As brumas azuis do portal esvanecem
em volta deles. “Meu senhor”, murmurou
a Rainha Dragão, fitando as janelas que
não conhecia, “em que lugar na
abençoada Toril nós estamos?”
Algumas ruas em Águas Profundas lembram
uma fila de paredes fortificadas de um castelo,
interrompidas por agrupamentos de casas altas
e estreitas no estilo Tudor, com múltiplos
pisos superiores que se projetam sobre as ruas
que confrontam. Muitas ruas em Secomber parecem
agradáveis fileiras de pequenas casas
Tudor (armação aparente de madeira
escura, entre reboco claro ou branco) de um
ou dois pavimentos. Entretanto, está
muito enganado quem pensa que todos os povoados
nos Reinos parecem com estes tipos de ruas.
O Dragão de Cormyr olhou para
sua esposa com uma certa expressão de
desagrado nos seus olhos.
"Ora, Fee", ele retrucou, “no
Mar Interno, é claro. Do lado de fora
da porta dos fundos do Cinco Peixes Bons, Você
não -- ”
E então ele parou, sorriu embaraçadamente,
e completou, “Não. É claro
que não.”
Filfaeril arqueou sua sobrancelha para ele.
"Não," ela concordou, "é
claro que não. Diferentemente da minha
outra parte nesta conversa, eu nunca fui retirada
desta taverna em particular.”
Em povoados, em qualquer lugar de Faerûn,
os materiais locais predominam, porque são
mais baratos e fáceis para os construtores
conseguirem. Qualquer um que esteja nas ruas
na maioria das cidades pode ver uma ampla variedade
de prédios. Esta variedade de estilos
de construção deve-se as rotas
comerciais estabelecidas pelas terras: mercadores
e peregrinos vêem coisas que gostam em
algum lugar e trazem as idéias para casa,
ou quando vem morar no local saindo de outro
distante querem ficar em uma casa do tipo “a
que estavam acostumados”. Além
disto, os edifícios são quase
sempre erguidos individualmente: exceto por
ocorrências raras da arquitetura real
ou em templos, não existe nos Reinos
edifícios idênticos construídos
lado a lado.
Nas áreas rurais (para a maioria dos
falantes nos Reinos, “terras remotas”
ou “país a dentro”) as construções
tendem a ser mais simples e mais parecidas,
graças a uma limitada gama de materiais
e de menor quantidade de construtores. Estes
freqüentemente reproduzem o que sabem ou
copiam o que vêem localmente.
No interior da Costa da Espada e no norte do
Mar da Lua, construções feitas
com troncos são normais. Se o lugar permite
(em outras palavras, em quase toda casa isolada
de fazenda, ou “sede” no falar dos
Reinos), estas casas são escavadas em
laterais de colinas ou protegidas dos ventos
do inverno por “escudos de tempestade”
(anteparos) de terra onde são plantadas
árvores de espécies fortes e grossas.
Árvores são geralmente plantadas
para proteger entradas (para manter os moradores
a salvo de serem enterrados vivos em nevascas),
e os telhados são intensamente íngremes
para prevenir que haja muita neve no topo da
construção, evitando um colapso
que machuque, sufoque ou enterre as pessoas
que estão dentro dela.
Os celeiros são protegidos de modo similar
quando possível, e os porões subterrâneos
são escavados nas laterais das colinas,
onde existem pedras disponíveis para
cercá-los, o que ajuda a manter as entradas
seguras contra animais escavadores.
Ás vezes os porões são
escavados no próprio piso poeirento das
casas, onde as rochas não são
facilmente escavadas.
Uma lama ou lama misturada com pedriscos “espalhados”
(reboco) é geralmente usada para selar
os espaços entre os troncos. Em muitos
lugares, seivas locais ou destilados de folhas
fervidas são adicionados ao reboco para
fazê-lo mais grudento e difícil
de secar, quebrar ou sair. O reboco deve geralmente
ser reaplicado ao menos uma vez em cada edifício
a cada outono. Onde não existem construtores
profissionais (aqueles que recebem para erguer
construções para outros, e não
aqueles que constróem suas próprias
estruturas e contratam outros para ajudar) a
mistura precisa para o reboco tende a ser um
segredo guardado zelosamente. Os troncos para
construção são normalmente
cortados de forma quadrada, ao invés
de deixá-los roliços, para minimizar
brechas que deixem a brisa passar – a
menos que o construtor esteja com pressa, ou
não tenham ajuda suficiente, ou apenas
queiras erguer as paredes de forma imediata.
“Paredes escudo” (paliçadas
de troncos) são comuns onde matilhas,
bandos de goblinóides e outros predadores
são um problema (em outras palavras,
na maioria das áreas rurais do norte),
e paredes curtas deste tipo são também
construídas para servir de anteparo contra
o vento, quando a topografia natural não
oferece um.
Vidros para janelas (feitos de areia fina) são
amplamente conhecidos nos Reinos, mas caros.
Em Calimshan e Tethyr (e menos corrente em outros
lugar, já que as idéias costumam
se espalhar da Costa da Espada), as janelas
tendem a ser retangulares, com uma moldura de
metal grossa atravessada diagonalmente por três
ou quatro barras, com pequenos panos de vidro
colocados entre as barras.
Onde o metal é caro, mas a madeira abundante,
janelas “em camadas” são
feitas, se esculpindo um “trilho’
de formas precisas para segurar as peças
de vidro disponíveis (com uma certa folga,
para permitir a dilatação e a
contração da madeira com o passar
das estações). As peças
são presas por mantidas por uma camada
de madeira que sobrepõe suas bordas,
ou mesmo por uma folha de madeira precisamente
esculpida.
Sendo assim, peças de vidro e fragmentos
de todos os tamanhos são vendidos em
mercados por todo o Reino. Mercadores transportam
estes itens envoltos em tecido embebido em óleo
ou em pedaços de roupas velhas, e colocados
em “prensas” de madeira, amarradas
juntas com tiras de couro. Mercadores geralmente
os vendem em “tomos” (nomeadas assim
porque lembram grandes livros): duas peças
de madeira, uma sendo vazada para criar uma
cavidade, colocada em cima da outra de modo
a formar uma alça, para facilitar o transporte
até o edifício onde o vidro será
usado. Grande panos de vidro são luxo
raro e caro para a maioria do povo da área
rural, e mesmo as janelas urbanas tendem a ter
longos e estreitos panos de vidro (verticais,
diagonais ou horizontais) com largas extensões
de vidro reservadas para palácios e mansões
dos muito ricos ou para uma única “janela
grande” nas casas menos luxuosas,
A mica pode ser usada em janelas em algumas
áreas (notadamente próximo de
Água Ruidosa e Secomber, e em Vilhon
e na Vastidão), mas para a maioria das
pessoas pobres que vivem na zona rural as janelas
são simplesmente buracos na parede cobertos
com venezianas: de material resistente ao inverno
do lado de fora, e outras entreliçadas
do lado de dentro. Para mantê-las livre
de poeira e insetos, roupas velhas são
umedecidas e penduradas sobre as treliças,
esticadas e sobrepostas de modo a evitar espaços
vazios.
Não se entediou ainda? Lembre-se,
a sobrevivência do seu personagem pode
depender do conhecimento de quão rápido
o telhado pode pegar fogo, ou se uma janela
pode ser quebrada em um único mergulho!
Nossa próxima coluna examinará
telhados. Isto mesmo... telhados.

Sobre o Autor
Ed Greenwood é o homem que lançou os Reinos
Esquecidos em um mundo que não os esperava.
Ele trabalha em bibliotecas, escreve fantasia,
ficção científica, terror, mistério e até estórias
de romance (às vezes coloca tudo isto em um
mesmo livro), mas está ainda mais feliz escrevendo
Conhecimento dos Reinos, Conhecimento dos Reinos
e mais Conhecimento dos Reinos. Ainda existem
alguns quartos em sua casa com espaço para empilhar
seus escritos.
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