“E não jogue isso fora”,
Filfaeril disse decidida. “Me dê isso
aí se não quiser carregar e eu
coloco por baixo de meu corpete. Isto é um
documento de estado, e eu estou certa que muitos
assassinos dariam muito para colocar suas mãos
e aprender sobre quem atacar e como selecionar
as melhores oportunidades para fazer seu trabalho
sujo”.
Azoun entregou-lhe o pergaminho, e suspirou. “Agora
podemos explorar esta passagem?”.
“
Certamente, meu dragão. Desembainhe
seu aço e mostre o caminho.”
A face do Rei de Cormyr escureceu enquanto
ele guardava sua adaga e sacava sua espada.
Filfaeril prontamente segurou sua pedra luminosa
e piscou, sabendo que Azoun poderia reduzir
a emanação de sua espada para
um mero brilho.
Ele prontamente o fez, e eles esperaram para
que os seus olhos se ajustassem ao brilho antes
de avançar cautelosamente, Filfaeril
seguindo em fila atrás de seu marido.
Azoun mal tinha dado quatro passos em direção
a um canto quando começou a murmurar: “Eu
acho que sei onde nós estamos”.
Filfaeril gesticulou com suas mãos em
uma pergunta sem palavras. “O Olho Piscante”,
ele explicou.
As sobrancelhas da Rainha Dragão elevaram-se
até a testa, mas “Oh ho” foi
tudo o que ela disse.
O povo em Suzail conhece O Olho Piscante como
uma parte do Passeio, um tranqüilo bar
onde homens velhos e barbados — e também
anões e gnomos velhos e barbados — vão
para dormir sobre suas canecas de cerveja e
murmurar sobre os velhos tempos e glórias
passadas “quando as coisas eram muito
melhores do que são agora — ô se
eram!”
“
O Olho” é considerado um lugar
ordinário e muito ultrapassado. Tem
preços baixos, mas é simples,
com nenhum menestrel ou bufões, e nenhuma
(para tomar emprestado uma frase favorita usada
amavelmente por lojistas de Suzail, quando
descrevem as atrações aos visitantes) “moça-pagas-para-diversão
e tapas”. Não há nenhum
jovem de fora da cidade a fazer confusão
ou fanfarronices apesar do que os ricos e nobres
possam sonhar ao por os pés no Olho,
e ele raramente hospeda brigas e acontecimentos
dignos de comentários (além de
murmúrios de lamento sobre esse ou aquele
velho barbudo que caiu morto com sua última
cerveja terminada pela metade, morto por nada
mais do que o desgaste dos anos).
Há ainda um certo povo de Cormyr que
conhece o Olho por ser um estabelecimento bem
mais interessante do que a decadente taverna
parece ser. Ele fica em uma esquina e, ao longo
dos anos, foi expandido com vários prédios
adjuntos, todos com o estilo de construção
duro dos anões, paredes de pedras e
telhados de ardósia.
Dentro da maioria de suas paredes estão
passagens secretas conectando os fundos de
certos guarda-louças e licores, e grandes
barris falsos de vinho (são barris gigantescos,
de localização fixa, duas vezes
a altura de um homem, que enchem as adegas
de muitos restaurantes e tavernas. Eles preenchem
barris menores e portáteis, colocados
em buracos no piso térreo das salas,
através de largos funis). As passagens
levam para adegas em edifícios próximos
e guarda-roupas e guarda-louças semelhantes
nas salas superiores do Olho.
A rede de lugares escondidos era o velho lar
de contrabandistas, que se encontravam aqui
(chegando e saindo sem ser visto) para comprar,
vender, e trocar cargas ilícitas e seqüestrar
cormyrianos notáveis. Damas da noite
alugavam quartos para entreter clientes nobres.
Cleros de vários deuses (especialmente
Loviatar, Sharess e Talona) que desejassem
conduzir rituais privados também alugavam
câmaras ocasionalmente, e um pequeno
número de piratas e foras-da-lei esporadicamente
alugavam espaço para se esconder por
uma noite ou temporariamente ocultar um corpo
ou um contrabando que fosse facilmente reconhecível.
Houve uma época em que o Príncipe
Azoun (o mesmo Azoun que mais tarde ascenderia
ao trono para prosperar como Azoun IV) e seus
companheiros, o bando de aventureiros conhecidos
como Os Homens do Rei (apesar de conter mais
mulheres do que homens, a maioria de origem
nobre e avidamente devotados a desafiar ambas
as autoridades reais e familiares), alugavam
todos os caminhos escondidos do Olho e suas
salas superiores como um local de encontro
e refúgio.
Por mais do que uma temporada, eles viveram,
amaram e conspiraram nas salas superiores do
Olho que, em sua existência, hospedou:
•
um impaciente (e as vezes errante) golem;
• todo o tesouro roubado de um vendedor e comerciante
sembiano
• seis enviados thayanos determinados e furiosos
que vendiam drogas e venenos a tolos nobres
cormyrianos.
• Uma arca cheia de garras rastejantes
• uma princesa de uma cidade-estado ao sul em
estado de êxtase mágica, escondida
em um barril de zzar.
• um conjunto de rubis idênticos cuja proprietária,
uma matrona da casa nobre Illance, mobilizou
metade do reino em um tumulto por conta de
sua busca fervorosa (o que foi uma oportunidade
de ouro para os Homens do Rei para iniciar
uma súbita confusão entre os
servos, seus mestres raivosos, e investigadores
contratados para encontrar o objeto);
Nós viramos somente a primeira página
do livro do conhecimento sobre o Olho Piscante.
Aprenda mais no próximo artigo!

Sobre o Autor
Ed Greenwood é o homem que lançou os Reinos
Esquecidos em um mundo que não os esperava.
Ele trabalha em bibliotecas, escreve fantasia,
ficção científica, terror, mistério e até estórias
de romance (às vezes coloca tudo isto em um
mesmo livro), mas está ainda mais feliz escrevendo
Conhecimento dos Reinos, Conhecimento dos Reinos
e mais Conhecimento dos Reinos. Ainda existem
alguns quartos em sua casa com espaço para
empilhar seus escritos.
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