Dave
Gross se permitiu algum tempo para responder
algumas questões sobre si mesmo e sobre
seus escritos. Veja o que ele tem a dizer sobre
seu trabalho no cenário dos Reinos
Esquecidos e mais!
Wizards of the Coast: Como você
começou como autor?
Dave Gross: Nas aulas de Inglês
da quarta série eu escrevi uma pequena
história que agradou a Sra. Hughes o
suficiente para ela lê-la alto para o
resto da classe, simultaneamente me marcando
com a retribuição dos outros alunos
e garantindo que eu sempre, após isso,
tentasse entreter professoras bonitas com minhas
histórias (o restante dos expectadores
é apenas um bônus).
Meu primeiro trabalho profissional em grande
escala foi quando o departamento de livros da
TSR me ligou para propor histórias curtas
para Realms of Magic (Reinos da
Magia). Eu mostrei para eles “Every
Dog His Day” (Todo Cão tem seu
Dia) e o editor gostou. Felizmente, naquela
época, o resto da classe não me
marcou para se vingar.
Wizards: Quais são suas maiores influências
como escritor?
Dave: Alguns dos autores cujas
obras eu mais admirei quando criança
são Ray Bradbury, Roger Zelazny, Mary
Stewart, Alfred Bester, e Michael Moorcock.
Eu também era um grande fã dos
filmes de horror da Universal, de histórias
de fantasmas, dos quadrinhos da Marvel, alguns
antigos thrillers de rádio e heróis
cult como Doutor Savage e O Sombra. Hoje em
dia eu assisto muito filme estrangeiro e muitos
deles me inspiraram com idéias para histórias,
porque eles são muito diferentes das
coisas que se vê nos cinemas e na TV.
Wizards: Qual o primeiro livro que você
lembra de ter lido quando criança?
Dave: Exceto pelos muitos “Doutor
Seuss” e todos os clássicos infantis,
eu me lembro vagamente de um elegante volume
de mitos e lendas Inuit*. Infelizmente, eu não
consigo lembrar seu nome. Eu apenas me lembro
que tinha uma história muito legal sobre
como o narval conseguiu seu chifre.
Muito tempo depois, um dos livros que mais me
impressionou foi James and the Giant Peach
(James e o Pêssego Gigante),
de Ronald Dahl. É uma história
fantástica, gloriosa e, às vezes,
completamente assustadora. Eu acho que esse
livro solidificou em minha mente a idéia
de que fantasia e horror são uma combinação
perfeita. O primeiro autor que eu lembro de
gostar muito, cujos livros todos eu rastreei
na livraria, foi Ray Bradbury.
Wizards: Quais são seus autores
favoritos hoje?
Dave: Minha resposta para esta
pergunta muda a toda a hora. Ultimamente eu
tenho lido romances de terror de Donna Tartt,
George R.R. Martin, Greg Keyes e Matthew Stover.
Eu também tenho alguns prazeres culpados
na forma de romances de detetive realísticos.
Wizards: O que você faz para que
o processo criativo flua?
Dave: quando estou travado
ou apenas preocupado, uma mudança de
cenário geralmente ajuda. Uma ida ao
parque, a um pub ou a uma cafeteria com um notebook
ou um laptop geralmente me fazem voltar aos
trilhos quando me sinto confuso. Outras vezes,
escrever à luz de velas por algumas horas
me deixa exaltado, assim como escrever bem de
madrugada ou bem tarde da noite – qualquer
coisa para me tirar da minha rotina diária.
Música é uma grande maneira de
entrar no clima. Eu gosto de colocar a trilha
sonora do Conan ou do Henrique V se tem alguma
cena de batalha no trabalho.
Wizards:
Dave, você contribuiu
para uma história do The Halls of
Stormweather (Os Salões da Tempestade)
e também escreveu um romance Black
Wolf (Lobo Negro), ambos como
parte da série de suplementos sobre Sembia.
Foi fácil escrever Lord of Stormwheather
(O Lorde da Tempestade) após
ter escrito uma história e um romance
na mesma série?
Dave: Não foi difícil,
mas sim e não.
Foi mais fácil no sentido que eu conhecia
a cidade e muitos dos personagens melhor que
antes dos primeiros romances. Após terminar
Black Wolf, eu ainda gostava do cenário
e dos personagens, então foi um prazer
inesperado voltar a eles mais cedo do que o
esperado.
Por outro lado, significou que eu tinha muito
o que reler e muitas anotações
para fazer. Muito acontecera nos dois romances
desde Black Wolf – e eu tinha
esquecido tantos detalhes dos eventos de antes
e de durante aquele romance – que eu tive
um grande trabalho de pesquisa apenas para fazer
a continuidade. Ainda, já que isso tinha
sido programado para ser o penúltimo
livro da série (e, de fato, aconteceu
de ser o último volume), eu senti que
deveria arrumar as pontas soltas que eu e os
outros autores deixamos para o último
escritor. Essas foram ambas maravilhosas oportunidades
e, algumas vezes, grandes problemas. Enquanto
alguns deles me dariam alguma pausa mais pra
frente, no final eles provaram ser grandes fontes
de inspiração e muito divertido
de escrever.
Wizards: O que ou quem o inspirou a
se tornar um autor e por que você escolheu
ficção de fantasia como o gênero
para começar sua carreira de escritor?
Dave: Novamente, esta é
uma questão que possui muitas respostas
verdadeiras.
Meus pais e avós sempre me deram muitos
livros quando eu era jovem, e eles sempre me
encorajaram a ler e escrever. Eles são,
certamente, uma grande inspiração.
O trabalho de muitos dos meus autores favoritos
certamente me deu um impulso. Só de pensar
em criar mundos e histórias como aquelas
que me encantaram quando leitor foi um grande
incentivo para escrever meus próprios
contos. Pela mesma razão, fantasia e
horror eram dois dos gêneros que eu mais
queria escrever porque eram os dois que eu mais
gostava de ler quando eu era jovem. Eu nunca
vou esquecer da noite em que desobedeci meus
pais e desci para assistir a Noite dos Mortos
Vivos na televisão, só pra
ficar tão assustado que eles me acharam
na manhã seguinte escondido debaixo do
sofá, com muito medo de sair de lá
e os zumbis me pegarem. Bons tempos!
Wizards: se você pudesse escolher
um personagem e um mundo para escrever, que
personagem/mundo seriam e por quê?
Dave: Eu nunca poderia escolher
apenas um personagem, porque nenhum –
não importa quão fascinante –
é muito interessante por si só.
O que me fascina é a forma com que o
personagem interage e, inevitavelmente, eu me
divirto mais mudando de um personagem para outro
e ir e voltar durante os eventos de uma história.
Eu também gosto de ver diferentes pares
de personagens em um grupo. Por exemplo, no
Jornada nas Estrelas original, era
divertido ver como Kirk e Spock interagiam e,
então, comparar com como Kirk e Bones
se davam bem, e é claro, como Bones e
Spock disputavam. É até mais engraçado
com um grupo de, digamos, dez personagens, porque
você pode ver combinações
mais complexas ainda e a formação
e dissolução de panelinhas.
Ainda, meus personagens favoritos quase nunca
são os personagens principais, mas os
personagens secundários e os coadjuvantes,
e você não pode tê-los sem
o herói no coração da história.
‘Tá legal, são dois parágrafos
de esquiva da pergunta. Eu acho que a resposta
verdadeira é que eu ainda não
encontrei o personagem sobre o qual eu gostaria
de escrever eternamente, ainda. Entretanto,
tem um personagem de Black Wolf que
volta em Lord of Stormweather –
eu não direi para não estragar
a surpresa – e ele é o tipo de
personagem que eu gostaria de explorar por mais
alguns romances. Ele ainda está próximo
do começo de uma longa estrada, e eu
gostaria de ver aonde ele iria ao fim de sua
jornada.
Agora quanto ao mundo, enquanto eu amo os Reinos
Esquecidos, eu devo dizer que se eu
fui limitado a apenas um cenário, então
seria um de fantasia que eu criaria dentro dos
próximos anos.
Wizards: Do que você mais gosta
de escrever no mundo de ficção
compartilhado?
Dave: Eu adoro que meus personagens
interajam com personagens que eu não
inventei. Eu também gosto de interagir
com outros autores e editores, mas os personagens
se encontram tão mais freqüentemente,
que o prazer constante está em tentar
capturar o equilíbrio entre suas criações
e aquelas dos outros. Eu penso que seja como
brincar sozinho com seus bonecos de ação
e brincar junto com seu amigo, que traz seus
próprios brinquedos para compartilhar.
Wizards: Em quais projetos você
está trabalhando no momento?
Dave: Atualmente eu estou finalizando
uma tarefa para T. H. Lain, aquele prolífico
escritor de romances de D&D.
Após isso, eu assinei um contrato para
escrever outro romance dos Reinos Esquecidos,
mas eu ainda nem escrevi o esboço, e
está previsto para o meio do ano de 2004
(nos Estados Unidos), então é
muito cedo ainda para quaisquer detalhes.
Wizards: Tem algo mais que você
gostaria de acrescentar?
Dave: Já que a série
de Sembia está chegando ao fim, parece
que todos os autores estão se espalhando
para os quatro cantos dos Reinos Esquecidos
com novos livros. Enquanto eu estou em contato
regular com alguns deles, eu espero que um dia
nós nos reunamos e possamos colocar todos
os personagens da Tempestade juntos. Seria interessante
ver como todos eles mudaram com o tempo. Ainda
assim como a maioria das reuniões, um
dos irmãos com certeza irá beber
demais e bater em algum dos outros. Isso não
seria legal?
Dê uma olhada nos recentes trabalhos
de Dave:
The
Halls of Stormweather (Os Salões
da Tempestade)
Black
Wolf (Lobo Negro)
Lord
of Stormweather (O Lorde da Tempestade)
Realms
of Magic (Reinos da Magia)
NT: Inuit é um termo geral para um grupo
culturalmente similar de indígenas, também
chamados de Esquimós, que habitam o Ártico,
a costa da Sibéria, os territórios
do noroeste, Nunavut, Quebec, Labrador e Groelândia.
Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/Inuit.

Sobre o autor
Thomas M. Costa é um
membro profissional do comitê na U.S.
House of Representatives. Ele tem contribuído
em muitos produtos da Wizards of the Coast como
Demihuman Deities (Divindades Humanóides)
e Races of Faerûn (Raças
de Faerûn), e é o autor ou co-autor
de um número de Dragon Magazine
e artigos do website da Wizards of the Coast.
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