Vambran
Matrell aprendeu muito cedo que nascer em berço
de ouro não quer dizer necessariamente
uma vida tranqüila. Pelo contrário,
ele passou a maior parte dos seus primeiros
vinte e dois anos vivendo entre os problemas
dos outros membros da família e na tentativa
de encontrar seu próprio caminho entre
as paredes dos Matrell. No mundo lá fora,
poucos se importam com a linhagem de um homem.
Muitos se importam apenas com o que o sangue
desse homem pode trazer.
O avô de Vambran, Obiron Matrell, nasceu
como bastardo de um dos muitos primos da grande
Mestells de Arrabar, uma poderosa família
mercante que controla uma porção
substancial de todos os negócios da capital
de Chondath, na Orla de Vilhon. Sabendo que
ele não receberia qualquer suporte –
ou reconhecimento – de seus parentes,
Obiron mudou seu nome e começou sua própria
companhia de comércio, que operava parcamente
nos seus primeiros dias. Depois de se casar
com a astuta e perspicaz Hesta Debrinne, Obiron
viu os negócios Matrell crescerem rapidamente
sob sua administração conjunta,
e quando seu neto Vambran nasceu no Dia do Ano
Novo de 1350 CV, os negócios da família
eram tão fortes quanto diversificados.
Infelizmente, seu avô morreu quando Vambran
tinha apenas quatro anos, e seu pai morreu quatro
anos depois disso. Os negócios vêm
sendo levados pela avó de Vambran e seu
irmão mais velho, deixando Vambran a
ser cuidado por uma tia poucos anos mais velha
que ele. Ele passou a ver Xaphira Matrell como
uma irmã mais velha e confidente.
Xaphira era para Vambran, tanto uma amiga levada
quando irmã ou tia, e ela o ensinou a
escalar as paredes do jardim e andar sorrateiramente
por aí, como lutar usando punhos e lâminas,
e mais importante, como evitar a vida estática
e asfixiante de um príncipe mercante.
Quando Xaphira saiu de casa para se tornar uma
mercenária, o jovem rapaz idolatrou-a
e sonhou em um dia seguir seu caminho. Antes
que tivesse a chance, tudo veio abaixo.
Uma tragédia na juventude de Vambran
arruinou os negócios dos Matrell quando
o jovem homem acidentalmente matou um poderoso
nobre durante uma grande celebração
conhecida como A Noite dos Fantasmas. Em uma
cidade como Arrabar, tais eventos poderiam ter
arruinado a reputação da família
e o próprio Vambran se veria perseguido
por seus inimigos políticos. Um pouco
de raciocínio rápido de Xaphira
deu a ele um tanto de ostracismo. Infelizmente,
sua tia foi forçada a fugir durante a
noite, e ninguém teve mais sinal dela.
Vambran estava devastado.
Nos anos seguintes, Vambran sentiu o peso da
responsabilidade por suas ações
e não queria nada além de expiar
seus maus atos da maneira que pudesse. Infelizmente
seu tio Dregaul nunca o perdoou pelo que quase
fez aos Matrells, e eles estão sempre
envolvidos em discussões sobre tudo em
que Vambran se envolveu desde aquela noite fatídica.
Além disso, ele tem muito apreço
pela natureza alegre da sua tia, e seu desejo
de honrar seu sacrifício guia Vambran
em sua existência.
Sabendo que ele nunca poderia se inserir nos
negócios da família, e não
desejando se manter sob o olhar vigilante de
seu tio, Vambran seguiu a rota tradicional de
um segundo filho – entrou no clericato.
Contudo, seu caminho espiritual seguiu decididamente
um caminho diferente do qual sua família
esperava e que seu tio aprovaria. Vambran serve
como um tenente de uma companhia privada de
mercenários do grande Templo de Waukeen,
a Ordem da Safira Crescente, como a sua tia
antes dele. Apesar de seu tio Dreagaul preferir
ver Vambran numa posição dentro
do templo, onde ele poderia angariar mais influência
política e laços econômicos
entre os Waukeenar e os Matrells, o tenente
encontrou uma vida muito mais satisfatória
nas estradas ou nos mares.
Infelizmente, esse conflito levou a uma situação
ainda pior entre Vambran e seu tio, e agora
ele o evita sempre que possível. Além
disso, Vambran é um admirador do resto
da sua família, especialmente sua avó
Hetta e sua irmã mais nova Emriana. Ele
volta para casa sempre que possível para
visitá-las, observando com orgulho –
mesmo que à distância – conforme
“Em” desabrocha em uma rica e jovem
dama. Em muitos anos, Vambran vê muito
de Xaphria em sua irmã mais nova, e ele
espera que ela também encontre o caminho
para seguir o seu coração e escapar
do confinamento da vida como membro da elite
da sociedade Chondath.
E então a vida de Vambran devia ser tão
simples quanto satisfatória, mas graças
a uma prole de Arrabar, as coisas estão
sendo sempre em movimento, forças sutis
e insidiosas constantemente desviando e alinhando
um contra o outro, e é mais do que uma
pequena dificuldade se manter distante de todas
as maquinações políticas
de uma cidade que prospera a partir disso. Depois
de um encontro durante outro festival –
e outra morte trágica – a vida
simples e satisfatória do tenente virou
de pernas pro ar e ele precisa decidir de uma
vez por todas onde está sua lealdade.
Vambran Matrell sente o peso do dever tanto
por sua família quanto por seu grupo
de mercenários, mas também sente
que deve algo entre os dois limites –
justiça. Será que ele conseguirá
se manter leal a si mesmo e acima dos jogos
que o cercam?
Só o tempo dirá.
Leia mais sobre Vambram Matrell em The
Sapphire Crescent (A Safira Crescente),
de Thomas M. Reid.

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