Mintiper
Lua Prateada é um dos lendários
bardos dos Reinos Esquecidos, e contos de suas
aventuras têm sido há muito recontados
ao redor do fogo da lareira através do
Norte em formas musicais, poéticas e
narrativas. Transcrito no Reduto dos Sábios
em Lua Argêntea pelo Guardião do
Reduto, o Livreto de Mintiper é uma compilação
das baladas, poemas e contos do Harpista Solitário.
Páginas selecionadas deste diário
foram anotadas e passadas para as mãos
deste cronista e vão ser reveladas aqui
em uma coluna periódica.

Salão das
Brumas
No final, a luz fraca convenceu
Prata Verdadeira que era melhor ele começar
sua descida da copa do elevado Vovô Árvore.
Cuidadosamente fazendo seu caminho tronco abaixo,
ele encontrou a si próprio seguindo uma rota
diferente da que ele tinha tomado durante sua
subida através de floresta de galhos que servia
tanto como degraus quanto impediam seu progresso.
Após mais do que uma hora
de silencioso progresso, Prata Verdadeira percebeu
que os galhos ao seu redor balançavam com uma
freqüência lentamente crescente, como o solo
sob as botas de um exército se aproximando.
Olhando através de um local defensável, ele
avistou um buraco escuro que conduzia profundamente
para dentro do tronco da árvore. Uma estranha
seiva negra e viscosa, com cheiro de decadência,
parecia gotejar das paredes do buraco, quase
como se fosse um ferimento antigo que não iria
curar. Com mais do que um sinal de medo, Prata
Verdadeira entrou na fenda. Quase que instantaneamente
o ar tornou-se amargamente frio e uma sensação
constante de maldade congelava sua alma. Determinado
a proteger seus princípios, ele sacou sua espada
e aguardou seja o que fosse que estivesse escalando
até ele.
Momentos após, a cabeça, antenas
e as pernas dianteiras de uma formiga gigante
apareceram dentro da fenda. Reagindo instintivamente,
o meio-elfo cortou o pescoço do inseto de tamanho
humano com ambas de suas lâminas, separando
a cabeça da formiga de seu tórax. Porém, antes
que ele pudesse mesmo limpar suas armas, uma
segunda formiga gigante impulsionou suas antenas
de dentro do buraco na seqüência. Na sujeira
resultante de golpes de espada e mordidas de
mandíbulas, Prata Verdadeira destruiu aproximadamente
uma dúzia de formigas monstruosas antes de seus
corpos, ainda se contorcendo completamente,
bloqueassem a entrada para o buraco.
A subseqüente tranqüilidade
dificilmente durou um instante antes que o meio-elfo
percebesse que o resto do formigueiro tinha
começado a mastigar seu caminho através dos
corpos das formigas caídas. Ele tombou para
trás com terror, sua posição não fornecia saída
para nada. Ele encontrou a si mesmo mergulhando
em uma fenda lateral escorregadia escavada através
do centro do antigo Vovô Árvore.
A íngreme queda de Prata Verdadeira
chegou a uma abrupta parada em cima de um amontoado
de detritos de folhas coberto de fungos. Cegado
e sufocado pela espessa nuvem de esporos liberados
pelo seu impacto, o meio-elfo levantou-se do
solo de terra batida e procurou por suas espadas,
que tinham caído de suas mãos durante sua queda.
Porém, os progressivos e barulhentos sons de
muitos grupos de formigas baixando o poço o
estimularam a abandonar sua busca após encontrar
apenas uma arma e se retirar para dentro de
um dos muitos túneis laterais que conduziam
para fora da entrada da caverna. Discrição se
mostrou a melhor parte da coragem um momento
após, quando a coluna de formigas gigantes fluiu
para dentro da câmara e embaixo um do outro,
túneis laterais maiores. Para seu horror, Prata
Verdadeira avistou os débeis corpos de seus
companheiros na coluna, cada um conduzido pelas
mandíbulas de um quarteto de formigas.
As horas que se seguiram foram
as sementes de pesadelos por muitos anos seguintes.
Na esperança de que seus companheiros ainda
não estivessem mortos e pudessem ser resgatados
ainda, Prata Verdadeira encontrou-se confuso
através do escuro labirinto de úmidos, túneis
apertados e câmaras feitas de terra preenchidas
com pilhas de vegetação apodrecidas, cheias
de fungos. Mais e mais vezes, pequenos grupos
de formigas guerreiras novamente se materializavam
sem aviso para somente desaparecer tão subitamente
como apareciam. Naquelas poucas ocasiões, quando
suas lâminas cravavam em um dos insetos gigantes,
seus ferimentos aparentavam magicamente fecharem-se
um momento após.
Finalmente, na beira da exaustão,
Prata Verdadeira foi forçado a fugir de uma
patrulha particularmente grande de formigas
guerreiras, correndo através de um túnel relativamente
nivelado e largo. Abruptamente, o túnel terminava
em uma pequena sala de pedra trabalhada que
servia como o vestíbulo, preenchido de bruma,
de um grande salão, que causava a impressão
de males antigos. Nenhuma formiga apareceu na
frente do meio-elfo, mas o ranger de mandíbulas
dos insetos à suas costas sugeria que ele não
tinha opção senão andar para frente. Teria sido
ele agrupado aqui junto com os outros?
Arrastando-se para dentro
do salão apoiado por pilares e preenchido de
brumas, Prata Verdadeira se espantou com os
lúgubres pictogramas inscritos sobre as muralhas
e teto arqueado, e com as runas – pulsando com
uma energia armazenada – que adornavam os pilares
e o solo. As imagens vislumbradas turvamente
descreviam reptilianos bípedes venerando criaturas
imensas semelhantes a sapos que emergiam das
brumas rodopiantes. Estatuas de ouro e platina
retratando similares horrores batráquios espreitavam
dos pequenos santuários visíveis nos estreitos
corredores que conduziam para fora do salão
principal.
Fazendo seu caminho mais profundamente
para dentro do santuário profano, Prata Verdadeira
encontrou a si próprio parado ante duas passagens
idênticas com aproximadamente nove metros de
separação, cada uma encantada com poderosas
proteções antigas. O meio-elfo escolheu o caminho
menos sinistro, seguindo em frente, apesar das
poderosas runas que brilhavam com luz ardente
em resposta a sua passagem e que envolveu seu
corpo com dor forjada pela magia.
O santuário além estava envolto
com uma espessa bruma ardente e dominado por
uma estátua de pedra serpentina de um saliente
demônio com uma boca larga e seis olhos. Entre
a estátua e o intrépido meio-elfo estava um
fosso preenchido com um liquido espumado, do
qual erguia a bruma ácida que permeava todo
o complexo. Parado antes de cada uma das duas
entradas estava uma estátua de um sáurio bípede
esculpido de um único bloco de pedra serpentina
maciço. A únicas saídas parecia ser três antigos
portais, cada qual entalhado nas mandíbulas
amplamente estendidas de uma horrível monstruosidade
reptiliana. Antigas oferendas estavam espalhadas
através do chão na frente do meio-elfo, intocadas
por incontáveis eras. Entre elas, Prata Verdadeira
avistou uma repugnante estatueta do tamanho
de seu antebraço esculpida de mármore verde
na forma de um aglomerado de cobras retorcidas,
uma esférica safira negra de aproximadamente
trinta centímetros de diâmetro em cujas profundezas
dançavam runas sinistras, um cajado de carvalho
filigranado com âmbar coberto de manchas de
ouro, e um cálice de bronze adornado de jóias
esculpido na forma de um lagarto alado repousando.
De todos os tesouros que Prata
Verdadeira avistou, no entanto, três folhas
de ouro puro escrito com runas antigas mágicas
tinham atraído seu olhar. Submetido a esta maravilha,
o meio-elfo cautelosamente se curvou para ver
se ele tinha encontrado o mais precioso de todos
os tesouros. Um instante para o estudo dos selos
brilhantes confirmou o que ele tinha dificilmente
ousado acreditar, Prata Verdadeira segurou em
sua mão três paginas dos lendários Pergaminhos
Nether.
O devaneio do meio-elfo terminou
um instante após, no momento que os golens guardiões
gêmeos vieram à vida, com a pedra fluída de
sua construção girando em um profundo turbilhão
verde. Procurando pelos arredores por uma saída,
Prata Verdadeira arremessou a si próprio através
do portal mais próximo, confiando na
Senhora da Sorte para que, seja o que for que
estivesse além, não pudesse ser pior do que
o destino horrível que ele qualquer forma encarava.
O resultante cataclismo destruiu o portal, seu
turbilhão mágico arremessou Prata Verdadeira
em outro lugar sem seu recente tesouro. Novamente
o silêncio reinava no Salão de Brumas, mas desta
vez estando ausente os Pergaminhos Nether.
Fragmento de uma narrativa
épica intitulada "Fantasmas da Árvore "
Atribuída a Mintiper Lua Prateada
Ano da Queda da Lua (1344 CV)
Observações
do Guardião
Em todos os tomos antigos
encontrados dentro do Reduto dos Sábios, a presença
de túneis entre as raízes do Vovô Árvore é insinuada
somente uma vez. [1] Em um
fino, livro pouco conhecido intitulado Histórias
de Fantasma da Grande Floresta, o narrador
sem nome reconta uma história que parece datar
de volta ao tempo antes da tribo do Urso Azul
ter saído do abraço acolhedor do Vovô Árvore.
Se essa história, “A Faixa
de Fogo Vermelho”, é para ser acreditada, um
fantasmagórico enxame de formigas vermelhas
andou através das margens mais ao norte da Floresta
Alta há séculos atrás, vorazmente consumindo
todo tipo de flora e fauna em seu caminho e
aumentando de tamanho e força a cada dia que
passava. Apesar da avenida de destruição deixada
no despertar do enxame monstruoso, esta dificilmente
era uma estrada sem desvios, pela qual através
de muitos meses a rígida marcha das formigas
moveu-se inexoravelmente para oeste. Quando
finalmente a horda de formigas gigantescas alcançou
o Vovô Árvore, o antigo gigante florestal foi
rapidamente envolvido em um retorcido tapete
de formigas monstruosas. Porém, apenas tão rapidamente
como o enxame chegou, as formigas monstruosas
foram embora, engolidas para dentro das entranhas
da grande árvore. A única evidência do destino
do enxame era um buraco totalmente aberto no
centro do tronco do Vovô Árvore conduzindo para
dentro das profundezas imensuráveis. [2]
Eu achei muito curioso que
ambos Mintiper, se realmente ele é o autor de
Fantasmas da Árvore, e o narrador sem
nome de “A Faixa de Fogo Vermelho” fornecem
aparentemente descrições independentes em que
uma colônia de formigas gigantescas reside entre
as raízes do Vovô Árvore. Enquanto alguém possa
concluir que esta aparente correlação proporciona
um pouco de crédito a ambos os contos, eu sou
obrigado a apontar que isso pode também ser
interpretado como confirmação de minha própria
suspeita, divulgada anteriormente, que as escapadas
atribuídas a Prata Verdadeira nesta narrativa
épica são na realidade a história de um bárbaro
Uthgardt aventureiro sem nome, presumidamente
da tribo do Fantasma da Árvore. Se na realidade
este for o caso, então a suposta confrontação
do protagonista com um enxame de formigas gigantescas
podem bem ter sido um exagero baseado em parte
na história oral dos Uthgardt. [3]
Seja conforme for, a maioria
dos perturbantes aspectos deste fragmento do
épico Fantasmas da Árvore é a suposta
presença de um templo profano cheio de relíquias
antigas [4] nas profundezas
da Floresta Alta, aparentemente remontando a
incontáveis eras, até a época quando as Raças
do Criador governavam Faerûn. Evidências circunstanciais
que este santuário datam antes dos Iqua'Tel'Quessir,
como as Raças do Criador eram conhecidas para
o Povo Belo, vieram em três formas.
Primeiro, a descrição de golens
de fluido de pedra serpentina é compatível somente
a uma outra descrição do qual eu estou ciente.
Os diários de Tsensyiir de Tashluta, intitulado
Um Conto de Sangue Frio: Jornada rumo ao
Poço de Víboras, incluem uma argumentação
sobre um templo coberto de vegetação nas profundezas
da Selva Negra nas margens do Mar Lapal. De
acordo com a descrição de Tsensyiir, ele tropeçou
através deste antigo santuário enquanto fugia
dos temíveis homens-serpente de Tashalar. Tendo
encontrado refúgio no santuário principal, Tsensyiir
empregou um certo tempo para descrever os ídolos
antigos que rodeavam o ensangüentado altar central;
sua descrição é compatível com os golens descritos
por Prata Verdadeira com exatidão. Embora dificilmente
seja indicativo de qualquer conclusão, o relato
liga a humilhados yuan-ti a uma região do Norte
que eles aparentam não terem gostado de ocupar
desde antes da ascensão de Aryvandaar.
Segundo, a descrição de um
demônio semelhante a um sapo com seis olhos
é compatível com somente uma outra crença registrada
no compêndio enciclopédico de crenças listado
no Cultos e Clérigos: Um Registro de Seitas
Desde a Queda de Netheril, escrito pelo
Mestre do Conhecimento Mais Louvado Prespaerin
Cadathlyn, da Casa dos Muitos Tomos no planalto
de Impiltur, a oeste de Songhal. De acordo com
o “Encadernador de Livros de Faerûn”, as descrições
anteriormente conhecidas de Ramenos — a divindade
batráquia venerada por muitas tribos bullywug
no Pântano de Chelimber — se parecem com um
lorde dos slaadi de seis olhos. Novamente, esta
obscura referência liga o Salão de Brumas até
uma crença dos dias modernos praticada somente
pelos descendentes degradados das Raças do Criador.
Finalmente, eu recentemente
adquiri de um vendedor de livros em Llork um
relato da última aventura da Companhia das Areias
Douradas, um grupo de desafortunados saqueadores
de tumbas que desapareceu nas profundezas de
Anauroch no Ano da Serpente (1359 CV). De acordo
com este relato anônimo, intitulado Areias
de Ouro, a companhia acidentalmente cruzou
com um pequeno grupo de homens-lagarto que aparentavam
estar nitidamente fora de seu ambiente, no meio
da arenosa desolação do Grande Deserto. Ainda
que dolorosamente oprimidos por seus adversários
reptilianos, a companhia conseguiu derrotar
os homens-lagarto e deles recuperar um mapa
de uma tumba misteriosa enterrada sob um oásis
sem nome do deserto. No canto do mapa estava
uma curiosa inscrição na língua arcana dos anciões
que remetiam ao serpenteado rúnico inscrito
nas Peles Douradas do Mundo da Serpente.
A descrição então discute os trabalhos da companhia
antes dela encontrar a tumba, porém não inclui
detalhes que revelem sua localização mais precisamente
do que as margens mais a oeste de Anauroch.
De acordo com o diário, todos os membros da
companhia, exceto o autor, morreram nas salas
exteriores da tumba devido aos estragos dos
guardiões de tumba élficos.
O interesse dos homens-lagarto
nesta antiga tumba, unida com a presença de
guardas élficos mortos-vivos, sugere que esta
cripta possa bem datar antes do Iqua'Tel'Quessir
e conter segredos que o Povo Belo não quer que
sejam descobertos de qualquer modo. Se verdadeiro,
então as já mencionadas Peles Douradas do
Mundo da Serpente podem bem ser o nome pelo
qual os homens-lagarto se referem aos perdidos
Pergaminhos Nether. Como visões relatadas
dos Pergaminhos Nether são lugar comum
em contos junto à lareira, assim são as descrições
de répteis antigos e ruínas batráquias, ambas
explicações descrevem aparentes legados do Iqua'Tel'Quessir,
vigiados com atenção pelo Povo Belo, nos quais
os pergaminhos dourados que serviram como fundação
do antigo domínio da Arte de Netheril podem
ser encontrados. A similaridade natural destas
descrições proporciona o aspecto de veracidade
para ambos os contos. [5]
Em qualquer evento, o fato
de que Prata Verdadeira conseguiu escapar do
Salão de Brumas pela destruição de um antigo
portal sugere que os pergaminhos dourados
dos quais ele fala contém energias arcanas extremamente
poderosas. Se realmente eles eram alguns dos
Pergaminhos Nether [6],
o qual, de acordo com a lenda, são supostamente
indestrutíveis, então a descrição de Prata Verdadeira
pode bem ser explicada se o portal que
ele tentou usar conduzisse a um plano de absoluta
aniquilação, tal com o Plano Material Negativo.
Os Pergaminhos Nether podem certamente
ter sido poderosos o bastante para destruir
o portal ao invés de passarem através
dele, porém, como Prata Verdadeira, eles também
podem ter sido arremessados em outro lugar neste
plano. [7]
Prudentemente, o conto termina
com a sugestão que nem o Salão de Brumas nem
Prata Verdadeira ostentam o suposto conjunto
de Pergaminhos Nether que ele descobriu,
ainda que alguém surpreenda-se sobre como o
onisciente narrador está tão certo que este
conjunto parcial de Pergaminhos de Nether
não mais está sob o antigo Vovô Árvore. Em qualquer
evento, tampouco a destruição de um dos três
portais ou o suposto desaparecimento
dos Pergaminhos Nether uma vez contidos
dentro do Salão de Brumas pode explicar porque
a relatada oportunidade que o Vovô Árvore recentemente
deu a tribo do Fantasma da Árvore de finalmente
retornar para seu tradicional cemitério ancestral.
[8]
Notas
do Cronista
[1] As raízes do Vovô
Árvore estão entrelaçadas com um labirinto de
túneis do tamanho de gnomos, lavrado no solo
pela colônia de formigas gigantes. Grupos de
formigas guerreiras patrulham os túneis, que
possuem aproximadamente 1,2 m de diâmetro, aproximadamente
de forma oval, e feito de terra batida. Liquens
adornam as paredes dos túneis, e uma vegetação
apodrecida, cheia de fungos, forma acúmulos
altos na maioria do solo dos túneis. A maioria
das junções dos túneis alarga em grandes câmaras
de terra com tetos baixos ocupados por pequenos
grupos de formigas operárias. A câmara dos ovos
esta dentro da extremidade mais a norte da grande
câmara que conduz ao Salão das Brumas.
[2] A criação das catacumbas
e as origens do exílio Uthgardt tem as suas
raízes na destruição de Ascalhorn no Ano da
Maldição (882 CV) pela horda de tanar’ri conjurados.
Antigamente abrigados na cidadela desde então
conhecida com Forte Portão do Inferno, os demônios
rapidamente invadiram as povoações da floresta
do reino élfico de Eaerlann e os salões internos
do reino anão de Ammarindar. Até os Harpistas
e seus aliados estabelecerem poderosas proteções
permeando as terras próximas à cidadela no Ano
da Clareira Quebra-Fogo Caída (886 CV), a mácula
do Abismo tinha se espalhado sem ninguém perceber
através de belas florestas do Vale Superior,
criando em seu horrível despertar, retorcidas
abominações da flora e fauna nativa.
Uma tal distorção da ordem
natural foi criada no Ano do Juramento do Gigante
(883 CV) quando um turbilhão de caos mágico
envolveu uma colônia de formigas vermelhas,
fazendo-lhes rapidamente crescer a proporções
colossais. Barradas do agora minúsculos túneis
de seu formigueiro, as formigas gigantes marcharam
na direção oeste para dentro das profundezas
da floresta em busca de um novo lar, deixando
uma trilha de destruição para trás. Um vestígio
da maculada origem Abissal que estimulou a transformação
da colônia deve ter permanecido dentro das formigas,
já que sua marcha as levou inexoravelmente em
direção do Vovô Árvore e os portais para o Abismo
que jaziam debaixo dele. Como descrito no relato
revelado pelo Guardião, as formigas gigantes
enxamearam através do Vovô Árvore antes de perfurarem
dentro de suas raízes através de um antigo abscesso
no tronco.
Como um resultado de sua grande
proximidade ao Salão de Brumas e a prolongada
mácula do Abismo, as formigas gigantes que habitavam
sob o Vovô Árvore hoje possuem a habilidade
de mudar de plano, não muito diferente das aranhas
interplanares. Além disso, a casta da rainha
e a guerreira exibem habilidades regenerativas
não muito diferentes dos Eternos do Charco dos
Trolls.
[3] Neste ponto a profundidade
do contínuo ceticismo do Guardião em relação
à amplitude das aventuras de Mintiper se estende
ao bizarro, subestimando a qualidade de sua
escolaridade e a força de suas teses. (Veja
Livreto
de Mintiper #2: A Árvore das Almas Atormentadas
para futuras discussões do personagem Prata
Verdadeira e as raízes do ceticismo do Guardião.
Veja Livreto
de Mintiper #8: Vovô Árvore para
mais detalhes sobre a desorientada teoria do
Guardião, que o épico Fantasma da Árvore
reconta as aventuras de um bárbaro Uthgardt
sem nome). Todavia, ao revelar a “A Faixa de
Fogo Vermelho” e reconhecer sua relevância,
o Guardião realmente descobriu um relato histórico
revelando a verdadeira origem das formigas gigantes
encontradas por Mintiper e seus companheiros
entre as raízes do Vovô Árvore.
[4] Nem todos os tesouros
encontrados dentro do Salão de Brumas datam
antes dos Dias do Trovão e o Iqua'Tel'Quessir.
Muitos foram saqueados pelas formigas durante
suas escavações subterrâneas dos anéis de sepulcros
que envolvem o Vovô Árvore e então levados para
dentro do Salão de Brumas por alguma estranha
compulsão. Os tesouros que Prata Verdadeira
descreve incluem as Víboras Retorcidas de
Sss'thasine'ss (com poderes não muito diferentes
de um cajado de cura), o Orbe de Runas
das Estrelas (uma bola de cristal
que projeta seu conteúdo — equivalente
a um livro da escuridão perversa – para
dentro da mente do observador), e o Cajado
de Turlang (uma relíquia sagrada da tribo
do Fantasma da Árvore esculpida de um galho
quebrado do grande ente com poderes semelhantes
à magia de druida cajado vivo, mas hábil
em criar um ente capaz de animar árvores adicionais
como entes).
[5] Note que o Guardião
não possui escrúpulos sobre tirar uma conclusão
de dois exemplos neste caso, mesmo assim ele
previamente aparentava completamente cético
sobre qualquer veracidade implícita sugerida
pela aparente similaridade entre a descrição
de Prata Verdadeira das formigas gigantes sob
o Vovô Árvore e o conto intitulado “A Faixa
de Fogo Vermelho”.
[6] Mintiper realmente
descobriu três dos Pergaminhos de Nether,
ainda que se eles permanecem dentro do Salão
de Brumas ou se foram arremessados em outro
lugar pelos turbilhões mágicos liberados durante
a destruição do terceiro portal permanece
desconhecido. Este conjunto foi parte da coleção
completa perdida durante a Era do Mythallar
de Netheril.
Não ficou claro como os três
pergaminhos fizeram seu caminho para dentro
do Salão de Brumas, após serem roubados dos
Netherese, assim como não ficou claro como dois
outros pergaminhos fizeram seu caminho para
dentro da Tumba de Hsssthak, sob as areias de
Anauroch, já que Hsssthak foi presumidamente
sepultado antes da ascensão de Netheril. Talvez
o ladrão deliberadamente espalhou o conjunto
roubado de Pergaminhos de Nether entre
várias ruínas do Iqua'Tel'Quessir? Se assim
foi, a motivação era escondê-los dos Netherese
ou encorajar os Netherese a procurar outros
locais de poder datando antes das Raças do Criador?
Se o primeiro for o caso, então a conspiração
obteve sucesso, ainda que a motivação permaneça
obscura. Se o segundo, então os esforços do
perpetrador aparentam ter andado no mínimo parcialmente
para o fracasso total.
Os três pergaminhos incluem
um dos Magicus Creare detalhando, entre
outras coisas, a criação de cetros mágicos,
um dos Major Creare (Criação de Pergaminhos)
detalhando, entre outras coisas, a arte de criar
várias formas de golens, um dos Planus Mechanicus
detalhando, entre outras coisas, a arte de criar
portais para outros planos.
[7] Os dois portais
que estão em cada lado da estátua central no
Salão de Brumas conduzem a diferentes planos
do Abismo. O portal da esquerda transporta aqueles
passando através dele até a 248ª nível do Abismo,
um plano governado pelo lorde demônio Eltab,
Lorde da Camada Oculta, que recentemente escapou
do aprisionamento nas mãos dos Arcanos Vermelhos
de Thay. O portal da direita transporta os andarilhos
do portal até a 571ª camada do Abismo, um vasto,
oceano escuro governado por Dagon, o Lorde Demônio
das Profundezas.
Como o Guardião corretamente
supõe, o terceiro portal que esta de
frente a estatua central conduz ao Plano Material
Negativo, ainda que a tentativa de Mintiper
de passar através dele com os Pergaminhos
de Nether na mão indubitavelmente salvou
sua vida e destruiu o portal definitivamente.
Hoje, tudo que restou deste uma vez mortífero
portal é um filete de fumaça obsidiana que emana
da boca do portal demoníaco, arrepiando os ossos
de qualquer um que passe através dele.
[8] Como descrito no
Livreto
de Mintiper #8: Vovô Árvore, o Vovô
Árvore conduziu a tribo do Urso Azul para longe
no Ano da Árvore Queimada (890 CV) e saudou
o retorno dos seus descendentes — agora a tribo
do Fantasma da Árvore — no Ano da Bandeira (1368
CV). Ambas as ações foram diretamente ligadas
a desdobramentos relativos ao Salão de Brumas.
No primeiro caso, a ação do Vovô Árvore foi
precipitada pelas atividades de escavação da
colônia de formigas gigantes. Sete anos após
a chegada da “Faixa de Fogo Vermelho”, formigas
operárias irromperam para dentro do Salão de
Brumas, abrindo suas antigas muralhas para o
mundo exterior pela primeira vez em milênios.
No caso seguinte, o arakhor (um tipo de entidade
da qual o Vovô Árvore é o ultimo exemplo conhecido,
como discutido no Livreto de Mintiper #8:
Vovô Árvore) estava respondendo ao fechamento
do portal para o Plano Material Negativo.
Uma vez que Mintiper destruiu o portal,
os riscos para a antiga árvore guardiã diminuíram
consideravelmente, e o Vovô Árvore sentiu-se
mais confortável com seus defensores tradicionais
presentes do que exilados para sua própria segurança.
Isto não é para dizer que os portais gêmeos
para o Abismo encontrados no Salão de Brumas
não propõem riscos significantes ao Vovô Árvore
pela sua continua existência. Simplesmente,
a ameaça imposta pelo Plano Material Negativo
à essência do arakhor de longe excede o dano
que um demônio ou dois possam infligir após
viajarem através do portal.
Referências
Introdução
- Referências gerais a Mintiper Lua Prateada
são citadas na primeira coluna do Livreto
de Mintiper.
Salão das Brumas
-
O Vovô Árvore é discutido
no FR5: The Savage Frontier,
pags. 17, 24, 25, 52, 53, 54, 55, 59, 63,
The North: The Wilderness,
pags. 19, 22, 31-32, 54-55, 57, e Powers
& Pantheons, págs. 66-72.
-
O Salão das Brumas e
seus ocupantes são discutidos no FR5:
The Savage Frontier, pags. 54, 63,
e The North: The Wilderness,
págs. 55.
-
A pedra serpentina é discutida
no Volo's Guide to All Things Magical,
pág. 49.
-
O Iqua'Tel'Quessir (raças
do criador) são discutidas no FR5:
The Savage Frontier, págs. 2-3, 59,
REF5: Lords of Darkness, págs.
34, 80-81, The North: The Wilderness,
pág. 7, Powers & Pantheons, pág.
2, e Cormanthyr: Empire of Elves,
pág. 21.
-
As atividades yuan-ti
nas profundezas das Selvas Negras são discutidas
no Powers & Pantheons, pág. 86.
-
O clérigo de Oghma Prespaerin
Cadathlyn é mencionado no Faiths &
Avatars, pág. 133.
-
Os bullywugs do Pântano
de Chelimber são discutidos no Monsters
of Faerûn, pág.25. Ramenos, deus dos
bullywugs, é detalhado no Monstrous Mythology,
pág. 101.
-
A descrição da Companhia
das Areias Douradas é tirada da descrição
da Tumba de Hssthak detalhada no Lords
of Darkness, págs. 34-41, 80-81. O Mundo
da Serpente, um deus primordial das Raças
Criadoras, do qual se formaram várias divindades
reptilianas, é discutido no Monstrous
Mythology, pág. 100, e Powers &
Pantheons, pags. 84-88.
-
Os Pergaminhos Nether
são discutidos no FR5: The Savage
Frontier, pags. 3, 60, 63; The North:
The Wilderness, pags. 8, 62, 81,
Netheril: The Winds of Netheril,
págs. 4-12, Netheril: Encyclopedia
Arcana, pág. 8, e Cormanthyr:
Empire of the Elves, pags. 158-160.
-
A queda de Ascalhorn é
narrada no FR5: The Savage Frontier,
pags. 4, 42, The North: The Wilderness,
págs. 8, 53, The North: Cities,
pág. 49, e Hellgate Keep, págs. 5-8.
-
Os tesouros encontrados
dentro do Salão de Brumas são detalhados
no FR: The Savage Frontier,
pág. 63.
-
A destinação e status
dos portais encontrados dentro do
Salão de Brumas são detalhados no FR5:
The Savage Frontier, pág. 63.
-
Eltab, o Lorde da Camada
Oculta, é discutido ou lembrado no FR6:
Dream of the Red Wizards, págs. 17-18,
Spellbound: Campaign Guide,
págs. 40, 127, Spellbound The
Runes of Chaos, págs. 29-32, Spellbound:
Monstrous Compendium, pág. 5, e Faiths
& Avatars, pág. 126.
-
Dagon é discutido no
Monster Manual II, pág. 35.

Sobre o Autor
Eric L. Boyd escreveu artigos para a Dragon
Magazine, Dungeon Adventures,
e Polyhedron Magazine. Seus créditos
no desenvolvimento de jogos incluem Faiths
& Avatars (Crenças & Avatares),
Volo's Guide to All Things Magical
(Guia de Volo para Todas as Coisas Mágicas),
Powers & Pantheons (Poderes &
Panteões), Demihuman Deities
(Divindades Semi-Humanas), Drizzt Do'Urden's
Guide to the Underdark (Guia de Drizzt
Do'Urden para o Subterrâneo), Cloak
& Dagger (Manto & Adaga), e o Faiths
& Pantheons (Crenças & Panteões).
Em adicional escreve sobre seu jogo mundial
favorito, Eric dirige o desenvolvimento de um
grupo de software em Ann Arbor, Michigan.
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