Tão silenciosos quanto fantasmas
errantes, o Rei e a Rainha de Cormyr deixaram
para trás o anão que ouviram sem
querer, até que sua voz rouca não
pudesse mais se escutada.
Então foram eles para a parede mais distante
da sala vazia, e Azoun cautelosamente abriu
nela uma passagem para observar um corredor
bem iluminado que existia além.
Ele piscou...
...para seu próprio sósia –
outro Rei Azoun IV, vestido em um dos conjuntos
de túnicas ricas, calças estreitas
e botas que ele sempre vestia na corte. Mesmo
os anéis familiares brilhavam em seus
dedos.
Este Azoun fitou de volta com uma expressão
crescente de raiva em sua face. “Quem
é você”, ele perguntou. “Eu
paguei muito dinheiro por esta aparência,
e Malagar garantiu-me que não iria alugar
outra fantasia de “Dragão Púrpura
Coroado de Cormyr” para mais ninguém!
Vai levar uma eternidade para tirar esta barba
bem colada, também! Então tire
a sua fantasia neste instante!”.
Azoun piscou de novo, sorriu sarcástico
e vagarosamente levou suas mãos ao seu
colarinho para começar a desatá-lo.
Foi quando Filfaeril chegou atrás de
seu lorde e marido, pousou o braço no
seu ombro, e descansou o seu queixo nele para
fitar o irritado falso Azoun.
O homem se avermelhou em grande fúria.
“Oh, percebo o jogo de vocês! As
duas fantasias juntas são um produto
diferente, hein!? Malagar me tomou como um tolo!
Ou vocês dois trabalham aqui, modelando
todos estes disfarces?”
“Então, querida?”, perguntou
Azoun. “O que vamos dizer ?”
"Você pode
encontrar ofensas melhores!", confundiu
o falso rei antes que Filfaeril pudesse dizer
uma só palavra.
"Você", Azoun disse para ele
suavemente, "não é minha
querida."
"Bem, isto é um alívio",
murmurou sua rainha. "Eu odiaria pensar
que eu tivesse em segundo plano em relação
a isso, durante todos estes anos”. Ela
fitou o olhar zangado do falso Azoun e disse
simpaticamente, “Esta barba deve coçar
terrivelmente”.
"E coça. Mas que são vocês?
Eu não posso ir aos clubes fingindo ser
o próprio Azoun a caçar e pegar
todas as moças que estiverem ao meu lado
se alguém além de mim vai fingir
da mesma forma! Eu vou parecer um imbecil!”
"Vamos dizer a ele ", Filfaeril orientou
o seu marido calmamente.
Muito tem sido dito, pelos anos afora, sobre
o que um escriba de Suzail chamou de “as
conquistas caprichosas de mulheres” do
Rei Azoun de Cormyr. “Um conquistador
entre aspirantes”, expressou-se outro
escritor sobre a carreira romântica do
monarca. Existe uma crença geral no reino
(o que não é tão distante
da verdade) que quase toda grande família
nobre – sem falar da pequena nobreza e
dos plebeus — tem um pouco do sangue de
Azoun em sua descendência.
Uma história muito recontada diz respeito
a um “baile” de primavera na corte,
onde jovens nobres e damas são apresentados
ao Rei pela primeira vez. Este é o “rito
de passagem” deles na sociedade de Suzail,
depois que passam pela puberdade, são
treinados em etiqueta e em quaisquer outros
interesses para os quais tenham aptidão.
Suas famílias desejam que tenham o mais
alto perfil, para que então possam obter
conexões sociais e influência no
reino. É costume durante tais bailes,
que os jovens sejam anunciados pelos arautos
(por ordem de nascimento, com os mais velhos
primeiro) e que estes desfilem, um por um, vestindo
o seu traje mais fino, através da câmara
do trono, diante do rei entronado e todos aqueles
que desejem comparecer. É também
costumeiro que Vangerdahast esteja atrás
do trono, fitando firmemente cada um deles (e,
segundo os rumores – corretos –
coordenando mentalmente os Magos de Guerra,
que usam detecção, espionagem
e feitiços capazes de gravar as imagens
de cada jovem nobre). É comum que muitos
nobres lembrem Azoun de alguma forma, mas neste
baile em particular, quase todos eles se parecem
muito com o rei. O silêncio segue a última
apresentação, antes que o rei
levante-se para convidar os que estão
reunidos nas câmaras de estado adjacentes
para se banquetearem e encontrar o “resplandecente
sangue novo e esperança do reino”.
Neste momento, ouviu-se claramente Vangerdahast
fazer uma observação a Azoun,
em tom cuidadosamente neutro – “Moderação,
meu soberano?”.
Por conta destes “hábitos reais”,
Azoun tem muitos descendentes (às vezes
chamados "Os bastardos do Dragão,"
ou mais polidamente, "a Linhagem"
pelos cormyrianos). Somente alguns, entretanto,
foram abertamente e publicamente reconhecidos
como tais. Eles incluem:
-
Malaglan Esporabrilhante
(humano LB Chondathano Guer9/Ari2/Cav2;
nobre): Um rapaz orgulhoso, de temperamento
quente, belo, ávido caçador
e perseguidor de damas, leal e diligente
em aprender como liderar um dia sua casa
nobre. Ele não tem cabeças
para finanças e meia verdades diplomáticas,
ficando impaciente para “comprar logo
o que quer” e “falar objetivamente”.
-
Vorndren Longalança
(humano CB Chondathano Guer6, For 17; não
nobre): Um capitão espadachim dos
Dragões Púrpuras de Immersea
respeitado pelos seus companheiros —
fácil de se lidar, e aparentemente
contente por ser um bom guerreiro, ele é
popular com os cidadãos locais por
ser gentil e compreensível. Vorndren
é grande, bonito e parece com Azoun
IV quando ele era jovem e estava barbeado.
-
Wyndghallow "Wyn"
Espalhestrelas (humano NB Chondathano Guer6/Ari4;
nobre): Um homem simples, com uma língua
cínica e sarcástica, leal
aos Obarskyres, mas avesso a sua própria
herança e como ela fez os Espalhestrelas
mais velhos — seus tios e tias mortos
agora — o tratarem. Ele teve vários
encontros desagradáveis com o Rei
Azoun IV, que gosta muito dele, e recentemente
foi recrutado por Laspeera para ser um agente
secreto da Coroa e futuro Ato Cavaleiro.
Wyn ama irremediavelmente Laspeera e a Senhora
Rainha Filfaeril e agora se devota a enriquecer
os Espalhestrelas através de investimentos.
Tavantra Indimber (humana
CB chondathana Fet4/Ari6, Int 18, Sab 17; nobre):
Uma jovem mulher simples, mas astuta, possuidora
de um longo cabelo negro, togas escuras e interesses
em estudos. Ela raramente é vista na
Corte ou na sociedade. Tavantra é fortemente
leal e uma agente Harpista. Ela é observada
tão de perto pelos Magos de Guerra (e
sabe disto) que dificilmente vai além
de observar e passar informes aos agentes que
a visitam. Tavantra incansavelmente deixa a
cidade em direção ao interior,
longe de olhos observadores, e pratica e aperfeiçoa
sua magia. Se ela prender seus cabelos para
trás, ela parecerá misteriosamente
com um jovem e barbeado Azoun IV.
"Todo mundo sabe"
que os nobres Beliard Cormaeril, os irmãos
Dauntryn e Delce Dauntinghorn, Brace Skatterhawk,
e Ondryn Espada de Trovão são
filhos de Azoun, mas a Coroa (provavelmente
para evitar problemas entre as poderosas famílias
nobres) nunca confirmou suas linhagens.
Os Obaskyres observaram a cor sumir
lentamente da face do falso Azoun. Ele os fitava
com os olhos abertos em um terror crescente...
e graciosamente tombou para colocar a sua face
junto ao piso.
Ele teria feito, se o Verdadeiro Rei de Cormyr
não tivesse gentilmente estendido seu
braço forte e pego o homem pelo peito,
levantando-o gentilmente do assoalho.
“Daria tudo para saber o que você
fez para as Sagradas Sune e Sharess, no seu
berço”, disse a Rainha Dragão
notadamente ácida. “Agora até
mesmo os homens caem por você”.
Conseguirão Azoun e Filfaeril dar
o fora desta taverna? Ler atentamente nossa
próxima coluna é a única
maneira para você descobrir.

Sobre o Autor
Ed Greenwood é o homem que lançou os Reinos
Esquecidos em um mundo que não os esperava.
Ele trabalha em bibliotecas, escreve fantasia,
ficção científica, terror, mistério e até estórias
de romance (às vezes coloca tudo isto em um
mesmo livro), mas está ainda mais feliz escrevendo
Conhecimento dos Reinos, Conhecimento dos Reinos
e mais Conhecimento dos Reinos. Ainda existem
alguns quartos em sua casa com espaço para empilhar
seus escritos. |