Pessoas Insignificantes
Uma grande quantidade de histórias
exageradas e de fraudes praticadas por trapaceiros
pelos Reinos poderiam preencher uma biblioteca
maior do que a própria Águas Profundas.
Aqui se segue um “saco de surpresas”
(ou em terminologia dos Reinos, algumas “oportunidades
de ganho”) de algumas das atuais iscas
que vários vilões estão
usando agora mesmo para atrair suas vítimas
para suas garras.
• “Tua tia está
doente e está sob os cuidados do templo
de X; dê a mim, padre de X, moedas ou
bens em quantidade suficiente para enviar ao
templo, a fim de pagar pela cura dela.”
Esta história, muito praticada nas cidades
da Costa da Espada contra jovens trabalhadores
que têm parentes em localidades rurais
distantes, requer o conhecimento do nome, localização
e fé do membro da família supostamente
doente, e a localização de um
templo ou santuário relevante. A intenção
é falsamente representar uma fé
não muito diferente em tendência
e aparência da suposta pessoa doente,
mas não precisamente a mesma (para evitar
que o incauto diga: “ Mas minha tia Tharra
deu centenas em ouro para a Casa das Mãos
nestas duas últimas estações;
eles NUNCA pediriam por mais dinheiro dela!”).
Uma história plausível é
inventar um motivo pelo qual a suposta pessoa
enferma estaria fora de sua casa quando foi
acometida da doença, ou fora do alcance
de seu templo de devoção, e por
aí vai. Destituídos do clero,
padres “decaídos” estão
às vezes envolvidos em tais esquemas,
mas eles geralmente são desempenhados
por atores hábeis falsamente se passando
por clérigos.
• “Eu tenho uma
oportunidade de fazer MUITO dinheiro, amigo,
se eu puder contrabandear Y para a cidade, mas
me faltam as moedas que preciso para comprar
uma carroça de nabos (ou algo assim)
para que possa escondê-lo. Preciso de
outras 6 (ou 10, ou 14) moedas de ouro para
conseguir isto e, se nós pudermos arranjá-las
e vender Y, tenho certeza que vocês teriam
suas moedas de volta ALÉM de outras 50
po (ou uma quantidade maior e mais impressionante).
Não posso lhes dar nenhum registro da
transação, é claro, para
sua proteção, mas para provar
minha sinceridade, eu estou preparado para lhes
dar isto como garantia.”
“Y” certamente é uma mercadoria
rara, altamente taxada ou um bem ilícito,
e “isto” é um vaso folheado
a ouro ou prata, ou uma bijuteria que parece
mais valiosa do que realmente é, ou um
item roubado muito “quente” para
ser receptado ou retido. O suprimento de Y é
fictício, assim como o carregamento da
carroça; somente o empréstimo
perdido de 6 a 14 po é completamente
verdadeiro.
Às vezes, este ardil é combinado
com este próximo:
• “Por favor, amigo,
esconda este valioso “alguma coisa”
meu; ladrões tentaram roubá-lo
duas vezes e já fui abertamente ameaçado/agredido/insultado
porque eles querem levá-lo. Eu preciso
mantê-lo a salvo ou escondido por apenas
três (ou qualquer outra quantidade) noites,
e aí venho pegar.”
Às vezes, até moedas são
oferecidas em pagamento pela guarda do objeto.
Em todos os casos, o “alguma coisa”
é uma mercadoria roubada (geralmente
tirada de um rico ou poderoso do local) e aquele
que o esconder será acusado de seu roubo.
Às vezes, um rival comercial de quem
escondeu a mercadoria é que contratou
os trapaceiros para arruinar a vítima
(que pode ser aprisionada, fugir da cidade,
ser multada pesadamente, ou meter-se em dificuldades
com as pessoas poderosas do local, e assim perder
todo o seu comércio).
Mais freqüentemente, este ardil é
usado em um mercador ambicioso, que é
apontado para as autoridades locais como o ladrão
do “alguma coisa”. Se as autoridades
prenderem o mercador, os trapaceiros partem
para pilhar sua residência ou loja enquanto
ele está detido. Em ao menos um caso
em Athkatla, quando muitos oficiais da lei se
reuniam para dar uma busca, ladrões audaciosos
uniram suas fileiras e roubaram mercadorias
durante a operação de busca e
apreensão realizada pelos oficiais.
• “Vêem isto?
Eu encontrei com um elfo ferido e moribundo
em terras distantes e cuidei dele. Foi muito
tarde para salvá-lo, pobre orelhas compridas,
mas o poupei de alguma dor e fiquei com ele
e ele me agradeceu – e deu-me isto.”
O “isto” pode ser um mapa do tesouro
ou uma bugiganga de aparência élfica
que é apresentada com sendo uma chave
de portal ou de uma cela que leva a um esconderijo
de tesouros (o qual o informante dará
a localização, mais uma ou duas
dicas interessantes, como: “Olhe para
o alto, não para baixo e fique atento
as lâminas de relâmpago!”).
O trapaceiro dará alguma razão
plausível pela qual não pode pessoalmente
procurar o tesouro (ferimentos falsos e histórias
sobre maldições são os
motivos favoritos) e oferecerá vendê-lo
às vítimas.
Igualmente se o mapa e a história forem
fictícios, ou levarem a vítima
(e alguns de seus camaradas ou contratados,
os quais podem aumentar em número se
o trapaceiro contar histórias fantásticas
de defesas a serem superadas) a uma armadilha
mortal ou a uma emboscada, o trapaceiro poderá
ganhar todos os seus bens usados ou mercadorias
que carregam.
Vilões podem vir em versões
sutis. Descubra mais sobre as possibilidades
dos feitos malignos no próximo artigo
da série.

Sobre o Autor
Ed Greenwood é o homem que lançou os Reinos
Esquecidos em um mundo que não os esperava.
Ele trabalha em bibliotecas, escreve fantasia,
ficção científica, terror, mistério e até estórias
de romance (às vezes coloca tudo isto em um
mesmo livro), mas está ainda mais feliz escrevendo
Conhecimento dos Reinos, Conhecimento dos Reinos
e mais Conhecimento dos Reinos. Ainda existem
alguns quartos em sua casa com espaço para empilhar
seus escritos.
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