Anthea
Skrakelar deixou Marsember no primeiro coche
para Suzail na manhã seguinte, parecendo
(e cheirando) como se fosse a mulher mais gorda
de toda Cormyr. Todo o trapo que ela recuperou
nos becos barulhentos do porto foi colocado
naquelas botas e calças largas, e cada
trapo envolveu uma moeda de modo que estas não
fizessem barulho. O vestido do tamanho de uma
tenda que ela conseguiu envolvia tudo, escondendo
o dinheiro, e as poucas moedas que ela poderia
precisar em sua viagem estavam em sua bolsa,
que ficava escondida no alto de sua bota.
O cheiro não a deixou ser molestada na
primeira noite, e ela laboriosamente escalou
para o topo da estalagem para dormir ao invés
de pagar por um quarto, o que a manteve salva
dos ladrões que costumam se ocultar e
entrar pelas janelas para roubar as carteiras
de alguns dos passageiros dos coches.
O resto da viagem foi tranqüilo. A primeira
parada em Suzail foi à loja "Mantos
e Vestidos de Thurnock", na rua Pendle,
onde ela remexeu nos velhos produtos de Thurnock
e comprou roupas que pareciam boas o suficiente
para visitar um cambista. Ela o deixou rapidamente
quando ele informou-lhe que sabia que ela era
muito mais jovem e magra do que aparentava.
Ela se banhou em um córrego nos Jardins
Reais para retirar o mau cheiro; um guarda a
observou atentamente para certificar-se que
ela não poderia passar pelas grades e
entrar no pátio do Palácio, e
a deixou em paz. Anthea, indiferentemente, deixou
o ar secá-la e juntou todas as suas moedas
em uma pilha, usando sua capa como um saco,
e vestiu-se com suas melhores roupas e foi até
o cambista que a havia notado anteriormente:
Brender Sarrask, em sua sala acima da loja "Antiguidades
em Ouro Velho e Raridades em Prata" na
Alameda Coroa Remota. Quando sua riqueza foi
convertida (a uma taxa exorbitante) em algo
que uma mulher de seu tamanho e força
pudesse carregar mais facilmente, Anthea alugou
um quarto no "albergue" mais decadente
que encontrou: o "Maerevvo" na Alamenda
Vento Marinho, ao sudeste do Mercado. De novo
ela dormiu no telhado, com seu dinheiro escondido
em duas chaminés imundas da construção
ao lado - sendo estes dois telhados fáceis
de serem alcançados, a única razão
pela qual escolheu "Maerevvo" ao invés
da "Vista do Porto", de Pelumbra,
duas portas descendo a rua suja onde estava.
Antes de amanhecer, ela estava acordada e nas
ruas novamente, comendo uma enguia frita quente
em uma barraca próxima à taverna
"Rabo da Égua" na Alameda Aposta
Negra para parar os roncos de seu estômago
antes de aparecer para alguém de importância.
Como as portas da loja "Cataratas Tremeluzentes
de Sharaedra" eram abertas costumeiramente
cedo, na rua do Corcel (com um toque de sinos
após a aurora quando o restante da cidade
acordava), ela estava pronta. Ela comprou os
dois melhores vestidos que pôde encontrar,
botas de qualidade e um traje de viagem com
manto, além de uma mochila para carregar
tudo isto. Consideravelmente aliviada de suas
moedas (pois o estabelecimento de Sharaedra
era e é uma das melhores lojas de vestidos
para damas de gosto apurado e cheias de dinheiro
em toda Suzail), Anthea tomou um coche na "Transportes
Finos Pena de Falcão" e rumou junto
com a próxima caravana para Saerloon.
Ela viajaria com um grande e bem guardado grupo
de coches, preocupando-se somente com as atenções
dos outros passageiros até alcançar
o que o povo nos becos de Portão Ocidental
chamava de "A Terra dos Mercadores Ricos
e Gordos".
Um destes passageiros era Hansible Orsombar,
um idoso investidor sembiano de grande riqueza
e um olho removível, que entre outras
coisas comprou brasões e títulos
da defunta nobreza tethyriana - e da auto-proclamda,
mas repentinamente empobrecida "nobreza"
amniana - para vender aos sembianos de riqueza
emergente, orgulho e pretensões. Um colete
com brasões capturou os olhos de Anthea,
e ela se assegurou de prender a atenção
de Hansible.
Ela usou todos os seus atrativos para mantê-lo
interessado e isto terminaria (ela esperava)
na sua casa em Saerloon (em Gryphgarposts, na
rua Asumbrar), quando Pena de Falcão
a entregaria em segurança em sua porta.
Hansible não sabia disto, mas sua saúde
iria em breve sofrer um declínio acentuado
tão logo ensinou a Anthea tudo que ela
precisaria saber sobre documentos, contratos,
escribas de aluguel e como a justiça
poderia ser comprada em Sembia. E Anthea era
uma aprendiz esperta.
A nova "pequena namorada" acompanhou
Hansible enquanto ele viajava de cliente para
cliente, de uma à outra cidade de Sembia.
Mesmo quando seu amor por Anthea se aprofundou,
"acidentes" começaram a recair
sobre seus servos mais leais e fiéis.

Sobre o Autor
Ed Greenwood é o homem que lançou os Reinos
Esquecidos em um mundo que não os esperava.
Ele trabalha em bibliotecas, escreve fantasia,
ficção científica, terror, mistério e até estórias
de romance (às vezes coloca tudo isto em um
mesmo livro), mas está ainda mais feliz escrevendo
Conhecimento dos Reinos, Conhecimento dos Reinos
e mais Conhecimento dos Reinos. Ainda existem
alguns quartos em sua casa com espaço para empilhar
seus escritos.
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