Coisas Secundárias para se Ver
O Sótão do Capitão
oferece os arredores mais luxuosos de Uthmere
(exceto para o caso daqueles poucos enviados
e personagens dignos de nota que recebem audiências
ou um convite para ficar nos apartamentos do
Palácio). O exterior do Sótão
mostra uma grande quantidade de grifos rosnadores
empinados feitos de pedra, esculpidos para se
colocar mastros de bandeiras e sacadas (todos
os quartos do andar de cima tem uma, e nas suítes
dos cantos existem duas). Ele possui um telhado
“fachada fortificada”[1]
e seus próprios estábulos e abrigo
para carroças localizados discretamente
no centro no primeiro quarteirão leste
da propriedade do próprio Sótão.
Viajantes são avisados que as docas são
muito freqüentadas para serem a área
mais perigosa de Uthmere. A honra vai para a
pequena e decadente vizinhança chamada
“As Ruas das Sombras”, na ponta
sudeste da Margem Sul de Uthmere. É um
bairro sujo de mendigos, doentes e seriamente
enfermos, os “sem moedas”, viciados
e toda sorte de esfarrapados -- e mesmo os Porretes
vão até lá somente em um
grande número, graças a recente
audácia da população desta
vizinhança (nascida da presença
e influência organizada dos Mestres das
Sombras).[2]
Visitantes que procurem arquitetura com muitos
ornamentos, árvores e coisas verdes crescendo
(além das muralhas, e distante do musgo
que cresce em qualquer lugar entre o pavimento
das ruas em Uthmere) devem procurar as vizinhanças
das Torres Altas na parte mais ao nordeste de
Uthmere, perto do Parque dos Lordes, onde as
casas são maiores, as patrulhas dos Porretes
são muito freqüentes, e as ruas
mais quietas. Aqueles que “apenas estão
passando”, especialmente se não
estão montados em uma carruagem ou vestidos
luxuosamente, deverão esperar ser parados
e questionados – e observados continuamente.
O próprio Parque enche ao meio dia com
trabalhadores caminhando, comendo, conversando
ou sentados para um rápido jogo de cartas.
O restante do dia, ele é deixado para
as sempre presentes patrulhas dos Porretes e
para as crianças dos ricos brincarem
– sendo vigiadas por guarda-costas contratados
(seqüestros para pedidos de resgate ou
para escravidão já ocorreram).
O Parque do Lorde tem este nome porque foi criado
por um Lorde de Uthmere e tem sido mantido para
o público desde então, por sucessivos
Lordes. Este conjunto de colinas gramadas onduladas
é adornada com trepadeiras, penduradas
em árvores que trocam suas folhas, e
uma pequena lagoa estagnada que está
vazia de peixes até que haja um Lorde
tolo o suficiente para preenchê-la com
peixes ornamentais. Dúzias de lendas
sobre estranguladores sorrateiros, fantasmas
e tesouros enterrados estão ligadas ao
parque – quase todas delas fantasiosas.
Entretanto, um golem pertencente a um Lorde
do passado, dizem (através de fontes
de confiança), jaz deitado de costas,
enterrado sob apenas 30 centímetros em
algum lugar sob a grama do Parque – esperando
que seja invocado a defender a cidade ou o Lorde,
quando emergirá e partirá em direção
da batalha.
Pela noite, é claro, o Parque é
popular para os flertes dos namorados e para
encontros sobre “negócios obscuros”,
onde espiões, marginais e assassinos
podem ser contratados.
Edifícios de esquinas em algumas das
ruas de Uthmere exibem pequenas torres arredondadas
visualmente interessantes, e quase toda rua
tem suas “janelas de vitrines” (lojas
que têm janelas abertas para exporem os
produtos diretamente para a rua). Durante o
dia, estas ruas fervilham, e Uthmere oferece
uma impressionante variedade de produtos. Um
comprador que aceite qualquer pá, balde
ou elmo (ou que insista em pás, baldes,
ou elmos selecionados), quase pode,
como o ditado fala, “comprar qualquer
coisa em Uthmere”.
Visitantes em Uthmere não pode perder
a mais impressionante excentricidade arquitetônica
da cidade: a Casa Haelbow', uma loja que impressiona
por si só, ao lado do Córrego
do Vale, e é o prédio mais ao
sul da Margem Norte de Uthmere, na direção
rio acima da Ponte do Vale. “A Casa”
fica no limite da vizinhança conhecida
como Bairro de Felder.[3]
A Casa não pode passar desapercebida,
porque é um mosaico amontoado de peças
salvadas de edifícios (uma grande entrada
aqui, uma sacada ali, uma cúpula acolá
e por aí vai) colocadas juntas em um
caos espalhado. Dentro dela, uma curiosa loja
de “tudo usado” mantém os
visitantes ocupados. Tem de tudo, de rodas de
carroças até carroças inteiras,
telhas e alambiques, e de armaduras a cadeados
com chaves recuperados (as vezes, até
as portas vêm junto). A loja é
uma porção de produtos amontoados,
onde os consumidores procuram e levam seus achados
sem preço para o grande, rude e não
tão limpo Rassivur Haelbow, que adora
regatear. [4]
Notas de Rodapé
1. Um telhado
de fachada fortificada (chamada de telhado de
“fachada tempestade” em Aglarond
e em outros lugares no Mar Interno) é
o que é conhecido como água-furtada
em nosso mundo real.
2. Mais sobre
o interior do Sótão, do Palácio
e do Gancho irá ser dito no próximo
artigo desta série, onde a estadia em
tais lugares também será detalhada.
3. Ondammus
Felder era um famoso boiadeiro e rancheiro do
Grande Vale, a cerca de um século atrás,
e possuía a maior parte das terras entre
a Praça da Torre do Sino, a Praça
do Portão do Vale e do Córrego
do Vale.
4. E apesar
de ser amável em suas fanfarronices,
o “Velho Haelbow" tornou-se um espião,
receptor e negociante de objetos roubados para
os Mestres das Sombras.
Ficando cansado, viajante? Nossa próxima
coluna irá começar a explorar
as acomodações disponíveis
em Uthmere.

Sobre o Autor
Ed Greenwood é o homem que lançou os Reinos
Esquecidos em um mundo que não os esperava.
Ele trabalha em bibliotecas, escreve fantasia,
ficção científica, terror, mistério e até estórias
de romance (às vezes coloca tudo isto em um
mesmo livro), mas está ainda mais feliz escrevendo
Conhecimento dos Reinos, Conhecimento dos Reinos
e mais Conhecimento dos Reinos. Ainda existem
alguns quartos em sua casa com espaço para empilhar
seus escritos.
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