Ainda
na juventude, Arbeenok intuitivamente entendeu
que era diferente do resto do seu clã de alaghi.
Para começar, ele era grande para sua idade,
sempre ficando, pelo menos, meia cabeça mais
alto que qualquer uma das outras crianças do
clã, com seus braços e parte superior do tronco
grossos e encrespados com músculo. Ninguém de
sua idade poderia igualar suas proezas físicas,
e ele estava à altura de muitos adultos do sexo
masculino dentro do clã. Mas Arbeenok era um
gigante gentil, não disposto a usar tal condição
para sua própria vantagem. O pensamento de acidentalmente
ferir outro era abominável para ele, e ele achou
necessário manter um nível de auto-restrição
durante as disputas.
Além disso, ele também tinha
uma perspectiva tímida e introvertida. Embora
os outros jovens membros de sua extensa família
gostassem de correr através da Floresta de Chondal
e disputarem jogos, Arbeenok preferia a solidão
de um pacato arvoredo ou caverna rasa onde pudesse
contemplar as maravilhas do mundo ao seu redor.
Outras vezes encontravam-no sentado à margem
dos campos nômades do clã, olhando para o nada,
imerso em pensamentos. Apesar de sua calma,
e sua natureza cerebral trouxe consigo um certo
nível de incômodo, as habilidades mentais de
Arbeenok não eram sem méritos. Ele era bastante
qualificado no rastreamento, e ele parecia possuir
um nível de harmonia com os habitantes da floresta
no mesmo nível que o mais enrugado xamã do clã.
Conforme ele se aproximava
da idade adulta, Arbeenok começou a ter estranhas
visões preenchidas com imagens e símbolos obscuros
e cada visão sempre provou ser profética de
alguma forma. Embora ele sempre utilizasse o
conhecimento de suas visões para o bem do clã,
Arbeenok percebeu que essas estranhas e por
vezes assustadoras ocorrências serviam somente
para separá-lo ainda mais do resto de sua espécie.
Até mesmo seus pais, incapazes de compreender
o significado por trás de suas estranhas habilidades,
ficavam com medo de Arbeenok e estimularam-no
a evitar concentrar seu tempo e esforço no estudo
delas.
Mas algo profundo dentro do
alaghi tinha despertado, e pela primeira vez
na sua curta vida, Arbeenok começou a sentir
um propósito mais profundo para sua existência.
Apesar dos protestos de sua mãe e pai e com
o crescente ostracismo dirigido contra ele pelo
resto do clã, Arbeenok explorou ansiosamente
seu dom tentando aprender qualquer coisa e tudo
que podia sobre as suas causas e efeitos. Ele
gastou mais e mais tempo sozinho, desinteressando-se
em prosseguir no papel tradicional de caçador-coletor
nômade como outros de sua espécie.
Então, uma coisa bastante surpreendente
aconteceu a Arbeenok. Shinthala Crista Profunda,
uma mulher humana e um poderoso membro do Enclave
Esmeralda, vieram até o clã alaghi nas profundezas
da Floresta de Chondal. Apesar dos outros alaghi
estarem desconfiados e ficarem hostis em relação
à Shinthala, Arbeenok achou-se estranhamente
atraído por ela, e ela por ele. Embora nenhum
dos dois falasse a língua do outro, o solitário
Arbeenok descobriu que ele intuitivamente sabia
o que a mulher estava pensando através de seus
gestos e expressões faciais. Um vínculo momentâneo
se formou, e Arbeenok desfrutou de uma espécie
de profunda amizade que lhe tinha fugido à memória
até este momento.
Fascinado pela sua conectividade
com Shinthala e não pretendendo trazer ainda
mais dificuldades para sua própria família,
Arbeenok escolheu viajar com a mulher, deixando
o tradicional terreno de caça do clã nômade
a qual ele tinha pertencido e rumando para o
norte e leste, para a Floresta de Nun. Lá, o
grupo druida do qual Shinthala era membro lhe
deu as boas vindas; ele viu-se parte do Enclave
Esmeralda. Arbeenok descobriu um nível de contentamento
que ele nunca havia conhecido antes. Todas as
coisas estranhas e mágicas que ele tinha contemplado
no mundo, o senso de conexão com as coisas vivas
da Floresta de Chondal, eram aspectos que o
alaghi tinha em comum com seus novos irmãos.
Os druidas ensinaram-lhe a
se comunicar com eles, usando sua própria língua
especial. Eles formalizaram seu treinamento,
mostrando-lhe a forma de dobrar as forças da
natureza magicamente. E Shinthala incentivou-o
a partilhar as suas visões com eles e ajudou-o
a interpretá-las sempre que possível. Arbeenok
era um estudante ávido. Ele levou a magia druida
a um ritmo rápido, em pouco tempo poucos dentro
do enclave poderiam ensinar-lhe algo. Ele se
tornou um dos mais respeitados membros da organização.
Ainda assim, seus anos de isolamento
deixaram Arbeenok com uma necessidade de solidão,
e muitas vezes o alaghi procura o conforto da
quietude da floresta. Ele parte em longas viagens
através da floresta, muitas vezes desaparecendo
por dias de uma vez, uma vez que ele se sente
mais em casa quando ele está sozinho. Ele realmente
não sente falta de seu velho clã, mas ele não
se sente totalmente confortável na companhia
de outras pessoas o tempo todo. Ele é perturbado
pelas atitudes agressivas de alguns de seus
companheiros druidas, desejando que pudessem
ver a beleza da harmonia e paz como ele vê,
mas ele também sabe que um mundo muito maior
e mais complexo existe além do perímetro da
floresta, e ele faria bem em estar atento a
isso.
Arbeenok tem testemunhado violência
suficiente contra os seus companheiros para
respeitar os inimigos do Enclave Esmeralda e
ele não deseja subestimá-los. Como resultado,
ele tem treinado nas artes marciais quase tão
duro quanto ele tem estudado as artes mágicas.
Embora ele lamente usar sua estatura física
proibitiva em sua vantagem, ele não hesitará
em fazê-lo se ele ou seus companheiros estiverem
em perigo. Seu grande tamanho e força têm provado
ser um trunfo fantástico em numerosas ocasiões,
particularmente durante os raros momentos em
que ele tem viajado além da segurança e isolamento
da floresta para negócios do Enclave.
Para saber mais sobre Arbeenok,
leia O Cetro Esmeralda por Thomas M.
Reid.

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