Embora as edições do D&D tragam importantes
esclarecimentos sobre os reinos e suas particularidades,
sempre há questões que geram duvidas e debates.
Muitas vezes o dilema de jogadores e mestres
vem da premissa do cenário ser um mundo compartilhado,
logo seus conteúdos foram escritos e desenvolvidos
por muitos autores de romances e designers ao
longo dos anos que muitas vezes possuem visões
próprias de Faerun.
Essa diversidade de entendimentos
também criou no decorrer dos anos uma curiosidade
de muitos fãs apaixonados sobre como a mente
criadora de um dos mais clássicos cenários de
fantasia medieval compreende seu mundo. Ed Greenwood,
o criador, ou apenas Ed como a ele costumam
se referir é um participante muito presente
no mais bem sucedido site de FR no exterior,
o Candlekeep, cujo material é referência importante
para interessados em aprofundar seus conhecimentos
sobre os reinos.
Nos fóruns do Candlekeep, Ed
muitas vezes traz sua visão particular e por
que não dizer esclarecedora sobre algumas dúvidas
costumeiras a respeito do mundo que gosta de
compartilhar conosco até hoje. Neste pequeno
apanhado inicial, apresento um breve resumo
de sua visão e de respostas a leitores sobre
os famosos Escolhidos de Mystra, postados no
período de 2004 a 2006, com o titulo So
Saith Ed.
Originalmente no material de
FR não havia nada sobre os Escolhidos, pois
na negociação de seu cenário com a TSR houve
algum desinteresse ou possível impedimento para
usar tal aspecto. Haviam apenas indícios nos
produtos de um estreito relacionamento entre
Elminster, Khelben, as Sete Irmãs, Mystra e
Azuth , cujas razões foram sendo expostas com
o passar do tempo, embora o próprio Ed já tivesse
a explicação sobre os Escolhidos em uso nas
suas campanhas desde seus jogos com o D&D
0riginal. Na sua concepção inicial, os Escolhidos
de Mystra por possuírem uma parte do poder divino
da deusa da magia dentro de si representam a
visão de Mystra sobre uso da magia. Os escolhidos
são também uma poderosa força para fazer o bem
ou apenas manter o equilíbrio no mundo de forma
que forças malignas não pudessem ser dominantes.
Outras divindades podem ter seus campeões, mas
no seu entendimento é pouco provável que tenham
Escolhidos, pois esta seria uma condição/benção
única da deusa da magia.
Aqui vale ressaltar que
o próprio Ed não os considera seus protegidos
nem suas criações mais idolatradas. Apenas os
vê como mais uma das forças presentes e necessárias
nos reinos para manter as coisas em ordem, embora
a TSR e a Wizards tenham dado grande destaque
a estes personagens.
A concepção da Silver flame
(chama prateada) para Ed, deve ser entendida
como um poder inerente natural, e não como efeito
mágico, pois é a energia da própria deusa Mystra
que se funde às veias sangüíneas do corpo dos
hospedeiros quando são escolhidos ou aceitos
por ela. A energia, dessa forma, faz parte de
seus organismos de maneira natural e os tornam
diferentes dos outros, pois seus corpos já não
são iguais ao dos seres comuns.
Outro ponto importante acerca
que caracterizam os Escolhidos vem dos resultados
de suas escolhas. Eles têm um longo tempo de
vida além de suas amizades de infância e conhecidos
e por isso costumam experimentar viver em diferentes
culturas, climas. Uma habilidade natural que
reflete sua adaptabilidade vem do fato de serem
capazes de mudar em seus organismos o que desejarem
para melhor se ajustarem com a imagem que
desejam mostrar ao mundo. Alustriel e Storm
gostam de ter constantes relações sexuais, logo
acham mais fácil romper com seus parceiros atuais
enquanto suas formas são agradáveis e atraentes.
Já o conhecidíssimo Elminster costuma manter
sempre um nariz parecido com falcão e olhos
azuis. A experiência e poderes que lhes permitem
fazer mudanças sutis em seu aspecto podem influenciar
fortemente as reações dos seres que lhes encontraram.
Dove certa vez enganou um nobre assassino fazendo-o
pensar que ela poderia estar relacionada com
ele apenas mudando sutilmente a cor dos olhos
e rosto para se parecer com a de sua mãe morta.
Assim como na questão da
Silver flame, esta é uma capacidade natural
dos Escolhidos, ganha na união com a deusa da
magia, que não segue nenhuma determinação em
termos de regras, apenas orientações.
Há outros Escolhidos de Mystra
além de Elminster, Khelben, e das Sete. Muitos
deles ainda não identificados pelos Reinos,
mas todos servem Mystra de suas próprias maneiras.
A natureza precisa do que é ser um Escolhido
de Mystra ainda não foi totalmente revelada,
e é muito vasta e complexa para ser facilmente
expressa em termos de classes de prestígio ou
de outras regras e detalhes. Por outro lado,
os mortais jamais poderão compreender perfeitamente
os deuses, porque os mortais só podem ver as
coisas com as percepções e os sentidos mortais.
Outro ponto que parece trazer
certa “mágoa” ao criador dos Reinos foi a decisão
de indicarem que outras divindades possuem seus
Escolhidos, mas Ed considera que somente os
de Mystra possuem capacidades permanentes e
os demais seriam agraciados com algumas habilidades
por um período de tempo.
É interessante notar também
que outras das habilidades comuns a todos os
Escolhidos é a capacidade de poderem consultar
Mystra, Azuth e todos os servos de Mystra, conseguindo
dessa forma uma experiência quase incontável,
embora a maioria deles evite fazê-lo, pois com
isso a deusa lhes retira liberdade pessoal e
agarra o que restou de sua sanidade. Muitos
deles já não são mais tão sãos dentro do que
os seres normais dos reinos entendem por sanidade.
Além disso, o aumento do contato
com Mystra e sua orientação faz com que sejam
tragados para mais perto do objetivo da deusa
(a propagação do uso de magia). Estes objetivos,
por sinal, são uma grande parte da razão pela
qual todos os Escolhidos parecem preocupados
com a promoção da paz em grande escala, mesmo
que seja preciso usar muita violência em nível
pessoal.
Esse ímpeto para envolverem-se
ativamente nos conflitos explica por que Laeral,
Alassra e Alustriel, nas suas diversas formas
e estilos, são atualmente dominantes ou auxiliares
nos governos dos povos onde vivem, e porque
todos os Escolhidos no passado já tentaram conduzir
os rumos ou agiram como "poder por trás
tronos" para apoiar e orientar os governantes
que gostavam ou queriam ver reinantes.
Muitos escolhidos viveram por
séculos, muitas vezes mais do que a maioria
dos indivíduos militares que irão trabalhar
com ou contra, portanto, têm mais experiência
do que quase qualquer inimigo mortal na grande
estratégia, propaganda e moral, a longo prazo.
A maioria dos mortais que têm contato com um
Escolhido em mais de uma ocasião costuma passar
da admiração à decepção ou ao desprezo (eles
são humanos afinal de contas...), ou então da
desconfiança (eles são loucos e inseguros...)
ao respeito (eles são gênios afinal de contas...).
É preciso, contudo entender
a ênfase que Ed trata ao termo gênio para os
Escolhidos. Neste caso, indica alguém capaz
de lidar com complexidades (tarefas, informações)
que os outros indivíduos podem lidar, mas conseguem
ainda "ver como tudo se encaixa" e
lutar por um objetivo ou resultado final visualizado
em vez de apenas reagir à crise. Em outras palavras.
Os Escolhidos são considerados "gênios"
na magia, pois seu acesso a trama lhes permite
controlar os efeitos mágicos e ver, aprender
e entender coisas sobre a magia que os simples
mortais podem apenas vagamente perceber e dominar.
Apesar disso, continuam sendo humanos ainda
que longevos, logo são falhos e cometem erros.
Os Escolhidos conhecidos tiveram
envolvimento com os Harpistas e, portanto, adquiriram
larga experiência em espionagem, manipulação,
intriga e combate e já desempenharam funções
de comando ou combate direto durante suas vidas,
mas cada um detém suas peculiaridades no desempenho
de certas aptidões. Dove é a única que teve
uma extensa carreira militar e mercenária. Simbul
é a menos estável e auto-controlada, mas muito
apta com magias, e Elminster é o mais experiente
e astuto. Alustriel, Laeral e Storm mostram
uma preferência para a palavra suave e excelente
qualidade de manipular povos, ao invés de usar
os recursos das espadas e feitiços.
Neste ponto, Ed nos revela
que boa parte de suas forças também são suas
maiores fraquezas, pois a historia destes personagens
demonstra que nem sempre o uso de sua graça
divina parece ser suficiente para evitar que
certos cursos na historia dos Reinos aconteçam.
Outro aspecto importante diz
respeito as suas capacidades em lidar com Áreas
de magias selvagens e mortas, regiões nas quais
possuem as mesmas dificuldades que outros indivíduos,
exceto para 3 condições:
A) Uso do Fogo Prateado:
Ao usar magias de força bruta (como energias
explosivas) o Escolhido pode usar o Fogo Prateado
para controlar os efeitos quase normalmente
(e as probabilidades de efeitos, embora quase
sempre ecoando um selvagem efeito de "fuga"
em torno das magias em funcionamento). Magias
de teleportação (como teletransporte)
ainda são perigosos (embora em uma área de magia
selvagem, o Fogo Prateado pode ser queimada
para criar uma linha de intersecção com um fio,
nas proximidades, da Trama, "e, em seguida,
a Trama pode ser conduzida para fora da área
de magia selvagem em um estranho teletransporte
"lento" que um grupo de terceiros
podem ver de inicio como uma queda no deslocamento
do teletransportado, de modo que, digamos, Elminster
brevemente tem três cabeças misturadas e desfocadas
antes que ele se encaixe fora de vista ").
Detecção e adivinhação magias são quase impossíveis.
B) Alimentar mágica com mágica:
Escolhidos de Mystra têm a capacidade inerente
de "alimentar" uma magia em outra,
drenando parte da energia acumulada ou detida
ou desgastada de um item ou toda a energia de
uma magia memorizada em outro período. Como
isso tende a fazer a mágica 'enlouquecer', nunca
deve ser feito em circunstâncias normais, mas
muitas vezes ocorre de um feitiço causar efeito
normal numa área de magia selvagem ou de magia
morta, se um feitiço mais poderoso é alimentado.
C) Fluxos de sensações e familiaridade:
Escolhidos de Mystra possuem sensibilidade para
mudanças na natureza (por exemplo, uma acumulação
de energia) de força mágica. Isso pode dar-lhes
pequenas vantagens tácticas em uma área de magia
selvagem que falta os outros seres. Além disso,
sua familiaridade com certas localidades particulares
(tais como a sua residência habitual, ou um
local onde eles já passou muito tempo, ou magias
do seu repertorio) fazem com que os seus próprios
esforços mágicos sejam um pouco melhores do
que os de quaisquer tentativas por conjuradores
mortais para a batalha em áreas de magia morta
ou selvagem.
Os Escolhidos podem clamar
auxilio da Trama para destruir áreas de magia
morta ou selvagem, embora tal feito exija um
processo longo e desgastante envolvendo a conjuração
de muitos feitiços e, idealmente, a cooperação
de vários Escolhidos ou conjuradores poderosos
trabalhando juntos.

Fonte
Foruns do Candlekeep, So Saith Ed.
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