Salão e Casa
A chácara pertencente
a Melvos Forjaestrelas fica no lado norte de
uma estrada de chão chamada de Caminho
de Theln, a meio dia de cavalgada (se o caminho
estiver livre de neve ou lama) a oeste do cruzamento
da estrada que une Mulhessen e Saerb (uma rota
conhecida regionalmente com “O Caminho
do Chacoalha Ossos” por causa de sua superfície
acidentada, por conta de troncos enterrados
que formavam sua pavimentação
original). O Caminho de Theln ruma para oeste
da estrada Mulhessem-Saerb a partir do ponto
que marca sua metade, próximo da raramente
mapeada vila de Olturret.
A chácara Forjaestrelas é de tamanho
médio e consiste em um caramanchão
que abriga um jardim sombreado com muitas árvores,
estábulos com um portão ao fundo
que se abre para uma floresta cortada por trilhas,
usadas por Forjaestrelas para levar convidados
para cavalgar ou caçar javalis e cervos
(e que seus servos usam regularmente para enriquecer
suas mesas com coelhos apanhados em laços
e perdizes pegas com pedras atiradas), e uma
casa grande o suficiente para oferecer sete
suítes, uma ala para servos e um grande
salão central para se jantar e dançar.
Em qualquer cidade sembiana, uma casa deste
tamanho poderia ser considerada uma mansão
– ainda que sua arquitetura pudesse, sem
dúvida, ostentar uma ornamentação
mais vistosa.
Melvos usa este retiro no interior para fazer
a mesma coisa que os mais prósperos mercadores
sembianos fazem: entreter seus parceiros comerciais
(ou mercadores que estão sendo cortejados
a se tornarem parceiros) com banquetes e festas
(principalmente com bebidas, caçadas
e com divertimentos com companhias “profissionais”
contratadas; estas três atividades são
freqüentemente realizadas imediatamente;
a caça a companhias – para atividades
amorosas, não para matar ou comer –
é conhecida como “corrida do laço”);
relaxamento (que normalmente significa caçar,
beber, planejar e dormir muito); e várias
atividades ilícitas ou reprováveis
(como comercializar ou recondicionar itens roubados
ou contrabandeados para revenda, torturar ou
manter rivais comerciais presos em troca de
resgate, e negócios com mercadorias e
práticas ilegais – como escravidão
envolvendo cidadãos sembianos, crime
organizado em Sembia e coisas do tipo).
Deve-se notar que as leis sembianas mantêm
seus cidadãos responsáveis por
honrar seus acordos e contratos entre sembianos
em qualquer parte dos Reinos, mas é inteiramente
silenciosa – e até mesmo ativamente
desinteressada – em atividades de sembianos
fora das fronteiras de Sembia (e em seus portos
e águas costeiras). Em outras palavras,
Sembianos podem abertamente comercializar escravos,
contratar marginais e até mesmo exércitos
de piratas, e quebrar de toda a forma as leis
fora de Sembia, que as cortes sembianas e sua
sociedade não farão nada –
a menos, ou até que tais atividades se
espalhem e afetem outros sembianos, ou tomem
parte (mesmo que parcialmente) dentro de Sembia.
Bastante imaginativo, Melvos chama sua chácara
de Salão Forjaestrelas – em oposição
a Casa Forjaestrelas, sua casa alta em Saerloon.
A maioria dos habitantes da cidade de classe
média de Sembia habita casas altas, que
são construídas em ruas ou terraços
com o lado de sua parede sem janelas tocando
a parede da casa alta vizinha. Estas estruturas
têm este nome por causa da sua altura
(de três a seis pavimentos, sendo a média
de quatro) e por serem estreitas (normalmente
apenas um quarto e um corredor). A maioria das
ruas nas cidades sembianas está repletas
delas.
Nas áreas mais pobres, casas altas arruinadas
são inteiramente dedicadas para servirem
de acomodações de aluguel. Cada
quarto é normalmente ocupado por uma
única pessoa, que (se não possuir
família) freqüentemente subloca
o espaço para até seis outros
colegas de quarto. Cozinhas são partilhadas
(e seus braseiros são usados nas sacadas
também para secar roupas estendidas),
e o saneamento consiste de baldes de água
retirada do porto ou de poços comuns.
Os baldes com as “sujeiras noturnas”
são eventualmente despejados das sacadas
nas ruas, ou deixados em uma carroça
dedicada a recolher estes dejetos.
Em áreas melhores, as casas altas têm
fossas e sanitários internos, e eles
são alugados para outros pavimentos,
normalmente para lojistas que simultaneamente
habitam e mantém suas lojas nos subsolos
mais altos ou ao nível da rua, e para
famílias que habitam os pisos acima.
Às vezes inquilinos que vivem nos pisos
acima tocam negócios silenciosamente,
como escribas, linguarudos (o que nós
poderíamos chamar de investigadores particulares),
serviços de aquece-ombros (que
poderíamos chamar de oferecimento de
prostituição) e estabelecimentos
de caldeirão pronto (que oferecem
à uma ou duas pessoas uma refeição
quente, uma cama pronta sem intimidades e a
guarda de pequenos itens com inteira discrição
– o que permite aos convidados pagantes,
particularmente visitantes com conexões
de negócios nebulosoas, um lugar para
se refugiarem e se esconderem por um ou dois
dias).
À medida que os níveis sociais
crescem, e as lojas e os negócios nos
pisos superiores aumentam, mais e mais casas
altas são ocupadas inteiramente pelo
seu proprietário ou por um locatário
único, ou são divididas entre
um proprietário e um único inquilino.
Os mais prósperos sembianos podem manter
mansões ou mesmo vilas cercadas nas cidades,
mas Melvos Forjaestrelas está longe de
ser um deles.
Leia o próximo artigo da série
para aprender muito sobre as taxes e impostos
de Sembia e ainda algumas dicas de como Melvos
e outros mercadores típicos os evitam.

Sobre o Autor
Ed Greenwood é o homem que lançou os Reinos
Esquecidos em um mundo que não os esperava.
Ele trabalha em bibliotecas, escreve fantasia,
ficção científica, terror, mistério e até estórias
de romance (às vezes coloca tudo isto em um
mesmo livro), mas está ainda mais feliz escrevendo
Conhecimento dos Reinos, Conhecimento dos Reinos
e mais Conhecimento dos Reinos. Ainda existem
alguns quartos em sua casa com espaço para empilhar
seus escritos.
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