A Rainha Filfaeril deu um passo para
fora das brumas azuis, piscou para ver o que
estava diante dela, e veio com uma súbita
hesitação. “Senhor marido
meu -- Az? – Eu acho melhor você
vir aqui. Rapidamente ."
Algo em sua voz fez o Rei Azoun de Cormyr irromper
em uma corrida, desembainhando sua espada enquanto
vinha.
Filfaeril estava na frente de um montículo
escondido em um viçoso gramado da altura
dos joelhos, com uma grama tão perfeita
que poderia ser um carpete esmeralda, deixado
sobre uma região cheia de árvores
sem galhos e mortas, que se erguiam da água
parada, quebrado em milhares de pedaços
por pequenos morros muito parecidos com o que
estava sob suas botas. Ele olhou rapidamente
para trás, vendo a terra que se levantava
em montanhas altas como torres, e voltou-se
para sua rainha.
Ela estava parada e muito firme, olhando para
baixo para algo a sua frente e abaixo. Azoun
apressou-se em juntar-se a ela e olhar também:
havia uma linha desordenada de paus enfiados
no solo, e coroados por crânios humanos,
gastos pelo tempo e cobertos de musgos. Um deles
ostentava um danificado e enferrujado elmo de
Dragão Púrpura.
Filfaeril olhou para ele sem palavras.
"Um marco de fronteira tun," ele explicou
– e franziu as sobrancelhas. "Eu
me surpreenderia em saber o porquê de
Vangey ter motivos para vir aqui."
Em todo os lugares, cruzando os Reinos -- mesmo
nas regiões mais selvagens que os humanos
denominam “terras ermas selvagens”
-- leis mantêm o controle da situação.
Podem não ser as leis humanas, ou um
código escrito, mas alguém (ou
alguma coisa) faz leis para cada pedaço
de terra em toda Toril.
Conhecer estas leis, ou quem as fez para este
ou aquele local, pode ser um desafio para qualquer
viajante. Na maioria dos casos, saber onde uma
terra e suas leis terminam, e a outra começa,
pode ser uma dificuldade: exceto quando cabeceiras
de rios perenes estão envolvidas, poucas
fronteiras são tão claramente
marcadas como as que Azoun e Filfaeril encontraram.
Levaria muitos e exaustivos anos nestas colunas
para mesmo começar a listar tais leis
e regras não escritas, e a lista seria
desatualizada à medida que fosse preparada,
mas algumas observações em geral
podem ser feitas para guiar os Mestres, PdMs
governantes, “apenas moradores”
e aventureiros PJs. Então, nas palavras
do Lorde Mago de Águas Profundas, Khelben
Arunsun, o próprio “Cajado Negro”
: “Ouça e ganhará sabedoria...
talvez.”.
Falando genericamente, as leis formais existem
somente em reinos e regiões organizadas.
Em outros lugares. “o poderoso faz o certo”
ou “o que o senhor local ou poder dominante
fizer, siga.”.
Devido à inclinação ao
desgaste do constante uso da força (caçar,
lutar e punir a todo o momento, mesmo que seja
endereçado à apenas as infrações
observadas), o pensamento de “minha espada
é a lei” é sempre temperado
pelo costume.
Aqui, “costume” significa os hábitos
de gerações, que se constroem
através dos tempos nas crenças
dos habitantes locais sobre “o jeito das
coisas serem feitas” (“Você
pode nos forçar a fazer isto ou aquilo,”
lorde“ legítimo, mas somente até
este limite. Meu ancestral construiu aquela
cerca e meu pai a expandiu – a derrube
e sobre a tumba deles eu juro que irei derrubar
você!”); e as não escritas
“regras da estrada” são entendida
pelos viajantes através dos Reinos.
As regras faerûnianas da estrada não
têm nada a ver com o trafego. As pessoas
que se movimentam por Faerûn (mercadores
de caravanas, mascates, peregrinos e emissários)
têm, através dos séculos,
formatado constantemente alguns fundamentos
básicos de comportamento. Por exemplo,
um adorador fanático de Cyric pode construir
ou tomar uma estalagem e assassinar todos que
pararem por lá como uma homenagem a sua
divindade (que é, entre outras coisas,
o Senhor dos Assassinos), mas este cyricista
deve esperar ser assassinado por membros de
caravanas que parem no estabelecimento para
eliminar seu dono – ou ser evitado por
viajantes, que não farão paradas
na estalagem ou jamais comercializarão
com este cyricista.
Estas regras da estrada podem ser reduzidas
a isto: você pode cobrar taxas pelo uso
de sua terra, e você pode cercar sua terra
e guardá-la, colocar sinais, proibir
seu uso ou o uso para um propósito específico.
Entretanto, você não pode simplesmente
assassinar, mutilar, aprisionar ou roubar quem
encontrar em suas terras. Mais do que isto,
você não pode insultar os costumes
locais com relação à venda
e compra de terras, ou aluguel (para fazendeiros
trabalharem, ou espaço para estábulos,
estrebarias e pensão para viajantes).
Algumas terras e cidades independentes têm
um sistema de direitos escritos (sempre mantidos
em castelos dos lordes locais ou no templo mais
próximo), alguns locais têm um
mapa mestre onde a propriedade de cada terra
está descrita (e que é atualizado),
e outros não tem nada que vá além
das “leis das ruas” (invadir para
clamar propriedade, com a comunidade expulsando
os indesejáveis, e artesãos locais
e lojistas repelindo pessoas que “não
pertencem à comunidade” e que “não
são um de nós").
Fronteiras entre vizinhos podem ser estabelecidas
através da violência, ou por meios
de documentos, regras e acordos solenes (de
igrejas ou por testemunho legais). Fronteiras
entre nobreza, governantes ou países
são sempre oficializadas de alguma forma
(geralmente com acordos ou tratados oriundos
de guerras, e que são assegurados por
patrulhas de fronteira periódicas ou
mesmo por guarnições). Geralmente
tais fronteiras seguem um rio (ou uma cadeia
montanhosa, ou estrada) por conveniência.
Malfeitores que fujam cruzando uma fronteira
não terão proteção
a não ser que existam patrulhas ou guarnições;
de outra maneira, as pessoas que o procurarem
para levá-lo a justiça irão
simplesmente segui-lo, ignorando a fronteira.
Geralmente, uma fronteira não defendida
é, com o tempo, uma fronteira perdida.
Os poderes locais irão se erguer e dominar
os assuntos e um governo verdadeiro irá
se estabelecer e tomar nas mãos o poder,
mesmo que isto ocorra inteiramente de maneira
informal.
Algumas cidades e até mesmo reinos (particularmente
entre os pequenos reinos entre os Reinos da
Fronteira) aderem a um sistema legal onde toda
a terra pertence ao governante, e todos são
seus arrendatários. Estes arrendatários
podem ainda ser locatários das terras,
condição que pode ser revertida
à vontade do governante, ou habitantes
que vivem em algum tipo de sistema de “controle”,
onde uma família ou um indivíduo
em particular tem algum tipo de direito legal
para residir em edifícios específicos,
ou em uma fazenda específica ou posição,
ou ainda direitos que durem por um tempo particular
da vida do indivíduo, ou por quanto tempo
durar um serviço específico que
é realizado ou quando o aluguel é
pago (geralmente anualmente).
Pessoas de lugares distantes são avisadas
a aprender as leis locais e costumes antes de
pagar ou assinar alguma coisa – ou eles
poderão descobrir que nada tem, ou que
possuem uma ruína que os obriga a arregimentar
um exército ou lutar contra um dragão
ou defender a fronteira quando um governante
distante (de quem nunca ouviram falar) der ordens
para fazê-lo. Como sempre nos Reinos
Esquecidos: “aventureiros, cuidem-se”.
Na próxima coluna nos iremos encontrar
o Navio Perdido. Pobres Azoun e Filfaeril.

Sobre o Autor
Ed Greenwood é o homem que lançou os Reinos
Esquecidos em um mundo que não os esperava.
Ele trabalha em bibliotecas, escreve fantasia,
ficção científica, terror, mistério e até estórias
de romance (às vezes coloca tudo isto em um
mesmo livro), mas está ainda mais feliz escrevendo
Conhecimento dos Reinos, Conhecimento dos Reinos
e mais Conhecimento dos Reinos. Ainda existem
alguns quartos em sua casa com espaço para empilhar
seus escritos.
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