Recentemente nos ocupamos em perguntar a três
pessoas com conhecimentos sobre os drows para
falarem sob seus pontos de vista sobre estes
elfos negros. Elaine Cunningham e R.A Salvatore
escreveram bastante sobre os drows em seus romances,
e Chris Pramas lidou com eles enquanto trabalhava
com o jogo de miniaturas Chainmail. Começaremos
com R.A Salvatore e Elaine para ver o que eles
tem a dizer primeiro, então depois mergulharemos
no conceito de Chris.
Conceito de R.A
Salvatore sobre os Drows: Passado, Presente,
e Futuro
A
beleza dos drows é o que supostamente permanece
misteriosa. Eles são envoltos por um ar de mistério
que os faz belos e igualmente mortais. Supõe-se
que eles são os antagonistas primários dos mundos
de D&D. Quando um grupo de aventureiros
avista um drow, geralmente sentem medo. Talvez
eles sempre estão espreitando nas sombras. É
assim que jogamos com os elfos negros em nossas
campanhas de D&D.
Isto soará estranho, eu sei, mas eu fico um
pouco triste pelo sucesso de Drizzt. Ele era
o "drow diferente", mas por causa de sua popularidade,
outros o estão emulando cada vez mais. Por que
isto me deixa triste? Eu temo pela integridade
da raça drow como antagonista. Temo que jogadores
aventurando-se nas profundezas e ao ver um elfo
negro perguntem, "Ele tem olhos púrpuras?" ao
invés de se agacharem de medo. Eu entendo que
este levantamento do ar de mistério é uma evolução
lógica da raça em um jogo mais detalhado, mas
eu não posso ajudar pois sinto que algo foi
perdido no processo. Elfos assim como os drows
são agora tão comuns quanto os elfos típicos
da superfície de jogos como EverQuest.
Como consultor dos livros da Guerra da Rainha
Aranha, eu sinto que meu papel consiste
em editar o tom das coisas. Eu tento ter certeza
de que os elfos negros não são iguais como todo
mundo, apenas com características físicas diferentes.
Drows tem que pensar diferente a todo momento.
E embora a Wizards of the Coast estejam fazendo
séries sobre a cultura drow e seus deuses, nós
temos que tentar manter aquele ar de mistério
tão firmes quanto possível.
Explorando os Drows
de Elaine Cunningham
Um
estranho trio de aventureiros se sentaram perto
de uma fogueira em um acampamento. Um deles,
um homem jovem e áspero com a constituição de
um guerreiro e as habilidades de um viajante
experiente, avistou cuidadosamente um par de
perdizes piando. Seus companheiros, um nobre
de Águas Profundas e uma drow, mostraram mais
interesse um no outro do que na comida. Enquanto
o guerreiro caçava e levantava acampamento,
eles conversavam como velhos amigos, ambos magos,
como não se vissem há dias. Suas palavras expressaram
comparação de feitiços, itens mágicos, e batalhas
ganhas ou que habilmente evitaram.
Quando afinal deram uma pausa para respirar,
o homem tirou um frasco prateado de sua bolsa
e entregou a elfa de pele escura. Ela tomou
um gole experimental, e seus olhos cor de ambar
alargaram-se com surpresa e prazer. "Isso é
qilovestualt! Como você conseguiu este vinho
drow?"
Ele encolheu os ombros. "Pode-se adquirir qualquer
coisa em Águas Profundas, contanto que a pessoa
tenha bolsos fundos e conheça os desonrados.
Não -- fique," disse ele quando ela tentou devolver.
Imediatamente os olhos dela viraram-se cautelosamente.
Poucas pessoas, entre as que viviam sob o céu
ou abaixo nas profundezas das rochas, deram
algo em troca de nada. Ele sorriu, como se entendesse
exatamente o que ela pensou. "Me fale sobre
os drows, e nós poderemos considerar a dívida
paga".
Ela ergueu sua sobrancelha cor-de-neve. "O que
quer saber?"
"Qualquer coisa. Tudo!"
Um pequeno sorriso encurvou os lábios da drow.
Ela lhe passou o frasco e o convenceu a tomar
um gole. Em um preciso momento, ela disse, "Bem,
pra começar, aquele vinho é feito de cogumelos
fermentados."
Ele deu uma tossida assustada -- um reflexo
que fez a potente bebiba queimar sua garganta
e jorrar pelo nariz. Depois de alguns momentos
tossindo, ele esfregou os olhos e sorriu como
um malandro. "Humor drow?"
"Um pequeno exemplo disso," ela concordou com
um sorriso. "Não há muitos modos para se divertir
em Menzoberranzan. Fazer truques é um deles
-- o mais malicioso, o melhor."
"Ah. Coisas que tendem ao caos, eles fazem?"
"Claro! E de que outra forma a estrutura seria
mantida?"
A sobrancelha do jovem homem enrugou-se. "Você
se estrutura pelo caos?"
"E existe outro modo?"
Ele riu do genuíno enigma dela. "Me diga como
isso á trabalhado."
"Na superfície, tudo é muito simples. Todos
tem uma posição -- todo mundo e tudo. Primeiro
vem as Casas -- vocês provavelmente os chamariam
de famílias, ou clãs. Elas são classificadas
de acordo com a força, com as matronas das casas
mais poderosas que regem o conselho dos oito.
Dentro de cada Casa, as pessoas lutam constantemente
por classe e posição. O mesmo acontece nas escolas,
nas arenas, nas guildas, os mercados, até mesmo
nos salões de festa."
"Começo a entender," ele disse. "Há uma competição
dentro de uma estrutura bastante rígida. Este
percurso define a qualidade das armas drows
e de seu lendário poder mágico."
"Em parte," ela concordou. "Mas tenha em mente
que há duas maneiras de um ferreiro de espadas
subir de classe. Primeira, ele pode trabalhar
duro e refinar sua arte. Segunda, ele pode simplesmente
matar o melhor ferreiro." Ela sorriu novamente,
mas desta vez o sorriso não alcançou seus olhos.
"Esta técnica também requer boas armas e poderosa
magia."
"Compreendo," ele admitiu. "Me perdoe se a ofendo,
mas pelo que eu ouvi falar dos drows, parece
que preferem seguir esta segunda opção."
O sorriso dela desapareceu completamente, seus
olhos cor de âmbar pareciam uma sepultura. "Onde
os drows são preocupados, nunca é seguro admitir
qualquer coisa."
******
Saudações, e bom encontro!
O pessoal da Wizards of the Coast me pediu para
que eu ercrevesse uma composição curta de "o
que os drows significam para mim". Esta tarefa
é mais difícil do que parece. Até mesmo depois
de escrever três livros sobre a princesa "drow"
Liriel Baenre -- e lendo tudo sobre os elfos
negros nos livros e produtos de jogo que a TSR/Wizards
publicou -- eu não sinto que tenha uma mão firme
para estes elfos. E que, eu penso, é como deveria
ser.
É de certo que os drows são um mistério, quase
uma raça desconhecida. Eles são belos além da
descrição; seus guerreiros se movem com rapidez
e graça; suas mentes são labirintos de curvas
sutis e mortais.
É este mistério, a expectativa do inesperado,
que dá atração ao drow. Eles são estranhos para
nós -- seres estrangeiros. Não são humanos com
orelhas pontudas. Eles nem mesmo são elfos com
pele escura. São algo diferente -- algo que
os humanos nunca entenderão completamente.
Imagino que esta seja a razão pela qual eu e
Bob Salvatore escolhemos focalizar o drow divergindo-o
do padrão. Drizzt tem um coração nobre e um
equilíbrio moral muito forte. Liriel é divertida,
amorosa e cheia de vida. Ela almeja aventura
e amizade. Nenhum deles é um "drow típico".
Eles, como nós, sem veêm como renegados, enquanto
tentam entender a conflitante e intrigante forma
de vida drow. Isto dá ao leitor uma estrutura,
e uma janela, neste reino desconhecido.
Às vezes me preocupo para estas janelas não
sejam muito numerosas. Afinal de contas, quanta
luz você jogou no drow antes de dispersar a
escuridão que os cerca e define? Não me entendam
mal -- eu amo este sórdido amaldiçoado como
qualquer um. Mas neste momento, uma pergunta
que freqüentemente tenho é esta: Como podemos
tratar o drow mantendo seu mistério?
Milhares de palavras foram dedicadas a eles,
na forma de romances, produtos de jogo, histórias
curtas, artigos, e discussões de fóruns. Algo
de temor destas criaturas que deveriam servir
de inspiração está sendo enterrado completamente
debaixo destas informações -- muito do mistério
está sendo roubado por familiaridade. Há muitos
jogadores que adoram os drows e gostariam de
jogar com os elfos negros em suas campanhas
de RPG. Os criadores do recente Reinos Esquecidos
Cenário de Campanha respondem a esta tendência
"equilibrando" o drow dando-lhe poder e a removendo
colocando algumas limitações distintas. Os drows
estão mais amigáveis hoje em dia. Enquanto eu
compreender lógica nisso, eu verei como uma
benção misturada.
Esta familiaridade era um dos assuntos que eu
lembrei quando escrevia Windwalker, o
terceiro livro de Liriel. Eu tentei acentuar
que Liriel, apesar das mudanças sofridas e crescimento
alcançado, é acima de tudo uma drow. Quando
um drow se torna "bom", ou alguma variação disso,
eles não deixam de serem elfos negros. Liriel
ainda possui um temperamento arisco, Qilué ainda
é rancorosa, e Drizzt ainda vê uma alegria selvagem
nas batalhas. Também parece para mim que suas
histórias refletem a pessoa do elfo negro, assim
eu somei várias estranhas mudanças para reforçar
a noção complexa, lógica e conturbada dos drows.
E a história centraliza o tema mais básico da
fantasia: a luta entre o bem e o mal.
É impossível discutir o drow sem tocar na sua
natureza pelo menos. Você leu indubitavelmente,
e provavelmente deve ter participado, de um
fórum ou discussão de mesa a respeito da vida
de um elfo negro. Até que ponto é inerente a
maldade num drow, e até onde vai a extensão
de suas demandas e expectativas de sua cultura?
E, mais especificamente, como aqueles que abraçam
a maldade manifestam suas inclinações?
Eu ouvi notícias de que várias pessoas acreditam
que nenhum drow participa de "atividades divertidas",
como festas ou competições atléticas. Estes
leitores acreditam que drows só podem achar
prazer torturando escravos ou planejando a derrocada
de seus inimigos. Alguns até acreditam que um
drow "autêntico" responde a qualquer situação
matando qualquer um que cruze seu caminho, com
preferivelmente o método mais brutal e sádico
possível.
Eu não vejo o drow deste modo, nem comparo "mal"
com "niilismo". O foco primário do drow não
é nenhuma destruição, mas sim poder e avanço.
A luta pelo poder pode se manifestar de muitas
formas. Sacerdotisas competem a favor de Lolth
através de desempenhos de ritos brutais e esquemas
divergentes. Elas passam por cima de suas irmãs
e mães em seu caminho ao título desejado de
Matrona. Guerreiros testam-se uns aos outros
constantemente. Drows ricos se esforçam para
terem moradas melhores e festas mais elaboradas.
Artesões querem ser conhecidos pela qualidade
de suas artes e por seus clientes. Se os drows
fossem dirigidos por um desejo de erradicar
uns aos outros, não haveria nenhuma estrutura
de poder sobrevivente para escalar. Eles não
são assassinos radicais, descuidados, mas seres
de alta inteligência. Eles são empenhados a
ganhar poder, mas também apreciam planos sutis
e inteligentes que ajudam na aquisição deste
poder. Um golpe súbito e próspero, um esquema
divergente, uma vingança calculada, uma brincadeira
perigosa e divertida -- estas são as coisas
que os drows prezam como estivéssemos apreciando
uma pintura: Poderia ser um valioso investimento
que contribui para riqueza e prestígio, mas
também é merecedor dentro de si mesmo.
A essência de minha compreensão dos drows pode
ser encontrada em suas raízes mitológicas. Há
uma introdução excelente à mitologia élfica
na Dragon Magazine #279, escrita por
Kenneth Hite. (Sua bibliografia inclui alguns
dos melhores livros sobre o conhecimento de
elfo/fada. Para mais sugestões, veja a página
"Elf Lore"(Conhecimento Élfico) de meu website.)
Sr. Hite coloca que "drow" é uma variação da
antiga palavra "trow", uma criatura fada que
vive nas colinas ocas de Shetland e nas Ilhas
de Orkney. O personagem drow do D&D se
assemelha a isso do "dock-alfar" -- os malévolos
elfos negros da mitologia nórdica e céltica.
Quase porém, toda tradição descreve um reino
de fada escuro e desejos inexplicáveis. Talvez
este mito seja uma metáfora para o nosso próprio
interior e nossos medos mais profundos que poderiam
estar à espreita por lá.
Que, eu penso, é a chave do drow: Eles encarnam
o medo desconhecido -- as possibilidades terríveis.
Se nós estamos escrevendo ou lendo sobre eles,
inclusive nas campanhas de RPG, ou os descrevendo
por artes visuais, deveria haver uma sensação
ruim, um incômodo ao fazê-lo -- uma sensação
de medo. Afinal de contas, quando o drow aparece
à luz quem pode estar certo de que mais o poderia
acompanhar?
Chris Pramas: Uma
Visão Drow Kilsek
Ao
criar o conceito do drow para Chainmail,
eu voltei para o material original de AD&D.
O que eu gostei sobre a série de módulos "D"
era aquele drow, uma ameaça nova e misteriosa.
Habitantes da superfície tem como o drow um
mito, mas foram com os PJs jogando uma aventura
que de repente a lenda se tornou real. Forgotten
Realms fez uma aproximação diferente disso.
Poderia se chamar isso de "drow-um-vá-vá", e
eu quis devolver as suas raízes em Chainmail.
Desde que o Império Separado foi localizado
em Oerth (o mundo de Greyhawk), eu liguei
o drow de Chainmail a Cúpula dos Drows.
Minha idéia básica era que depois dos eventos
ocorridos nos módulos "D", uma guerra civil
estourou entre as casas nobres dos drows. Em
minhas pesquisas, percebi que Monte Cook teve
uma idéia semelhante numa aventura AD&D
de Planescape, Deuses Mortos. Assim eu
construí algo baseado no que Monte tinha criado
em uma resolução à guerra civil. O acordo de
paz era bom para todas as casas nobres exceto
uma: Kilsek. Para se manter o equilíbrio entre
as casas, a Kilsek foi abolida. Ao invés de
ver Kilsek destruída, o líder da casa reuniu
sua gente e foi a Cúpula dos Drows à procura
de uma nova casa. Eles eventualmente a encontraram
no caminho para o Império Separado onde viveram
na obscuridade até que a Guerra dos Deuses esparramou
o subterrâneo ameaçando sua casa. O aparecimento
dos drows foi uma grande surpresa para as pessoas
do Império Separado, especialmente as de Ravilla.
Ninguém na região havia visto um drow antes.
Ao trabalhar nos modelos do drow de Kilsek,
nós consideramos radicalmente um re-conceito
a visão e a sensação do drow. Um idéia que tive
foi de fazê-los adorar um deus diferente, pois
as sacerdotisas de Lolth foram cúmplices da
queda de Kilsek. Porém, as minis de Chainmail
dobraram como miniaturas de jogo de D&D,
assim quisemos que elas fossem usadas para jogadores
de Greyhawk, Forgotten Realms,
e assim por diante. Nós aderimos desta forma
para uma visão estabelecida do drow, como você
notará no emblema de aranha da facção Kilsek.
Finalmente, a facção Kilsek não é somente drow.
Os drows são muito conhecidos na dominação de
outras raças e no uso deles na batalha, assim
você encontrará tropas de trogloditas e outras
criaturas bestiais entre as forças Kilsek. Isto
dá a facção uma diversidade agradável, enquanto
mantém o drow clássico.

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