A
razão pela qual Mystra, a Deusa da Magia,
investiu uma porção do seu poder
divino em mortais não é conhecida.
Uma das teorias mais populares, e uma que está
ganhando mais suporte à luz das outras
ações da deusa durante aquele
período, é que Mystra previu o
Tempo das Perturbações (e sua
própria passagem pelas mãos de
Helm) e escolheu dar parte do seu poder a mortais
na ordem de assegurar que sua sucessora (a maga
mortal Midnight, como foi descoberto) tivesse
um bom número de aliados imortais no
esforço contra os esquemas dos deuses
(agora mortos*, Bane, Myrkul e Bhaal) que precipitaram
o Tempo das Perturbações roubando
as Tábuas do Destino. A teoria continua
sugerindo que Mystra informou Azuth aproximadamente
no Ano da Chama Ascendente (0 CV), mais de 1.300
anos antes do Tempo das Perturbações,
que parte do seu poder precisava ser colocado
em mãos mortais que seriam os Escolhidos
de Mystra. Esse poder deveria adormecer nos
corpos desses mortais, permitindo a Mystra buscá-lo
apenas com a permissão deles. Seria dada
aos Escolhidos a habilidade inata de se curar
rapidamente, e vidas muito mais longas que as
dos mortais. Mystra especulou que esses mortais
seriam capazes de desenvolver esses poderes
e através disso ganhar habilidades especiais,
mas esses poderes não se rivalizariam
com os de uma divindade.
A Deusa de Toda a Magia então começou
a selecionar mortais que ela achou que se encaixariam.
O primeiro foi o então jovem mago Elminster,
e também escolheu um mago promissor chamado
Khelben Arunsun. Ambos provaram ser merecedores
e capazes de receber seu poder, mas as outras
tentativas de Mystra de investir seu poder em
humanos não foram bem sucedidas, e então
percebeu que apenas alguns poucos mortais eram
capazes de manter tamanho poder dentro de si
sem serem destruídos ou corrompidos.
Mesmo que houvesse mais pessoas além
de Elminster e Khelben que tivessem a força
necessária, é possível
que ter vivido por anos recebendo visitas de
Mystra tenha levado-os para um caminho do qual
eles não mais podiam se desviar. Não
importando a razão, o problema devia
ser resolvido. Para superar a dificuldade, Mystra
desenvolveu um plano para usar a si mesma como
receptáculo para gerar indivíduos
e adequá-los ao seu poder desde o início
das suas vidas.
Como pai desses indivíduos, ela pegou
o melhor exemplo humano que pôde encontrar:
Dornal Mão Argêntea, um nobre e
um Harpista que viveu perto de Inverno Remoto.
Mystra então possuiu o corpo de Elue
Shundar, uma feiticeira meio-elfa por quem Dornal
já havia sido atraído. Mystra
revelou sua presença e seu plano a Elue,
que alegre e apaixonadamente concordou em compartilhar
seu corpo com a deusa. Elue teria sido relutante,
mas sob a influência da deusa a mulher
se tornou sedutora, e Dornal viu suas investidas
serem retornadas subitamente com grande fervor.
Dornal e Mystra/Elue se casaram no Ano das Estrelas
Cadentes (760 CV). A primeira das sete filhas,
Anastra Sylune, nasceu no inverno seguinte.
As seis irmãs de Sylune vieram a intervalos
de um ano: Endue Alustriel, Ambara Dove, Ethena
Astorma (ela prefere o apelido “Storm”
ultimamente), Anamanue Laeral, Alassra Shentrantra
(conhecida hoje como Simbul), e Er’sseae
Qilue. Essas filhas ficaram conhecidas pelos
Reinos como As Sete Irmãs.
Dornal, que foi mantido no escuro quanto à
verdadeira natureza de sua esposa através
dos anos (provavelmente porque Mystra não
gostaria de perder seus serviços), estava
desapontado e até perturbado quando a
sexta criança nasceu; ele sempre quis
tanto filhos quanto filhas. Mais importante,
ele estava vendo a sua esposa deteriorar diante
dos seus olhos. A coexistência com a deusa
por todos esses anos transformou Elue numa casca
seca – em essência um lich, se prendendo
à vida apenas por conta do poder de Mystra
dentro dela.
Quando Elue carregava a sétima criança,
Dornal consultou um sacerdote, que contou-lhe
que sua esposa havia sido possuía por
uma entidade de grande poder mágico.
Para poupar os dois de uma agonia futura, ele
tentou matar a forma física de esposa
decapitando-a.
Logo que ele fez isso, Mystra foi forçada
a revelar-se para ele, e explicou-lhe o seu
plano. Exatamente como ela pensou que seria,
Dornal ficou horrorizado como ele e sua esposa
foram usados pela deusa. Ele deu as costas para
o corpo de sua esposa, abandonou suas terras
e suas filhas, e desapareceu no Norte. Mystra
não desejou-lhe nenhum mal, e de fato
protegeu-o nos últimos 30 anos de sua
vida. Quando Dornal finalmente encontrou seu
fim ele chamou por Mystra, e a deusa garantiu-lhe
uma existência como seu servo. Agora conhecido
como O Observador, Dornal Mão Argêntea
viaja pelo mundo invisível para os mortais,
continuando com a missão de localizar
candidatos para preencher as posições
de Escolhido e identificar possíveis
ameaças a Mystra e seus asseclas.
* Este texto foi
elaborado na época em que Bane foi considerado
morto.

Sobre o Autor
Este texto é originado de um dos livros
do jogo Baldur's Gate elaborado pela
Interplay.
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