduzir
com a velocidade necessária para repor
suas perdas em uma guerra maior. Sua amada floresta
sofreu de uma seca magicamente induzida durante
as Guerras da Coroa, e humanos cortavam suas
árvores para conseguir madeira e lenha,
enquanto orcs e goblins queimavam a floresta
apenas pelo prazer da destruição.
Apesar de tudo, os elfos poderiam controlar
como eles saíram do palco da história.
Não desejando que seus comandos mágicos
fossem usados contra eles, os elfos de Illefarn
desfizeram as barreiras e proteções
mágicas, e as magias de preservação
em suas cidades e monumentos, enquanto partiam
deixando a natureza e outras raças corroerem
aquilo que os próprios elfos não
podiam tolerar a destruir. Os sistemas de portais
sempre estiveram entre os primeiros efeitos
mágicos a serem removidos. Elfos da floresta
foram o último maior grupo a defender
o reino de seus atacantes, o que levou alguns
historiadores a acreditarem que o reino foi
amplamente habitado por essa sub-raça
quando eles foram apenas uma considerável
minoria nos primeiros anos do reino.
Nenhuma grande ou repentina batalha marcou a
queda do reino, apesar de que o reino era apenas
uma sombra do que fora outrora após a
quinta Guerra da Coroa e caiu inteiramente após
o colapso de Netheril. As ruínas da capital
de Illefarn, a última grande cidade do
reino, foram tomadas por bárbaros menos
de dez dias pós sua última evacuação,
cerca de 2.500 anos atrás (a velha capital
é hoje a metrópole humana de Águas
Profundas, apesar de que as origens de Águas
Profundas não são certamente conhecidas,
mesmo para os mais sábios). Illefarn
tornou-se lendária em grande escala devido
ao fato de seus elfos terem deixado tão
pouco material escrito ou tradições
orais para trás, e por causa de tudo
que foi deixado para trás ter sido efetivamente
destruído. Cidades e mansões élficas
foram desmontadas para conseguir material após
serem saqueadas das poucas preciosidades que
possuíam. Bárbaros desfiguraram
escritos entalhados, queimaram obras de arte
e construíram rudes castelos de pedras
onde outrora foram as fundações
de universidades. Até mesmo alguns grandes
trabalhos e relíquias que os elfos de
Illefarn levaram consigo enquanto abandonavam
o reino, foram perdidos em guerras posteriores,
desastres ou em contentas que se sucederam com
seu disperso povo. Atualmente, um sábio
pode se esforçar por décadas para
localizar uma fonte confiável de informação
sobre o Reino Caído.
A maioria dos elfos do sol e da lua de Illefarn
foi de barco até Encontro Eterno durante
as longas Guerras da Coroa, onde eles tiveram
uma profunda influência na cultura, religião,
filosofia e artes daquela ilha. Alguns elfos
chegam até a mencionar que Illefarn edificou
tudo aquilo que Encontro Eterno se tornaria
mais tarde. Alguns elfos da lua migraram para
Evereska, onde obtiveram o mesmo resultado.
A maioria dos elfos da floresta fugiu para o
sul durante o ápice da Quinta Guerra
da Coroa ou para o oeste, em direção
das Moonshaes. Os anões se espalharam,
a maioria buscando o norte para fundar suas
próprias cidades e juntar-se a seus irmãos
nas batalhas contra as hordas de orcs que inundavam
a região, como uma maré sem fim.
Alguns elfos da floresta de Illefarn corajosamente
permaneceram em terra na velha floresta, e seus
descendentes hoje habitam as pequenas florestas
que sobreviveram à vinda dos humanos
e dos orcs. Illefarn, às vezes, era usada
como o nome de um modesto domínio élfico
na Floresta Ardeep após o abandono da
capital de Illefarn, mas em 342 CV os últimos
de seus habitantes partiram para Encontro Eterno
após uma série de ataques orcs*.
No último Conselho de Illefarn, os líderes
das tribos de elfos da floresta remanescentes
declararam o fim de Illefarn, apesar do abandono
da capital, por volta de -1100 CV, ser geralmente
considerado por outros historiadores (até
mesmo elfos) como o verdadeiro fim da nação.
Apenas três redes de portais
de Illefarn sobreviveram aos dias de hoje. A
menor delas é descrita aqui. Um dos mais
famosos caminhos musicais de Illefarn
não foi desativado quando o reino foi
abandonado. O nobre elfo encarregado de desencantar
esse caminho da canção não
quis seguir as ordens, e ao invés disso,
simplesmente levou consigo todas as obras poéticas
que ativavam o sistema de portais, assim ninguém
além dos elfos poderia fazer uso daqueles
portais. Ele separou todas as cópias
do poema em partes menores, sendo que nenhuma
versão completa dele restou, e então
espalhou-as por várias bibliotecas élficas.
Esse caminho da canção foi chamado
de “Vozes Perdidas” devido à
canção que o ativava, a canção
que o sistema de portais pretendia exibir. Ele
caiu em desuso por um milênio, completamente
esquecido*, até o momento.
* Muita confusão existe entre os
espalhados relatos históricos do antigo
reino élfico de Illefarn (as vezes escrito
como “Ilefarn”) e um estado político
mais recente chamado Illefarn, consistindo numa
cidade anã abaixo do Monte Illefarn,
nas colinas ao norte do Vazio Sorridente e do
Vau da Adaga e seus correspondentes aliados.
A segunda “Illefarn”, também
chamada de o reino Caído, existiu entre
os anos de 342 e 882 CV. Além disso,
o reino élfico, anão e humano
de Phalorm (O Reino das Três Coroas),
também se situou nessa região
de 523 a 615 CV. Phalorm é também
chamada de o Reino Caído em várias
histórias, causando confusão freqüentemente.
Parte II –
“Vozes Perdidas"
Tradução por Eduardo
Souza; revisado por Daniel Bartolomei Vieira.
Uma breve descrição da obra élfica
"Vozes Perdidas" é necessária
para entender o funcionamento do sistema deste
portal. Escrita por um exímio
menestrel durante os últimos anos de
existência de Illefarn, "Vozes Perdidas"
é uma canção dolorosamente
profética, uma característica
comum a muitas outras obras artísticas
desta nação. Ela narra a história
de um andarilho humano que certo dia encontra
uma grande pedra plana em um campo repleto de
runas élficas levemente desvanecidas
pelo passar dos séculos. Ao analisar
os escritos élficos, estes revelam ao
andarilho a história de um reino élfico
que se erguia magnífico em uma antiga
floresta que outrora existia no local onde a
pedra agora se encontra, um reino cuja grandeza
deixa o andarilho perplexo e impressionado.
Naquela noite, o andarilho adormece sobre a
pedra e tem um sonho mágico no qual viaja
ao passado distante para conversar com os elfos
daquele reino com o intuito de alertá-los
sobre seu destino. O andarilho anseia por evitar
a ruína daquele reino, mas os elfos já
sabem o que os aguarda e há muito haviam
decidido não interferir no curso natural
dos acontecimentos. O andarilho, surpreso e
frustrado, viaja ainda mais no passado, encontrando
reis e magos, duzentos séculos antes
da fundação do reino, mas todos
os elfos a quem tenta alertar têm ao menos
um pressentimento do que está por vir,
aceitando seu fardo sem contestar.
Ao fim da canção, o andarilho
finalmente percebe que os elfos não buscam
evitar a morte de sua civilização,
mas reger a vida de seu reino de forma a torná-lo
um reflexo de seus melhores ideais ao longo
de toda a sua existência, inclusive em
seus últimos anos. Os elfos evitaram
a ostentação exagerada da magia
e o temperamento hostil que condenou muitas
outras culturas antigas e futuras, prendendo-se
ao melhor de sua natureza até o fim e
rejeitando o ódio e a amargura dos ciclos
naturais que regem o crescimento e a morte no
mundo. Durante os últimos anos de existência
do reino, seu povo espalhou e fixou as sementes
para nações futuras que haveriam
de realizar obras e façanhas ainda maiores,
influenciando, assim, a história, a civilização
e os povos em uma escala gigantesca. O andarilho
desperta, um homem triste, mas sábio,
e segue o exemplo dos elfos do reino desconhecido,
vivendo sua vida ao máximo e fazendo
sua parte para que o mundo seja um lugar melhor
após sua morte, quando então seu
nome cairá no esquecimento.
O caminho musical criado para essa
canção foi erguido ao longo das
margens do que hoje é o Rio Delimbiyr.
Sua rede de portais segue uma direção
única e circular. Cada portal era interligado
por um grande bloco circular de mármore
polido cujo perímetro mede cerca de 3
m. Runas no antigo idioma élfico de Illefarn
(consideravelmente diferente do élfico
"moderno") cingiam cada grande disco.
A magia utilizada para ativar cada portal era
de um tipo diferente da encontrada atualmente
em Faerûn, uma vez que a pedra não
revelaria sua natureza mágica até
que uma certa condição fosse cumprida:
no caso, uma pessoa teria que permanecer em
pé ou caminhando sobre a pedra, cantando
um conjunto particular de estrofes em Seldruin
(o antigo idioma morto dos elfos, especialmente
utilizado na manipulação da alta
magia élfica) da canção
"Vozes Perdidas". As palavras do cantor
e as notas cantadas intensificariam a essência
mágica da pedra, até que as últimas
palavras de cada grupo de estrofes fossem declamadas.
Essa frase final funcionaria como o gatilho
de ativação do portal e o cantor
desapareceria lentamente, reaparecendo sobre
a pedra seguinte da rede em uma rodada. Lá
o cantor continuaria cantando e o ciclo se repetiria.
Este sistema era comum a muitos caminhos
musicais de Illefarn.
A rede de portais de "Vozes Perdidas"
iniciava-se na capital de Illefarn e seus fragmentos
remanescentes agora se encontram espalhados
nas ruas de Águas Profundas. A primeira
pedra da rede localizava-se originalmente em
um grande prado de onde nenhum sinal das construções
da cidade podia ser visto (a floresta circunvizinha
ocultava as estruturas). Aqui, as primeiras
estrofes de "Vozes Perdidas" eram
cantadas por elfos que desejassem utilizar o
caminho musical. A descoberta da grande
pedra plana pelo andarilho era cantada, e a
primeira parte da canção terminava
com o andarilho adormecendo sobre a pedra, seu
sonho mágico prestes a começar.
A primeira pedra da rede ativa-se neste ponto,
deslocando o cantor para a pedra seguinte, que
jaz exatamente onde hoje se localiza o Vau da
Adaga.
O criador desta rede de portais usou o Rio Delimbiyr
como uma metáfora para o tempo. O local
onde hoje se encontra o Vau da Adaga representa
o reino élfico desconhecido (Illefarn,
é claro) em um período avançado
de sua história, a primeira parada do
andarilho em seu sonho. As pedras seguintes
levavam o cantor rio acima, rumo às Montanhas
Inferiores, até o regato nascente do
Rio Delimbiyr, onde o andarilho encontrou os
governantes e magos ancestrais do reino. Daqui,
a rede deslocava o cantor à foz do Delimbiyr
na Costa da Espada, de onde o andarilho presenciou
a queda do reino e começou a compreender
a filosofia e os propósitos finais dos
elfos. O portal costeiro então
guiava o cantor de volta à pedra inicial,
onde o andarilho despertou para sua nova vida.
Na canção, o percurso do andarilho
através dos portais levou cerca
de seis horas, contando os períodos de
silêncio para reflexão e descanso.
Os Portais de Pedra
de "Vozes Perdidas"
Tradução por Eduardo
Souza; revisado por Daniel Bartolomei Vieira.
Somente parte da rede circular de "Vozes
Perdidas" está atualmente em funcionamento.
A primeira pedra da rede foi destruída
séculos atrás por colonizadores
humanos e seus fragmentos reutilizados na construção
das primeiras ruas do que futuramente se tornaria
a metrópole de Águas Profundas.
Runas élficas ainda podem ser vistas
na superfície de alguns blocos de mármore
espalhados pelas ruas da cidade, embora poucas
sejam legíveis. As seis pedras restantes
ainda estão operacionais e são
descritas abaixo. Todas se encontram dispostas
ao longo do curso percorrido pelo rio Delimbiyr
séculos atrás, ligando Vau da
Adaga às Montanhas Inferiores. A última
pedra da rede, atualmente localizada em algum
lugar do litoral próximo ao Pântano
dos Lagartos, não mais envia o usuário
para seu destino final; uma vez que o último
portal da rede está agora destruído,
o usuário acabará preso em terreno
um tanto hostil.
1. Taverna da Dama Sortuda, Vau da Adaga
O primeiro portal da rede agora faz
parte do piso da Taverna da Dama Sortuda, outrora
um armazém de dois andares construído
sobre um leito plano e rochoso próximo
ao rio. A taverna é uma parada popular
para os milhares de mercadores, pastores, guardas
de caravana, soldados, aventureiros e outros
viajantes que passam anualmente pelo Vau ao
longo do Caminho do Comércio. A maioria
está a caminho de Águas Profundas
e de outros lugares ao norte de Portal de Baldur
e de outras cidades-estado das Terras Centrais
do Ocidente, mas também é comum
encontrar pessoas viajando na direção
oposta.
O portal foi descoberto nos primeiros
anos de existência do Vau da Adaga, mas
poucos deram muita atenção a ele.
Ruínas ancestrais não são
incomuns na região, sejam do império
élfico de Illefarn ou dos muitos outros
estados e reinos, grandes e pequenos, que o
sucederam. A maioria dessas ruínas são
consideradas inúteis e sem valor, ao
menos que possam ser utilizadas para se obter
alguma vantagem. O portal havia estado imaculado
por séculos até a fundação
da taverna, e sua superfície imunda e
levemente polida agora brilha suavemente em
frente a grande lareira do imenso salão
principal.
Apresentações noturnas, quando
ocorrem, geralmente se dão sobre a pedra
de mármore. Uma vez que a grande placa
circular não irradia magia, ninguém
dá muita atenção a ela.
Apenas algumas de suas runas originais ainda
podem ser lidas. Eventualmente, um elfo irá
reparar nas runas, reconhecê-las como
sendo do Reino Arruinado de Illefarn e se entristecer
pela sina de seus irmãos (e talvez beber
mais que o normal para aplacar sua tristeza).
Poucos são aqueles capazes de traduzir
o Seldruin para qualquer idioma de atualmente,
embora a antiga escrita Hamarfae ainda seja
apreciada por aqueles que a consideram graciosa
e eterna.
Este portal simbolizava o reino élfico
desconhecido em um período avançado
de sua história, onde o andarilho encontrou
seu povo pela primeira vez. O rio é largo
e raso neste local, correndo lenta e serenamente,
do mesmo modo com que os elfos espalhavam-se
cada vez mais pelo mundo e o reino fictício
do poema declinava. O poema, "Vozes Perdidas",
precisa ser recitado apenas por cerca de 15
minutos antes do portal ser ativado,
quando então o usuário será
enviado para o próximo portal.
Qualquer um que permanecer sobre o disco de
mármore com o cantor também será
enviado através do sistema de teletransporte
(isso vale para todos os seis portais).
Todos são livres para abandonar um portal
em qualquer ponto da viagem, mas eles seguem
apenas uma direção.
2. Rio Delimbiyr – Confluência
com o Murmúrio
O segundo portal jaz sobre o topo de
uma colina adjacente à confluência
dos rios Delimbiyr e Murmúrio, imediatamente
ao norte dos Charcos Elevados. Deste local,
as correntezas intensas do Delimbiyr descendo
rumo à confluência, revelando-se
um espetáculo verdadeiramente violento,
podem ser vistas e ouvidas claramente. O portal
está parcialmente coberto por poeira
e muita vegetação, embora ainda
materialize seus usuários sobre si em
segurança. As correntezas do Delimbiyr
simbolizavam o caos das Guerras da Coroa, e
a confluência com o Murmúrio representava
a chegada dos humanos em grandes números,
particularmente nas terras de Netheril, e seus
conflitos com os elfos. Também visíveis
deste local, os Charcos Elevados são,
claro, um lembrete austero do terrível
custo das Guerras da Coroa, uma vez que um grande
reino élfico existiu naquele local antes
de ser destruído pelas forças
mágicas liberadas ao fim da Terceira
Guerra da Coroa.
O topo da colina é visível de
quase todas as fazendas da região, muitas
pertencentes a halflings e humanos colonizadores
oriundos de Secomber, ao noroeste. Algumas celebrações
locais ocorrem no topo da colina, e qualquer
um utilizando o portal tem uma chance
pequena, mas significante de interromper as
cerimônias. Uma vez que todos na região
andam bem armados devido à freqüência
de monstros oriundos dos Charcos Elevados vagando
pelas terras circunvizinhas, a chegada de um
usuário do portal pode ser erroneamente
interpretada por fazendeiros surpresos. Guardas
irão aparecer rapidamente na colina após
a primeira aparição de qualquer
estranho no portal. Se os primeiros
visitantes forem hostis, os próximos
serão recebidos com flechas antes mesmo
que consigam pronunciar uma palavra. Neste portal,
o poema "Vozes Perdidas" precisa ser
recitado por 30 minutos antes que o portal possa
ser ativado novamente.
3. As Cachoeiras Brilhantes, Montanhas
do Pico Cinzento
O esplendor das Cachoeiras Brilhantes, representando
o reino élfico fictício em seu
apogeu, certamente irá impressionar qualquer
usuário dessa rede de portais.
O portal desta região localiza-se
em uma ilha rochosa e cuja vegetação
de arbustos oculta a grande pedra de mármore;
ela localiza-se à beira do declive, bem
no meio da queda d'água em forma de ferradura.
A vista deste local é magnífica,
e o bramido e o borrifo do Delimbiyr é
capaz de impressionar qualquer visitante na
ilha. Uma incomparável vista do Vale
do Delimbiyr jaz em uma direção,
e os grandes rochedos e árvores do Pico
Cinzento jazem em outra. Aparentemente, não
há nenhum modo de sair da ilha; a comida
aqui é escassa, ao menos que se seja
um pescador.
No entanto, um visitante enfrentará problemas
maiores. Uma força militar respeitável
do Forte Zhentil e bandidos partidários
dos Zhents está presente na região,
estabelecidos principalmente abaixo das cataratas,
mas com diversas patrulhas e acampamentos acima
das quedas d'água que possuem um vista
clara da ilha à beira do declive. Cerca
de 280 soldados humanos estão estabelecidos
nas proximidades, incluindo clérigos,
magos, feiticeiros, e por aí vai. Sessenta
orcs também estão presentes e
são mantidos pelos Zhents para executar
trabalhos pesados e outras tarefas. O maior
acampamento dos Zhents está bem escondido
em uma série de cavernas cuja entrada
está localizada atrás das quedas
d'águas, na região mais baixa,
e outrora fora um complexo de túneis
que formavam o túmulo de um antigo rei
anão.
A aparição de qualquer um na ilha
acima das cataratas irá causar grande
descontentamento entre os Zhents, que até
o momento haviam sido capazes de manter suas
operações na região em
segredo. Eles pretendem atacar as cidades mais
remotas do norte, particularmente Sundabar,
mas a confusão no Forte Portão
do Inferno tem adiado seus planos. Os Zhents
estão pesadamente armados e atacarão
sem misericórdia; eles visarão
a morte imediata dos intrusos, ao menos que
possam ser capturados, interrogados, e então
mortos. Os Zhents estarão extremamente
interessados em descobrir mais sobre o portal,
o qual já haviam encontrado (parcialmente
coberto por poeira) e ignorado por considerá-lo
sem valor.
Se os usuários do portal forem
muito bons com mapas, eles perceberão
rapidamente que seu progresso rio acima os está
conduzindo em direção ao Forte
Portão do Inferno. Os PJs podem, claro,
optar por abandonar o portal neste
ponto ao invés de arriscar seguir viagem
através do caminho musical,
presumindo que eles sobrevivam ao ataque dos
Zhents. Neste portal, o poema "Vozes
Perdidas" precisa ser recitado por uma
hora inteira antes que o portal possa
ser ativado novamente (na obra, o andarilho
tem uma longa conversa com o sábio coronal
do reino élfico e sua corte).
4. Porto Élfico Abandonado, Face
Oriental da Floresta Alta
Originalmente, este portal repousava
na margem oeste do Delimbiyr Superior, com a
região mais setentrional das Montanhas
do Pico Cinzento localizada a leste e a Floresta
Alta ao oeste. O Delimbiyr é uma torrente
jovem, fresca e ruidosa neste local, representando
o reino élfico do poema em sua juventude.
Entretanto, este portal também
está localizado no território
do antigo reino de Eaerlann, e os elfos deste
reino perdido estabeleceram um vasto complexo
portuário rio abaixo, a apenas alguns
quilômetros do portal. A fim
de mostrar certa gentileza de sua parte, os
elfos de Eaerlann encantaram os bosques ao redor
do portal para reduzir o nível
de barulho de forma que os usuários do
portal não seriam interrompidos
em sua apreciação da obra ("Vozes
Perdidas" também era bem popular
entre os elfos de Eaerlann).
Então os reinos de Eaerlann e Illefarn
caíram. O complexo de docas ao sul do
portal foi abandonado. Atualmente,
exceto por algumas patrulhas de elfos selvagens
oriundos da Floresta Alta, poucas criaturas
perigosas existem nas imediações
desta área, entre os quais encontram-se
os grifos. A qualquer hora do dia, 2d4 grifos
podem ser vistos como pequenos pontos distantes
no céu. Embora apreciem mais a carne
de cervo, eles não são muito seletivos
e atacarão qualquer coisa que pareça
convidativa. Os elfos da floresta são
sábios o bastante para evitar serem vistos
na margem oeste durante o dia, ou mesmo à
noite, uma vez que os grifos são conhecidos
por sua visão soberba. Os PJs não
têm muitas opção, já
que o poema precisa ser recitado por 30 minutos
antes que o portal possa ser ativado
novamente.
5. As Garras, Montanhas Inferiores
O quinto portal localiza-se no topo
das Montanhas Inferiores, em um local outrora
muito belo, mas que atualmente não passa
de uma área rochosa e desolada. Ele repousa
a mais de 180 m de um córrego que outrora
localizava-se muito mais próximo do portal.
O córrego é uma das nascentes
do Delimbiyr, representando o reino do poema
em seus primórdios. Estranhamente, a
pedra de mármore está limpa e
em excelentes condições. Apenas
30 minutos de declamação do poema
são suficientes para ativar o portal
novamente.
O usuário do portal está
há alguns quilômetros ao norte
do Forte Portão do Inferno, mas está
totalmente ao alcance de um antigo habitante
daquele poço do mal. Um baatezu de pouco
poder, mas de natureza sagaz habita uma caverna
pouco profunda localizada muito próxima
ao portal. O Mestre pode decidir-se
por qualquer outro tipo de demônio, mas
a criatura deve proporcionar um grande desafio
para os PJs, além de ser capaz (através
de seus próprios poderes ou de artefatos
mágicos) de ficar invisível e
de assumir a forma humana. O demônio encontrou
o portal há muito tempo, após
ter sido expulso do Forte Portão do Inferno
por outros monstros e ter fixado morada neste
local; ele sabia também que o portal
não estava mais sendo utilizado. Ele
limpa regularmente a pedra, tentando decifrar
a escrita Hamarfae (a escrita do Seldruin) inscrita
na borda do portal, mas sem sucesso.
Antes dos PJs aparecerem, o demônio percebe
que a essência mágica da pedra
está se intensificando (uma vez que o
portal estava sendo ativado), e então
toma quaisquer precauções que
o Mestre julgue necessárias para se defender.
Ele não pode ser surpreendido. O demônio
tem um pequeno tesouro acumulado em sua caverna,
incluindo alguns artefatos mágicos que
ele utiliza tanto em sua defesa quanto para
matar ou mutilar intrusos. É possível
que o demônio (disfarçado) queira
acompanhar os PJs através dos portais
por mais alguns passos antes de atacá-los.
6. Pântano dos Lagartos, Costa
da Espada
O último portal operacional
desta rede localizava-se no litoral da Costa
da Espada, junto à foz do Rio Delimbiyr,
simbolizando a queda do reino élfico
e seu desaparecimento nas páginas da
história (representado pelo mar). No
passado, o portal costumava estar localizado
na costa, mas o litoral diminuiu muito nos últimos
mil anos. O portal agora está
coberto por limo a uma profundidade de 15 m,
mas ele ainda materializa seus usuários
sobre o chão semi-sólido acima
dele – ou seja, o fundo do mar. O usuário
descobre que está agora a 7,5 m abaixo
d'água e precisa nadar até a superfície
para respirar, e então nadar cerca de
45 m até a costa. As condições
do tempo ficam a critério do Mestre.
Nadar até o litoral é particularmente
problemático, uma vez que a região
da foz do Delimbiyr não apenas é
muito distante, como também é
perigosa, sendo atualmente conhecida como Pântano
dos Lagartos. Uma grande tribo de membros do
povo lagarto hostis e seus lagartos gigantes
de estimação habitam toda a região,
e consideram os humanos uma fonte alimentícia
alternativa muito bem vinda, mais saborosa do
que peixe e provavelmente mais nutritiva. Além
do mais, humanos cativos gritam, e peixes não,
o que é um grande ponto a favor de se
devorar humanos, quando alguém consegue
capturá-los.
Em tempos antigos, a leitura do restante do
poema sobre este portal enviaria o usuário
de volta ao portal de origem na capital
de Illefarn. Infelizmente, uma vez que a pedra
da capital foi destruída para construir
as ruas remendadas de Águas Profundas,
o usuário do portal ficará
preso na região e (presumindo que os
perigos do Pântano dos Lagartos sejam
superados) terá que caminhar de volta
para o Vau da Adaga ou pegar uma carona. Note
que o demônio, caso esteja acompanhando
os PJs, não ficará muito incomodado
por ter surgido sob o mar.
Ativando "Vozes
Perdidas"
Tradução por Eduardo
Souza; revisado por Daniel Bartolomei Vieira.
Uma boa maneira de inserir esta rede de portais
em sua campanha é situando os PJs no
Vau da Adaga ao mesmo tempo em que uma barda
meio-elfa de renome na região esteja
anunciando a realização de um
importante pronunciamento, seguido de uma apresentação
muito especial, na Taverna da Dama Sortuda.
A barda, que também é uma historiadora
nas horas vagas, passou quase toda a sua vida
pesquisando as lendas e os (poucos) fatos conhecidos
acerca de Illefarn. Ela acredita ser uma descendente
direta de um dos elfos das florestas de Illefarn
– todavia, muitos outros elfos da região
também o são, quer saibam ou não.
O pronunciamento da barda diz respeito ao seu
sucesso em conseguir reunir, de diversas fontes,
os fragmentos outrora perdidos de um dos grandes
trabalhos poéticos de Illefarn. A tradução
mais simples que ela pôde fazer do título
da obra, vertendo-o do Seldruin original para
o idioma Comum, resultou em "Vozes Perdidas".
Ela planeja cantar o poema para os espectadores
reunidos na taverna em seu idioma original,
o qual a barda conseguiu aprender. O poema é
cantado sem acompanhamento instrumental, da
forma em que foi originalmente escrito. Já
que a barda é famosa pela excepcional
qualidade de sua voz, a repentina apresentação,
mesmo tendo sido divulgada quase em cima da
hora, rapidamente provoca a maior aglomeração
de fregueses que a Dama Sortuda já vira
em muitos anos, inclusive com a presença
de um número incomum de elfos. A taverna
corre o risco de esgotar o estoque de bebidas
alcoólicas horas antes da apresentação
estar sequer agendada para começar, e
alguns carregamentos de vinho e cerveja destinados
a outros lugares são repentinamente desviados
para suprir a demanda.
Embora a maioria dos fregueses não-élficos
não dê a mínima, a pesquisa
histórica da barda foi espantosa, sem
dúvida. Apesar das dificuldades que ela
enfrentou, sua investigação e
seu empenho para reunir o longo poema foram
impecáveis e inspirados. Ela teve acesso
concedido a diversas bibliotecas protegidas
em Evereska e no Forte da Vela durante sua pesquisa,
e inclusive já entregou copias de sua
reconstrução final do poema (e
sua tradução para o Comum) para
as bibliotecas que a auxiliaram. Os elfos que
tiveram a oportunidade de ler a reconstrução
do poema e sua tradução consideram
o trabalho da barda como uma obra-prima incomparável,
um evento semelhante à descoberta de
uma suposta peça perdida de Shakespeare
no mundo moderno. A fama eterna da barda entre
os elfos está assegurada. Alguns elfos
de Evereska, prevenidos sobre sua apresentação
no Vau da Adaga, chegaram mais cedo à
região sob o pretexto de estarem viajando
com outros propósitos, e rapidamente
se dirigiram para a Dama Sortuda para assistir
a apresentação.
A interação do poema com o portal,
porém, é totalmente inesperada
por todos. Quinze minutos após um dos
maiores recitais de poesia antiga já
feitos, enquanto os elfos lamentam profundamente
a perda de seu reino mágico e as outras
raças se maravilham com a música,
a meio-elfa desaparece sobre o portal, cuja
essência mágica intensificara-se
durante sua apresentação. Ela
ativou o portal e foi enviada involuntariamente
para a próxima pedra da rede. A essência
mágica da pedra se dissipa após
o desaparecimento da barda, mas o portal pode
ser ativado novamente sob as condições
normais. O cenário dentro da Dama Sortuda
revela uma agitação geral, com
todos os presentes especulando sobre o que teria
acontecido à barda. Muitos elfos estão
convencidos de que forças inimigas estão
por trás do desaparecimento. Alguns afirmam
que o poema era amaldiçoado, outros bradam
que as divindades élficas que zelavam
por Illefarn levaram a barda para cantar o poema
exclusivamente para eles. É declarada
lei marcial na cidade. O caos impera.
Os PJs podem optar por reunir as cópias
dispersas das anotações da barda,
deixadas sobre uma mesa antes de seu desaparecimento,
e tentar reproduzir suas ações.
Felizmente, as anotações da barda
ensinam como pronunciar as estranhas palavras
do Seldruin; qualquer pessoa capaz de ler e
falar o Comum pode arriscar-se a decifrar o
poema, mas este processo é trabalhoso.
Qualquer um que tente ler a transliteração
de "Vozes Perdidas" deve fazer um
teste de Inteligência a cada 5 minutos
de leitura. Uma falha significa que o leitor
levou 5 minutos a mais para terminar esse segmento
do poema. Por exemplo, ativar o primeiro portal
normalmente requer cerca de 15 minutos, ou 30
minutos totais caso o leitor falhe três
vezes consecutivas no teste de Inteligência.
O destino da barda fica a critério do
Mestre, mas os PJs devem agir rápido
se esperam resgatá-la antes que ela chegue
aos portais mais perigosos da rede
(ela rapidamente compreende o que aconteceu,
mas torna-se determinada em seguir o sistema
do portal até o fim, custe o
que custar). Os elfos em particular desejam
ver a barda de volta o mais rápido possível.
Esta seria uma boa aventura para PJs élficos,
especialmente se um deles tiver laços
familiares com a barda.
É possível que PJs pensem em utilizar
este sistema de portais para outros
fins, mas como os portais seguem uma
única direção e não
se conectam a grandes centros comerciais, tal
uso é questionável. Entretanto,
conjuradores e historiadores élficos
irão aproveitar a chance de explorar
a rede de portais, tão logo
os PJs tenham solucionado todos os problemas
acerca de seu funcionamento. A descoberta do
sistema de portais e do poema perdido
será o principal assunto das conversas
por toda Faerûn durante muitos meses.

Sobre o Autor
Roger E. Moore descobriu os
jogos de representação nos anos
1970 enquanto escrevia artigos de jogo para
várias revistas durante sua estada no
Exército Americano. Ele entrou para a
TSR como editor da revista
em 1983, progredindo até se tornar editor
das revistas Dungeon & Dragons.
Ele é o autor de O Início da Aventura
do cenário Greyhawk que em 1999 ganhou
o prêmio de Melhor Acessório de
Jogo.
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