Há
muito tempo jogadores têm visto o nome de Don
Bassingthwaite aparecendo aqui e ali durante
alguns anos. Sua primeira reivindicação à quase
fama foi como co-vencedor de uma competição
de criação de personagens feita pela RPGA
Polyhedron em 1990, mas desde aquele
tempo ele tem sido um escritor ativo, redigindo
um total de oito romances baseados em RPG, além
de uma variedade de pequenas histórias. Ele
fez um bico como revisor de jogos para o SF
Site (um site americano sobre publicações
de material de ficção científica – www.sfsite.com),
e é atualmente o editor de jogos da revista
Black Gate. Don mora em Toronto, e quando
consegue arrumar um tempo, além de escrever
e trabalhar, ele aprecia cozinhar, ler e ver
filmes de questionável mérito social e artístico.
Seus últimos hobbies incluem derramar líquidos
em gibis e derrubar comida em seu Xbox.
Wizards of the
Coast: Como você começou como um autor?
Don Bassingthwaite:
Nos primeiros estágios, comecei tentando
imitar os livros que gostava – me lembro como
sendo uma criança frustrada quando as histórias
que eu adorava acabavam e eu esperava por mais.
Então eu inventava mais partes. Claro, estas
não eram ótimas histórias e elas tendiam a atravessar
gêneros em um mau caminho (eu não acho que o
jovem Gordon Korman queria super-heróis aparecendo
em seu livro sobre o acampamento de verão),
mas isso foi um começo.
Wizards of the
Coast: Sério? Qual super-herói apareceu?
Don: Eu não
me lembro especificamente, mas nesse ponto eram
provavelmente legiões de super-heróis, alguns
apareciam uma vez, outros eram do “Disque H
para Herói”. Essa realmente foi uma historia
chata de se escrever, mas seria uma idéia legal
porque leitores poderiam mandar suas próprias
idéias de heróis que fizessem uma aparição.
Wizards: Qual
é sua principal influência como escritor?
Don: Eu coloco
influências em tudo, e algumas delas são contraditórias.
Eu lia todas as novelas de James Bond escritas
por Ian Fleming, quando criança – elas eram
boas para, linguagem dinâmica e simples. Ao
mesmo tempo, eu admirava muito Tanith Lee (especialmente
suas séries de Tales from the Flat Earth)
devido ao luxo descritivo de sua escrita. Mais
tarde eu andei lendo coisas com espadas e feitiçaria,
contos americanos, e um boa quantia de horror
Lovercraftiano – todos similares em algumas
coisas, mas muito diferentes em outras. Mais
tarde outra coisa que eu me vi fazendo quando
escrevia foi utilizar um jogo de estilos diferentes
quando montava uma história. Um dos livros recentes
foi baseado muito pouco na estrutura dos filmes
de James Bond; The Yellow Silk [A
Seda Amarela] foi inspirado por Guy Richie
e os gangsters britânicos. Para os próximos
livros, estou procurando quadrinhos por causa
do fluxo e da estrutura.
Wizards: Existe
algum quadrinho em particular que o está inspirando
nesse momento?
Don: Eu não
diria que exista algum quadrinho em particular
me inspirando. Eu não estou procurando mais
caminhos e interações de personagens que vão
em frente. Quadrinhos por sua natureza movem-se
mais depressa do que romances, e isso é a parte
eu que quero capturar. Outra parte é como os
personagens trabalham juntos como parte de seu
mundo. Claro, como disse, existe certamente
quadrinhos que estou lendo para retomar o gênero
(eu adoro quadrinhos, mas eu tendo a ter vários
períodos de nostalgia do que a atual leitura
dos mesmos). Eu tenho os primeiros dois dos
volumes das compilações de Marvel’s
Ultimate Spider-Man e Ultimate X-men
graças à recomendação de um amigo, e eu
peguei The Exiles e Marvel Manga-verse
mais porque eles parecerem intrigantes. Eles
todos se tornaram muito úteis – eu não mencionarei
dois que eu achei serem completamente ruins
– e eu acho que estou gostando deles porque
são todas mesclas de histórias e personagens
que eu, por alguma razão, conheço muito bem.
Wizards: É difícil
pegar o fluxo e estrutura de um quadrinho e
achar um jeito de fazê-lo funcionar em um romance?
Don: Eu terei
que te dar a resposta definitiva depois que
eu a tiver terminado! Geralmente, eu não acho.
Não é isso o que estou procurando fazer, um
exato paralelo, mas estou tentando capturar
o ritmo dos quadrinhos, um pouco de diálogos,
a observação (por alguma razão eu comecei pensando
bem em determinados personagens que estou trabalhando
como se fossem desenhos em um quadrinho estiloso),
esse tipo de coisa. Alguém (acho que Dashiell
Hammet) falou isso quando a ação em suas historias
abaixou e eles deveriam ter alguém andando em
um corredor com uma arma. Na montagem do romance
que estou trabalhando, quero um quadrinho equivalente
a este – um vilão retorna por vingança, super-poderes,
de repente, ficam fora de controle, e assim
por diante. Eu quero sentar e pensar, “Ok, se
isso fosse um quadrinho, o que aconteceria depois?”
e ver aonde me leva.
Wizards: Qual
é o primeiro livro que você lembra de ler quando
criança?
Don: Você
não poderia perguntar alguma coisa mais fácil,
não? Eu posso dizer o primeiro livro que não
consegui terminar (The Case of the Elevator
Duck), o primeiro livro que peguei na livraria
(The Little Blue Caboose) e o primeiro
de fantasia atual adulta que eu comprei com
o meu dinheiro (A Spell for Chameleon, de
Piers Anthony), mas eu não tenho memórias especificas
do primeiro livro que eu li. Minha mãe diz que
eu gostava de The Pokey Little Pupy.
Wizards: Quem
são seus autores favoritos agora?
Don: George
R. R pela série Song of Fire and Ice
(encadernação). Nalo Hopkinson por seus livros
Midnight Robber, Skin Folk e The Salt
Road (líricos). Bretty Sacory por
alguns, realmente, misturados e originais contos
de horror, como The Distance Traveled
(estranho). Seteve Erikson pela
série Malazan Book of the Fallen
(complexo).
Wizards:
Como você deixa o processo criativo fluir?
Don:
É tudo uma questão de encontrar o gancho especifico
que me leva à verdadeira idéia de uma história
em particular. Eu tive um duro começo quando
escrevi The Yellow Silk [A Seda Amarela],
por exemplo, parcialmente porque eu estava
saindo de um outro romance que era muito diferente
de tom e de personagem. Eu sabia o que eu queria
fazer com The Yellow Silk, mas não conseguia
me ligar na historia. Então achei minha inspiração
no desenho da capa de um romance chamado London
Irish de Zane Radcliffe – um fundo
preto fosco com grandes letras douradas e a
imagem brilhante de uma caneca de cerveja preta
com palitos de fósforo enterrados em sua espuma,
criando uma espécie de domo. Havia algo naquele
desenho e naquelas cores que invocavam tudo
aquilo que eu queria colocar no meu livro, e
o London Irish ficou sobre a minha escrivaninha
até que eu terminasse de escrever o meu romance
(e depois eu li o livro – não é um livro ruim).
Wizards:
Voce tem um personagem favorito de alguns dos
romances que escreveu ou está escrevendo? Se
sim, por quê?
Don:
Eu acho que poderia mudar de gosto após
cada novela! Neste momento, acho que meus personagens
preferidos são três que eu preciso fazer o “tipo
do contra”. Tycho Arisaenn é um dos protagonistas
de The Yellow Silk – ele é um bardo,
mas eu deliberadamente o transformei em algo
mais do que o tocador de banjo cortesão estereotipado.
Brin é um vilão de The Yellow Silk e
é muito engraçado porque eu mesmo fiz o desafio
de tornar um ladrão halfling assustador e psicopata.
Finalmente, Ned Devromme é o personagem de meus
livros Dark Matter, If Whispers Call
e By Dust Consumed, um poderoso psíquico
e mestre em ocultar conhecimentos, que é o mais
humano que pude fazer – ele estava acima do
peso, certamente e supostamente pelo fato de
ser excepcionalmente afeiçoado a bons donuts.
Em um momento de desespero, ele usou telecinésia
para usar um cheeseburger como arma.
Wizards:
O que você gosta mais sobre escrever ficção
a respeito de cenários interativos?
Don:
Provavelmente por causa do próprio desafio.
Eu sou um grande entusiasta pela continuidade
e nas ficções de cenários interativos existe
muita continuidade para se ver (terminologia,
história, eventos concomitantes, e assim por
diante). Você também deve observar sua escrita,
pois senão alguém terá que vir e limpar a bagunça
que fez. Eu acho que isso força os cenários
interativos se focarem em um tipo e ritmo de
história – você simplesmente não pode proporcionar
múltiplos arcos de história diferentes acontecendo
ao mesmo tempo. Embora, ao mesmo tempo, exista
um mundo enorme lá fora que poderia tirar vantagens
das múltiplas histórias jogadas e alusões feitas.
Em The Yellow Silk, por exemplo,
eu coloco alguns toques de Harpistas e Thay.
Wizards:
Quais projetos você está trabalhando no momento?
Don:
Nesse exato momento estou me envolvendo
em uma coluna de jogo para outra edição da revista
Black Gate e dando um ar de espada e
feitiçaria para a série. Também estou
trabalhando em uma história – algo como uma
seqüência para The Yellow Silk, na verdade
– para a antologia Realms of the Dragons.
E estou começando um romance para o próximo
lançamento da Wizards of the Coast, o
cenário de Eberron. Não posso
dizer muito sobre o romance, mas eu preciso
ler o esboço do cenário, e isso chuta tanto
a nossa bunda que depois é necessário sentar
em um travesseiro!
Wizards:
Qual é a sua letra do alfabeto favorita e qual
você menos gosta?
Don:A
letra favorita é o “R”. É o pico do alfabeto
– a coisa toda aumenta no “M” e “N”, fica mais
difícil com “O”, “P” e “Q”, depois volta ao
clímax com o “R”. A pior de todas é o “T”, mas
só porque há algo sinistro e misterioso sobre
a letra. Ela é a passagem para o “U”, “V”, “W”
e “X”, ou realmente está lá para pará-los por
razoes que a humanidade desconhece?
Wizards:
Dois pontos… bom ou ruim?
Don:
Bom e sendo apreciado (embora pessoalmente
eu provavelmente use traços um pouco mais freqüentes
quando eu deveria usar dois pontos).
Wizards:
Quando você joga D&D (ou seu RPG
favorito), com qual classe e raça você mais
joga?
Don:
Alguma variação entre ladinos e magos, mas eu
sou conhecido por misturar e jogar como um mago
ladino. Eu sou realmente afeiçoado a bardos,
no entanto não do jeito que ele é descrito na
maior parte dos romances. Quando eu tinha o
contrato para escrever The Yellow Silk
e me perguntaram se escreveria sobre um personagem
bardo, fiquei encantado. Por outro lado, também
é divertido algumas vezes ir direto para frente
com força e defesa de um guerreiro. Nas raças
eu geralmente fico com os humanos, mas eu gosto
de meio-orcs também, especialmente na 3ª edição
de regras que remove restrição de classe para
raças. Eu ainda não joguei nos Reinos Esquecidos
desde que saiu a 3ª edição, mas definitivamente
há alguns tocados pelos planos que gostaria
de jogar.
Wizards:
Você tem algum outro pensamento que gostaria
de compartilhar?
Don:
O que você está esperando para comprar The
Yellow Silk [A Seda Amarela]!?

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