Apesar
dos magistrados da cidade terem aplicado firmemente
as leis "contra blasfêmia" aos
espalhadores de notícias que citam falsamente
os Vigilantes, a Guarda e os oficiais da cidade,
os espalhadores estão livres para imprimirem
o que quiserem, sem estarem tolhidos pelas regras
do bom gosto ou leis proibindo a dispersão
de mentiras ou de danos a reputações.
Entretanto,tanto as guildas quanto as famílias
nobres têm contratado assassinos para
"silenciar" impressores que publicam
coisas prejudiciais (verdadeiras ou falsas)
sobre seus patronos. Geralmente estes "longos
e fortes braços" esmagam prensas
e batem nos impressores irracionalmente (quebrando
mãos, braços ou costelas em "brigas
acidentais de bêbados") ao invés
de escolherem matar ou incendiar. Geralmente.
De maneira interessante, tentativas de intimidar
espalhadores de notícias para serem somente
disseminadores de divertimentos fantasiosos,
talvez como comentários velados que deslizam
das bocas de personagens fictícios, têm
falhado por causa de duas coisas surpreendentes.
Primeiro,os espalhadores de notícias
arrogantes (aqueles lidos por ricos e nobres)
persistiram em publicar notícias e comentários,
desafiando os capangas a agir. Isto se seguiu
ao aos dizeres de Lorde Piergeiron de que, contanto
que os impressores citassem todas as fontes
(ele mesmo, qualquer cidadão ou estrangeiro
independente de hierarquia ou posição,
e outros espalhadores ou escritos) com estrita
precisão, a Guarda seria enviada "energicamente"
para investigar todos os atos cometidos contra
os espalhadores de notícias, com a suposição
de que as pessoas ou organizações
contra as quais foram impressas notícias
foram culpadas. Grupos culpados poderão
enfrentar as penalidades normais mais o dever
de pagar todos os custos daquele espalhador
de notícias por um ano.
O edito causou um rebuliço na cidade
(e algumas tentativas de "incriminar"
rivais atacando impressores para que as pessoas,
contra as quais estes haviam escrito, ficassem
com a culpa pelo ataque), mas depois de alguns
meses de boatos e encenações para
obter uma cobertura mais viva das notícias,
os moradores de Águas Profundas aprovaram
a iniciativa -- a as denúncias de um
espalhador de notícias, nos dias atuais,
tendem a levar os cidadãos a comprar
mais do próximo panfleto colocado pelo
denunciado, para "ver do que ele se queixa".
Ainda que prefiram produzir intermináveis
livretos de histórias de amor tórridas
e romances chorosos (que vêm sendo feitos
por anos antes do surgimento dos panfletos e
espalhadores de notícias), muitos gnomos
e halflings da cidade têm estado felizes
em ajudar Haumbroad e seus imitadores e sucessores
a produzirem panfletos, usando suas pequenas
"prensas de tela". Algumas pessoas
acreditam que vários milhares de prensas
de tela poderiam ser encontrados agora em Águas
Profundas, se um dia, sem aviso, alguém
procurasse por elas. Uma prensa de tela consiste
em uma mesa onde repousa uma tela ajustável,
normalmente feita de madeira resistente com
parafusos nos cantos. Uma única página
por vez é montada, colocando-se ilustrações
entalhada em blocos de madeira, e linhas de
letras, em um "arranjo" (nós
poderíamos dizer "leiaute")
com o uso de chapas e cunhas de tamanho estranho,
freqüentemente modificadas na mesma hora
com golpes precisos de machadinha.
As linhas de escrita são feitas em um
metal fino, laboriosamente "gravado"
com letras individuais usando martelos e perfuradores
de metal, com os quais os sinais são
trabalhados nas formas de letras escritas de
forma invertida e então ficam salientes
na linha. Quando todos os elementos das páginas
são colocados juntos em uma tela, a tinta
é derramada , então folhas de
pergaminhos são colocadas e preenchidas
pela tinta, resultando na impressão de
uma página por vez.
Um bom estabelecimento de impressão tem
grande quantidade de espaço para secar
panfletos, um abundante suprimento de folhas
ou tiras de metal finas, e muitos conjuntos
de gravadores de letras com "ferreiros
de palavras" que podem transformá-los
em escrita rapidamente. Poemas populares, dizeres,
piadas e boas histórias estão
sempre prontos para serem reutilizados, apesar
dos habitantes de Águas Profundas não
perdoarem quando vêem o mesmo texto duas
vezes por ano -- o que eles chamam de "raspar
as moedas" (um termo popular na cidade
para pequenos atos de trapaça).
O sábio Irbryth Authamaun (sua casa e
escritório ficam na face norte da Rua
Sasthar, do outro lado da vila da nobre família
Thann, no Distrito Norte) definiu uma vez os
espalhadores de notícias para um estrangeiro
como "o povo que anda nas ruas bradando
manchetes tórridas e dramáticas
e vendendo ambos os lados de uma tira de papel,
normalmente enrolado em um pergaminho, que foi
impresso com o resumo cru das últimas
notícias e fofocas."
A maioria dos habitantes de Águas Profundas
deve concordar com esta definição.
Eles estão acostumados com "brados
de notícia" como estes (ouvidos
em uma curta rua no Distrito Norte, a algumas
noites atrás):
"Dama do festival revelou-se ser uma doppleganger!
Certifique-se que seu marido é realmente
quem diz ser!"
e:
"Milhares de dragões desapareceram
dos subterrâneos do castelo. Lordes Mascarados
serão presos!"

Sobre o Autor
Ed Greenwood é o homem que lançou os Reinos
Esquecidos em um mundo que não os esperava.
Ele trabalha em bibliotecas, escreve fantasia,
ficção científica, terror, mistério e até estórias
de romance (às vezes coloca tudo isto em um
mesmo livro), mas está ainda mais feliz escrevendo
Conhecimento dos Reinos, Conhecimento dos Reinos
e mais Conhecimento dos Reinos. Ainda existem
alguns quartos em sua casa com espaço para empilhar
seus escritos.
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