Primeiras Coisas para Ver
Os portos uths fervilham de dia, trabalhando
a noite somente quando o pequeno porto está
lotado ou quando o começo do época
congelamento ameaça prender os últimos
poucos navios de grandes percursos no porto
pelo inverno.[1]
Os lordelainos provêem guardas e acendedores
de lâmpadas (que erguem e inclinam lâmpadas
colocadas no alto de varas) para trabalhos noturnos
nas docas, a fim de proteger o lugar contra
roubos, vandalismo, e mesmo simples acidentes.
Qualquer um que assista o caos frenético
das cordas sendo puxadas, estivadores correndo
ao mesmo tempo para suspender este saco ou carregar
aquela caixa, redes pesadas com cargas balançando,
e carroças e caixotes com rodas rangendo
ao longo das docas lotadas sabe o quanto é
fácil acontecerem acidentes.
O espaço de atracação ao
longo do cais é escasso, e pelos menos
uma embarcação é geralmente
vista amarrada pelo quebra-mar ou ancorada no
porto esperando por espaço para carregar
ou descarregar. Os portuários de Uthmere
são pessoas fortes que trabalham muito
bem juntas.[2]
Observá-los trabalhar pode ser um entretenimento
fascinante, e até mesmo marujos velhos
e crianças acham isto. Uma multidão
admirada freqüentemente se forma quando
o porto fica realmente ocupado.
Graças as pedras das fundas precisas
e das clavas arremessadas pelas crianças
uthmaares, pássaros marinhos são
surpreendentemente escassos em Uthmere, mas
alguns voam pelos ventos ou descansam nas rochas
marinhas cheias de esterco de ave que ficam
na direção do mar. Eles se põem
a grasnar somente quando os pescadores descarregam
sua pescaria ou põem os peixes em carrinhos
sob as redes de proteção contra
aves para a venda no mercado diário de
pescado na praça Storaungh.
A Praça Storaungh é um espaço
aberto logo ao sul do Salão da Justiça
Brilhante. Storaungh pertencia a um antigo senhor
de Uthmere, um homem jovial, musculoso e grande,
cuja estátua se encontra nesta praça
(Storaungh está levantando uma espada,
na sela de um garanhão empinado) e esta
é adorada pelas crianças, que
diariamente a escalam quase incessantemente.
Jovens namorados marcam encontros em cima dela
em respostas aos desafios de seus amigos, e
alguém está sempre amarrando um
laço ou pintando algo tolo em várias
partes do cavalo. E, é claro, há
uma lenda sobre um tesouro em uma cripta em
algum lugar sob a estátua foi espalhada,
e rumores dizem que ela pode ser alcançada
através de uma passagem escondida. Em
resumo, a estátua serve como um importante
marco da cidade.
Um mercado diário de produtos da fazenda
é mantido na Praça do Portão
Sul, enquanto a Praça Portão do
Vale abriga um mercado para animais (e coches,
carroças e carros). A Praça da
Torre do Sino é conhecida pelo maior
e mais movimentado Mercado Geral, onde todos
os tipos de produtos [3]
são vendidos, incluindo quase tudo que
se é trazido de locais distantes. Dentro
deste mercado em particular, vendedores giram
animais inteiros em espetos, e vendem sua carne
quente em palitos de madeira.
A Torre do Sino é tão alta que
é visível de quase todo lugar
ao ar livre em Uthmere, e serve como marco direcional
para todos e um arauto tanto para o nascer quanto
para o por do sol (a medida que a luz em sua
fachada principal muda vista do nível
da rua) . Ela parece esticada de maneira impossível,
como uma esguia torre de castelo, abrindo-se
no topo como uma flor para abrigar a câmara
do sino e sua janela arqueada (contendo seus
sinos de tamanhos e toques variados), e seu
topo possui guarnições de ameias.
Seu telhando possui uma grande e sempre pronta
lanterna de farol, cujas raras e memoráveis
luzes geralmente são sinal de aproximação
de hordas ou exércitos.
Próximo a alta e central Torre do Sino,
o Salão da Justiça Brilhante é
a mais notável estrutura de Uthmere (por
que a estalagem mais ornamentada, O Celeiro
do Capitão, é menor e melhor escondida
– e a maior, a grande Palácio do
Lorde é completamente oculta em suas
próprias muralhas altas). O Salão
da Justiça Brilhante tem muralhas altas,
rígidas e simples, com portões
ornados e arqueados de “aço negro”
(encantado e recoberto de piche para evitar
a ferrugem), feito com grossas barras, na parte
central das paredes ao norte e ao sul. Um templo
coberto com um domo fica ao centro deste feudo
sagrado, com um par de altas portas duplas a
frente de cada portão.
Menos imponente, mas quase tão grande,
é o outro edifício dentro das
muralhas de fortaleza do Salão. Construído
no extremo leste das “muralhas sagradas”
, está o grande “thoulass”
de três andares onde os clérigos
de Tyr vivem, jantam e são sepultados
(em uma cripta, na parte inferior). O thoulass
contém cozinhas, um jardim no terraço,
arsenais, e uma escola onde postulantes são
treinados na doutrina de Tyr e em vários
códigos legais. Entre outras coisas,
este postulantes praticam oratória antes
de simular julgamentos e entrevistam criminosos
sentenciados para aprender como a justiça
os trata (e os pensamentos e crenças
dos prisioneiros que justificam tal tratamento).
Entrevistas podem ser marcadas para a entrada
no thoulass e para encontro com os clérigos;
somente o próprio templo é aberto
ao público (uma seqüência
de toques com três notas em tom baixo
e outra em tom maior, tocada na Torre do Sino,
sinaliza para uma cerimônia de Tyr).[4]
Notas de Rodapé
1. A cobiça
é até maior que o desespero entre
os navegantes da Orla Ocidental, e quase todo
o ano pelo menos um navio fica congelado no
porto. As vezes a tripulação é
dispensada, as vezes passam o inverno em sua
fria embarcação (saindo para bagunçar
nas tavernas ou nos salões de festa próximos
à costa), e às vezes o gelo quebra,
partindo o navio, e os seus tripulantes fazem
rápidos esforços para descarregá-lo
– ou o retiram do gelo e o deslizam para
recuperá-lo ou repará-lo –
antes que o degelo da primavera o mande para
o fundo do porto.
2. Os estivadores
são, é claro, o segundo grupo
de trabalhadores uth no qual os Mestres das
Sombras tentaram se infiltrar (o de proprietários
e donos de salões de festa é o
primeiro). Porém eles estão fazendo
um lento progresso, pois o Lorde Uthlain mantém
uma estrita vigilância sobre os estivadores
(empregando uma sucessão de magos aventureiros
visitantes para sondar magicamente suas mentes,
seus paradeiros e atividades noturnas). Somente
os Porretes são observados mais de perto.
3. De ferramentas
e bijuterias à tamboretes e mantos, lanternas
curiosas, lampiões, e “comida pronta”
como pequenos sacos de figos e ameixas secos,
nozes torradas, e grandes anéis de cebola
cuidadosamente amarradas juntas em um saco na
forma de rede, que pode ser levado para casa
pendurado no pescoço do comprador.
4. O interior
do templo é alto, arqueado e acústico.
Um altar central o domina, e sobre ele flutua
magicamente uma balança dourada brilhante
(os ladrões dizem que não é
feita de ouro, mas de algo mais mortal: todas
as pessoas que não tenham a tendência
leal e boa que a toquem são consumidas
até restarem os ossos). O altar e de
pedra negra esculpida à semelhança
de um martelo de guerra grande e de cabeça
para cima.
Um santuário grande de mármore
branco, acessado por uma longa escada de degraus
baixos e concêntricos do mesmo material
, circunda o altar, e pode acomodar sessenta
ou mais pessoas sentadas com conforto ( deixando
a nave da igreja e o espaço em volta
do altar livre para que os clérigos possam
orar e se mover durante os rituais). Centenas
podem ser acomodados no santuário (o
restante da câmara, em volta dos degraus),
mas as sessenta cadeiras são vistas somente
durante julgamentos de grandes interesse.
Qualquer cidadão “nascido em Uthmere”
tem o direito de “apelar para Tyr”
e ser julgado em público, mas na prática,
a justiça menor é deixada a cargo
dos Porretes, com ofensas mais sérias
sendo levadas para ser ouvida por um lordelaino
em uma de suas torres muradas. Assuntos realmente
sérios são geralmente tratados
via uma “conversa amistosa com o Lorde”,
atrás de portas fechadas no Palácio,
deixando somente os julgamentos espetáculos
para o Salão da Justiça Brilhante.
Contudo, uma estória afirma que o Lorde
concede aos clérigos de Tyr a aplicação
da justiça, em benefício da total
imparcialidade. A maioria do povo uth murmura
que o Lorde faz o que lhe agrada para manter
as coisas em ordem, e esconde-se por trás
da igreja de Tyr para que eles “muito
claramente” levem toda a culpa e ressentimento
pelas suas sentenças.
Entretanto, a disposição dos sentinelas
do Salão em distribuir sem hesitação
opiniões perspicazes sobre as leis para
todos os passantes tem levado moderação
no comportamento dos Porretes ao longo do tempo,
fazendo destes uma das forças policiais
mais justas e cuidadosas em matéria de
investigações em toda Faerûn.
Algumas pessoas viajam para Uthmere puramente
para receber estes conselhos legais gratuitos
(Fique avisado: Se forem requeridas informações
além dos “princípios de
uma justiça imparcial” ou detalhes
do sistema legal uth -- tais como conselhos
concernentes às leis de outros lugares
– uma entrevista deve ser marcada, e uma
oferenda ao templo é esperada).
Na próxima coluna da Coletânea
dos Reinos nós iremos continuar nossa
olhada pelas marcas mais notáveis de
Uthmere – incluindo uma loja a qual nenhum
caçador de tesouros pode resistir.

Sobre o Autor
Ed Greenwood é o homem que lançou os Reinos
Esquecidos em um mundo que não os esperava.
Ele trabalha em bibliotecas, escreve fantasia,
ficção científica, terror, mistério e até estórias
de romance (às vezes coloca tudo isto em um
mesmo livro), mas está ainda mais feliz escrevendo
Conhecimento dos Reinos, Conhecimento dos Reinos
e mais Conhecimento dos Reinos. Ainda existem
alguns quartos em sua casa com espaço para empilhar
seus escritos.
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