O Incansável Negociante
Com sua prosperidade pessoal
mansamente estabelecida nos círculos
saerloonianos de comércio graças
a seu desempenho discreto em todo tipo de joga-moedas,
Melvos Forjaestrelas possui “crédito
na rua” (os sembianos dizem “metal
suficiente”, devido a uma fala de uma
peça de teatro velha e esquecida, chamada
Morlos o Comerciante Louco. “Existe metal
suficiente embaixo dele para que ele permaneça
naquele trono”) suficiente para se engajar
em comércio de escritos.
Troca de escritos é onde o verdadeiro
dinheiro pode ser feito na sociedade sembiana.
É a graxa que mantém o comércio
sembiano girando. Diferente das bancas de mercado
e da venda de itens reais, o comércio
de escritos e a venda de documentos (uma forma
limitada do que poderíamos chamar de
venda de títulos), e funciona assim:
Se um “pequeno mercador” de nome
Tharvos investiu, digamos, 50 po em uma carga
de lanternas vinda de navio de Tsurlagol, mas
não pode mais ficar confortavelmente
sem aquele dinheiro (ou não quer mais
as lanternas para sua loja), ele pode ir até
certos clubes nas docas (esta prática
começou em tavernas, mas o amor dos sembianos
por privacidade e segurança causou o
aparecimento de clubes de comércio, com
guardas nas portas e regras de entrada) e oferecer
para vender sua parte.
Alguém como Melvos Forjaestrelas, se
estiver interessado, poderia oferecer por volta
de 45 po. Tharvos perderia 5 po, mas isto equilibraria
a situação. Melvos agora possuiria
sua parte e poderia revendê-la por uma
quantia maior (o escrito entregue à Tharvos
pelo capitão do navio, proprietário
da frota, ou do comerciante não indica
“50 po” em nenhum lugar, mas ao
invés disto dá a quantidade de
lanternas, algumas informações
sobre sua origem, construção,
qualidade e a época ou mesmo o mês
do desembarque), ou tentar conseguir outros
escritos na esperança de monopolizar
o mercado naquele ano e talvez elevar o preço
de cada lanterna, criando uma falta temporária
do item.
A maioria dos escritos é para pequenas
quantidades de mercadorias e não são
reunidos para especulação de preços,
mas meramente para serem vendidos e revendidos.
Vendedores desesperados podem terminar com dois
terços a menos do que pagaram originalmente,
e alguns mercadores sembianos ganham a vida
apenas com a diferença entre o que pagam
por um escrito e o valor que o vendem, sem nunca
ter manuseado nenhuma mercadoria. È como
um governante ou cortesão comentou (novamente
usando uma velha citação): “É
um salto na loucura, mas não vemos escassez
de saltadores!”
Alguns sembianos prósperos começaram
a vender e comprar títulos de propriedade
desta maneira, e os falsários começaram
a trabalhar – forçando o governo
a estabelecer registros detalhados de títulos
da vizinhança e tríades de licenciadores,
formadas por oficiais locais encarregados de
supervisionar tais vendas.
Tríades de licenciadores são trios
de oficiais do governo escolhidos por representarem
diferentes profissões e níveis
de riqueza, para o desconforto pessoal de cada
um deles. Sua existência foi pensada para
fazer o suborno ou chantagem muito difícil
e cara para a maior parte dos sembianos.
As licenças sembianas são placas
de metal (geralmente de latão, mas às
vezes de zinco ou electrum), furadas para serem
penduradas no pulso – ou mais freqüentemente
em correntes no pescoço, e gravado com
o emblema do “Corvo e Prata” e o
título, nome e número pessoal
do oficial (aos mantenedores da lei são
dadas listas com perguntas “secretas”
para cada nome, e então desafiam a qualquer
um de todos que carregue uma licença
para dar a resposta correta, como meio de expor
impostores).
Melvos Forjaestrelas comercia principalmente
vinhos, bebidas e pequenas cargas de miudezas.
Miudezas são itens relativamente não
perecíveis do dia-a-dia e suprimentos,
como lanternas, livros para contabilidade em
branco, trancas e trincos decorativos, vidros
para janelas (em pequenos retângulos de
vidro montado em uma tela de metal que possuem
bordas caneladas com anéis presos. Como
desta forma os painéis podem deslizar
rapidamente juntos, hastes passam pelos anéis
como de fossem travas para janelas, servindo
para dar ao conjunto das vidraças alguma
estabilidade. O final das hastes são
presas em telas maiores), e as bolsas de clima
(mochilas de couro feitas com abas de abertura
rápida para conservar itens transportados
– normalmente documentos – o mais
secos possível).
Melvos sempre tenta comprar e vender, fazendo
um modesto lucro com a diferença, sem
nunca terminar realmente possuindo os bens quando
o navio atraca. Ele tem medo de acabar com itens
sem valor, ou hardtar, que são
difíceis de vendar ou, por sua própria
natureza, de armazenar. Então ele evita
cargas mais arriscadas e com maior lucratividade
como cerveja, comestíveis, roupas da
moda e ervas (cargas de ervas são notórias
na Sembia por proverem uma produção
caseira de drogas e venenos, e as autoridades
mantêm vigilância sobre elas).
Mais exemplos de comércio, junto com
alguns segredos especiais de nosso exemplo de
mercador, Melvos, aguardam vocês na seqüência
desta série.

Sobre o Autor
Ed Greenwood é o homem que lançou os Reinos
Esquecidos em um mundo que não os esperava.
Ele trabalha em bibliotecas, escreve fantasia,
ficção científica, terror, mistério e até estórias
de romance (às vezes coloca tudo isto em um
mesmo livro), mas está ainda mais feliz escrevendo
Conhecimento dos Reinos, Conhecimento dos Reinos
e mais Conhecimento dos Reinos. Ainda existem
alguns quartos em sua casa com espaço para empilhar
seus escritos.
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