"Agora," Azoun murmurou. "Por
aqui . . ."
Ele estendeu a mão
para sua rainha e a puxou para frente —
somente para impulsionar seu braço como
uma barra de ferro para erguer repentina e silenciosamente
o seu dedo para seus lábios e apontar para
a parede.
Uma voz masculina rouca
pode ser ouvida rosnando fracamente, "Uma
bela martelada essa!"
Filfaeril levantou uma de
suas sobrancelhas em uma pergunta silenciosa.
Azoun sorriu, e com dedo erguido gesticulou
como se dissesse “Eu irei explicar isto.
Vou mesmo”', evitando qualquer comentário
que ela poderia fazer, e depois inclinou a cabeça
para ouvir o que mais o falante oculto tinha
a dizer.
Anões têm sua própria
e altiva língua, mas um crescente número
do Povo Vigoroso (resultado da convivência
e o trabalho com humanos e outras raças
da superfície de Faerûn) falam Comum
diariamente.
Aqui se segue um bom punhado
de notas lingüísticas do “Comum
Anão” (isto é, dizeres e palavras
inventadas, freqüentemente pronunciadas
por anões quando falam Comum).
Uma quedinha! (originalmente
acompanhado por deixar um punhado esparso de
areia ou cascalho cair da palma de uma mão)
– significando “Lá se vai!”
(Ou, para os falantes modernos da vida real,
uma variação de “É a vida!”
ou “O que se há de fazer?”).
Uma bela martelada!
— algo satisfatoriamente bom, como uma
refeição, uma briga, uma decisão
ou confrontação vitoriosa.
Barba enrolada —
algo amargo ou de sabor ou cheiro desagradável,
ou algo nauseante.
Darrown (pronuncia-se
"darr-OW-nn") — nobre, superior,
sublime ao modo dos anões e louvável
(até mesmo um ato ou fala de um não-anão,
tal como o ato de um elfo que arrisca a sua
vida para salvar um anão em batalha).
Galakkur — aplica-se
a qualquer coisa desordenada, bagunçada
ou mal-feita. A palavra é derivada do nome
de um lendário anão que fazia tudo
rápido mas de maneira apressada, descuidando
até de conseqüências óbvias.
O verdadeiro Galakkur viveu a cerca de oito
séculos atrás. Lendas de tavernas
lhe dão vários e improváveis
finais infelizes. Seus feitos desastrados têm
sido grandemente exagerados pela adição
de muitas histórias inventadas sobre sua
vida e feitos.
Nariz dourado —
arrogante (comportamento chamado de "nariz
empinado" por qualquer humano nos reinos
que não seja membro, ou tente fingir ser,
das classes altas). Anões acham tal comportamento
desprezível em elfos e divertidamente tolo
quando praticado por humanos.
Ho! Esse tinha dentes!
— usado em comentários sobre
algo grande e desconfortável como um arroto,
uma flatulência, uma pancada na cabeça
ou uma queda.
Mardarl — um esforço
para esconder algo, seja fisicamente, seja por
reter informação (ou mudar a direção
da conversa para outro tópico, imediatamente).
Um exemplo pode ser um nome falso, particularmente
usado para esconder o gênero (por exemplo,
uma anã usando um nome como Brokh ou Garlfang
para fazer não anãos pensarem estar
lhe dando com um anão).
Ogurkh (pronuncia-se"OH-gurk")
— algo inacreditável, insano ou monumentalmente
estúpido, ou resultado de ações
loucas, idiotas ou muito difíceis de se
acreditar. “Marcando o próprio ogurkh"
é um comentário irritado de um anão
que tenta ser polido sobre algo que realmente
o irritou ou aborreceu. "Ogurkh me queime"
é a expressão anã equivalente
a “isto me deixa revoltado!”.
Paerth (pronuncia-se
"PAIR-urth") — uma expressão
de desgosto equivalente a palavrório, bobagem,
ou algo que não possui nem uma mísera
chance de acontecer!
Cacos! — um brando
praguejar derivado da perda de uma gema ou de
uma boa pedra trabalhada que se partiu em fragmentos.
É a expressão equivalente ao dizer
do mundo real “que droga!”, ou outra
de significado similar.
Sprendle — um
truque, uma brincadeira, ou uma orientação
incorreta feita deliberadamente, especialmente
se inofensiva e realizada com boa intenção
ou se para prevenir um conflito.
Tarunter (às vezes
"um completo tarunter") — uma
palavra para descrever algo pretensioso ou cheio
de minúcias (como elfos dançando e
a maioria das celebrações de festivais
humanos, ou etiqueta dos “narizes dourados”).
Anões nunca aplicam esta palavra para costumes,
vestimentas ou rituais religiosos, mesmo que
em relação às crenças humanas
que mal entendam ou que lhes pareçam complicadas
a primeira vista.
Imberbe — conversa
ou feitos tolos (um “imberbe” é
um tolo, “totalmente imberbe” se
refere a um anão louco). Anões nunca
aplicam esta palavra para não-anões
(porque, como uma velha piada anã diz,
todos os não-anões podem ser seguramente
considerados tolos até que provem o contrário,
e tais provas aparecem somente para um punhado
de indivíduos uma ou duas vezes por século).
Às vezes, o que é um “bom imberbe”
pode ser alguém desleixado ou perigoso.
Vellamorn — tesouro,
valores, riquezas ocultas. Originalmente um
eufemismo bobo para ouro usado nas rimas anãs
e brincadeiras (deriva do nome de uma donzela
anã fictícia de uma balada, que usava
somente vestidos feito de moedas de outro unidas).
Esta palavra se tornou um código para anões
que querem discutir (por exemplo) sobre moedas
de ouro sem falar “moedas de ouro”
quando outros podem ouvir.
Então Azoun e Filfaeril,
ainda na taverna que é muito mais que uma
taverna, estão escutando um anão.
Nossa próxima coluna revelará o que
ocorre a eles depois — e mais.

Sobre o Autor
Ed Greenwood é o homem que lançou os Reinos
Esquecidos em um mundo que não os esperava.
Ele trabalha em bibliotecas, escreve fantasia,
ficção científica, terror, mistério e até estórias
de romance (às vezes coloca tudo isto em um
mesmo livro), mas está ainda mais feliz escrevendo
Conhecimento dos Reinos, Conhecimento dos Reinos
e mais Conhecimento dos Reinos. Ainda existem
alguns quartos em sua casa com espaço para empilhar
seus escritos. |