No extremo leste de Faerûn, o maior e
mais antigo dos impérios foi o de Imaskari,
de feiticeiros conhecidos como Artífices.
Inebriados pelo poder e excesso de confiança,
os Imaskari se recusaram a se ajoelhar perante
qualquer entidade divina. Eles trabalharam com
poderosas magias e pesquisaram estranhas tecnologias,
defendendo-se da predação de humanóides,
dragões, estranhas criaturas nativas
de sua terra natal, e até mesmo deuses.
Quando sua população foi dizimada
por uma terrível praga há quatro
mil anos atrás, os magos governantes
de Imaskar abriram um par de grandes portais
para outro mundo, puxando mais de cem mil humanos,
os Mulan, e então fecharam os portais
e selaram todas as conexões com aquele
mundo para sempre. Os Imaskari escravizaram
e oprimiram os Mulan. No entanto, os escravos
continuaram a oferecer incontáveis preces
à suas divindades, que não foram
ouvidas graças à barreira dos
Imaskari.
Através da intervenção
de Ao, o maior dos deuses de Faerûn, as
divindades dos escravos enviaram poderosas,
embora mortais, versões de si mesmos
através de métodos alternativos
– usando o Plano Astral para atravessar
a barreira dos Artífices. As divindades
lutaram e derrotaram os Imaskari em –2488
CV, liderando seu povo para o oeste. Eles se
assentaram na porção a sudeste
do Mar das Estrelas Cadentes onde eles usaram
magia para aumentar a fertilidade dos já
ricos solos. As nações de Mulhorand
e Unther nasceram desses eventos – Mulhorand
em –2135 CV, e Unther –2807 CV quando
o grande deus Enlil fundou Unthalass depois
de descobrir pérolas na costa do Mar
Alamber.
Em –1967 CV, as duas grandes nações
Mulan, Mulhorand e Unther, se confrontaram no
Rio das Espadas, começando a Guerra Mulhorand-Unther.
Depois de anos de guerra, os deuses das duas
nações concordaram que o Rio das
Espadas deveria ser o eterno limite entre eles.
Isso seria 2.400 anos antes que os Antigos Impérios
entrassem em guerra novamente. Essa paz relativa
permitiu a ambas as nações se
expandirem até cerca de –1500 CV.
A expansão de Unther, principalmente
a oeste, onde agora é Chessenta e ao
sul, no Shaar oriental, continuaram até
–1250 CV quando batalhas contra os elfos
da floresta de Yuirwood a noroeste e os anões
dourados na Grande Fenda ao sul pararam seu
progresso. Conforme o milênio se seguia
até –1087 CV, Mulhorand e Unther
completavam suas primeiras eras de império,
quando o Theurgist Adept Thayd, o último
aprendiz sobrevivente dos magos Imaskari, liderou
a maior parte dos magos de Mulhorand e Unther
em rebelião contra os deuses Mulan. Em
–1081 CV, Thayd e seus conspiradores foram
derrotados. Thayd foi executado, mas ele profetizou
que Mulhorand e Unther declinariam e nunca mais
ascenderiam novamente.
A execução de Thayd, contudo,
não acabou com os ataques nos dois Antigos
Impérios. Pouco antes de sua execução,
Thayd abriu um portal para um terceiro mundo.
Cinco anos depois em –1076 CV, uma horda
formada por uma espécie humanóide
até então desconhecida em Mulhorand
e Unther descobriu o portal e atravessou-o em
busca em novas terras para saquear. Os deuses
Mulan emergiram de suas torres para liderar
seus exércitos contra esses “orcs
cinzentos”. Em resposta, os xamãs
orcs invocaram os avatares de seu panteão
para defendê-los. Num confronto titânico
conhecido como A Batalha dos Deuses, Re, líder
do panteão Mulhorand, foi morto pela
divindade patriarcal orc, Gruumsh, em –1071
CV, e muitos membros seniores do panteão
de Unther foram igualmente mortos, incluindo
Inanna, Girru, Ki, Marduk, Nanna-Sin, Nergal
e Utu. Os avatares das divindades orcs ficaram
seriamente enfraquecidos pela batalha, contudo,
e os panteões Mulhorand e de Unther se
reuniram para derrotá-los dois anos depois,
expulsando os orcs da região em –1069
CV.
As duas antigas nações pararam
para reconstruir seus poderes e lamber suas
feridas, enquanto novos impérios –
como os belicosos Narfell e Raumathar –
preencheram o vácuo ao norte. Contudo,
em –734 CV, o líder dos deuses
de Unther, Enlil, decidiu deixar os Reinos,
abdicando de seu torno em favor do seu filho
Gilgeam. Logo em seguida Ishtar, a deusa do
amor, também decidiu abandonar Faerûn,
secretamente entregando o poder de sua manifestação
à deusa Mulhorandi Isis e desaparecendo,
deixando apenas Assuran (também conhecido
como Hoar), deus do trovão, com Gilgeam.
Num primeiro momento, Gilgeam era um bom rei-deus,
mas o poder o corrompeu. Ele impôs limites
às fés dos outros deuses. Começou
então a deterioração de
dois mil anos de Gilgeam de uma tirania déspota
ao governante de Unther.
As próximas centenas de anos se passaram
relativamente quietos enquanto Gilgeam consolidava
seu poder, mantendo suas propriedades e sacrificando
sua população. Sempre agressivo
e expansionista, contudo, Unther novamente cresceu
com a queda cataclísmica dos reinados
ao norte de Narfell (de quem Unther teve que
se defender em um conflito naval em –623
CV) e Raumathar em –150 CV. Eventualmente,
Unther clamou tudo do que agora é Chessenta,
Chondath, as cidades costeiras ao norte da Costa
do Mago, o Shaar, e porções de
Dambrath e Estagund numa segunda era do império.
Contudo, essa expansão brutal trouxe
com ela o odeio dos conquistados e a falência
do tesouro de Unther, forçando os governantes
a aumentar os impostos a taxas absurdas.
Em 163 CV, piratas itinerantes de Unther e o
eremita ou dois “fundaram” Altumbel
na ponta da península aglarondiana. Em
202 CV, os bárbaros posteriormente conhecidos
como Arkaiuns invadiram Unther e Mulhorand pelo
sul, mas em 205 CV foram expulsos, levados de
volta ao seu assentamento base e exterminados.
Um bárbaro xamã prestes a morrer,
contudo, profetizou que ambos os impérios
seriam destruídos. Por volta de 400 CV,
Unther começou a recolonizar o norte
da Costa do Mago – terras perdidas há
séculos durante as Guerras dos Orcs –
começando com Escalant e a boca do Rio
Lapendrar. Também durante esse Ramman,
um antigo deus Mulan da tempestade se juntou
a Gilgeam em Unther, expulsando o deus Assuran,
o Destruidor.
Pelos próximos séculos que se
seguiram, as fronteiras mais afastadas de Unther
se rebelaram. As cidades ao norte de Unther
cortaram relações, e o país
ficou com a metade do território quando
as cidades ocidentais se declararam como a nação
livre de Chessenta.
Em 482 CV, duas dessas colônias, Delthuntle
e Laothkund, se livraram de Unther. Em 504 CV,
mais duas cidades, Teth e Nethra, declararam
sua independência. Unther respondeu com
uma longa campanha para reclamar suas Cidades
na Costa Norte. Contudo, a resposta de Unther
não pôs um fim na deserção
de suas colônias, e em 625 CV, Escalant
se juntou às suas cidades irmãs
na independência. Em 679 CV, Unther foi
forçada a reconhecer a independência
das Cidades Costeiras do Norte. Em 823 CV, Mourktar,
uma cidade em uma das províncias a oeste,
se libertou de Unther, e em 929 CV, a Aliança
de Chessenta se rebelou contra seus mestres
em Unthalass, guiando o povo de Unther de volta
para além das Montanhas do Céu.
Quebrada, Unther já não tinha
sequer a metade do tamanho que tinha 400 anos
antes.
Chessenta acabava de conseguir conquistar Unther
sob a liderança do Rei Tchazzar (secretamente
um dragão vermelho metamorfoseado, de
imenso poder) e governou-o como um estado arrendatário
por aproximadamente 100 anos. Com o desaparecimento
do herói conquistador Tchazzar em 1018
CV – há muito planejado pelo dragão
numa tentativa de ganhar a divindade –
Unther se libertou e direcionou-se para seu
próprio povo cruel. O país que
fez muitos avanços na escultura, poesia,
e outras artes civilizadas se engajou num declínio
contínuo de moral e cultura, a medida
que os seguidores de Gilgeam decaíam
na tirania e na loucura. Unther se tornou um
império caído “vivente”.
Pelo décimo quarto século, o declínio
de Unther estava quase completo. Em 1301 CV,
o Culto de Tiamat ressurgiu, juntando pessoas
desesperadas para se livrarem da opressão
de Gilgeam. Em 1346 CV, o culto, sob a liderança
de Tiglath, outrora uma escrava do harém
de Gilgeam, invocou para os Reinos a Dama Negra,
uma antiga adversária do panteão
de Unther, morta há muito por Marduk,
na forma de um dragão de três cabeças.
O culto também se aliou ao lorde meio-elfo
da lua e há muito escravo do palácio
de Gilgeam, Furifax, que havia começado
uma guerrilha contra Unther ao sul. Em 1357
CV em resposta a imposto excessivos, as cidades
ao norte de Unther, principalmente Messemprar,
entraram em uma grande revolta liderada por
um grupo de conjuradores conhecidos como Os
Magos do Norte. Independente da surpresa, Gilgeam
ainda assim celebrou sua ascensão ao
trono de Unther matando um dragão tartaruga
no porto de Unthalass.
Em 1358 CV, o Ano das Sombras, os deuses foram
arremessados em Faerûn em uma forma mortal
por Ao no que foi conhecido como O Tempo das
Perturbações e a Guerra dos Deuses.
Assuran retornou a Unther na liderança
de um exército de Chessenta para combater
seu inimigo Ramman. O avatar de Ramman encontrou-o
face a face, mas em um ato de justiça
poética, Aquele que Traz a Destruição
teceu uma poderosa magia que matou Ramman devido
a um raio de eletricidade que ricocheteou depois
do terceiro raio da tempestade dos deuses de
Unther soou. Contudo, antes de se apropriar
do portfolio de Ramman, o lorde da guerra de
Unther passou-o para Anhur, deus da guerra de
Mulhorand. O outorgado deus da guerra mulhorandi
liderou suas tropas contra a defesade Unther
e derrotou os mercenários de Chessenta,
muitos dos quais desertaram para o lado dele.
Aquele que traz a Destruição foi
mais uma vez levado de Unther derrotado.
Gilgeam matou a relativamente fraca encarnação
da dragoa rainha cromática, Tiamat, mas
a essência dela se dispersou em três
dos mais poderosos dragões cromáticos
da região. Tchazzar, um dragão
vermelho que chamou a si “O Pai de Chessenta”
e quem vinha procurando a divindade por séculos,
recebeu uma fração da essência
de Tiamat. Ele se sentiu compelido a procurar
Gestaniius, e então a matou e a devorou.
Tchazzar sentiu o poder divino surgir através
de si e nasceu-lhe uma cabeça azul. Ele
então perseguiu Skuthosiin em sua busca
para absorver completamente a essência
de Tiamat. Depois de uma transformação
abrupta, que incluiu o nascimento de uma cabeça
verde, sua forma mortal foi subjugada por Tiamat,
e a dragoa cromática se manifestou mais
uma vez nos Reinos. Seguindo a Guerra dos Deuses,
Tiamat batalhou novamente com Gilgeam (que encontrou
seu poder muito reduzido) pelos Planos Exteriores
e em Unther, destruindo muito da cidade de Unthalass.
Gilgeam morreu, e Tiamat estava enfraquecida
ao ponto de ter parado de ceder magias aos seus
seguidores por um tempo. Contudo, ela retornou
silenciosamente, em seguida continuando a fomentar
problemas em Unther.
Depois da morte de Gilgeam, seu trono de poder,
o Ziggurat da Vitória Eterna, foi saqueado
e queimado. Uns poucos sacerdotes sobreviveram
à rebelião geral, contudo, e fugiram
para uma fortaleza secreta, a Cidadela das Cinzas
Negras, escondida do braço oriental das
Montanhas da Fumaça. Mulhorand viu uma
oportunidade de atacar, e em 1371 CV, atravessou
o Rio das Espadas, conquistando primeiro pequenas
cidades e postos de observação
de finalmente a capital de Unther, Unthalass,
e as cidades além. Os Magos do Norte
mantiveram controle sobre Messemprar, mas, deixada
com menos que um terço do território
que tinha há um ano atrás, Unther
está à beira de deixar de existir.
Somente a misericórdia do faraó
de Mulhorand ou a intervenção
de poderosos agentes externos (como os Magos
Vermelhos, o Zhentarim, a igreja de Tiamat,
ou o dracolich, Alasklerbanbastos de Threskel)
é provavelmente a causa da salvação
de Unther em se tornar um território
de um novo império de Mulhorand. Os Magos
Vermelhos são especialmente contrários
a ver isso acontecer, e eles fornecem tanto
dinheiro quanto poder para ajudar Unther a se
manter independente. Habitantes de Unther cautelosos
são atentos quanto ao eventual custo
dessa ajuda, mas muitos sentem que qualquer
alternativa é melhor do que se submeter
ao governo de Mulhorand.
Para mais informações sobre Unther,
confira o Cenário de Campanha Forgotten
Realms, e outros produtos mais antigos
como Poderes e Panteões e FR10
Antigos Impérios. Confira também
a novela The
Alabaster Staff por Ed Bolme.

Sobre o Autor
Thomas M. Costa é um
profissional de um comitê na U.S. House
of Representatives. Ele tem colaborado para
muitos produtos da Wizards of the Coast, como
Demihuman Deites e o Races of Faerûn,
e é autor ou co-autor de inúmeros
artigos da Dragon Magazine e do site
da Wizards of the Coasts.
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