Rumores na Lenda Brilhante
Lá, além do mais perigoso
trecho de águas na Orla de Vilhon, está
a Baía Agitada (“Orthgalass”
para elfos, anões e gnomos), a passagem
estreita e assolada pelas marés que está
entre Hlondeth e o mar aberto da Orla. Incontáveis
navios têm sido levados para estas costas
pedregosas por ondas bravias e lá se
despedaçam ou fazem água e vão
a pique ao fundo do golfo turvo para se juntar
a outro naufrágio ou serem destruídos
pelas águas agitadas. Em particular,
duas “ondas permanentes” que se
cruzam (conhecidas como “Dedos de Umberlee”
ou “Deleite de Umberlee”) desenvolvem
certas condições e movimentos,
impedindo que qualquer embarcação
passe por elas incólume – e agindo
como uma barreira para os objetos submersos,
prevenindo que estes sejam carregados da baía
para a Orla.
Mesmo nas marés baixas, somente barcaças
e pequenos barcos podem atravessar com segurança
o raso golfo entre a profunda Orla e a bacia
de águas perto dos cais de Hlondeth.
A Orrthgalass torna-se frustantemente plácida
por estes breves períodos. Estes momentos
são chamados de “Sorrisos de Selûne”
Entre os mais mimados, valorizados e bem pagos
homens de Hlondeth estão os de Ravallan,
uma guilda ou sociedade de remadores poderosos
e experientes, contratados para fazer rápidas
viagens descendo do Hlondeth para a Orla em
rápidos barcos costeiros durante os Sorrisos
de Selûne. O Ravallan jurou lealdade a
Mrastaress de Hlondeth, Dediana Extaminos, e
não transporta cargas para mercadores
que não sejam agraciados por ela.
Entre os mais intrépidos atravessadores
de Hlondeth estão os Sssrathluth (literalmente,
Cabeças Molhadas, de “sssrath”
que significa ficar molhado, submergir, banhar-se;
e “luth”, ou cabeça, pesar
de uma tradução literal de luth
ser “o lugar onde os dentes estão”).
Este grupo de empreendedores da plebe está
com aventureiros de todos os Reinos quando estes
vêm às docas de Hlondeth na esperança
de recuperar riquezas de navios afundados que
deixaram seus destroços no fundo da Baía
Agitada.
Com a ajuda de feitiços para respirar
na água, fornecidos pelos seus patrões
yuan-tis para quem trabalham, bandos de Sssrathluth
vão para o fundo da Orthgalass, cheio
de destroços e rondado por monstros aquáticos,
durante quase todo Sorriso, correndo como loucos,
como os capitães do mar costumam reconhecer.
Eles urgem em procurar e pilhar os navios quebrados,
que em alguns lugares se misturam e se espalham
a uma profundidade equivalente a de seis embarcações,
recuperando qualquer coisa portátil e
de valor. Ataques de predadores aquáticos
furtivos e de Sssrathluth rivais fazem o trabalho
ainda mais perigoso (apesar de ser considerado
vergonhoso para qualquer yuan-ti agir abertamente
contra Sssrathluth a serviço de outros
do povo-serpente), e poucos Sssrathluth duram
mais estações do que se pode contar
nos dedos.
Entre os mais famosos naufrágios na Baía
Agitada está o de um galeão de
Portão Ocidental que partiu-se em dois
nas rochas a meio caminho do golfo, durante
um a tempestade repentina a quatro verões
atrás, e afundou imediatamente. O Garota
Risonha, dizem, estava carregando ouro –
muito ouro.
Se algumas das histórias em Hlondeth
são verdadeiras, uma delas diz que ele
estava lotado de baús contendo milhares
de peças de ouro cada: 200.000 peças
de ouro (ou mais) no total, e pelo menos mais
duas pequenas arcas de jóias variadas.
Esta riqueza pertencia a uma sociedade de mercadores
que pretendia comprar uma grande quantidade
de perfumes, drogas e venenos (que possuem muita
demanda na Sembia, entre os mercadores de feudos
rivais; e em Cormyr, entre nobres, incitados
pelos sembianos, que procuram derrubar os governantes
Obarskyres) e assim fazer uma fortuna de uma
só vez.
Estas palavras se espalharam por todo o canto
em Vilhon, e dali de porto em porto a volta
do Mar das Estrelas Cadentes, contando sobre
este fabuloso tesouro. Ele espera o bravo ainda
jazendo sob as águas rasas no estreito
golfo, apesar de nenhum Sssrathluth que já
tentou encontrá-lo jamais haver retornado
– murmuram os marinheiros roucamente,
com os olhos acesos de cobiça.
Algumas pessoas dizem que monstros devoradores
de carne espreitam entre os naufrágios
da Baía Agitada, crescendo gordos, e
alguns dizem que existe uma maldição
lançada sobre o ouro, que mata todos
que o tocam com magia. Porém, lendas
assim sempre estiveram ligadas a Orthgalass,
no correr do tempo, às vezes contadas
exageradamente pelos próprios Sssrathluth...
e eles mesmo voltam a salvo de suas aventuras
nas profundezas, e conseguem muitas moedas.
Alguns sussurram que todos que pilharam o Garota
Risonha apenas estão mantendo seu sucesso
em segredo até poderem esvaziar completamente
o naufrágio. Mas também, existem
rumores que mencionam que o naufrágio
pode não ter ouro afinal, mas estar sendo
usado -- por alguém ou algo – como
uma isca para atrair os mais audazes e bravos
aventureiros.
Descubra mais sobre o Garota Risonha no
próximo artigo da série.

Sobre o Autor
Ed Greenwood é o homem que lançou os Reinos
Esquecidos em um mundo que não os esperava.
Ele trabalha em bibliotecas, escreve fantasia,
ficção científica, terror, mistério e até estórias
de romance (às vezes coloca tudo isto em um
mesmo livro), mas está ainda mais feliz escrevendo
Conhecimento dos Reinos, Conhecimento dos Reinos
e mais Conhecimento dos Reinos. Ainda existem
alguns quartos em sua casa com espaço para empilhar
seus escritos.
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