R.A.
Salvatore emprestou um pouco do seu tempo usado
para escrever e falou sobre suas influências,
bem como alguns de seus tão conhecidos personagens!
Wizards of the Coast: Quais são as principais
influências para você como escritor?
R.A. Salvatore: J.R.R. Tolkien, Charles
Shultz, Fleetwood Mac, um trabalho ruim e uma
experiência miserável no ensino médio - embora
não necessariamente nesta mesma ordem. É sério,
é difícil para eu olhar para trás por algo em
particular, exceto a trilogia do Senhor dos
Anéis que ganhei de presente de Natal no meu
primeiro ano de faculdade, e dizer qual foi
o momento decisivo para mim. Tolkien, mais do
que qualquer um, me fez ler e sintonizou minha
imaginação, que eu havia perdido na minha experiência
educacional. Ela absolutamente me enfurecia
quando os professores do ensino médio ou o próprio
colégio deixavam de lado a fantasia ou outro
gênero "de literatura não real". Eu penso que
essas pessoas arrogantes deveriam reconhecer
que seu trabalho é ensinar a ler e o modo mais
fácil de fazer alguém um leitor é dar a ele
algo que eles QUEIRAM ler. Quando eu era bem
jovem, eu amava o Charlie Brown - eu possuía
uma grande coleção da primeira edição dos livros
do Amendoim do fim dos anos 50 e do começo e
do meio dos anos 60. Eu escrevi muitos, muitos
livros do Snoopy por conta própria. Mas na época
que eu ia no colégio, eu lia apenas os livros
que eram obrigatórios - e odiava cada um deles
- e eu era um estudante de matemática! Tolkien
me relembrou que ler poderia ser divertido.
Cara, ele me relembrou eternamente.
Wizards: Qual foi o primeiro livro que você
se lembra de ler quando criança?
Salvatore: De volta ao Amendoim. Eu devorava
cada livro do Charlie Brown.
Wizards: Quais são seus autores favoritos
agora?
Salvatore: Continua sendo Tolkien - eu
nunca me cansei de Bilbo e Gandalf e o resto.
Eu amo o trabalho de Terry Brooks. Davis Gemmell
é outro.
Wizards: O que você faz para manter o processo
criativo fluente?
Salvatore: Eu gravo uma cópia da minha
hipoteca em meu computador.
Brincadeira - eu posso ouvir os comentários
nos quadros de mensagem cínicos agora…
Falando sério, a parte de escrever nunca foi
um problema. É quase como se estes personagens
estivessem falando diretamente comigo. Publicar
já é algo diferente. Eu geralmente digo, e é
pura verdade, se eu acertar na loteria amanhã
(e já que eu não jogo, esta é uma possibilidade
remota) eu continuarei a escrever, mas eu jamais
publicaria novamente.
Wizards: Você e Drizzt compartilham alguma
característica?
Salvatore: Eu penso que Drizzt é, de
muitas formas, quem eu gostaria de ser. Eu gosto
de me imaginar como um nobre. Eu gosto de pensar
que minhas palavras são boas. Eu gosto de pensar
que eu faço a coisa certa, qualquer que seja
o custo. Realmente pode ser um pouco diferente
do que o ideal às vezes.
Wizards: Quais são as diferenças de escrever
um gênero de fantasia ou um gênero de ficção
científica?
Salvatore: Esta é uma pergunta difícil
para mim porque eu nunca realmente escrevi ficção
científica. Eu sei que pode haver alguns leitores
de Guerras nas Estrelas passando os olhos por
aqui, mas eu nunca considerei Guerra nas Estrelas
"ficção científica". É fantasia, pura e simples,
e o surgimento de várias fórmulas e teorias
para explicar os elementos de fantasia não mudam
isto. É épico, fantasia aventuresca, e é muito
divertido!
Wizard: Há algo mais que gostaria de dizer?
Salvatore: Eu tenho recebido muitos e-mails
perguntando se este é o último livro do Drizzt.
Deixe-me responder isto publicamente. Não. Por
quanto tempo Drizzt (ou Artemis e Jarlaxle)
continuarão? Tanto tempo quanto possível. Eu
temo que a principal audiência esteja começando
a se envolver demais e se apegar demais. O que
eu quero dizer é que alguns leitores estão julgando
os livros mais na direção dos personagens, ou
mesmo um personagem em particular, ao invés
da história contada. Estão não é nem mesmo uma
distinção sutil, e uma que eu nem sabia que
existia até entrar na galáxia de Guerra nas
Estrelas. Quando alguém me escreve uma carta
furiosa porque ele pensa que Drizzt pode estar
se encontrando com Catti-brie, seguido pela
carta de outro alguém que está furioso porque
eu não fiz Catti-brie chegar longe o suficiente,
eu posso apenas suspirar. O que acontece é que
este direcionamento começa a dividir o público
(porque todos os personagens continuamente enfrentam
bifurcações no caminho), e, eu penso, estas
expectativas destroem o prazer de qualquer um
que queira ler o romance.
Outro medo que eu tenho a respeito de Drizzt
é um que expressei a muito tempo atrás. Alguns
leitores continuam insistindo que eu encontrei
vilões maiores e mais malvados para Drizzt enfrentar.
Esta é uma doença terminal para uma série. Eu
estou preocupado em encontrar novos desafios
emocionais para Drizzt e o grupo dentro do contexto
da ação. Se ele matar um goblin no primeiro
livro, um ogro no segundo, um gigante no terceiro,
um dragão no quarto, um demônio no quinto e
um deus no sexto… bem, para onde vamos de lá?
Eu sempre considerei Drizzt e seus amigos pequenos
jogadores em um mundo enorme - a posição de
Bruenor inclusive. A despeito das constantes
reclamações "infantis" das pessoas que estão
mais preocupadas com os produtos de jogos (dos
quais eu não tenho nada a ver) e com suas próprias
campanhas do que com os romances, Drizzt está
longe de ser perfeito, e ele está longe de ser
invencível. Ele tem operado às margens do desastre
por muito, muito tempo! Enquanto eu entendo
que simplesmente estando lá e sobrevivendo é
por si só uma oportunidade para algumas pessoas
passarem seus olhos, não há muito mais o que
eu possa fazer sobre os outros quererem matá-lo
e acabar com ele.
Ele tem uma estrada interessante - muito mais
do que eu jamais previ quando eu o criei, em
desespero, como um personagem coadjuvante para
me ajudar a contar a história de Wulfgar. Enquanto
esta estrada permanecer interessante, para mim
e para os leitores, eu andarei ao lado dele.
Questões de 15/01/2002 do Perfil do
Autor
Wizards: Como surgiu a idéia de reunir Drizzt,
Catti-brie, Regis, Bruenor e Wulfgar?
Salvatore: Me pareceu ser uma extensão
natural. Eles se reuniram em Passage to Dawn
(Passagem para o Amanhecer), mas se eu tivesse
deixado assim, eu teria desprezado a experiência
de Wulfgar. Ele precisava sentir alguma repercussão
de sua experiência. Ele estava, literalmente,
no inferno e voltou. Aquilo tinha que ter deixado
alguma cicatriz. Agora ele está de volta com
o grupo e tudo está bem… ou não? Ele está apaixonado
por Delly ou ele está se enganando por que ele
PRECISA se apaixonar por alguém, e esse alguém
não poderia ser Catti-brie… ainda não, pelo
menos?
A coisa maravilhosa disso é que eu não sei as
respostas ainda. Eu estou no mesmo passo que
os leitores; eu apenas encontro as respostas
cerca de um ano antes do que eles.
Wizards: Você teve que fazer alguma mudança
em seu estilo de escrever para a próxima novelização
de Guerra nas Estrelas: Ataque dos Clones? O
que é exclusivo sobre o processo de escrever
a novelização de um filme?
Salvatore: Obviamente, eu não posso entrar
em muitos detalhes aqui. Basicamente, meu trabalho
era pegar o que George Lucas tinha dado para
mim, através do roteiro das cenas do filme e
nossas conversações e expandir esta visão do
que ele queria para completar no filme, com
algumas dicas do que poderia vir a seguir. Eu
imagino que meu estilo de escrever permaneceu
o mesmo - eu realmente não sei como mudar o
modo de contar uma história. Era uma decisão
da Lucasfilm que meu estilo iria de encaixar
bem com o visual do filme que me deram o emprego,
eu suponho.
Wizards: Quais projetos você está escrevendo
no momento?
Salvatore: Eu estou colocando os toques
finais em Guerra nas Estrelas: Ataque dos
Clones, e estou mergulhado, e muito atrasado,
no próximo livro de Drizzt, que é o primeiro
de uma nova série. Parece que desde o tremendo
sucesso das edições de colecionador, meus editores
só podem pensar em termos de "séries" ao invés
de romances, o que é uma coisa boa, um modo
de trabalho seguro, eu penso.

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