Revelando a Verdade
Laeral de Águas Profundas recentemente
visitou o Forte da Vela para convencer um velho
amigo entre os Reconhecidos (monges) a revelar
o que ele não queria dizer para nenhum
não Escolhido de Mystra. Este monge,
o Grande Leitor Elveraun Mysrym ("ELL-vurr-aun
MISS-rim"), é um homem quieto, de
semblante plácido, de pequena estatura
e grande leitor de lendas e histórias.
Mysrym acredita nas sombrias e obscuras lendas
sobre Bosque de Tharn. Por mais que elas sejam
injustas com Elminster do Vale das Sombras,
são um bom divertimento e boa maneira
de assustar quem agir de maneira mais audaz
contra ele, Alustriel, os elfos do Norte da
Costa da Espada, ou das Fronteiras Prateadas.
O que se segue vem da cuidadosa explicação
sobre as fantasias a respeito de Bosque de Tharn,
sob a orientação de Laeral.
“Bosque de Tharn” é o nome
de um pequeno domínio no Norte da Costa
da Espada, que apareceu nos registros a cerca
de 696 CV: uma “fortaleza” humana
na outrora maior Floresta Alta ou nos bosques
a nordeste desta. Bosque de Tharn não
era mais que três cabanas de mateiros
governadas e defendidas pela família
Marlestur, que chamavam-se a si mesmos de “lordes”.
Tais “reinos” efêmeros existem
aos milhares e causam muita confusão
no conhecimento local pelas Terras Centrais.
A maioria foram pequenos, de vida curta, e fundados
sem a ostentação de brasões.
A lista de Mysrym não conta mais do que
setenta e dois “domínios”
que não são mais do que nomes:
referência de passagens em diários
de caravanas, postos de comércio, baladas,
registro de bandeiras e linhagens sem localização
precisa, ou na maioria dos casos, mesmo datas
não podem ser confirmadas com certeza.
Laeral, no entanto, lembra-se de Bosque de Tharn
e dos Marlesturs. Em sua juventude (principalmente
durante a década de 770 CV) ela foi criada
na floresta próxima a Bosque de Tharn
– por seu “Tio” Elminster.
Ela acredita que as estórias de que ele
criava “feiticeiras” vieram dos
seus anos vivendo em uma cabana na floresta
com suas irmãs Storm e Dove. Três
irmãs rebeldes de cabelos prateados,
nascidas com o fogo prateado de Mystra nas veias
para serem Escolhidas de Mystra, poderiam ter
sua história facilmente fantasiada ou
distorcida através dos anos, tornando-se
algo mais.
O Velho Mago é culpado de tapear as pessoas,
semeando boatos de violência e assassinatos
de elfos, mas Laeral sabe que nenhum bosque
no platô foi comandado por qualquer “Tharan”
– e que Elminster prefere um (no máximo
dois) aprendizes de uma vez, não um harém
de setenta.
De acordo com Laeral, Escolhidos de Mystra podem
“consumir” seres drenando suas energias
vitais, memórias e conhecimentos mágicos
através de uma longa e complexa manipulação
da Trama. Entretanto, ela duvida muito que Elminster
fizesse isto a quarenta ou setenta mulheres,
por duas razões. Primeiramente, a deusa
dos Escolhidos de Mystra que atuou até
o Tempo das Perturbações proibiu
seus Escolhidos de consumir qualquer pessoa
com talento para a Arte. Em segundo lugar, consumir
seres leva a maioria das mentes a insanidade,
por conta do peso das memórias que não
são suas. Apesar de muitos acreditarem
que Elminster é insano, Laeral insiste
que memórias extras fazem muitos estragos.
Como alguém que frequentemente está
em contato mental com Elminster através
dos séculos, ela certamente saberia sobre
qualquer memória não familiar
vinda das feiticeiras de algum platô florestal.
Um menestrel errante das Terras Centrais, um
tal Alakhan "Sortudo" Morlyl, é
creditado por popularizar uma balada (que se
não for de sua criação,
certamente ele a aperfeiçoou) chamada
“As Damas Perdidas na Noite”, por
volta de 1220 CV. Seus versos contam sobre belas
“damas” aprisionadas por magia sob
a forma de tristes sombras, que chamam os homens
mortais para libertá-las, realizando
uma ou outra tarefa. Os feitos dos homens permitiam
as damas quebrarem suas prisões mágicas
com seus próprios encantos e ganharem
liberdade. Em algumas versões posteriores
desta balada, estas “feiticeiras do Bosque
de Tharn “ são cruelmente traídas
ou mortas por alguém que as ajudou, mas
nas na versão de Morlyl elas se apaixonam
e casam com seus salvadores, deixando algum
sinal mágico nas mãos ou nos olhos
dos homens.
Um livreto distribuído em Águas
Profundas em 1269 CV, atribuído à
“Thalaphondas, Poderoso Arquimago“
(nenhuma pista de quem foi ele existe em nenhum
registro em Forte da Vela ou Águas Profundas),
relata a história de “O Sombrio
Destino lançado sobre as Damas Magas
pelo Chamado Elminster”. O livro narra
a traição a Tharan e o assassinato
deste pelo seu amigo Elminster, que aprendeu
como fazer feitiços de proteção
sobre o platô florestal de Tharn mortais
para todos os elfos – exterminado assim
seus habitantes.
De acordo com Thalaphondas, Elminster (um transmorfo
talentoso) seduziu várias mulheres saudáveis
fingindo-se de maridos, namorados e homens que
desejavam. Levando-as até Bosque de Tharn,
ele as aprisionava com feitiços, usando
“rituais sombrios” para fazê-las
escravas e “canais indefesos e sem aptidão”,
através dos quais poderia lançar
múltiplos encantos simultâneos
contra seus adversários. Thalaphondas
conclamou “todos da Arte” a “unirem-se
em uníssono” para destruir Elminster
antes que este destrua todos individualmente
– e isto é, crê Mysrym, o
que anos de comentários de magos construíram,
formando o conhecimento sobre Bosque de Tharn
que se tem hoje. O monge diligente do Forte
da Vela avisa que o mais confiável dos
saberes de Faerûn podem conter muitas
distorções.

Sobre o Autor
Ed Greenwood é o homem que lançou os Reinos
Esquecidos em um mundo que não os esperava.
Ele trabalha em bibliotecas, escreve fantasia,
ficção científica, terror, mistério e até estórias
de romance (às vezes coloca tudo isto em um
mesmo livro), mas está ainda mais feliz escrevendo
Conhecimento dos Reinos, Conhecimento dos Reinos
e mais Conhecimento dos Reinos. Ainda existem
alguns quartos em sua casa com espaço para empilhar
seus escritos.
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