Pergunte
a um sembiano se ele conhece a família
Pluma Brilhante, e ele imediatamente dirá
o nome de Tempestra (às vezes com um
sorriso, que é em parte de escárnio).
Pressione-os quanto a idade, riqueza e status
nobre da família antes de Tempestra,
e a maioria da classe alta dos sembianos irá
ficar confusa e, depois de alguns momentos franzindo
a testa, irão admitir que não
se lembram.
Teriam os Pluma Brilhante vindos de Amn, há
gerações atrás? Ou de Thetyr,
partindo depois que infelizmente viram a família
real daquela terra ser massacrada? Eles são
muito antigos, de uma linhagem muito rica, isto
é certo, e possuem um brasão (um
escudo com chifres, todo em ouro, com uma espada
desembainhada posta em diagonal, apontando para
a parte inferior e a empunhadura para a direita
superior, com uma cabeça de unicórnio
em um triângulo no escudo na parte de
cima e um abacaxi em um triângulo na parte
de baixo) para provar isto. O pai de Tempestra
Pluma Brilhante era Oethorood - um camarada
alto, grande guerreiro, com bigodes ameaçadores
- e sua mãe, que era "um pouco de
dragão, mas tinha sua beleza em seus
dias de juventude", tinha o nome de Gaunthaereena.
Isto tudo soa maravilhoso, porque Tempestra
projetou que fosse assim. Na verdade, seu nome
real é Anthea Skrakelar, e ela era, na
verdade, uma lavadeira de Portão Ocidental,
filha de uma já falecida lavadeira grotescamente
gorda chamada "Mãe" Berlea,
cujo marido a abandonou quando Anthea era uma
criancinha de pés descalços.
Tempestra logo se cansou de lavar cobertores
e apaixonou-se por um homem: um mercador de
armas, que havia perdido uma namorada que se
parecia com Anthea, para uma doença,
há uma década atrás. Ela
o acompanhou em uma viagem de comércio
para Marsember, onde foi esfaqueado em um beco.
Sozinha em uma cidade estranha, Anthea fez duas
coisas: forjou uma carta autorizando-a a ser
a agente do mercador na venda de suas posses
em Portão Ocidental e assim pôde
levá-las para um comprador marsemberiano
e "cortar uma fivela" (em nosso mundo,
alguém poderia dizer "fazer um grande
negócio") com ele, vendendo-as por
um preço baixo - que ainda assim deu-lhe
mais moedas do que ela jamais havia sonhado
em obter. Ela rapidamente escondeu o dinheiro
e audaciosamente escondeu-se em uma barca de
escravos, antes que os oficiais da guarda enviados
pelo comprador para que procurassem pela "ladra
que roubou todas as suas moedas" a encontrassem.
Finalmente a busca acabou, e o marsemberiano
ficou cansado de esperar pela sua captura e
deixou Portão Ocidental para revender
suas novas posses antes que os falsários
da cidade tivessem uma chance de revendê-las
outras vezes mais. Foi quando Anthea se disfarçou
como uma serviçal para pegar um vestido
de uma loja muito cara. Ela foi prontamente
expulsa do lugar, mas deu uma boa olhada em
vários dos clientes da loja se arrumando
e até mesmo ouvindo sobre uma festa que
pretendiam comparecer aquela noite (os mais
ricos marsemberianos, como os sembianos, têm
vestidos criados para eles e ajustados na privacidade
de suas grandes casas. Aqueles que estão
em degraus mais baixos da sociedade, que desejam
ansiosamente convites para banquetes e festas,
tentam impressionar com suas roupas em tais
eventos, mas podem somente visitar as lojas
mais exclusivas e alterar roupas para que se
ajustem a eles - no último instante,
para que ninguém mais possa copiar ou
sobrepujar o "visual' que escolheram).
Anthea foi até o telhado da casa onde
se realizava a festa, mas diferentemente dos
outros ladrões, que brevemente e desagradavelmente
dividiram com ela o esconderijo para roubar
os anfitriões do evento, ela apenas observava
e ouvia. Riqueza e poder brilhavam naquela sala
e esta experiência ensinou-lhe algo: a
aparência é mais importante do
que qualquer coisa para se conseguir moedas.
Ela tinha que ver como agiam os ricos e poderosos.
Mesmo se ela parecesse e agisse da mesma maneira
que eles por uma simples noite, ela comeria
melhor do que jamais haveria comido antes. Então
Anthea espreitou, e Anthea observou.
Ela encontrou um bêbado roncando em um
beco nos fundos do depósito onde estava
escondida e pegou "emprestado" suas
botas e calções. Um vestido enorme,
pendurado em uma placa de loja, deu a ela uma
roupa suficientemente grande para encobrir qualquer
roupa masculina.
Era hora de deixar a Marsember, cidade com cheiro
de peixe, e ver a brilhante Suzail. Era hora
de começar a ser tornar uma nobre.

Sobre o Autor
Ed Greenwood é o homem que lançou os Reinos
Esquecidos em um mundo que não os esperava.
Ele trabalha em bibliotecas, escreve fantasia,
ficção científica, terror, mistério e até estórias
de romance (às vezes coloca tudo isto em um
mesmo livro), mas está ainda mais feliz escrevendo
Conhecimento dos Reinos, Conhecimento dos Reinos
e mais Conhecimento dos Reinos. Ainda existem
alguns quartos em sua casa com espaço para empilhar
seus escritos.
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