Os olhos da Rainha Dragão se
estreitaram. “Isto é ótimo”,
disse acidamente, fitando as pontas das cordas
que balançavam nas brumas próximas,
“mas você falhou em responder minha
questão, Dragão Real. Eu vou perguntar
de novo: Onde nós estamos?”
"A bordo . . . do Navio Perdido, eu creio,"
Azoun disse devagar, sua mão indo para
a empunhadura de sua espada. "Vangerdahast
tem uma quantidade de coisas cada vez maior
para responder."
"Az... considero que você",
observou sua esposa, “precisa me presentear
com uma única resposta para esta questão?
Onde nós estamos? Ou, se irá persistir
em me dar respostas misteriosas, sobre onde
nos Reinos está este navio sob nossos
pés?”
O Rei Azoun franziu a fronte. "Eu não
estou certo que nós estejamos em Toril”,
ele murmurou.
Foi quando a neblina na proa subitamente se
dissipou, revelando um desvio de curso –
e uma visão muito sólida –
de um paredão montanhoso bem a frente.
Boquiabertos ficaram o rei e a rainha, permanecendo
juntos, enquanto a titânica parede de
rocha aproximava-se para encontrá-los.
O Navio Perdido fica translúcido (e etéreo,
crê Elminster, com as propriedades descritas
no Manual dos Planos (Manual of
the Planes) ) quando “passa através”
de obstáculos que poderiam destruí-lo,
mas mesmo o Velho Mago não sabe porque
ele quase sempre evita as cidades, mantendo-se
nas terras ermas. O navio fantasmagórico
não segue nenhum curso conhecido, não
tem tripulação e ninguém
habitualmente no leme, e nem parece precisar
de um leme. Ele faz curvas suavemente, raramente
abruptas, e seus movimentos não parecem
guardar relação com as cercanias
dos lugares onde passa. Veleja infinitamente,
parecendo alcançar a extensão
das Terras Centrais dos Reinos, evitando o Mar
das Espadas e o Mar Brilhante.
O Navio Perdido é raramente visto a mais
de 18 metros do chão. Seu avançar
é lento (visto do solo, nunca parece
viajar mais rápido do que um cavalo galopante),
e nunca é afetado pelas ventanias, rajadas
de vento mágicas, feitiços lançados
em volta no nele próprio, ou pelos ventos
dominantes e por aí vai. Isto inclui
toda a tentativa de se guiá-lo ou afetar
a direção geral de sua viagem,
sendo a única exceção de
sucesso em mandar o navio para um lugar em particular
(é o que dizem alguns) o caso de certos
seres que dormiram abordo dele e tiveram um
vívido sonho sobre tal lugar (não
surpreendentemente, este fato causa zombaria,
visto que é difícil de provar
e mais difícil ainda de se refazer).
Muitas histórias insistem que há
um tesouro escondido abordo do Navio Perdido,
mas Elminster acredita que ele não carrega
nenhuma pilhagem física (a exceção
de um baú ocasional de gemas ou moedas,
itens mágicos ou grimórios levados
por passageiros). O tesouro consiste no que
“as aparições sussurram”.
Para o povo no solo, o Navio Perdido parece
silencioso (pessoas gritando, fazendo barulhos
altos e mesmo feitiços sônicos
emanados dele não podem ser ouvidos a
mais que 3 metros de distância). Entretanto,
as pessoas a bordo podem ouvir sons em volta
normalmente. Se tais passageiros caírem
dormindo ou inconscientes, ou cochilem ou entrem
em transe (incluindo através de orações
ou estudo de feitiços), eles começaram
a ouvir vozes suaves e intermináveis.
Este coral é muito fraco e leve para
atrapalhar estudos ou concentração,
mas se alguém se concentrar nele irá
descobrir vozes distintas pronunciando nomes
antigos, datas, direções e instruções
que podem provar serem inestimáveis –
mas que geralmente parecem codificadas e sem
sentido para aqueles que as ouvem.
De tempos em tempos, criaturas descobrem várias
formas de embarcar no Navio Perdido
Alguns são espalhados lá por magia
(parece ser um dos locais favoritos para teletransportes
que falham), alguns chegam (ou partem) através
de portais que parecem abrir e fechar aleatoriamente
(muitas histórias insistem que portas
espectrais, descritas na página 57 do
livro de referência Sul Brilhante
(NT: Shining South), se escondem no
Navio Perdido, esperando para serem reveladas
por um passageiro que invoque o feitiço
errado ou porte o item errado), e alguns pulam
ou caem de lugares altos para o seu convés.
Alguns tem descoberto como jogar cipós
ou cordas para alcançar o convés
de sótãos altos, e muitos passageiros
abordo tiveram sucesso ao deixar cordas penduradas
para que outros (que se arrastam ao subir, sofrendo
muitos ferimentos devido aos obstáculos
do solo até subirem alto o suficiente)
sejam puxados, ou escalem. Existem histórias
de seres que dormiram em suas camas, sonharam
com o Navio Perdido, e quando acordaram encontravam-se
no convés!
Quando uma parte do Navio Perdido fica etérea,
sua carga e tripulação recebem
a mesma propriedade do que o navio (assim eles
não “caem através”
do navio, ou terminam estatelados em uma parede
rochosa, quebrados e moribundos, quando o convés
onde estão “passa através”
da rocha).
As condições climáticas
abordo do navio são sempre a de um frio
úmido, com uma névoa pegajosa
– mesmo que o navio esteja velejando sob
um sol causticante, uma extensa tempestade de
areia ou sob o mais forte dos ventos de tempestade
do inverno gelado.
Se o Navio Perdido pode oferecer um transporte
desconfortável através de regiões
inóspitas dos Reinos, serve como um transporte
“gratuito” para longas distâncias,
e mesmo como uma base para ataques de marginais
ou casa para aqueles que não se importam
em que local dos Reinos se encontram (como escribas,
ilustradores, ou cartógrafos que desejam
privacidade para seu trabalho) Inventores e
conjuradores são avisados de que, apesar
da embarcação fornecer um bom
ambiente para concentração e estudo,
experiências que envolvam liberação
de magia ou ataques ao tecido físico
do navio (como cortar a pontas de uma corda,
ou partir ou forçar as tábuas
do convés) são como gatilhos que
expelem aqueles que fazem os experimentos do
navio. Por exemplo, portais abertos podem surgir
aos pés destes indivíduos, monstros
podem aparecer de lugar nenhum para atacá-los,
seus próprios feitiços podem se
volta contra eles e afetá-los, ou podem
“passar através” de um nível
do navio por vez, com quedas subsequentes ocorrendo
somente caso persistam nestas atividades (as
três quedas sucessivas são as seguintes:
do convés para o porão de carga,
do porão de carga para a estiva e da
estiva para o solo abaixo).
Pessoas espertas podem imaginar várias
maneiras de coletar a condensação
das brumas que rodeiam o navio para obter água
potável (e segura), mas não há
comida a bordo, exceto a que possa ter sido
trazida.
Algumas histórias falam de vários
efeitos mágicos (tais como os que são
descritos no livro Magia de Faerûn
e em outros lugares; efeitos etéreos,
detalhados no Manual dos Planos e fenômenos
como os que estão no capítulo
“Lugares de Poder” de Magia
de Faerûn) se manifestam espontaneamente
e afetam todos a bordo do Navio Perdido –
mas, como muitas outras histórias do
Navio Perdido, elas podem ser invenções,
exageros da verdade, alucinações...
ou serem também todas verdadeiras.
Por tudo isto, o Navio Perdido permanece um
enigma, eternamente singrando os céus
das Terras Centrais, assombroso e misterioso.
Seu objetivo – se é que existe
um – e destino final permanecem desconhecidos.
Até agora.
Na nossa próxima coluna, deixaremos
o Navio Perdido para trás, e seguiremos
o Rei e a Rainha de Cormyr para um outro lugar
ainda mais desconfortável. Não
se preocupe: as aventures envolvendo o item
mágico de Vangerdahast ocorrem antes
da morte de Azoun em batalha, sendo então
óbvio que ele sobreviveu a esta pequena
incursão. Bem... mais ou menos.

Sobre o Autor
Ed Greenwood é o homem que lançou os Reinos
Esquecidos em um mundo que não os esperava.
Ele trabalha em bibliotecas, escreve fantasia,
ficção científica, terror, mistério e até estórias
de romance (às vezes coloca tudo isto em um
mesmo livro), mas está ainda mais feliz escrevendo
Conhecimento dos Reinos, Conhecimento dos Reinos
e mais Conhecimento dos Reinos. Ainda existem
alguns quartos em sua casa com espaço para empilhar
seus escritos.
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